Gremlin Literário

07-03-2020
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"Em 40 anos de democracia, nunca os governos de Portugal dependeram do apoio de forças políticas antieuropeístas, isto é, de forças políticas que, nos programas eleitorais com que se apresentaram ao povo português, defendem a revogação do Tratado de Lisboa, do Tratado Orçamental, da União Bancária e do Pacto de Estabilidade e Crescimento, assim como o desmantelamento da União Económica e Monetária e a saída de Portugal do Euro, para além da dissolução da NATO, organização de que Portugal é membro fundador.", disse o presidente Cavaco Silva na Comunicação ao País do dia 22 de Outubro de 2015 em que indigitou como primeiro-ministro o vencedor das eleições de 4 de Outubro Pedro Passos Coelho.

Foram, nos mais de 20 anos de desempenho de funções institucionais ao mais alto nível, como ministro das finanças dos governos da AD, depois como primeiro-ministro de governos de maioria absoluta e com mais de metade dos votos do PSD e, finalmente, como presidente da república, cargos que sempre desempenhou sem ter procurado construir "afectos", nomeadamente com os políticos, jornalistas e comentadores que pensam que fazem a opinião pública, as palavras mais odiadas por todos eles. Até o Pacheco Pereira, zombie que politicamente regressou da clandestinidade anti-fascista ao mundo dos vivos pela mão do cavaquismo, ficou danado e decretou que tudo o que corresse mal a partir daí seria consequência deste discurso. E correu, está a correr, e há-de correr ainda pior.

E odiaram-no porque estava carregado de razão.

As posições antieuropeistas do PCP são demasiado conhecidas e demasiado coerentes com toda a história de luta política do partido para as repetir aqui. O projecto europeu surgiu para travar a expansão do comunismo através da democracia e da prosperidade, e eles sabem disso, e nós sabemos que eles sabem.

Já o BE, apesar das origens na esquerda mais radical inspirada em modelos de sociedade como os da China maoista ou da Albânia enverhoxhista, quando não do Camboja khmer, que para se distinguirem do revisionismo soviético elevaram a extremos a barbárie baseada no fanatismo ideológico, vestiu como o Podemos, ou o Pacheco Pereira, a pele de "social-democrata", e tem sempre afirmado que todas as posições de defesa de confronto com as instituições europeias as toma em nome de uma Europa melhor e mais democrática. Ou, por outras palavras, enquanto a UE nos pagar para termos a ilusão de sermos mais ricos do que realmente somos, o BE é europeísta. Mas Convenção do BE decorreu debaixo de uma forte euforia, provocada pela conjugação do referendo do Brexit, que o BE tem esperança de constituir um passo determinante para a desagregação da UE, e das encuestas espanholas, que colocavam a coligação do Podemos, da Izqueirda Unida e do método de Hondt, em segundo lugar nas eleições à frente do PSOE, fazendo dela o maior partido de uma possível coligação da esquerda, com a possibilidade teórica de o Pablo Iglésias vir a ser indigitado como primeiro-ministro de um governo de maioria de esquerda. E a euforia deu-lhes o sentido de urgência e de invencibilidade necessários para mostrar o jogo.

E o que tinham nas cartas?

Vaias aos que caíram em luta ao serviço da mesma guerra que o BE trava, a de conseguir que a UE financie ad-eternum políticos demagógicos que, em vez de adoptarem nos estados-membro que governam políticas que promovem o crescimento económico e a prosperidade dos seus povos, os arruinam em guerras à economia e deixam à UE a responsabilidade de os voltarem a pôr de pé. Quem crê, acredita que quem não consegue concretizar o que a sua Fé lhe promete o faz por traição, e não por ser fantasioso, e o BE trata os mártires da sua causa como perdedores, e mesmo traidores.

Aplausos entusiásticos aos que pensavam que estavam prestes a conquistar a Espanha, os ideólogos do regime bolivariano da Venezuela, que ambicionam abrir na Espanha mais um laboratório para testar mais uma vez com o povo espanhol as suas políticas na esperança que, ao contrário do que é mais do que evidente nos resultados das experiências venezuelana ou grega, para não ir buscar os resultados miseráveis de todos os comunismos nos últimos cem anos, desta vez resultem.

Referendar a saída de Portugal do euro.

Referendar a saída de Portugal da Europa.

