Ursula von der Leyen ainda quer ir a Berlim despedir-se do governo, das tropas e do cargo de ministra da Defesa. Mas é a partir desta terça-feira a presidente eleita da Comissão Europeia e o primeiro desafio é o de formar a equipa de comissários.
A alemã quer fazer o que Jean-Claude Juncker não conseguiu: ter pelo menos 50% de mulheres no colégio de comissários. E von der Leyen promete ser teimosa para alcançar o objetivo. Questionada pela SIC/Expresso sobre se espera que Portugal nomeie pela primeira vez uma mulher para comissária, responde que "todas as comissárias mulheres são bem-vindas", acrescentando esperar "que pelo menos metade dos Estados-membros apresentem mulheres".
"Não estou a pedir a nenhum país em especifico, mas no final teremos de ter tantos homens como mulheres à volta da mesa", diz Ursula von der Leyen. O recado é para todos, mas vários países já adiantaram sua nomeação, e são para já mais os homens do que as mulheres nomeadas: oito contra cinco. Está nas mãos dos líderes que ainda não anunciaram nomes, incluindo António Costa, ajudar von der Leyen ou complicar-lhe as contas.
Entre os nomes no feminino já anunciados estão duas atuais comissárias, a búlgara Mariya Gabriel e a dinamarquesa Margrethe Vestager. Para além da presidente, também haverá uma comissária finlandesa, Jutta Urpilainen, e uma estónia, Kadri Simson.
PS votou a favor, mas houve socialistas a roer a corda
383 é o número da vitória de Ursula von der Leyen. Precisava de 374 votos, conseguiu mais nove e foi o suficiente, mas o resultado mostra que nem todos deputados das bancadas que lhe prometeram apoio votaram a favor. Fonte do grupo dos Socialistas & Democratas adianta que apenas dois terços dos 154 deputados desta família terão votado a favor.
O apoio dos Socialistas Europeus só foi anunciado minutos antes da votação, mas na reunião de grupo que decorreu durante a tarde, várias vozes fizeram saber que não acompanhariam a maioria. Desde o início que os socialistas alemães do SPD, os holandeses, franceses e belgas tinham feito saber que não estavam disponíveis para acordos, mas o discurso que a alemã fez de manhã no plenário terá também dissuadido os gregos - por causa da austeridade - e ainda as delegações da Eslovénia e Bulgária.
Já o PS replicou o voto favorável que António Costa depositou em von der Leyen na reunião de líderes de 2 de julho. "Estou convencido que todos os socialistas portugueses votaram", afirmou Carlos Zorrinho, mostrando-se satisfeito "com os compromissos" de uma "candidata pró-europeia" e por fazer parte "da solução".
"Temos a obrigação e vamos cumpri-la de assegurar que os seus compromissos em termos do pilar social, do aprofundamento da zona euro, das alterações climáticas" vão ser cumpridos, adiantou ainda.
Mas não foi só o centro-esquerda que emagreceu a vitória, que poderia ter chegado aos 444 votos se todos os 182 eurodeputados do Partido Popular Europeu - a família política de Ursula von der Leyen -, os 108 liberais e os 154 socialistas europeus tivessem votado a favor, como era a indicação da bancada.
A questão é que o voto é secreto e é difícil saber quem preferiu votar contra ou abster-se. E as contas complicam-se quando alguns partidos eurocéticos e populistas também declararam apoio à candidata. Foi o caso dos 24 polacos do Lei e Justiça (PIS) e dos 14 italianos do Movimento 5 Estrelas. Se cumpriram o que prometeram, significa que pode ter havido mais dissidentes entre os liberais, os socialistas e até na bancada do PPE.
Dentro da família de centro-direita e democrata-cristã, o PSD votou a favor e o CDS hesitou, mas Nuno Melo acabou também por votar favoravelmente. Paulo Rangel reconhece que foi uma vitória por uma margem "curta", mas desdramatiza os números. "As expectativas eram baixas", diz o deputado social-democrata, sublinhando que o resultado não põe em causa a "legitimidade" da presidente eleita que entra em funções a 1 de novembro próximo.
