Europeias 2019A tarde em que Rio foi à praia de fato e gravata. E foi confundido com Santana22-05-2019Em Mira o presidente do PSD garantiu que qualquer que seja o resultado das europeias não se demite da liderança do partido. “Seria um irresponsável”Filipe Santos CostaRui Duarte SilvaEram 16h44 quando Rui Rio chegou à Praia de Mira e emergiu do Lexus preto com o seu ar mais impecável. Cabelo cuidadosamente penteado para trás, fato azul escuro, camisa branca bem engomada, gravata azul bebé com riscas azul escuras, mocassins pretos bem engraxados. Ajustou a gravata, cumprimentou Paulo Rangel e quem mais o esperava, e seguiu para a areia. “Ah, isto é na praia?”, perguntou espantado. Rangel explicou-lhe que sim, era mesmo na praia - e continuaram a caminhar para um longo areal com o Oceano Atlântico à frente. “Vamos ver os pescadores de arte xávega”, continuou a explicar Paulo Rangel, sem gravata, de blazer, e com os inevitáveis sapatos pretos que parecem farda de político.“Pensei que era para ver uma empresa”, balbuciou o líder do PSD, dando-se conta do desfasamento da indumentária que levou para aquela ação de campanha. “É a primeira vez na vida que venho de fato e gravata à praia”, justificou-se, aparentando um ar divertido, e confirmando que há uma primeira vez para tudo na vida. "Quando o mar deixa" À beira-mar, um grupo de pescadores escolhia e separava a pescaria por calibre. Rio, Rangel e mais alguns candidatos da lista do PSD dispuseram-se à volta, enquanto ouviam algumas explicações. O cabeça de lista do PSD tinha feito o trabalho de casa e sabia das especificidades daquele tipo de pesca artesanal, ao contrário do líder social-democrata. Rio não sabia e aparentava não querer saber - à primeira oportunidade lançou um "muito bem", desinteressou-se das explicações, afastou-se e foi conversar com a assessora e dois candidatos do PSD, longe dos pescadores, dos jornalistas e de Rangel, que por essa altura defendia a importância deste tipo de pesca ver a sua especificidade reconhecida e não ser considerado na quotas atribuídas a Portugal. "É uma forma de pesca completamente à parte, que não devia contar para as quotas, porque não tem impacto", defendeu o eurodeputado. "Quando o mar deixa", normalmente entre fins de março e setembro/outubro, os pescadores de Mira repetem gestos ancestrais - um barco lança ao mar a rede de cerco, com longas cordas até ao areal, que são puxadas cerca de uma hora depois. Já se fez a pesca à força de braços ou de bois, hoje faz-se com tratores. "É uma pesca cega, não sabemos o que lá vem". Rio e Rangel foram conduzidos pela praia até ao local onde ia ser puxada uma rede, arrastando pela areia carapaus e jaquinzinhos, mas também biqueirão, que os pescadores estão proibidos de vender por não terem o tamanho exigido. Pelo meio, a estrebuchar como os outros, destacava-se um ruivo.José Vieira, presidente da Associação dos Pescadores de Arte Xávega, confia no golpe de vista, aposta que o conteúdo daquela rede dará 30 caixas e faz contas de 1200 euros, graças ao "famoso jaquinzinho que os lisboetas como vocês gostam" - o que mereceu vivo protesto de Rio, que pode estar de fato numa praia mas não admite que o confundam com um lisboeta. A mulher que confundiu Rio com Santana Mas houve outra confusão de que Rio não se deu conta. Meteu conversa com duas mulheres que estavam sentadas na praia a apanhar sol e ralhou-lhes por estarem ali a "levar com o fumo do escape [dos tratores que puxam as redes]. Isto faz mal." "E o senhor está aí todo engravatado", retorquiu uma delas, que desafiou Rio a "molhar o pézinho". Elisa, natural de Mira, diz qualquer coisa sobre os acidentes que Rui Rio tem tido, e este responde que tem tido alguns acidentes, mas escapa sempre. "Agora tive um, estar aqui de fato", brinca o líder do PSD. Mas ninguém percebe a que acidentes Elisa se refere mesmo. "Estava a pensar no Pedro Santana Lopes", apercebe-se a mulher quando Rio já se foi embora. Mas sabe quem é aquele com quem falou?, perguntam-lhe os jornalistas. Sabe: "É o líder do PSD". Sabe como ele se chama? "O nome não sei." Demissão com mau resultado? "Seria um irresponsável" Rui Fernando da Silva Rio, cumprida a ação de campanha na praia de Mira, sacudiu a areia dos sapatos e fez declarações aos jornalistas. Voltou a desvalorizar