josé paulo fafe

22-06-2020
marcar artigo

NO MÍNIMO notável o texto de Pedro Santana Lopes no "Correio da Manhã" e que é um oportuno e realista "desabafo" pessoal e político e um excelente exercício de memória de factos que, não sendo tão distantes quanto isso, há quem queira (e dê jeito...) esquecer. Talvez o mais lúcido e curiosamente desapaixonado comentário acerca da entrevista que marcou a semana política. Com a devida e mais que merecida vénia, não resisto a transcrevê-lo:

"A 'boa moeda.' Criaram-no, agora
aturem-no. Gostam, alguns, muito de dizer que José Sócrates foi lançado para
Primeiro-Ministro nos debates que mantivemos, em 2002 e 2003. Percebo a ideia,
mas não foi. Sócrates ganhou e 'reinou' porque viveu em lua de mel com
muitos centros de poder em Portugal.

Muitos, a começar pelo próprio Presidente da
República – mas não só – andaram embevecidos com José Sócrates, nos primeiros
anos da sua governação. Agora já odeiam, não gostam ou estão afastados. Pois,
mas andaram com o 'menino de oiro' 'ao colo'.

A Vida, muitas vezes, é assim. Durante anos,
ele usou comigo e com o meu Governo a manipulação em que é exímio e a que
recorreu, abundantemente, na quarta-feira à noite na RTP. A começar pela burla
do tal défice de 6,83% em 2005 que é dele e de mais ninguém.

Na altura, quase todos colaboraram com essa
impostorice. O silêncio de Seguro em relação a Sócrates, tive-o eu de Marques
Mendes, quando me sucedeu na liderança do PSD.

Agora, muitos mais se irritam com as
engenhosas construções do ex-Primeiro-Ministro? Custou ouvi-lo a falar de
deslealdades quando foi o primeiro a romper a solidariedade institucional? Pois
é! Pois não é agradável...

Anteontem, Cavaco Silva, Teixeira dos Santos,
Passos Coelho, Manuela Ferreira Leite, António José Seguro, António Costa,
entre outros, por diferentes razões, terão experimentado – em maior ou menor
grau, consoante os casos – uma sensação muito desagradável.

Eu conheço a sensação. Sei o que se sente
quando apetece estar lá na vez de quem tem José Sócrates pela frente para o
desmentir e dizer a verdade. Pois! É que, se não for na hora, já não é igual. E
a mensagem passa até porque é repetida muitas vezes.

Não disse verdades? Disse, algumas e uma ou
duas significativas. E disse-as com força e com desassombro, igual a si
próprio. Eu sempre lhe reconheci qualidades, nunca o menosprezei. Mas nunca
estive do lado dele, nunca o apoiei, sempre o combati. A diferença é essa.

Porreiro, pá!"

NO MÍNIMO notável o texto de Pedro Santana Lopes no "Correio da Manhã" e que é um oportuno e realista "desabafo" pessoal e político e um excelente exercício de memória de factos que, não sendo tão distantes quanto isso, há quem queira (e dê jeito...) esquecer. Talvez o mais lúcido e curiosamente desapaixonado comentário acerca da entrevista que marcou a semana política. Com a devida e mais que merecida vénia, não resisto a transcrevê-lo:

"A 'boa moeda.' Criaram-no, agora
aturem-no. Gostam, alguns, muito de dizer que José Sócrates foi lançado para
Primeiro-Ministro nos debates que mantivemos, em 2002 e 2003. Percebo a ideia,
mas não foi. Sócrates ganhou e 'reinou' porque viveu em lua de mel com
muitos centros de poder em Portugal.

Muitos, a começar pelo próprio Presidente da
República – mas não só – andaram embevecidos com José Sócrates, nos primeiros
anos da sua governação. Agora já odeiam, não gostam ou estão afastados. Pois,
mas andaram com o 'menino de oiro' 'ao colo'.

A Vida, muitas vezes, é assim. Durante anos,
ele usou comigo e com o meu Governo a manipulação em que é exímio e a que
recorreu, abundantemente, na quarta-feira à noite na RTP. A começar pela burla
do tal défice de 6,83% em 2005 que é dele e de mais ninguém.

Na altura, quase todos colaboraram com essa
impostorice. O silêncio de Seguro em relação a Sócrates, tive-o eu de Marques
Mendes, quando me sucedeu na liderança do PSD.

Agora, muitos mais se irritam com as
engenhosas construções do ex-Primeiro-Ministro? Custou ouvi-lo a falar de
deslealdades quando foi o primeiro a romper a solidariedade institucional? Pois
é! Pois não é agradável...

Anteontem, Cavaco Silva, Teixeira dos Santos,
Passos Coelho, Manuela Ferreira Leite, António José Seguro, António Costa,
entre outros, por diferentes razões, terão experimentado – em maior ou menor
grau, consoante os casos – uma sensação muito desagradável.

Eu conheço a sensação. Sei o que se sente
quando apetece estar lá na vez de quem tem José Sócrates pela frente para o
desmentir e dizer a verdade. Pois! É que, se não for na hora, já não é igual. E
a mensagem passa até porque é repetida muitas vezes.

Não disse verdades? Disse, algumas e uma ou
duas significativas. E disse-as com força e com desassombro, igual a si
próprio. Eu sempre lhe reconheci qualidades, nunca o menosprezei. Mas nunca
estive do lado dele, nunca o apoiei, sempre o combati. A diferença é essa.

Porreiro, pá!"

marcar artigo