BE aponta o dedo ao PS
PCP, PAN e Bloco de Esquerda engrossaram os votos contra - 327 - o maior número de sempre numa eleição para a liderança do executivo comunitário.
Para José Gusmão, o Parlamento Europeu "perdeu uma oportunidade" de eleger uma candidata que "tivesse um compromisso sólido". O eurodeputado do Bloco de Esquerda aponta o dedo ao PS e aos colegas que "entendem o seu mandato como o de comer e calar perante os acordos que são cozinhados noutras instâncias", referindo-se ao pacote de nomeações fechado pelos 28 líderes europeus e que deu a presidência da Comissão ao PPE e a Ursula von der Leyen, a liderança do Conselho Europeu ao liberal Charles Michel e a presidência do Parlamento Europeu e o cargo de Alto Representante para a Política Externa aos socialistas.
"Nenhuma surpresa", critica João Ferreira, para quem a ministra da defesa de Angela Merkel é "candidata do grande consenso que tem prevalecido na UE" e que, do seu ponto de vista, não tem "determinado propriamente políticas favoráveis aos direitos das mulheres".
Já Francisco Guerreiro, do PAN, considera "relevante" que uma mulher tenha finalmente chegado à liderança da Comissão, mas adianta que foram mais as promessas do que a "concretização da retórica". Votou contra, tal como a restante bancada dos Verdes europeus a que pertence. No entanto, mostra-se disponível para "acrescentar valor" ao debate político nos próximos cinco anos.
Olhando para o passado recente, Ursula von der Leyen teve mais um voto que José Manuel Durão Barroso há dez anos, mas ficou aquém dos 413 votos positivos que o português teve em 2004 e da vitória de 422 que o luxemburguês Jean-Claude Juncker teve em 2014.
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Ursula von der Leyen ainda quer ir a Berlim despedir-se do governo, das tropas e do cargo de ministra da Defesa. Mas é a partir desta terça-feira a presidente eleita da Comissão Europeia e o primeiro desafio é o de formar a equipa de comissários.
A alemã quer fazer o que Jean-Claude Juncker não conseguiu: ter pelo menos 50% de mulheres no colégio de comissários. E von der Leyen promete ser teimosa para alcançar o objetivo. Questionada pela SIC/Expresso sobre se espera que Portugal nomeie pela primeira vez uma mulher para comissária, responde que "todas as comissárias mulheres são bem-vindas", acrescentando esperar "que pelo menos metade dos Estados-membros apresentem mulheres".
"Não estou a pedir a nenhum país em especifico, mas no final teremos de ter tantos homens como mulheres à volta da mesa", diz Ursula von der Leyen. O recado é para todos, mas vários países já adiantaram sua nomeação, e são para já mais os homens do que as mulheres nomeadas: oito contra cinco. Está nas mãos dos líderes que ainda não anunciaram nomes, incluindo António Costa, ajudar von der Leyen ou complicar-lhe as contas.
Entre os nomes no feminino já anunciados estão duas atuais comissárias, a búlgara Mariya Gabriel e a dinamarquesa Margrethe Vestager. Para além da presidente, também haverá uma comissária finlandesa, Jutta Urpilainen, e uma estónia, Kadri Simson.
PS votou a favor, mas houve socialistas a roer a corda
383 é o número da vitória de Ursula von der Leyen. Precisava de 374 votos, conseguiu mais nove e foi o suficiente, mas o resultado mostra que nem todos deputados das bancadas que lhe prometeram apoio votaram a favor. Fonte do grupo dos Socialistas & Democratas adianta que apenas dois terços dos 154 deputados desta família terão votado a favor.
