Rumar À Direita

09-03-2020
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"Endoidou",
"isto não é um presidente, é um gângster", "discurso miserável
de um miserável presidente", "este presidente é mesmo foleiro",
"provinciano", "chefe de fação", "torpedo",
"corifeu de lamúrias", "o Cavaco", "nada, zero,
inútil, traidor, autocentrado, calculista, contraditório, que é formalmente
presidente da República".

O PS, da
invariavelmente proclamada ética republicana - pobre referência conceptual -
vem tratando assim, rigorosamente, o chefe de Estado constitucionalmente
representante da República, garante da independência nacional, da unidade do
Estado, do regular funcionamento das instituições democráticas e Comandante
Supremo das Forças Armadas.

Mas
António Costa, entrevistado esta semana na RTP com ar chumbado e queixo
trémulo, achou normal, a propósito da situação política nacional, mostrar-se
"chocado com      a agressividade verbal que tem sido
utilizada", traduzindo "um clima de crispação que não contribui em
nada para aquilo que é necessário hoje na sociedade portuguesa".

Sem
"açaime", os operacionais da linha da frente do PS dedicam ao
presidente da República a mesma solenidade institucional que concedem na
taberna da terra aos responsáveis pelos incidentes futebolísticos da semana.

Mas
António Costa sente-se agastado, desolado, destroçado, porque Pedro Passos
Coelho, impedido de ser primeiro-ministro apesar da vitória do PSD e do CDS nas
urnas, reclama condições para submeter a votos a usurpação do poder que o PS
tenta, contra a vontade da maioria dos eleitores portugueses.

A António
Costa nem sequer resulta estranho querer governar sozinho, em minoria,
relegando para a Oposição a maioria que venceu, invocando um acordo parlamentar
feito de nada. No essencial, BE e PCP só se comprometem a inviabilizar moções
de censura do PSD ou do CDS e a reunir, que é como quem diz, conversa. E
consegue manter-se impávido nos apelos à "postura responsável" de
Paulo Portas e Pedro Passos Coelho, argumentando que "o que é essencial é
Portugal não desperdiçar o fator de estabilidade política", depois de na
campanha eleitoral ter assumido que o PS votaria contra o próximo Orçamento do
Estado, mesmo sem lhe conhecer o texto.

Em tempos
já de si difíceis, António Costa é responsável por uma das maiores crises
políticas vividas em Portugal desde o 25 de Novembro. E para lá da
conflituosidade escusada, trouxe ao regime democrático níveis absolutamente
insuportáveis de cinismo.

A
evidência não decorre de nenhum "ressabiamento nervoso da Direita". É
mesmo constatação de quem tem vergonha na cara.

Artigo de Nuno Melo no Jornal de Notícias

"Endoidou",
"isto não é um presidente, é um gângster", "discurso miserável
de um miserável presidente", "este presidente é mesmo foleiro",
"provinciano", "chefe de fação", "torpedo",
"corifeu de lamúrias", "o Cavaco", "nada, zero,
inútil, traidor, autocentrado, calculista, contraditório, que é formalmente
presidente da República".

O PS, da
invariavelmente proclamada ética republicana - pobre referência conceptual -
vem tratando assim, rigorosamente, o chefe de Estado constitucionalmente
representante da República, garante da independência nacional, da unidade do
Estado, do regular funcionamento das instituições democráticas e Comandante
Supremo das Forças Armadas.

Mas
António Costa, entrevistado esta semana na RTP com ar chumbado e queixo
trémulo, achou normal, a propósito da situação política nacional, mostrar-se
"chocado com      a agressividade verbal que tem sido
utilizada", traduzindo "um clima de crispação que não contribui em
nada para aquilo que é necessário hoje na sociedade portuguesa".

Sem
"açaime", os operacionais da linha da frente do PS dedicam ao
presidente da República a mesma solenidade institucional que concedem na
taberna da terra aos responsáveis pelos incidentes futebolísticos da semana.

Mas
António Costa sente-se agastado, desolado, destroçado, porque Pedro Passos
Coelho, impedido de ser primeiro-ministro apesar da vitória do PSD e do CDS nas
urnas, reclama condições para submeter a votos a usurpação do poder que o PS
tenta, contra a vontade da maioria dos eleitores portugueses.

A António
Costa nem sequer resulta estranho querer governar sozinho, em minoria,
relegando para a Oposição a maioria que venceu, invocando um acordo parlamentar
feito de nada. No essencial, BE e PCP só se comprometem a inviabilizar moções
de censura do PSD ou do CDS e a reunir, que é como quem diz, conversa. E
consegue manter-se impávido nos apelos à "postura responsável" de
Paulo Portas e Pedro Passos Coelho, argumentando que "o que é essencial é
Portugal não desperdiçar o fator de estabilidade política", depois de na
campanha eleitoral ter assumido que o PS votaria contra o próximo Orçamento do
Estado, mesmo sem lhe conhecer o texto.

Em tempos
já de si difíceis, António Costa é responsável por uma das maiores crises
políticas vividas em Portugal desde o 25 de Novembro. E para lá da
conflituosidade escusada, trouxe ao regime democrático níveis absolutamente
insuportáveis de cinismo.

A
evidência não decorre de nenhum "ressabiamento nervoso da Direita". É
mesmo constatação de quem tem vergonha na cara.

Artigo de Nuno Melo no Jornal de Notícias

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