“Absolutamente inaceitável”. Daniel Blaufuks cancela visita guiada a Serralves

29-05-2020
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O fotógrafo português Daniel Blaufuks anunciou que já não vai realizar a visita guiada que estava programada para novembro à exposição de Robert Mapplethorpe no museu de Serralves. Fá-lo "por motivos óbvios", disse ao Expresso, remetendo para a explicação dada pelo próprio nas redes sociais.

"Por considerar absolutamente inaceitável as noticiadas restrições na exposição de Robert Mapplethorpe, venho por este meio cancelar a visita guiada", escreveu Daniel Blaufuks nas suas páginas do Facebook e do Instagram.

"Não contava que um museu tivesse uma atitude como esta", acrescentou ainda ao Expresso. "Sobretudo, quando o curador tinha já dito que não ia haver zonas interditas". "Também não percebo", prossegue Daniel Blaufuks, "como é que houve a inauguração, houve uma visita guiada, e nada foi dito."

Recorde-se que a exposição de Robert Mapplethorpe foi inaugurada esta quinta feira pelo próprio João Ribas, diretor do museu de Serralves, que fez uma visita guiada à exposição, onde já estava colocado o aviso para maiores de idade. Demitiu-se no dia seguinte. "O que eu gostava mesmo de saber é porque é só se demitiu no dia seguinte", questiona o Blaufuks.

Entretanto, Serralves emitiu um comunicado de dois parágrafos ao início da tarde deste sábado sobre a polémica que conduziu à demissão de João Ribas.

"A exposição ‘Robert Mapplethorpe: Pictures’ é composta por 159 obras do autor, todas elas escolhidas pelo curador desta apresentação. A Administração de Serralves não retirou nenhuma obra da exposição. Desde o início, a proposta da exposição foi apresentar as obras de cariz sexual explícito numa zona com acesso restrito", escreve a instituição sediada no Porto.

E prossegue: "Dado o teor de várias das obras expostas e sendo Serralves uma instituição visitada anualmente por quase um milhão de pessoas de todas as origens, idades e nacionalidades, incluindo milhares de crianças e centenas de escolas, a Fundação considerou que o público visitante deveria ser alertado para esse efeito, de acordo com a legislação em vigor."

Em causa está a exposição "Robert Mapplethorpe: Pictures", inaugurada na passada quinta-feira naquele museu, e que provocou um ponto final numa relação que já seria tensa, entre João Ribas e a administração da Fundação, liderada por Ana Pinho. Segundo várias fontes ouvidas pelo Expresso, João Ribas e Ana Pinho acumulavam já discordâncias quanto ao trabalho do diretor do museu e quanto à autonomia desse trabalho.

Antes da inauguração, João Ribas tinha garantido ao jornal "Público" que "não ia haver salas especiais". Contudo, quando a exposição abriu as portas, uma das salas tem um aviso à porta com a indicação: "interdita a menores de 18 anos". A exposição iria inicialmente incluir 179 obras escolhidas pelo curador, mas acabou por ser composta por 159 fotografias. Vinte delas foram retiradas, tendo o gabinete de comunicação de Serralves justificado ao Público que tal acontecera "por opção do curador". Esta terá sido a gota de água, uma vez que a opção não terá sido sua. As decisões de vedar o acesso a menores de idade de uma parte da exposição, e a retirada de imagens com conteúdo sexual explícito, foram tomadas contra a vontade o diretor artístico do Museu e responsável pela mostra de obras do fotógrafo norte-americano.

Daniel Blaufuks demarcou-se da exposição, mas não foi o único a criticar Serralves usando as redes sociais. Por exemplo, Dalila Rodrigues, antiga diretora do Museu Nacional de Arte Antiga ou do Museu Grão Vasco, escreveu: "A censura é inadmissível e a Fundação de Serralves não pode praticá-la." E acrescentou: "Uma nota para os que embarcam neste tão perigoso puritanismo: em matéria de conteúdos, o museu deve informar, não pode proibir."

