O lado lunar do turismo

01-01-2021
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A actual secretária de Estado sucedeu no cargo a um dos melhores elementos do governo anterior, o centrista Adolfo Mesquita Nunes, e tem continuado esse bom trabalho, sem cair na tentação de desfazer o que foi bem feito ou perder tempo com críticas inúteis a uma qualquer herança.

Na entrevista ao Negócios e à Antena 1, que publicamos hoje, Ana Mendes Godinho fala de quase tudo, de forma dinâmica, directa e descomplexada. Mais do que elogios próprios ou a constatação dos factos – a importância económica do turismo e o seu crescimento –, importa reter o que ainda está por fazer. Não por "bota-abaixismo" primário, mas porque é fundamental não ficarmos contentes com o que conquistámos e achar que está tudo bem, ou tudo feito.

Ana Mendes Godinho toca em pontos essenciais. O conceito de sustentabilidade ambiental e social ganha espaço no plano governamental para o turismo a dez anos, até porque há problemas que já se notam e podem piorar se nada for feito.

Leia Também Há 10 milhões de euros para apoio ao turismo sustentável

Outra preocupação/estratégia é a descentralização, ou seja, não pensar que por Lisboa e Porto estarem a abarrotar de turistas o mesmo é verdade em todo o território nacional (e há muito sítio que agradeceria mais um pouco deste maná); e a diversificação, de países emissores e de experiências, para que o mundo perceba finalmente que Portugal não é só sol e praia, embora por cá sejam dos bons. A sazonalidade é ainda um problema crónico de vários destinos, e Portugal entre eles, pelo que a diversificação também pode ajudar, seja nos congressos, nas filmagens ou noutra coisa qualquer.

E depois há três questões que requerem atenção: os transportes, os recursos humanos e o alojamento local. Os dois primeiros têm de melhorar, acompanhando o ritmo de crescimento da procura e até a subida do nível de exigência médio de quem nos visita, o que não aconteceu. No alojamento local, entre o repúdio e o liberalismo total, a governante defende o óbvio, e bem: os problemas de descaracterização e de saturação estão concentrados em algumas freguesias com grande mediatismo, que podem ser alvo de medidas específicas para mitigar o fenómeno. Faltou referir outro problema, transversal e que ultrapassa o turismo: o alojamento local contribui para a escassez de casas para arrendar e a subida dos preços.

Tudo isto, ou quase, foi identificado pela secretária de Estado do Turismo. Perceber bem o que ainda há por fazer, sem triunfalismos bacocos, é um bom sinal. Até para não dar margem de crescimento ao discurso pueril do "antes é que era bom".

A actual secretária de Estado sucedeu no cargo a um dos melhores elementos do governo anterior, o centrista Adolfo Mesquita Nunes, e tem continuado esse bom trabalho, sem cair na tentação de desfazer o que foi bem feito ou perder tempo com críticas inúteis a uma qualquer herança.

Na entrevista ao Negócios e à Antena 1, que publicamos hoje, Ana Mendes Godinho fala de quase tudo, de forma dinâmica, directa e descomplexada. Mais do que elogios próprios ou a constatação dos factos – a importância económica do turismo e o seu crescimento –, importa reter o que ainda está por fazer. Não por "bota-abaixismo" primário, mas porque é fundamental não ficarmos contentes com o que conquistámos e achar que está tudo bem, ou tudo feito.

Ana Mendes Godinho toca em pontos essenciais. O conceito de sustentabilidade ambiental e social ganha espaço no plano governamental para o turismo a dez anos, até porque há problemas que já se notam e podem piorar se nada for feito.

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Outra preocupação/estratégia é a descentralização, ou seja, não pensar que por Lisboa e Porto estarem a abarrotar de turistas o mesmo é verdade em todo o território nacional (e há muito sítio que agradeceria mais um pouco deste maná); e a diversificação, de países emissores e de experiências, para que o mundo perceba finalmente que Portugal não é só sol e praia, embora por cá sejam dos bons. A sazonalidade é ainda um problema crónico de vários destinos, e Portugal entre eles, pelo que a diversificação também pode ajudar, seja nos congressos, nas filmagens ou noutra coisa qualquer.

E depois há três questões que requerem atenção: os transportes, os recursos humanos e o alojamento local. Os dois primeiros têm de melhorar, acompanhando o ritmo de crescimento da procura e até a subida do nível de exigência médio de quem nos visita, o que não aconteceu. No alojamento local, entre o repúdio e o liberalismo total, a governante defende o óbvio, e bem: os problemas de descaracterização e de saturação estão concentrados em algumas freguesias com grande mediatismo, que podem ser alvo de medidas específicas para mitigar o fenómeno. Faltou referir outro problema, transversal e que ultrapassa o turismo: o alojamento local contribui para a escassez de casas para arrendar e a subida dos preços.

Tudo isto, ou quase, foi identificado pela secretária de Estado do Turismo. Perceber bem o que ainda há por fazer, sem triunfalismos bacocos, é um bom sinal. Até para não dar margem de crescimento ao discurso pueril do "antes é que era bom".

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