as sondagens sobre europeias (por causa da abstenção), e ainda mais a sondagem publicada hoje sobre as intenções de voto para as legislativas (39% para o PS, 28% para o PSD). "A dois ou três dias das europeias, fazer uma sondagem sobre legislativas... não vejo uma lógica muito grande..."O objetivo do PSD é "subir substancialmente" em relação a 2014, quando a coligação PaF teve 27,7% - Rio estima que, desse resultado, 19% ou 20% fossem do seu partido, e é em relação a esse score que espera "crescer bastante". O que significa crescer também em relação aos seis eurodeputados que o PSD tem agora. E se não atingir os seus objetivos?, perguntam-lhe. Considera a hipótese de se demitir da liderança? O presidente do PSD responde à pergunta com outra pergunta: a tão poucos meses das legislativas e com agosto pelo meio, "acha minimamente sensato uma coisa dessas? Eu era um irresponsável se fizesse isso." Não é uma surpresa no pensamento de Rui Rio, mas a sua reafirmação tão perto das europeias compensa em atualidade o que não tem em novidade. Depois, Rio seguiu para o Parque Tecnológico de Cantanhede, para visitar a Biocant. Agora, sim, ia ver uma empresa e estava vestido a preceito.Relacionados"Costa tem dois amores que em nada são iguais. Uns são socialistas e os outros liberais"22-05-2019Filipe Santos CostaRui Duarte SilvaÚltimasMais mulheres, bastante renovação, Governo em peso: estão aprovadas as listas do PS23-07-2019Filipe Santos CostaEle tem mais de Berlusconi do que de Trump: Boris não se leva muito a sério e isso é mais inteligente do que parece23-07-2019Marta GonçalvesChernobyl e o efeito HBO: depois do boom do dark tourism, o empurrão do Governo: “Era uma parte negativa da marca Ucrânia. É tempo de mudar”23-07-2019ExpressoBoris Johnson em 28 imagens (peculiares)23-07-2019ExpressoVenezuela. Parlamento aprova regresso ao Tratado Interamericano de Assistência Recíproca23-07-2019LusaVai estar ainda mais quente esta quarta-feira23-07-2019França reequilibra relações entre produtores de notícias e grupos tecnológicos23-07-2019LusaREN compra por cerca de €150 milhões empresa de transporte de eletricidade no Chile23-07-2019LusaÉ aproveitar o facto de haver legislativas ou depois será “um bocado difícil”: a estratégia dos motoristas para pressionar o Governo23-07-2019Caso dos peixes mortos em areal de praia da Costa de Caparica piorou23-07-2019
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Europeias 2019A tarde em que Rio foi à praia de fato e gravata. E foi confundido com Santana22-05-2019Em Mira o presidente do PSD garantiu que qualquer que seja o resultado das europeias não se demite da liderança do partido. “Seria um irresponsável”Filipe Santos CostaRui Duarte SilvaEram 16h44 quando Rui Rio chegou à Praia de Mira e emergiu do Lexus preto com o seu ar mais impecável. Cabelo cuidadosamente penteado para trás, fato azul escuro, camisa branca bem engomada, gravata azul bebé com riscas azul escuras, mocassins pretos bem engraxados. Ajustou a gravata, cumprimentou Paulo Rangel e quem mais o esperava, e seguiu para a areia. “Ah, isto é na praia?”, perguntou espantado. Rangel explicou-lhe que sim, era mesmo na praia - e continuaram a caminhar para um longo areal com o Oceano Atlântico à frente. “Vamos ver os pescadores de arte xávega”, continuou a explicar Paulo Rangel, sem gravata, de blazer, e com os inevitáveis sapatos pretos que parecem farda de político.“Pensei que era para ver uma empresa”, balbuciou o líder do PSD, dando-se conta do desfasamento da indumentária que levou para aquela ação de campanha. “É a primeira vez na vida que venho de fato e gravata à praia”, justificou-se, aparentando um ar divertido, e confirmando que há uma primeira vez para tudo na vida. "Quando o mar deixa" À beira-mar, um grupo de pescadores escolhia e separava a pescaria por calibre. Rio, Rangel e mais alguns candidatos da lista do PSD dispuseram-se à volta, enquanto ouviam algumas explicações. O cabeça de lista do PSD tinha feito o trabalho de casa e sabia das especificidades daquele tipo de pesca artesanal, ao contrário do líder social-democrata. Rio não sabia e aparentava não querer saber - à primeira oportunidade lançou um "muito bem", desinteressou-se das explicações, afastou-se e foi conversar com a assessora e dois candidatos do PSD, longe