Rumar À Direita: A Toque de Caixa...

16-12-2019
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O tema
deste artigo centra-se nas ancestrais Festas Vimaranenses: as Nicolinas.

E para
dizer ao que venho, serei direto: a esquerda local é contra a elevação das
Festas Nicolinas a Património Imaterial da Humanidade. Só isso explica que –
pasme-se – tenham inscrito primeiramente no Inventário Nacional do Património Cultural
Imaterial a tradição das Passarinhas e dos Sardões das Festas de Santa Luzia,
sem que houvesse especial demanda pública para o efeito, antes mesmo das
Nicolinas.

Só isso explica que a autarquia precisasse de
11 longos anos para ser consequente desde a primeira iniciativa política em
sede de Assembleia Municipal apresentada à época pelo líder parlamentar do PSD
– André Coelho Lima – e que, quem lá esteve recordar-se-á, não mereceu
unanimidade, já que o Bloco de Esquerda não votou favoravelmente esta
pretensão.

Só isso explica que, um dia após o Líder da
Coligação Juntos por Guimarães pedir explicações de como estava o processo, o
PS tenha apressadamente corrigido a mão dizendo que <<agora é que é,
agora é que vamos tratar disso>>.

Depois espantam-se que o Jornal Expresso
confunda Nicolinos com “campinos de Natal”? Com tamanha displicência do poder
socialista bem podemos atirar à ignorância jornalística, mas há falha grave
política quanto à divulgação desta efeméride. E a falta de reação política
imediata e enérgica ao mais alto nível é, também ela, um sintoma desta
convicção.

Aliás, nas mentes mais apuradas, já todos
tínhamos percebido esta animosidade à esquerda com a multisecular tradição etnográfica
dos estudantes vimaranenses; mas, muito recentemente – nas redes sociais e
blogosfera – enervados com a tentativa de disfarce, deste mau estar, que
Domingos Bragança empreendeu, ao colocar em catálogo o que já deveria estar há
muito, doutos intelectuais de esquerda, não contiveram as suas glândulas
sudoríparas e transpiraram de forma veemente o seu protesto. Só porque, veja-se
o pretexto, o Vereador do CDS, Eng.º Monteiro de Castro, não viu energia, não
viu vontade, não viu atitude, nos responsáveis municipais para este
empreendimento. E também porque, “ousou” questionar o académico, de respeito é
certo, que levou a efeito o primeiro estudo sobre a matéria, acerca dos motivos
pelos quais só se apontavam fragilidades sem conceder soluções e porque se
omitia de forma evidente as potencialidades desta candidatura.

O argumento, que os meus muito estimáveis (e
corajosos porque há mais, mas escondidos) Esser Jorge e Casimiro Silva usaram,
foi – trocado por miúdos – “como pode um Engenheiro Civil questionar tamanho
Antropólogo?”

Pois bem meus caros, a dimensão política em que
se coloca a questão em apreço, não só pode - como deve ser dissecada nos fóruns
próprios para o efeito. E foi-o. Por um Vereador, independentemente da sua
formação de base. Ao negarem esta possibilidade estão a incorrer na velha
arrogância tipicamente “sinistra” que contra factos não há argumentos. Ora é
exatamente contra os factos que se argumenta, de contrário seria o fim da
política enquanto tal. O pensamento único e inargumentável é o fim da
democracia, do pluralismo, do multipartidarismo. E não tenho em vós desses
precursores.

E quanto aos argumentos por ele expendidos o
que dizem V.Exas? <<Bola>> para citar um eminente treinador na
dita.

Somente não se pode meter a “foice em seara
alheia”. O que para mal dos V. pecados não é assim. O Advogado André Coelho
Lima, questionou e bem (em sede própria, na Câmara) a obra do brilhantíssimo
Arquiteto Siza Vieira (Parque da Mumadona) porque não tinha acessibilidade para
deficientes motores. Que fez o PS? Votou contra a proposta de melhoramento
desta acessibilidade. O mesmo “modus operandi”, portanto.