O fotógrafo português Daniel Blaufuks anunciou que já não vai realizar a visita guiada que estava programada para novembro à exposição de Robert Mapplethorpe no museu de Serralves. Fá-lo "por motivos óbvios", disse ao Expresso, remetendo para a explicação dada pelo próprio nas redes sociais.

"Por considerar absolutamente inaceitável as noticiadas restrições na exposição de Robert Mapplethorpe, venho por este meio cancelar a visita guiada", escreveu Daniel Blaufuks nas suas páginas do Facebook e do Instagram.

"Não contava que um museu tivesse uma atitude como esta", acrescentou ainda ao Expresso. "Sobretudo, quando o curador tinha já dito que não ia haver zonas interditas". "Também não percebo", prossegue Daniel Blaufuks, "como é que houve a inauguração, houve uma visita guiada, e nada foi dito."

Recorde-se que a exposição de Robert Mapplethorpe foi inaugurada esta quinta feira pelo próprio João Ribas, diretor do museu de Serralves, que fez uma visita guiada à exposição, onde já estava colocado o aviso para maiores de idade. Demitiu-se no dia seguinte. "O que eu gostava mesmo de saber é porque é só se demitiu no dia seguinte", questiona o Blaufuks.

Entretanto, Serralves emitiu um comunicado de dois parágrafos ao início da tarde deste sábado sobre a polémica que conduziu à demissão de João Ribas.

"A exposição ‘Robert Mapplethorpe: Pictures’ é composta por 159 obras do autor, todas elas escolhidas pelo curador desta apresentação. A Administração de Serralves não retirou nenhuma obra da exposição. Desde o início, a proposta da exposição foi apresentar as obras de cariz sexual explícito numa zona com acesso restrito", escreve a instituição sediada no Porto.

E prossegue: "Dado o teor de várias das obras expostas e sendo Serralves uma instituição visitada anualmente por quase um milhão de pessoas de todas as origens, idades e nacionalidades, incluindo milhares de crianças e centenas de escolas, a Fundação considerou que o público visitante deveria ser alertado para esse efeito, de acordo com a legislação em vigor."

Em causa está a exposição "Robert Mapplethorpe: Pictures", inaugurada na passada quinta-feira naquele museu, e que provocou um ponto final numa relação que já seria tensa, entre João Ribas e a administração da Fundação, liderada por Ana Pinho. Segundo várias fontes ouvidas pelo Expresso, João Ribas e Ana Pinho acumulavam já discordâncias quanto ao trabalho do diretor do museu e quanto à autonomia desse trabalho.

Antes da inauguração, João Ribas tinha garantido ao jornal "Público" que "não ia haver salas especiais". Contudo, quando a exposição abriu as portas, uma das salas tem um aviso à porta com a indicação: "interdita a menores de 18 anos". A exposição iria inicialmente incluir 179 obras escolhidas pelo curador, mas acabou por ser composta por 159 fotografias. Vinte delas foram retiradas, tendo o gabinete de comunicação de Serralves justificado ao Público que tal acontecera "por opção do curador". Esta terá sido a gota de água, uma vez que a opção não terá sido sua. As decisões de vedar o acesso a menores de idade de uma parte da exposição, e a retirada de imagens com conteúdo sexual explícito, foram tomadas contra a vontade o diretor artístico do Museu e responsável pela mostra de obras do fotógrafo norte-americano.

Daniel Blaufuks demarcou-se da exposição, mas não foi o único a criticar Serralves usando as redes sociais. Por exemplo, Dalila Rodrigues, antiga diretora do Museu Nacional de Arte Antiga ou do Museu Grão Vasco, escreveu: "A censura é inadmissível e a Fundação de Serralves não pode praticá-la." E acrescentou: "Uma nota para os que embarcam neste tão perigoso puritanismo: em matéria de conteúdos, o museu deve informar, não pode proibir."

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