No fundo, o que defendem é mesmo a saída de Portugal de circulação, o que é amplamente provado pelos aplausos que dispensaram aos demolidores da CGTP ou da Fenprof.

Infelizmente, para eles, porque quem mostra as cartas sem poder assegurar as vazas que reclama é obrigado a jogar o resto da mão com as cartas à mostra e a sujeitar-se a não conseguir cumprir o que exigiu, e faz figura de parvo, a euforia foi prematura. A Europa parece ter, tanto em países periféricos como Portugal, como no próprio centro das grandes decisões europeias da actualidade, a Alemanha, estadistas capazes de gerirem o Brexit sem deixar de respeitar os múltiplos interesses comuns da UE, e dos cidadãos comunitários, e do Reino Unido, e dos seus cidadãos. A implosão é um sonho de sempre de alguns, mas parece muito longe de se poder concretizar. E os resultados das eleições espanholas, não apenas não deram ao Unidos Podemos mais votos que ao PSOE, como anularam com uma redução de votos a vantagem de mandatos que o método de Hondt poderia ter dado à coligação de extrema-esquerda, como consolidaram a vitória de Dezembro do PP sem enfraquecer o PSOE, ou seja, reforçaram o bipartidarismo. A ejaculação foi precoce, mesmo que a semente tivesse lá todo o DNA que eles têm para transmitir.

Além de, e uma vez não são vezes, mas há limites que são para não deixar ultrapassar, o presidente Marcelo, pela segunda vez, ter largado a sua posição de afecto permanente com a maioria que apoia o governo, e se se ter sentido obrigado a esclarecer pela segunda vez (a primeira tinha sido a propósito da nobreza solidária do trabalho voluntário) os bloquistas que a afectividade tem limites, e as decisões de convocar referendos são da exclusiva responsabilidade do presidente, que não tem obrigação de lhes aceitar sugestões, e não do parlamento nem do governo, onde o presidente não coloca qualquer obstáculo às sugestões que eles façam e sejam aceites.

Posto isto, quem nos defende do ímpeto furioso e antieuropeísta do PCP e do BE oportunamente denunciado pelo presidente Cavaco? Os palermas da ilustração. Estamos em boas mãos.

"Em 40 anos de democracia, nunca os governos de Portugal dependeram do apoio de forças políticas antieuropeístas, isto é, de forças políticas que, nos programas eleitorais com que se apresentaram ao povo português, defendem a revogação do Tratado de Lisboa, do Tratado Orçamental, da União Bancária e do Pacto de Estabilidade e Crescimento, assim como o desmantelamento da União Económica e Monetária e a saída de Portugal do Euro, para além da dissolução da NATO, organização de que Portugal é membro fundador.", disse o presidente Cavaco Silva na Comunicação ao País do dia 22 de Outubro de 2015 em que indigitou como primeiro-ministro o vencedor das eleições de 4 de Outubro Pedro Passos Coelho.

Foram, nos mais de 20 anos de desempenho de funções institucionais ao mais alto nível, como ministro das finanças dos governos da AD, depois como primeiro-ministro de governos de maioria absoluta e com mais de metade dos votos do PSD e, finalmente, como presidente da república, cargos que sempre desempenhou sem ter procurado construir "afectos", nomeadamente com os políticos, jornalistas e comentadores que pensam que fazem a opinião pública, as palavras mais odiadas por todos eles. Até o Pacheco Pereira, zombie que politicamente regressou da clandestinidade anti-fascista ao mundo dos vivos pela mão do cavaquismo, ficou danado e decretou que tudo o que corresse mal a partir daí seria consequência deste discurso. E correu, está a correr, e há-de correr ainda pior.

E odiaram-no porque estava carregado de razão.

As posições antieuropeistas do PCP são demasiado conhecidas e demasiado coerentes com toda a história de luta política do partido para as repetir aqui. O projecto europeu surgiu para travar a expansão do comunismo através da democracia e da prosperidade, e eles sabem disso, e nós sabemos que eles sabem.