Voltando “à vaca fria” para usar da “diplomacia”
em voga, V. Exas ficam-se então pela única premissa: aos Engenheiros o betão,
aos Antropólogos a etnologia! Que seria da ciência se nos guiássemos por aqui?!
Franz Boas, por exemplo, jamais poderia dar o seu inestimável contributo à
“inquestionável” ciência antropológica, já que provinha da Física. E se o Sir
Francis Galton, um Antropólogo e lente eminentíssimo à época, não fosse (e
foi-o tragicamente tarde para vergonha da humanidade pelas consequências que
daí advieram) nunca jamais questionado? Seriamos todos filhos de Gobineau,
Chamberlin, Lapouge ou Woltmann?!…

Se nunca se questionasse o método, os
sucedâneos de James Frazer continuavam a dizer como ele << Estar com as
tribos sobre quem disserto? Deus me livre!>> Ainda bem que tivemos depois
Malinowski ou Margaret Mead; e que útil seria esta última se, por aqui tivesse
passado, já que as Nicolinas carregam uma marca clara de ritual de passagem à
idade adulta com traços de fertilidade. Será exatamente por isto que a esquerda
local não simpatiza com as Nicolinas? Por ser uma tradição atávica, viril e
identitária? Marcas de que tentam sempre afastar-se na busca de um
igualitarismo artificialmente construído, ao jeito do materialismo dialético?

No fundo, meus caros, o que o Eng.º Monteiro de
Castro clamou foi que, o estudo vindo do respeitabilíssimo e notabilíssimo Jean-Yves
Durand, segue a escola de Evans – Pritchard, ou seja, é mais descritivo do que
explicativo o que impede – de modo científico, que se corrijam as falhas, se
evidenciem as potencialidades e se avance para bom logro do processo. E é nisso
que nos devemos concentrar.    

Arregacem lá as mangas meus senhores e mãos à
obra neste desiderato que não é nosso nem vosso – a exemplo da Capital Verde,
embora nesta estejam a começar a casa pelo telhado - mas é de todos os
vimaranenses. Engulam o sapo e façam o vosso dever, de contrário, serão
corridos ao jeito Nicolino e do título desta crónica: a toque de caixa! E bem
podem espernear que é assim mesmo como vos digo.

Se inverterem o caminho e se ligarem à
corrente, serei eu o primeiro a convocar a “Potlatch”.

Bem Vistas as Coisas, a
esquerda local é contra a elevação das Festas Nicolinas a Património Imaterial
da Humanidade. Ou invertem o caminho, ou serão corridos a toque de caixa!

Artigo de Orlando Coutinho, Presidente da Comissão Política CDS Guimarães, no seu Blog "Bem Vistas As Coisas"   

O tema
deste artigo centra-se nas ancestrais Festas Vimaranenses: as Nicolinas.

E para
dizer ao que venho, serei direto: a esquerda local é contra a elevação das
Festas Nicolinas a Património Imaterial da Humanidade. Só isso explica que –
pasme-se – tenham inscrito primeiramente no Inventário Nacional do Património Cultural
Imaterial a tradição das Passarinhas e dos Sardões das Festas de Santa Luzia,
sem que houvesse especial demanda pública para o efeito, antes mesmo das
Nicolinas.

Só isso explica que a autarquia precisasse de
11 longos anos para ser consequente desde a primeira iniciativa política em
sede de Assembleia Municipal apresentada à época pelo líder parlamentar do PSD
– André Coelho Lima – e que, quem lá esteve recordar-se-á, não mereceu
unanimidade, já que o Bloco de Esquerda não votou favoravelmente esta
pretensão.

Só isso explica que, um dia após o Líder da
Coligação Juntos por Guimarães pedir explicações de como estava o processo, o
PS tenha apressadamente corrigido a mão dizendo que <<agora é que é,
agora é que vamos tratar disso>>.

Depois espantam-se que o Jornal Expresso
confunda Nicolinos com “campinos de Natal”? Com tamanha displicência do poder
socialista bem podemos atirar à ignorância jornalística, mas há falha grave
política quanto à divulgação desta efeméride. E a falta de reação política
imediata e enérgica ao mais alto nível é, também ela, um sintoma desta
convicção.

Aliás, nas mentes mais apuradas, já todos
tínhamos percebido esta animosidade à esquerda com a multisecular tradição etnográfica
dos estudantes vimaranenses; mas, muito recentemente – nas redes sociais e
blogosfera – enervados com a tentativa de disfarce, deste mau estar, que
Domingos Bragança empreendeu, ao colocar em catálogo o que já deveria estar há
muito, doutos intelectuais de esquerda, não contiveram as suas glândulas
sudoríparas e transpiraram de forma veemente o seu protesto. Só porque, veja-se
o pretexto, o Vereador do CDS, Eng.º Monteiro de Castro, não viu energia, não
viu vontade, não viu atitude, nos responsáveis municipais para este
empreendimento. E também porque, “ousou” questionar o académico, de respeito é
certo, que levou a efeito o primeiro estudo sobre a matéria, acerca dos motivos
pelos quais só se apontavam fragilidades sem conceder soluções e porque se
omitia de forma evidente as potencialidades desta candidatura.

