"Sem extremar", a 'manif' da cultura foi diferente — mas o Governo e os partidos saíram de orelhas a arder

01-01-2021
marcar artigo

A pandemia da Covid-19 afeta todos os setores, “todos estão a sofrer”, reconhece Luís de Matos. Se o tema é “o que de facto pode apoiar” a sua área de atividade, a cultural, então há duas coisas que são necessárias, prosseguiu o ilusionista. É preciso, desde logo, que “o Governo deixe de anunciar medidas falsas e hipócritas. Mas temos de dizer porque são falsas e hipócritas. São falsas porque não precisamos que haja um Governo iluminado que nos diga que em caso de necessidade podemos pedir dinheiro ao banco. E um Governo dizer que podemos fazer espectáculos às 10h [de sábado ou domingo] é o mesmo que dizer a um restaurante que pode servir jantares ao meio-dia ou dizer às pessoas que podem ir à praia das 3h às 5h da manhã para apanharem sol”.

Articulado, o ilusionista continuava: não basta dizer que o setor cultural foi alvo de “medidas falsas e hipócritas”, é preciso propor soluções e orientar caminhos. Uma sugestão básica deixada “nem custa dinheiro”: é “incentivar os portugueses a ir aos espectáculos”. Não só “não custa dinheiro”, como “é importante para a cidadania de todos nós”. Citando uma conferência de imprensa de António Costa “de há umas semanas”, Luís de Matos lembrou que “foram anunciadas medidas” mas que “só se falou de espectáculos na fase de perguntas e respostas, porque um jornalista lembrou-se de fazer uma pergunta sobre isso”. Não pode ser, entende: “A cultura tem de fazer parte do discurso”.

Outra proposta deixada: congelamento dos pagamentos ao Estado. A metáfora deixada foi a de um mealheiro: “o Estado somos nós, entregamos o dinheiro ao Estado que o gere para o bem de nós”. E deixou a pergunta: faz sentido “continuar a por ininterruptamente dinheiro no mealheiro quando não se tem dinheiro para comer?”

“Os pagamentos ao Estado são simplesmente anedóticos nesta altura. Não adianta explicar o qual importante é a cultura, já vimos que por aí não vamos lá. A única coisa importante a explicar assim sendo é: se nos deixarem sobreviver, nós somos um bom negócio para o país. O país ganha dinheiro”, apontou ainda.

Ainda houve tempo para uma alfinetada: “Era bom que o nosso setor não morresse todo. E aqui falo sobretudo dos técnicos, já agora: era bom que não morressem todos, que não passassem todos a encontrar profissões alternativas, porque depois para o ano não podem fazer campanhas eleitorais nem comícios sem eles”. E para um último pedido “aos senhores governantes” e “aos membros do partido”: “Deixem de nos ignorar”. A cultura, vincou Luís de Matos e vincaram quase todos os oradores, “é segura”.

A mensagem de Covões “ao sr. PM e ao sr. PR”, o recado a Rio e a nota: “Não somos NIFS”

Foi o último dos oradores a falar e se um aparelho de medição de som estivesse instalado no Campo Pequeno, certamente sugeriria que foi um dos mais aplaudidos. Álvaro Covões, promotor da Everything is New e do festival de música NOS Alive que faz também parte da direção da APEFE – Associação de Promotores de Espectáculos, Festivais e Eventos, começou a discursar dirigindo-se ao “senhor primeiro-ministro” e ao “senhor Presidente da República”.

Mostrando um documento, um esboço do “plano de recuperação e resiliência” datado de 14 de outubro — “tem menos de um mês” —, Álvaro Covões criticou: “Nem uma linha sobre a cultura, senhor primeiro-ministro. Não se esqueça de nós”. A António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, Álvaro Covões agradeceu “a permanente sensibilidade com a cultura” mas alertou: “Por favor, passem à atitude”.

“No setor cultural, como aqui foi dito esta manhã, não pedimos ajuda, pedimos investimento. Invistam em nós, para que todos nós, profissionais do espectáculo, possam continuar — e para que no dia em que retomemos [com normalidade] possamos estar aqui a oferecer os nossos espectáculos, a nossa cultura, para ajudar a receber de novo os 27 milhões de turistas”, referiu o diretor da Everything is New.