Já o BE, apesar das origens na esquerda mais radical inspirada em modelos de sociedade como os da China maoista ou da Albânia enverhoxhista, quando não do Camboja khmer, que para se distinguirem do revisionismo soviético elevaram a extremos a barbárie baseada no fanatismo ideológico, vestiu como o Podemos, ou o Pacheco Pereira, a pele de "social-democrata", e tem sempre afirmado que todas as posições de defesa de confronto com as instituições europeias as toma em nome de uma Europa melhor e mais democrática. Ou, por outras palavras, enquanto a UE nos pagar para termos a ilusão de sermos mais ricos do que realmente somos, o BE é europeísta. Mas Convenção do BE decorreu debaixo de uma forte euforia, provocada pela conjugação do referendo do Brexit, que o BE tem esperança de constituir um passo determinante para a desagregação da UE, e das encuestas espanholas, que colocavam a coligação do Podemos, da Izqueirda Unida e do método de Hondt, em segundo lugar nas eleições à frente do PSOE, fazendo dela o maior partido de uma possível coligação da esquerda, com a possibilidade teórica de o Pablo Iglésias vir a ser indigitado como primeiro-ministro de um governo de maioria de esquerda. E a euforia deu-lhes o sentido de urgência e de invencibilidade necessários para mostrar o jogo.

E o que tinham nas cartas?

Vaias aos que caíram em luta ao serviço da mesma guerra que o BE trava, a de conseguir que a UE financie ad-eternum políticos demagógicos que, em vez de adoptarem nos estados-membro que governam políticas que promovem o crescimento económico e a prosperidade dos seus povos, os arruinam em guerras à economia e deixam à UE a responsabilidade de os voltarem a pôr de pé. Quem crê, acredita que quem não consegue concretizar o que a sua Fé lhe promete o faz por traição, e não por ser fantasioso, e o BE trata os mártires da sua causa como perdedores, e mesmo traidores.

Aplausos entusiásticos aos que pensavam que estavam prestes a conquistar a Espanha, os ideólogos do regime bolivariano da Venezuela, que ambicionam abrir na Espanha mais um laboratório para testar mais uma vez com o povo espanhol as suas políticas na esperança que, ao contrário do que é mais do que evidente nos resultados das experiências venezuelana ou grega, para não ir buscar os resultados miseráveis de todos os comunismos nos últimos cem anos, desta vez resultem.

Referendar a saída de Portugal do euro.

Referendar a saída de Portugal da Europa.

No fundo, o que defendem é mesmo a saída de Portugal de circulação, o que é amplamente provado pelos aplausos que dispensaram aos demolidores da CGTP ou da Fenprof.

Infelizmente, para eles, porque quem mostra as cartas sem poder assegurar as vazas que reclama é obrigado a jogar o resto da mão com as cartas à mostra e a sujeitar-se a não conseguir cumprir o que exigiu, e faz figura de parvo, a euforia foi prematura. A Europa parece ter, tanto em países periféricos como Portugal, como no próprio centro das grandes decisões europeias da actualidade, a Alemanha, estadistas capazes de gerirem o Brexit sem deixar de respeitar os múltiplos interesses comuns da UE, e dos cidadãos comunitários, e do Reino Unido, e dos seus cidadãos. A implosão é um sonho de sempre de alguns, mas parece muito longe de se poder concretizar. E os resultados das eleições espanholas, não apenas não deram ao Unidos Podemos mais votos que ao PSOE, como anularam com uma redução de votos a vantagem de mandatos que o método de Hondt poderia ter dado à coligação de extrema-esquerda, como consolidaram a vitória de Dezembro do PP sem enfraquecer o PSOE, ou seja, reforçaram o bipartidarismo. A ejaculação foi precoce, mesmo que a semente tivesse lá todo o DNA que eles têm para transmitir.

Além de, e uma vez não são vezes, mas há limites que são para não deixar ultrapassar, o presidente Marcelo, pela segunda vez, ter largado a sua posição de afecto permanente com a maioria que apoia o governo, e se se ter sentido obrigado a esclarecer pela segunda vez (a primeira tinha sido a propósito da nobreza solidária do trabalho voluntário) os bloquistas que a afectividade tem limites, e as decisões de convocar referendos são da exclusiva responsabilidade do presidente, que não tem obrigação de lhes aceitar sugestões, e não do parlamento nem do governo, onde o presidente não coloca qualquer obstáculo às sugestões que eles façam e sejam aceites.

Posto isto, quem nos defende do ímpeto furioso e antieuropeísta do PCP e do BE oportunamente denunciado pelo presidente Cavaco? Os palermas da ilustração. Estamos em boas mãos.

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