Ana Pinho na Assembleia: “Não há, nem houve qualquer censura em Serralves”

13-12-2019
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Presente em peso na comissão parlamentar de Cultura da Assembleia da República, a administração da Fundação de Serralves tinha uma única mensagem para fazer passar, verbalizada pela presidente Ana Pinho logo a abrir uma declaração inicial: “Não há, nem houve qualquer censura em Serralves”. Depois de frisar que a exposição de Robert Mapplethorpe apresentada no Porto vai bem mais longe do que as apresentadas por outros museus em várias partes do mundo, considerou insultuoso que os administradores da Fundação fossem tratados como “censores e inimigos da liberdade”.

Mais tarde, já muito perto do final da audição, José Pacheco Pereira, também membro do CA, quis falar para também ele abordar um jogo de palavras que fora já feito entre José Magalhães, do PS, quando no final da audição de João Ribas, ex-diretor do museu de Serralves, disse estarmos perante “Much Ado about nothing”, numa referência à comédia escrita por William Shakespeare. Na resposta, Ribas alterou o que pdoeria ser entendido como “tanto barulho para nada” para “Much Ado About liberty”. Ora, foi precisamente a partir da questão da “liberty” e da sua importância que Pacheco Pereira aproveitou para falar do perigo da banalização do termo “censura”.

Recordou que passaram já pela A.R. vários homens, como Mário Soares, Álvaro Cunhal, Raul Rego e muitos outros, para quem o termo tinha um significado muito preciso e muito pesado. Nesse sentido, disse, “é preocupante que se passe a chamar censura a coisas que nada têm a ver com censura”.

Muito focada no esclarecimento sobre se terá ou não havido censura em Serralves, Ana Pinho referiu que a retrospetiva de Mapplethorpe, na sua forma final, foi a que decorreu da vontade do curador e também diretor do Museu. De resto, acrescentou, terá sido o próprio João Ribas a propor a existência de uma sala reservada.

Toda a confiança no ex-diretor, disse, acabou estilhaçada com a entrevista dada ao jornal “Público” a seis dias da inauguração, na qual assegura que, e ao contrário do que estaria combinado, em Serralves não haveria qualquer barreira, espaço reservado ou impedimento no acesso à exposição.

“Nunca antes, na história de Serralves, tal tinha acontecido”, e aquele facto representava “uma subversão do acordo e uma quebra da relação de confiança”.

Numa audição em que todas as outras questões acabaram por ficar em segundo plano, Pinho afirmou que Ribas “disse aos jornais o que não disse à administração, e à administração o que não disse aos jornais”.

Ana pinho revelou que no dia 17 de setembro, uma segunda-feira, dois dias após a publicação da entrevista, foi pedida uma reunião com João Ribas para lhe pedir explicações, que não terão sido dadas de forma consistente. Acontece, porém, um dado novo, segundo a presidente do CA. A administração é convidada a visitar a exposição, o que terá gerado alguma perplexidade, por não ser habitual isso acontecer.

Versões opostas

Tornava-se cada vez mais patente a absoluta contradição entre as declarações feitas ao início da tarde por João Ribas perante a mesma comissão -que falara de censura e disse ter sido colocada em cima da mesa a hipótese de cancelamento da retrospetiva - e as que estavam a ser feitas pelo CA. Razão pela qual Pacheco Pereira entendeu socorrer-se de uma imagem para dizer que se sentem obrigados “a falar dentro de uma nuvem de contradições, mas que não é nossa”, até porque existem, assegurou, documentos e outros dados factuais que atestam a veracidade do que estava ali a ser dito. Assim, prosseguiu, “injusto é estarmos envolvidos nessa nuvem”.

Desde logo por, voltou a frisar, ser falso que tenham sido retiradas vinte fotos e proibida a exposição de outras duas, por imposição ou ato de censura do CA. Em sequência perguntou aos deputados que lógica haveria naquela atitude quando se constata que as fotos em questão “são muito mais pacíficas do que algumas que estão expostas” e que versam diretamente temas de pedofilia, violência e “práticas para as quais não há, sequer, expressões em Portugal?”.

Ana Mesquita, do PCP, ainda levantou a questão das movimentações de trabalhadores no sentido de tentar perceber qual é, hoje, o ambiente de trabalho vivido em Serralves, ou a existência de uma cláusula de confidencialidade imposta a todos os trabalhadores da Fundação – ao que se sabe posta em vigor quando Odete Patrício era administradora geral - mas ficou sem resposta.

Jorge Campos, do BE, partido que solicitou a audição parlamentar, fez questão de sublinhar insistentemente a circunstância de se estar perante duas versões contraditórias, o que não deixa de ser paradoxal.

Para Pacheco pereira, sempre muito interventivo, “há uma coisa que não é paradoxal, que é a verdade”. E a verdade, garantiu, é que "isto não é censura".