A pandemia da Covid-19 afeta todos os setores, “todos estão a sofrer”, reconhece Luís de Matos. Se o tema é “o que de facto pode apoiar” a sua área de atividade, a cultural, então há duas coisas que são necessárias, prosseguiu o ilusionista. É preciso, desde logo, que “o Governo deixe de anunciar medidas falsas e hipócritas. Mas temos de dizer porque são falsas e hipócritas. São falsas porque não precisamos que haja um Governo iluminado que nos diga que em caso de necessidade podemos pedir dinheiro ao banco. E um Governo dizer que podemos fazer espectáculos às 10h [de sábado ou domingo] é o mesmo que dizer a um restaurante que pode servir jantares ao meio-dia ou dizer às pessoas que podem ir à praia das 3h às 5h da manhã para apanharem sol”.

Articulado, o ilusionista continuava: não basta dizer que o setor cultural foi alvo de “medidas falsas e hipócritas”, é preciso propor soluções e orientar caminhos. Uma sugestão básica deixada “nem custa dinheiro”: é “incentivar os portugueses a ir aos espectáculos”. Não só “não custa dinheiro”, como “é importante para a cidadania de todos nós”. Citando uma conferência de imprensa de António Costa “de há umas semanas”, Luís de Matos lembrou que “foram anunciadas medidas” mas que “só se falou de espectáculos na fase de perguntas e respostas, porque um jornalista lembrou-se de fazer uma pergunta sobre isso”. Não pode ser, entende: “A cultura tem de fazer parte do discurso”.

Outra proposta deixada: congelamento dos pagamentos ao Estado. A metáfora deixada foi a de um mealheiro: “o Estado somos nós, entregamos o dinheiro ao Estado que o gere para o bem de nós”. E deixou a pergunta: faz sentido “continuar a por ininterruptamente dinheiro no mealheiro quando não se tem dinheiro para comer?”

“Os pagamentos ao Estado são simplesmente anedóticos nesta altura. Não adianta explicar o qual importante é a cultura, já vimos que por aí não vamos lá. A única coisa importante a explicar assim sendo é: se nos deixarem sobreviver, nós somos um bom negócio para o país. O país ganha dinheiro”, apontou ainda.

Ainda houve tempo para uma alfinetada: “Era bom que o nosso setor não morresse todo. E aqui falo sobretudo dos técnicos, já agora: era bom que não morressem todos, que não passassem todos a encontrar profissões alternativas, porque depois para o ano não podem fazer campanhas eleitorais nem comícios sem eles”. E para um último pedido “aos senhores governantes” e “aos membros do partido”: “Deixem de nos ignorar”. A cultura, vincou Luís de Matos e vincaram quase todos os oradores, “é segura”.

A mensagem de Covões “ao sr. PM e ao sr. PR”, o recado a Rio e a nota: “Não somos NIFS”

Foi o último dos oradores a falar e se um aparelho de medição de som estivesse instalado no Campo Pequeno, certamente sugeriria que foi um dos mais aplaudidos. Álvaro Covões, promotor da Everything is New e do festival de música NOS Alive que faz também parte da direção da APEFE – Associação de Promotores de Espectáculos, Festivais e Eventos, começou a discursar dirigindo-se ao “senhor primeiro-ministro” e ao “senhor Presidente da República”.

Mostrando um documento, um esboço do “plano de recuperação e resiliência” datado de 14 de outubro — “tem menos de um mês” —, Álvaro Covões criticou: “Nem uma linha sobre a cultura, senhor primeiro-ministro. Não se esqueça de nós”. A António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, Álvaro Covões agradeceu “a permanente sensibilidade com a cultura” mas alertou: “Por favor, passem à atitude”.

“No setor cultural, como aqui foi dito esta manhã, não pedimos ajuda, pedimos investimento. Invistam em nós, para que todos nós, profissionais do espectáculo, possam continuar — e para que no dia em que retomemos [com normalidade] possamos estar aqui a oferecer os nossos espectáculos, a nossa cultura, para ajudar a receber de novo os 27 milhões de turistas”, referiu o diretor da Everything is New.

marcar artigo