dos pescadores, dos jornalistas e de Rangel, que por essa altura defendia a importância deste tipo de pesca ver a sua especificidade reconhecida e não ser considerado na quotas atribuídas a Portugal. "É uma forma de pesca completamente à parte, que não devia contar para as quotas, porque não tem impacto", defendeu o eurodeputado. "Quando o mar deixa", normalmente entre fins de março e setembro/outubro, os pescadores de Mira repetem gestos ancestrais - um barco lança ao mar a rede de cerco, com longas cordas até ao areal, que são puxadas cerca de uma hora depois. Já se fez a pesca à força de braços ou de bois, hoje faz-se com tratores. "É uma pesca cega, não sabemos o que lá vem". Rio e Rangel foram conduzidos pela praia até ao local onde ia ser puxada uma rede, arrastando pela areia carapaus e jaquinzinhos, mas também biqueirão, que os pescadores estão proibidos de vender por não terem o tamanho exigido. Pelo meio, a estrebuchar como os outros, destacava-se um ruivo.José Vieira, presidente da Associação dos Pescadores de Arte Xávega, confia no golpe de vista, aposta que o conteúdo daquela rede dará 30 caixas e faz contas de 1200 euros, graças ao "famoso jaquinzinho que os lisboetas como vocês gostam" - o que mereceu vivo protesto de Rio, que pode estar de fato numa praia mas não admite que o confundam com um lisboeta. A mulher que confundiu Rio com Santana Mas houve outra confusão de que Rio não se deu conta. Meteu conversa com duas mulheres que estavam sentadas na praia a apanhar sol e ralhou-lhes por estarem ali a "levar com o fumo do escape [dos tratores que puxam as redes]. Isto faz mal." "E o senhor está aí todo engravatado", retorquiu uma delas, que desafiou Rio a "molhar o pézinho". Elisa, natural de Mira, diz qualquer coisa sobre os acidentes que Rui Rio tem tido, e este responde que tem tido alguns acidentes, mas escapa sempre. "Agora tive um, estar aqui de fato", brinca o líder do PSD. Mas ninguém percebe a que acidentes Elisa se refere mesmo. "Estava a pensar no Pedro Santana Lopes", apercebe-se a mulher quando Rio já se foi embora. Mas sabe quem é aquele com quem falou?, perguntam-lhe os jornalistas. Sabe: "É o líder do PSD". Sabe como ele se chama? "O nome não sei." Demissão com mau resultado? "Seria um irresponsável" Rui Fernando da Silva Rio, cumprida a ação de campanha na praia de Mira, sacudiu a areia dos sapatos e fez declarações aos jornalistas. Voltou a desvalorizar as sondagens sobre europeias (por causa da abstenção), e ainda mais a sondagem publicada hoje sobre as intenções de voto para as legislativas (39% para o PS, 28% para o PSD). "A dois ou três dias das europeias, fazer uma sondagem sobre legislativas... não vejo uma lógica muito grande..."O objetivo do PSD é "subir substancialmente" em relação a 2014, quando a coligação PaF teve 27,7% - Rio estima que, desse resultado, 19% ou 20% fossem do seu partido, e é em relação a esse score que espera "crescer bastante". O que significa crescer também em relação aos seis eurodeputados que o PSD tem agora. E se não atingir os seus objetivos?, perguntam-lhe. Considera a hipótese de se demitir da liderança? O presidente do PSD responde à pergunta com outra pergunta: a tão poucos meses das legislativas e com agosto pelo meio, "acha minimamente sensato uma coisa dessas? Eu era um irresponsável se fizesse isso." Não é uma surpresa no pensamento de Rui Rio, mas a sua reafirmação tão perto das europeias compensa em atualidade o que não tem em novidade. Depois, Rio seguiu para o Parque Tecnológico de Cantanhede, para visitar a Biocant. Agora, sim, ia ver uma empresa e estava vestido a preceito.Relacionados"Costa tem dois amores que em nada são iguais. Uns são socialistas e os outros liberais"22-05-2019Filipe Santos CostaRui Duarte SilvaÚltimasMais mulheres, bastante renovação, Governo em peso: estão aprovadas as listas do PS23-07-2019Filipe Santos CostaEle tem mais de Berlusconi do que de Trump: Boris não se leva muito a sério e isso é mais inteligente do que parece23-07-2019Marta GonçalvesChernobyl e o efeito HBO: depois do boom do dark tourism, o empurrão do Governo: “Era uma parte negativa da marca Ucrânia. É tempo de mudar”23-07-2019ExpressoBoris Johnson em 28 imagens (peculiares)23-07-2019ExpressoVenezuela. 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