Matosinhos resiste a António Costa

11-01-2020
marcar artigo

Há mais de uma década que a família socialista de Matosinhos não se governa nem se deixa governar. A três meses e meio de mais umas eleições autárquicas, já há dois candidatos da família rosa na corrida à Câmara de Matosinhos, que podem subir para três caso Narciso Miranda, ainda em fase de recolha de assinaturas, volte a correr como independente ao município que liderou entre 1976 e 2005. Tal como aconteceu em 2009, quando o antigo senhor de Matosinhos se rebelou contra o seu partido de sempre e roubou a maioria ao candidato oficial do PS, Guilherme Pinto, que em 2013 foi ele próprio reeleito à revelia do partido.

O clima é de guerrilha na capital da brasa, sendo já sina que haja sempre alguém que diga “não” e rasgue o cartão no calor eleitoral. Desta vez, o dissidente chama-se António Parada, o candidato oficial de António Seguro há quatro anos, derrotado nas urnas pelo insurgente Guilherme Pinto e que agora se candidata pelo Movimento de Cidadãos Matosinhos — SIM, após 35 anos de militância. O vereador rosa, adjunto do secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, até março, desfiliou-se a 22 de abril, dia em que António Costa subiu a Matosinhos para apresentar a candidata oficial, a deputada Luísa Salgueiro, escolhida pelo líder da distrital, Manuel Pizarro, que avocou o processo autárquico contra a escolha do presidente concelhio, Ernesto Páscoa. Parada diz que “o corte umbilical doeu” e culpa Pizarro pela nova divisão do partido. “Por um capricho pessoal, traiu o ideal democrático do PS ao desrespeitar a vontade dos militantes locais. Isso não aceito”, afirma o recém-independente, que apresentará uma lista sem “politicodependentes”.

Já com cartazes em toda a cidade, Luísa Salgueiro inaugurou ontem a sua sede de campanha, junto à Câmara, e lamenta a desunião e o “oportunismo” do adversário, “que até há dois meses exerceu um cargo de confiança política do PS”. Apesar da falta de consenso em torno do seu nome, confia no regresso do PS ao concelho de tradição socialista, apontando as suas listas, que acolhem irmãmente militantes de cartão e os retornados do movimento independente do falecido Guilherme Pinto, sendo o seu nº 2 Eduardo Pinheiro, atual presidente da Câmara. “Fui aqui vereadora oito anos, sinto que as pessoas estão comigo”, refere Luísa Salgueiro. Ao Expresso, Manuel Pizarro afirma que ela é a candidata certa para sarar antigas feridas, como se prova pela lista de conciliação, “aceite sem mágoas”. “É pena que nem todos os socialistas de Matosinhos superem as suas ambições para olhar para o interesse coletivo”, conclui.

Numas eleições que farão ainda correr muita tinta, Ernesto Páscoa vai levar a plenário a lista da candidata oficial, convicto de que será impugnada por “apadrinhar mais independentes do que socialistas”. “António Costa veio cá dizer que são socialistas de coração, mas não aceitamos é que o PS desta terra sirva de decoração”, avisa o líder concelhio, indignado com os socialistas que “rasgaram o cartão para ser poder e agora vão filiar-se para manter o poder”.

PSD bate com a porta

No território onde o partido laranja nunca passou da oposição, desta vez a refrega política também incendiou o PSD de Matosinhos, que, ontem, se demitiu em bloco contra o veto da distrital ao nome do candidato Joaquim Jorge. Com o líder concelhio, José António Barbosa, saem nove membros da Comissão Política e ainda o presidente da AG, Carlos Sousa Fernandes, obrigando Bragança Fernandes a convocar eleições em pré-campanha autárquica. Na origem da rutura está o independente que preside ao Clube dos Pensadores, que após muita polémica e eleito ao terceiro round na concelhia foi afastado pela distrital, que optou pelo médico e ex-vereador de Matosinhos Jorge Magalhães.

“Numa altura em que que o PSD podia ter um resultado histórico face à cisão do PS, Bragança Fernandes, sempre de forma silenciosa, sem nos olhar nos olhos, desrespeitou-nos e ignorou a vontade dos militantes”, frisa António Barbosa, que prefere afastar-se do que “ficar no atual pântano” político. “No pedido de demissão a que o Expresso teve acesso, o líder concelhio rejeita a visão sectária da política, habituada a servir-se dos partidos e não a servir as populações”. A candidatura falhada será relatada em livro por Joaquim Jorge, que não poupará nem o PSD nem o “homem do aparelho”, Marco António Costa.