O apoio dos Socialistas Europeus só foi anunciado minutos antes da votação, mas na reunião de grupo que decorreu durante a tarde, várias vozes fizeram saber que não acompanhariam a maioria. Desde o início que os socialistas alemães do SPD, os holandeses, franceses e belgas tinham feito saber que não estavam disponíveis para acordos, mas o discurso que a alemã fez de manhã no plenário terá também dissuadido os gregos - por causa da austeridade - e ainda as delegações da Eslovénia e Bulgária.
Já o PS replicou o voto favorável que António Costa depositou em von der Leyen na reunião de líderes de 2 de julho. "Estou convencido que todos os socialistas portugueses votaram", afirmou Carlos Zorrinho, mostrando-se satisfeito "com os compromissos" de uma "candidata pró-europeia" e por fazer parte "da solução".
"Temos a obrigação e vamos cumpri-la de assegurar que os seus compromissos em termos do pilar social, do aprofundamento da zona euro, das alterações climáticas" vão ser cumpridos, adiantou ainda.
Mas não foi só o centro-esquerda que emagreceu a vitória, que poderia ter chegado aos 444 votos se todos os 182 eurodeputados do Partido Popular Europeu - a família política de Ursula von der Leyen -, os 108 liberais e os 154 socialistas europeus tivessem votado a favor, como era a indicação da bancada.
A questão é que o voto é secreto e é difícil saber quem preferiu votar contra ou abster-se. E as contas complicam-se quando alguns partidos eurocéticos e populistas também declararam apoio à candidata. Foi o caso dos 24 polacos do Lei e Justiça (PIS) e dos 14 italianos do Movimento 5 Estrelas. Se cumpriram o que prometeram, significa que pode ter havido mais dissidentes entre os liberais, os socialistas e até na bancada do PPE.
Dentro da família de centro-direita e democrata-cristã, o PSD votou a favor e o CDS hesitou, mas Nuno Melo acabou também por votar favoravelmente. Paulo Rangel reconhece que foi uma vitória por uma margem "curta", mas desdramatiza os números. "As expectativas eram baixas", diz o deputado social-democrata, sublinhando que o resultado não põe em causa a "legitimidade" da presidente eleita que entra em funções a 1 de novembro próximo.
BE aponta o dedo ao PS
PCP, PAN e Bloco de Esquerda engrossaram os votos contra - 327 - o maior número de sempre numa eleição para a liderança do executivo comunitário.
Para José Gusmão, o Parlamento Europeu "perdeu uma oportunidade" de eleger uma candidata que "tivesse um compromisso sólido". O eurodeputado do Bloco de Esquerda aponta o dedo ao PS e aos colegas que "entendem o seu mandato como o de comer e calar perante os acordos que são cozinhados noutras instâncias", referindo-se ao pacote de nomeações fechado pelos 28 líderes europeus e que deu a presidência da Comissão ao PPE e a Ursula von der Leyen, a liderança do Conselho Europeu ao liberal Charles Michel e a presidência do Parlamento Europeu e o cargo de Alto Representante para a Política Externa aos socialistas.
"Nenhuma surpresa", critica João Ferreira, para quem a ministra da defesa de Angela Merkel é "candidata do grande consenso que tem prevalecido na UE" e que, do seu ponto de vista, não tem "determinado propriamente políticas favoráveis aos direitos das mulheres".
Já Francisco Guerreiro, do PAN, considera "relevante" que uma mulher tenha finalmente chegado à liderança da Comissão, mas adianta que foram mais as promessas do que a "concretização da retórica". Votou contra, tal como a restante bancada dos Verdes europeus a que pertence. No entanto, mostra-se disponível para "acrescentar valor" ao debate político nos próximos cinco anos.
Olhando para o passado recente, Ursula von der Leyen teve mais um voto que José Manuel Durão Barroso há dez anos, mas ficou aquém dos 413 votos positivos que o português teve em 2004 e da vitória de 422 que o luxemburguês Jean-Claude Juncker teve em 2014.