Legado da Rainha das Artes regressa a Serralves com a fotografia em destaque

25-06-2020
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A segunda parte de uma das importantes coleções de arte da segunda metade do século XX numa visita guiada por António Homem, o comissário da mostra e herdeiro da galerista Ileana Sonnabend. Para ver até 23 de setembro

| foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens

Adotado aos 48 anos pela famosa galerista Ileana Sonnabend e o marido desta, Michael, com quem passou a vida (dos 29 aos 67 anos), António Homem acabou por herdar metade da coleção de arte do casal, em 2007, quando a denominada Rainha das Artes morreu. Metade do legado, nos Estados Unidos, vai para o Estado, por isso o português e a filha de Ileana, Nina, doaram parte da coleção a uma fundação que funciona um pouco como um museu sem paredes. Entre esses trabalhos e os que herdou, António tem uma coleção que mantém a narrativa do acervo inicial, com uma parte exposta, desde ontem até 23 de setembro, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto.

A inauguração oficial foi à noite mas, horas antes, ainda se colavam placas. António Homem, o comissário da exposição guiou uma visita descrita com o sentimento de quem conhece bem o que se exibe em cada espaço, mas que vai descobrindo sempre outros pontos de vista. Depois da apresentação em 2016 de "A Coleção Sonnabend. Meio Século de Arte Europeia e Americana. Part I", a Invicta recebe a segunda parte de um conjunto de obras que representam "alguma dos movimentos fundamentais da arte ocidental dos nossos dias", como frisou a presidente do Conselho de administração da Fundação de Serralves, Ana Pinho, congratulando-se por as acolher. João Ribas, o diretor do museu, destacou "a contemporaneidade desta produção", notando ainda que "a história desta coleção é a história da arte contemporânea" e uma "narrativa de arte pós-guerra", ou seja, a partir dos anos 50.

© João Manuel Ribeiro/Global Imagens

Desta vez, o destaque vai para o uso da fotografia, desde a arte conceptual dos anos 1960 até ao presente, a par do trabalho de artistas dos anos 1980 que incide na Pop Art, o minimalismo e a arte concetual. Obras de Gilbert & George, do casal alemão Bernd e Hilla Becher - conhecido pelas tipologias fotográficas de estruturas industriais, John Baldessari, Hiroshi Sugimoto - que usava a fotografia a preto e branco para registar o fluxo do tempo -, Candida Höfer - que, entre muitos interiores de espaços públicos, fotografou o Palácio da Ajuda, em Lisboa, como se pode ver numa das paredes-, Haim Steinbach, Boyd Webb -a registar o telefone como o estribo das relações mercantis numa prova única de fotografia a cores datada de 1979- ou Ashley Bickerton, entre outras.

Com um discurso envolvente, num português toldado pelo sotaque de quem há muito vive nos Estados Unidos e que, às vezes, pede ajuda para traduzir uma palavra em inglês, António Homem assumiu ser "impressionante" ver os trabalhos nos espaços de Serralves, onde a "cumplicidade entre os trabalhos" ganha uma nova vida. O galerista português fala com paixão do que é seu, conquistando quem o rodeia e é isso que o move. "É isto que eu gosto na minha profissão, passar o entusiasmo a outras pessoas".

Apesar de ter visto crescer a coleção e de a conhece minuciosamente, António Homem garantiu que "não é sentimental" aquilo que nutre por ela, comparando a sua ligação à "relação que se tem com uma pessoa em quem, ao longo do tempo, vamos descobrindo coisas boas e outras menos boas". Ou seja, "há sempre oportunidade de releitura destas peças e o facto de as ver reagrupadas de outra forma, em espaços diferentes, cada vez dá-me mais informação sobre as obras", comentou, notando que "esta sala com estas obras é uma situação excecional". Referia-se ao piso inferior do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, onde paredes de vidro estendem a vista também para a beleza exterior.

Apreciadas as fotografias no primeiro piso, as escadas levaram ao regresso da pintura e da escultura, com a "pequena retrospetiva" de Jeff Koons no centro das atenções. Entre o núcleo de esculturas criados pelo controverso artista norte-americano, salta a insuflável Hulk (Friends) em bronze policromo. Estratégico ou não, está em frente à entrada para uma sala onde se pode ver uma mega fotografia explicitamente sexual (avisos prévios acautelam os visitantes) da série "Made In Heaven", as fotos que Koons protagoniza com a ex-mulher, a atriz porno Cicciolina.