O argumento, que os meus muito estimáveis (e
corajosos porque há mais, mas escondidos) Esser Jorge e Casimiro Silva usaram,
foi – trocado por miúdos – “como pode um Engenheiro Civil questionar tamanho
Antropólogo?”

Pois bem meus caros, a dimensão política em que
se coloca a questão em apreço, não só pode - como deve ser dissecada nos fóruns
próprios para o efeito. E foi-o. Por um Vereador, independentemente da sua
formação de base. Ao negarem esta possibilidade estão a incorrer na velha
arrogância tipicamente “sinistra” que contra factos não há argumentos. Ora é
exatamente contra os factos que se argumenta, de contrário seria o fim da
política enquanto tal. O pensamento único e inargumentável é o fim da
democracia, do pluralismo, do multipartidarismo. E não tenho em vós desses
precursores.

E quanto aos argumentos por ele expendidos o
que dizem V.Exas? <<Bola>> para citar um eminente treinador na
dita.

Somente não se pode meter a “foice em seara
alheia”. O que para mal dos V. pecados não é assim. O Advogado André Coelho
Lima, questionou e bem (em sede própria, na Câmara) a obra do brilhantíssimo
Arquiteto Siza Vieira (Parque da Mumadona) porque não tinha acessibilidade para
deficientes motores. Que fez o PS? Votou contra a proposta de melhoramento
desta acessibilidade. O mesmo “modus operandi”, portanto.

Voltando “à vaca fria” para usar da “diplomacia”
em voga, V. Exas ficam-se então pela única premissa: aos Engenheiros o betão,
aos Antropólogos a etnologia! Que seria da ciência se nos guiássemos por aqui?!
Franz Boas, por exemplo, jamais poderia dar o seu inestimável contributo à
“inquestionável” ciência antropológica, já que provinha da Física. E se o Sir
Francis Galton, um Antropólogo e lente eminentíssimo à época, não fosse (e
foi-o tragicamente tarde para vergonha da humanidade pelas consequências que
daí advieram) nunca jamais questionado? Seriamos todos filhos de Gobineau,
Chamberlin, Lapouge ou Woltmann?!…

Se nunca se questionasse o método, os
sucedâneos de James Frazer continuavam a dizer como ele << Estar com as
tribos sobre quem disserto? Deus me livre!>> Ainda bem que tivemos depois
Malinowski ou Margaret Mead; e que útil seria esta última se, por aqui tivesse
passado, já que as Nicolinas carregam uma marca clara de ritual de passagem à
idade adulta com traços de fertilidade. Será exatamente por isto que a esquerda
local não simpatiza com as Nicolinas? Por ser uma tradição atávica, viril e
identitária? Marcas de que tentam sempre afastar-se na busca de um
igualitarismo artificialmente construído, ao jeito do materialismo dialético?

No fundo, meus caros, o que o Eng.º Monteiro de
Castro clamou foi que, o estudo vindo do respeitabilíssimo e notabilíssimo Jean-Yves
Durand, segue a escola de Evans – Pritchard, ou seja, é mais descritivo do que
explicativo o que impede – de modo científico, que se corrijam as falhas, se
evidenciem as potencialidades e se avance para bom logro do processo. E é nisso
que nos devemos concentrar.    

Arregacem lá as mangas meus senhores e mãos à
obra neste desiderato que não é nosso nem vosso – a exemplo da Capital Verde,
embora nesta estejam a começar a casa pelo telhado - mas é de todos os
vimaranenses. Engulam o sapo e façam o vosso dever, de contrário, serão
corridos ao jeito Nicolino e do título desta crónica: a toque de caixa! E bem
podem espernear que é assim mesmo como vos digo.

Se inverterem o caminho e se ligarem à
corrente, serei eu o primeiro a convocar a “Potlatch”.

Bem Vistas as Coisas, a
esquerda local é contra a elevação das Festas Nicolinas a Património Imaterial
da Humanidade. Ou invertem o caminho, ou serão corridos a toque de caixa!

Artigo de Orlando Coutinho, Presidente da Comissão Política CDS Guimarães, no seu Blog "Bem Vistas As Coisas"   

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