Chega "ameaça o sistema político" mas Rodrigues dos Santos está "satisfeito" com acordo nos Açores

27-11-2020
marcar artigo

O Chega "ameaça o sistema político em Portugal" e "consegue representar ideias com que não estamos habituados a lidar". Quem o disse, esta terça-feira, dia em que o novo Governo Regional dos Açores toma posse, foi Francisco Rodrigues dos Santos. No entanto, o presidente do CDS-PP garantiu também que a aliança de incidência parlamentar com o partido de André Ventura não o perturba nem assusta. "Claro que estou satisfeito com este acordo", realçou o líder dos democratas-cristãos em entrevista à Antena 1.

Sem mencionar diretamente os 54 subscritores do manifesto "A clareza que defendemos" (entre os quais se incluem vários quadros do CDS, como Adolfo Mesquita Nunes), o líder do partido realçou que o entendimento "incomoda aqueles que estão mais instalados", assim como os representantes de um certo "cinzentismo" com o qual garante querer romper. Isto porque, além da "bolhazinha dos partidos", os açorianos não compreenderiam que "por questões de tricas, azedumes ou orientações políticas" fossem os democratas-cristãos a travar a constituição da 'geringonça' de direita na região autónoma.

Questionado sobre o facto de ter assegurado, um dia antes de serem conhecidos os papéis do acordo, que o CDS não estaria ao lado do Chega, Rodrigues dos Santos, tal como Rui Rio, empurrou a responsabilidade para o representante da República. Foi Pedro Catarino que "exigiu um documento escrito" que garantisse a estabilidade política para a legislatura, assinalou. De igual modo, procurou esvaziar a notícia do Expresso de que o acordo fora rubricado à sua revelia. "Não me opus a que a assinatura do CDS constasse no acordo de incidência parlamentar com o Chega", revelou. E essa mensagem, prosseguiu, foi transmitida ao presidente do CDS/Açores, Artur Lima.

Quanto à necessidade de ter havido um papel rubricado por José Manuel Bolieiro (PSD/Açores), Artur Lima, e Paulo Estêvão (PPM/Açores), por um lado, e Carlos Furtado (Chega/Açores), por outro, Rodrigues dos Santos foi defensivo. Vincou que só não aconteceu o mesmo com a Iniciativa Liberal porque Nuno Barata, coordenador dos liberais no arquipélago e antigo dirigente do CDS, não quis. "A única forma de haver acordo com a IL era precisamente o Artur Lima e o Paulo Estêvão não estarem nesse acordo", reforçou.

Em todo o caso, o líder do CDS voltou a ser cáustico quando chamado a pronunciar-se sobre o Chega, um partido que, afinal, "não é radical de direita", mas "radical do protesto", com o qual está "fora de hipótese" haver diálogo para coligações autárquicas. Já quanto a eventuais soluções nacionais decalcadas da 'geringonça' açoriana, Rodrigues dos Santos foi taxativo. Aliança Democrática, sim; levar André Ventura - político que "tem dito tudo e o seu contrário" - para o Conselho de Ministros, jamais. Porém, tal como Rio, não descarta apoios oriundos da Assembleia da República, venham eles de que bancada vierem. "Não rejeitamos um voto pela sua origem. Para viabilizar um governo, se pudermos contar com qualquer partido que seja eleito pelo povo, no quadro democrático, é claro que será bem-vindo", antecipou.

O "homem do leme" e o tête-à-tête com os críticos

Na entrevista à rádio pública, Rodrigues dos Santos enfatizou bastante o facto de ter sido sob a sua liderança que o CDS chegou à presidência do Governo Regional dos Açores, apesar de o partido ter perdido um deputado no parlamento regional. Nessa mesma linha, recusou que o partido esteja a definhar eleitoralmente, como têm indicado as sondagens, e respondeu a Adolfo Mesquita Nunes. Na semana passada, num artigo publicado no Observador, o vice-presidente de Assunção Cristas condenou o pacto com o Chega, um "erro" que, na sua ótica, poderá comprometer o futuro do CDS. O presidente dos centristas discorda e dá o troco: "O que serviu para comprometer a sobrevivência do CDS foi o resultado das últimas legislativas. Eu fui eleito para salvar o partido."

E se internamente há quem, como João Gonçalves Pereira, já tenha vindo a público notar que "é uma evidência que as coisas não estão a correr bem e que a liderança está a falhar", Rodrigues dos Santos garante que não está no largo do Caldas a prazo. "Eu sou o homem do leme", sublinhou. "Estou mortinho para realizar um Conselho Nacional. Sou aquele que mais deseja, até para pôr umas questões no devido lugar", disparou, avisando que pretende "colocar os pontos nos ii" olhos nos olhos dos seus opositores.

No que respeita às presidenciais, o apoio a Marcelo Rebelo de Sousa - "homem de valores", "católico" e defensor da AD - parece quase arrumado, embora continue a estar dependente da luz verde dos órgãos do partido. Para as autárquicas, Rodrigues dos Santos insiste que "Assunção Cristas seria um ótimo nome", quer em listas próprias, quer numa coligação com o PSD em Lisboa, que entende que o partido deve encabeçar (à luz dos resultados de 2017). Fechada está também a renovação da sociedade com Rui Moreira, no Porto. Com os olhos postos no território nacional, o objetivo na corrida ao poder local passa por manter as seis autarquias em que o CDS já é poder e "aqui e ali" fazer "uma gracinha", disputando mais câmaras.