Presente em peso na comissão parlamentar de Cultura da Assembleia da República, a administração da Fundação de Serralves tinha uma única mensagem para fazer passar, verbalizada pela presidente Ana Pinho logo a abrir uma declaração inicial: “Não há, nem houve qualquer censura em Serralves”. Depois de frisar que a exposição de Robert Mapplethorpe apresentada no Porto vai bem mais longe do que as apresentadas por outros museus em várias partes do mundo, considerou insultuoso que os administradores da Fundação fossem tratados como “censores e inimigos da liberdade”.

Mais tarde, já muito perto do final da audição, José Pacheco Pereira, também membro do CA, quis falar para também ele abordar um jogo de palavras que fora já feito entre José Magalhães, do PS, quando no final da audição de João Ribas, ex-diretor do museu de Serralves, disse estarmos perante “Much Ado about nothing”, numa referência à comédia escrita por William Shakespeare. Na resposta, Ribas alterou o que pdoeria ser entendido como “tanto barulho para nada” para “Much Ado About liberty”. Ora, foi precisamente a partir da questão da “liberty” e da sua importância que Pacheco Pereira aproveitou para falar do perigo da banalização do termo “censura”.

Recordou que passaram já pela A.R. vários homens, como Mário Soares, Álvaro Cunhal, Raul Rego e muitos outros, para quem o termo tinha um significado muito preciso e muito pesado. Nesse sentido, disse, “é preocupante que se passe a chamar censura a coisas que nada têm a ver com censura”.

Muito focada no esclarecimento sobre se terá ou não havido censura em Serralves, Ana Pinho referiu que a retrospetiva de Mapplethorpe, na sua forma final, foi a que decorreu da vontade do curador e também diretor do Museu. De resto, acrescentou, terá sido o próprio João Ribas a propor a existência de uma sala reservada.

Toda a confiança no ex-diretor, disse, acabou estilhaçada com a entrevista dada ao jornal “Público” a seis dias da inauguração, na qual assegura que, e ao contrário do que estaria combinado, em Serralves não haveria qualquer barreira, espaço reservado ou impedimento no acesso à exposição.

“Nunca antes, na história de Serralves, tal tinha acontecido”, e aquele facto representava “uma subversão do acordo e uma quebra da relação de confiança”.

Numa audição em que todas as outras questões acabaram por ficar em segundo plano, Pinho afirmou que Ribas “disse aos jornais o que não disse à administração, e à administração o que não disse aos jornais”.

Ana pinho revelou que no dia 17 de setembro, uma segunda-feira, dois dias após a publicação da entrevista, foi pedida uma reunião com João Ribas para lhe pedir explicações, que não terão sido dadas de forma consistente. Acontece, porém, um dado novo, segundo a presidente do CA. A administração é convidada a visitar a exposição, o que terá gerado alguma perplexidade, por não ser habitual isso acontecer.

Versões opostas

Tornava-se cada vez mais patente a absoluta contradição entre as declarações feitas ao início da tarde por João Ribas perante a mesma comissão -que falara de censura e disse ter sido colocada em cima da mesa a hipótese de cancelamento da retrospetiva - e as que estavam a ser feitas pelo CA. Razão pela qual Pacheco Pereira entendeu socorrer-se de uma imagem para dizer que se sentem obrigados “a falar dentro de uma nuvem de contradições, mas que não é nossa”, até porque existem, assegurou, documentos e outros dados factuais que atestam a veracidade do que estava ali a ser dito. Assim, prosseguiu, “injusto é estarmos envolvidos nessa nuvem”.

Desde logo por, voltou a frisar, ser falso que tenham sido retiradas vinte fotos e proibida a exposição de outras duas, por imposição ou ato de censura do CA. Em sequência perguntou aos deputados que lógica haveria naquela atitude quando se constata que as fotos em questão “são muito mais pacíficas do que algumas que estão expostas” e que versam diretamente temas de pedofilia, violência e “práticas para as quais não há, sequer, expressões em Portugal?”.

Ana Mesquita, do PCP, ainda levantou a questão das movimentações de trabalhadores no sentido de tentar perceber qual é, hoje, o ambiente de trabalho vivido em Serralves, ou a existência de uma cláusula de confidencialidade imposta a todos os trabalhadores da Fundação – ao que se sabe posta em vigor quando Odete Patrício era administradora geral - mas ficou sem resposta.

Jorge Campos, do BE, partido que solicitou a audição parlamentar, fez questão de sublinhar insistentemente a circunstância de se estar perante duas versões contraditórias, o que não deixa de ser paradoxal.

Para Pacheco pereira, sempre muito interventivo, “há uma coisa que não é paradoxal, que é a verdade”. E a verdade, garantiu, é que "isto não é censura".

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