A COLEÇÃO SONNABEND: MEIO SÉCULO DE ARTE EUROPEIA E AMERICANA. PART II

De hoje até 23 de setembro

Fundação Serralves, Porto

A segunda parte de uma das importantes coleções de arte da segunda metade do século XX numa visita guiada por António Homem, o comissário da mostra e herdeiro da galerista Ileana Sonnabend. Para ver até 23 de setembro

| foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens | foto João Manuel Ribeiro/Global Imagens

Adotado aos 48 anos pela famosa galerista Ileana Sonnabend e o marido desta, Michael, com quem passou a vida (dos 29 aos 67 anos), António Homem acabou por herdar metade da coleção de arte do casal, em 2007, quando a denominada Rainha das Artes morreu. Metade do legado, nos Estados Unidos, vai para o Estado, por isso o português e a filha de Ileana, Nina, doaram parte da coleção a uma fundação que funciona um pouco como um museu sem paredes. Entre esses trabalhos e os que herdou, António tem uma coleção que mantém a narrativa do acervo inicial, com uma parte exposta, desde ontem até 23 de setembro, no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto.

A inauguração oficial foi à noite mas, horas antes, ainda se colavam placas. António Homem, o comissário da exposição guiou uma visita descrita com o sentimento de quem conhece bem o que se exibe em cada espaço, mas que vai descobrindo sempre outros pontos de vista. Depois da apresentação em 2016 de "A Coleção Sonnabend. Meio Século de Arte Europeia e Americana. Part I", a Invicta recebe a segunda parte de um conjunto de obras que representam "alguma dos movimentos fundamentais da arte ocidental dos nossos dias", como frisou a presidente do Conselho de administração da Fundação de Serralves, Ana Pinho, congratulando-se por as acolher. João Ribas, o diretor do museu, destacou "a contemporaneidade desta produção", notando ainda que "a história desta coleção é a história da arte contemporânea" e uma "narrativa de arte pós-guerra", ou seja, a partir dos anos 50.

© João Manuel Ribeiro/Global Imagens

Desta vez, o destaque vai para o uso da fotografia, desde a arte conceptual dos anos 1960 até ao presente, a par do trabalho de artistas dos anos 1980 que incide na Pop Art, o minimalismo e a arte concetual. Obras de Gilbert & George, do casal alemão Bernd e Hilla Becher - conhecido pelas tipologias fotográficas de estruturas industriais, John Baldessari, Hiroshi Sugimoto - que usava a fotografia a preto e branco para registar o fluxo do tempo -, Candida Höfer - que, entre muitos interiores de espaços públicos, fotografou o Palácio da Ajuda, em Lisboa, como se pode ver numa das paredes-, Haim Steinbach, Boyd Webb -a registar o telefone como o estribo das relações mercantis numa prova única de fotografia a cores datada de 1979- ou Ashley Bickerton, entre outras.

Com um discurso envolvente, num português toldado pelo sotaque de quem há muito vive nos Estados Unidos e que, às vezes, pede ajuda para traduzir uma palavra em inglês, António Homem assumiu ser "impressionante" ver os trabalhos nos espaços de Serralves, onde a "cumplicidade entre os trabalhos" ganha uma nova vida. O galerista português fala com paixão do que é seu, conquistando quem o rodeia e é isso que o move. "É isto que eu gosto na minha profissão, passar o entusiasmo a outras pessoas".

Apesar de ter visto crescer a coleção e de a conhece minuciosamente, António Homem garantiu que "não é sentimental" aquilo que nutre por ela, comparando a sua ligação à "relação que se tem com uma pessoa em quem, ao longo do tempo, vamos descobrindo coisas boas e outras menos boas". Ou seja, "há sempre oportunidade de releitura destas peças e o facto de as ver reagrupadas de outra forma, em espaços diferentes, cada vez dá-me mais informação sobre as obras", comentou, notando que "esta sala com estas obras é uma situação excecional". Referia-se ao piso inferior do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, onde paredes de vidro estendem a vista também para a beleza exterior.

Apreciadas as fotografias no primeiro piso, as escadas levaram ao regresso da pintura e da escultura, com a "pequena retrospetiva" de Jeff Koons no centro das atenções. Entre o núcleo de esculturas criados pelo controverso artista norte-americano, salta a insuflável Hulk (Friends) em bronze policromo. Estratégico ou não, está em frente à entrada para uma sala onde se pode ver uma mega fotografia explicitamente sexual (avisos prévios acautelam os visitantes) da série "Made In Heaven", as fotos que Koons protagoniza com a ex-mulher, a atriz porno Cicciolina.

A COLEÇÃO SONNABEND: MEIO SÉCULO DE ARTE EUROPEIA E AMERICANA. PART II

De hoje até 23 de setembro

Fundação Serralves, Porto

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