Há mais de uma década que a família socialista de Matosinhos não se governa nem se deixa governar. A três meses e meio de mais umas eleições autárquicas, já há dois candidatos da família rosa na corrida à Câmara de Matosinhos, que podem subir para três caso Narciso Miranda, ainda em fase de recolha de assinaturas, volte a correr como independente ao município que liderou entre 1976 e 2005. Tal como aconteceu em 2009, quando o antigo senhor de Matosinhos se rebelou contra o seu partido de sempre e roubou a maioria ao candidato oficial do PS, Guilherme Pinto, que em 2013 foi ele próprio reeleito à revelia do partido.

O clima é de guerrilha na capital da brasa, sendo já sina que haja sempre alguém que diga “não” e rasgue o cartão no calor eleitoral. Desta vez, o dissidente chama-se António Parada, o candidato oficial de António Seguro há quatro anos, derrotado nas urnas pelo insurgente Guilherme Pinto e que agora se candidata pelo Movimento de Cidadãos Matosinhos — SIM, após 35 anos de militância. O vereador rosa, adjunto do secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, até março, desfiliou-se a 22 de abril, dia em que António Costa subiu a Matosinhos para apresentar a candidata oficial, a deputada Luísa Salgueiro, escolhida pelo líder da distrital, Manuel Pizarro, que avocou o processo autárquico contra a escolha do presidente concelhio, Ernesto Páscoa. Parada diz que “o corte umbilical doeu” e culpa Pizarro pela nova divisão do partido. “Por um capricho pessoal, traiu o ideal democrático do PS ao desrespeitar a vontade dos militantes locais. Isso não aceito”, afirma o recém-independente, que apresentará uma lista sem “politicodependentes”.

Já com cartazes em toda a cidade, Luísa Salgueiro inaugurou ontem a sua sede de campanha, junto à Câmara, e lamenta a desunião e o “oportunismo” do adversário, “que até há dois meses exerceu um cargo de confiança política do PS”. Apesar da falta de consenso em torno do seu nome, confia no regresso do PS ao concelho de tradição socialista, apontando as suas listas, que acolhem irmãmente militantes de cartão e os retornados do movimento independente do falecido Guilherme Pinto, sendo o seu nº 2 Eduardo Pinheiro, atual presidente da Câmara. “Fui aqui vereadora oito anos, sinto que as pessoas estão comigo”, refere Luísa Salgueiro. Ao Expresso, Manuel Pizarro afirma que ela é a candidata certa para sarar antigas feridas, como se prova pela lista de conciliação, “aceite sem mágoas”. “É pena que nem todos os socialistas de Matosinhos superem as suas ambições para olhar para o interesse coletivo”, conclui.

Numas eleições que farão ainda correr muita tinta, Ernesto Páscoa vai levar a plenário a lista da candidata oficial, convicto de que será impugnada por “apadrinhar mais independentes do que socialistas”. “António Costa veio cá dizer que são socialistas de coração, mas não aceitamos é que o PS desta terra sirva de decoração”, avisa o líder concelhio, indignado com os socialistas que “rasgaram o cartão para ser poder e agora vão filiar-se para manter o poder”.

PSD bate com a porta

No território onde o partido laranja nunca passou da oposição, desta vez a refrega política também incendiou o PSD de Matosinhos, que, ontem, se demitiu em bloco contra o veto da distrital ao nome do candidato Joaquim Jorge. Com o líder concelhio, José António Barbosa, saem nove membros da Comissão Política e ainda o presidente da AG, Carlos Sousa Fernandes, obrigando Bragança Fernandes a convocar eleições em pré-campanha autárquica. Na origem da rutura está o independente que preside ao Clube dos Pensadores, que após muita polémica e eleito ao terceiro round na concelhia foi afastado pela distrital, que optou pelo médico e ex-vereador de Matosinhos Jorge Magalhães.

“Numa altura em que que o PSD podia ter um resultado histórico face à cisão do PS, Bragança Fernandes, sempre de forma silenciosa, sem nos olhar nos olhos, desrespeitou-nos e ignorou a vontade dos militantes”, frisa António Barbosa, que prefere afastar-se do que “ficar no atual pântano” político. “No pedido de demissão a que o Expresso teve acesso, o líder concelhio rejeita a visão sectária da política, habituada a servir-se dos partidos e não a servir as populações”. A candidatura falhada será relatada em livro por Joaquim Jorge, que não poupará nem o PSD nem o “homem do aparelho”, Marco António Costa.

marcar artigo