O Chega "ameaça o sistema político em Portugal" e "consegue representar ideias com que não estamos habituados a lidar". Quem o disse, esta terça-feira, dia em que o novo Governo Regional dos Açores toma posse, foi Francisco Rodrigues dos Santos. No entanto, o presidente do CDS-PP garantiu também que a aliança de incidência parlamentar com o partido de André Ventura não o perturba nem assusta. "Claro que estou satisfeito com este acordo", realçou o líder dos democratas-cristãos em entrevista à Antena 1.

Sem mencionar diretamente os 54 subscritores do manifesto "A clareza que defendemos" (entre os quais se incluem vários quadros do CDS, como Adolfo Mesquita Nunes), o líder do partido realçou que o entendimento "incomoda aqueles que estão mais instalados", assim como os representantes de um certo "cinzentismo" com o qual garante querer romper. Isto porque, além da "bolhazinha dos partidos", os açorianos não compreenderiam que "por questões de tricas, azedumes ou orientações políticas" fossem os democratas-cristãos a travar a constituição da 'geringonça' de direita na região autónoma.

Questionado sobre o facto de ter assegurado, um dia antes de serem conhecidos os papéis do acordo, que o CDS não estaria ao lado do Chega, Rodrigues dos Santos, tal como Rui Rio, empurrou a responsabilidade para o representante da República. Foi Pedro Catarino que "exigiu um documento escrito" que garantisse a estabilidade política para a legislatura, assinalou. De igual modo, procurou esvaziar a notícia do Expresso de que o acordo fora rubricado à sua revelia. "Não me opus a que a assinatura do CDS constasse no acordo de incidência parlamentar com o Chega", revelou. E essa mensagem, prosseguiu, foi transmitida ao presidente do CDS/Açores, Artur Lima.

Quanto à necessidade de ter havido um papel rubricado por José Manuel Bolieiro (PSD/Açores), Artur Lima, e Paulo Estêvão (PPM/Açores), por um lado, e Carlos Furtado (Chega/Açores), por outro, Rodrigues dos Santos foi defensivo. Vincou que só não aconteceu o mesmo com a Iniciativa Liberal porque Nuno Barata, coordenador dos liberais no arquipélago e antigo dirigente do CDS, não quis. "A única forma de haver acordo com a IL era precisamente o Artur Lima e o Paulo Estêvão não estarem nesse acordo", reforçou.

Em todo o caso, o líder do CDS voltou a ser cáustico quando chamado a pronunciar-se sobre o Chega, um partido que, afinal, "não é radical de direita", mas "radical do protesto", com o qual está "fora de hipótese" haver diálogo para coligações autárquicas. Já quanto a eventuais soluções nacionais decalcadas da 'geringonça' açoriana, Rodrigues dos Santos foi taxativo. Aliança Democrática, sim; levar André Ventura - político que "tem dito tudo e o seu contrário" - para o Conselho de Ministros, jamais. Porém, tal como Rio, não descarta apoios oriundos da Assembleia da República, venham eles de que bancada vierem. "Não rejeitamos um voto pela sua origem. Para viabilizar um governo, se pudermos contar com qualquer partido que seja eleito pelo povo, no quadro democrático, é claro que será bem-vindo", antecipou.

O "homem do leme" e o tête-à-tête com os críticos

Na entrevista à rádio pública, Rodrigues dos Santos enfatizou bastante o facto de ter sido sob a sua liderança que o CDS chegou à presidência do Governo Regional dos Açores, apesar de o partido ter perdido um deputado no parlamento regional. Nessa mesma linha, recusou que o partido esteja a definhar eleitoralmente, como têm indicado as sondagens, e respondeu a Adolfo Mesquita Nunes. Na semana passada, num artigo publicado no Observador, o vice-presidente de Assunção Cristas condenou o pacto com o Chega, um "erro" que, na sua ótica, poderá comprometer o futuro do CDS. O presidente dos centristas discorda e dá o troco: "O que serviu para comprometer a sobrevivência do CDS foi o resultado das últimas legislativas. Eu fui eleito para salvar o partido."

E se internamente há quem, como João Gonçalves Pereira, já tenha vindo a público notar que "é uma evidência que as coisas não estão a correr bem e que a liderança está a falhar", Rodrigues dos Santos garante que não está no largo do Caldas a prazo. "Eu sou o homem do leme", sublinhou. "Estou mortinho para realizar um Conselho Nacional. Sou aquele que mais deseja, até para pôr umas questões no devido lugar", disparou, avisando que pretende "colocar os pontos nos ii" olhos nos olhos dos seus opositores.

No que respeita às presidenciais, o apoio a Marcelo Rebelo de Sousa - "homem de valores", "católico" e defensor da AD - parece quase arrumado, embora continue a estar dependente da luz verde dos órgãos do partido. Para as autárquicas, Rodrigues dos Santos insiste que "Assunção Cristas seria um ótimo nome", quer em listas próprias, quer numa coligação com o PSD em Lisboa, que entende que o partido deve encabeçar (à luz dos resultados de 2017). Fechada está também a renovação da sociedade com Rui Moreira, no Porto. Com os olhos postos no território nacional, o objetivo na corrida ao poder local passa por manter as seis autarquias em que o CDS já é poder e "aqui e ali" fazer "uma gracinha", disputando mais câmaras.

marcar artigo