Nós os Poucos...

23-06-2020
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Li nestas semanas em grandes parangonas que o Bloco e o Livre têm nas
suas listas ao parlamento mulheres afrodescendentes. Ao olhar para
estas notícias não consegui deixar de pensar na diferença entre a
extrema-esquerda e a direita, sobretudo o CDS.

Para a extrema-esquerda Beatriz Dias e Joacine Moreira são vistas
apenas como membros de uma minoria, como números de uma quota que é
preciso preencher. Aparentemente o que interessa não são as suas
qualidades, os seus méritos, as suas capacidades, mas apenas a cor da
sua pele e o seu sexo.

E aqui está a grande diferença
entre eles e o CDS: para o CDS o que interessa não é a etnia ou o sexo,
mas a pessoa em si mesma. Por isso não há notícia “CDS apresenta
afrodescendente como cabeça de lista em Viseu”. Para o CDS, o presidente
da distrital de Viseu, deputado há mais de uma década e cabeça de lista
às eleições deste ano não é “um afrodescendente”, é o Hélder Amaral,
que não deve o seu lugar à cor da pele, ou à necessidade de preencher
uma quota, mas às suas capacidades e qualidades.

Aliás, tal como
não há notícia de “mulher cabeça de lista”, porque Assunção Cristas,
Cecília Meireles, Raquel Abecassis, Patrícia Fonseca, Inês Palma
Teixeira e Melissa da Silva (para além de Ana Rita Bessa, Isabel Galriça
Neto e Isabel Menéres Campos, que não são cabeças de lista, mas
entraram na quota nacional), não estão lá pelo seu sexo, mas pelo seu
mérito. É verdade que são mulheres, mas não são apenas isso, são
sobretudo pessoas com currículo profissional e político, muitas com
provas dadas no Parlamento. E é por isso que são candidatas, não para
satisfazer a obsessão igualitária moderna.

A esquerda olha para a
sociedade e divide-a em classes. Operários vs patrões, povo vs
burguesia, mulheres vs homens, brancos vs minorias, heterossexuais vs
LGBTI, e por aí fora, num conjunto de classes e de conflitos que parece
não ter fim. Por isso para a esquerda não interessa a pessoa, mas a sua
“classe”. Por isso Beatriz e Joacine são apenas “mulheres
afrodescendentes”.

Isto faz com que a esquerda acabe a partilhar a
mentalidade dos movimentos racistas. A diferença é que os racistas
dividem o mundo em brancos e pretos e a esquerda entre brancos e
afrodescendentes. Mas quer para uns quer para outros a cor da pele
define o que a pessoa é.

Para a direita democrática a pessoa está
no centro da política, não a sua classe, a sua etnia, ou o seu sexo. Por
isso a preocupação da direita não é a falsa igualdade da esquerda, que
prefere os pobres mais pobres desde que os ricos também o fiquem, mas
sim criar condições para que todos tenham não apenas uma vida digna, mas
iguais condições para poder construir a sua vida.

As quotas
raciais com que a esquerda sonha não vão resolver qualquer problema. Não
resolvem o problema das centenas de milhares de negros que habitam
bairros sociais à volta das grandes cidades, onde abunda a
criminalidade, com escolas degradadas, com empregos mal pagos, com
horários de trabalho desumanos. Nem dos negros, nem dos brancos, nem dos
ciganos que lá moram. E achar que resolve é mais uma vez a manifestação
desta mentalidade racista da esquerda, que pensa que um negro
representa todos os outros, como se não estivéssemos a falar de pessoas
com histórias, culturas e circunstâncias diferentes. Como se um
cabo-verdiano católico, um guineense muçulmano, ou um português cujo os
avós vieram de Moçambique fossem uma só entidade representada por
qualquer pessoa que partilhe com eles a tonalidade.

Olhando para o
parlamento é evidente, comparado com a sociedade, que há lá poucos
negros. Como também se verá que há pouca gente do interior ou que há
pouca gente vinda de bairros pobres. Mas isto é verdade para o
parlamento, como é para as grandes empresas, como é para as carreiras
universitárias, como é para as carreiras da magistratura A verdade é que
os mais pobres em Portugal estão destinados a trabalhar nas obras ou,
numa versão mais moderna, em grandes cadeias comerciais.

Portugal
tem de facto um problema social grave: a incapacidade de tirar os pobres
da pobreza. Mas isso não se resolve com quotas, nem com medidas
artificias, mas com uma verdadeira política de educação centrada nos
alunos e não na lenga-lenga da Escola Pública. O Bloco e o Livre querem
mais negros no Parlamento? É simples: larguem o estatismo, larguem a sua
visão estratificada da sociedade e comecem a trabalhar para criar
escolas que estejam realmente ao serviço das comunidades e não ao
serviço do Estado. Até lá, por muitas quotas que inventem, por muito
afrodescendentes que coloquem nas suas listas, tudo continuará na mesma.

Li nestas semanas em grandes parangonas que o Bloco e o Livre têm nas
suas listas ao parlamento mulheres afrodescendentes. Ao olhar para
estas notícias não consegui deixar de pensar na diferença entre a
extrema-esquerda e a direita, sobretudo o CDS.

Para a extrema-esquerda Beatriz Dias e Joacine Moreira são vistas
apenas como membros de uma minoria, como números de uma quota que é
preciso preencher. Aparentemente o que interessa não são as suas
qualidades, os seus méritos, as suas capacidades, mas apenas a cor da
sua pele e o seu sexo.

E aqui está a grande diferença
entre eles e o CDS: para o CDS o que interessa não é a etnia ou o sexo,
mas a pessoa em si mesma. Por isso não há notícia “CDS apresenta
afrodescendente como cabeça de lista em Viseu”. Para o CDS, o presidente
da distrital de Viseu, deputado há mais de uma década e cabeça de lista
às eleições deste ano não é “um afrodescendente”, é o Hélder Amaral,
que não deve o seu lugar à cor da pele, ou à necessidade de preencher
uma quota, mas às suas capacidades e qualidades.

Aliás, tal como
não há notícia de “mulher cabeça de lista”, porque Assunção Cristas,
Cecília Meireles, Raquel Abecassis, Patrícia Fonseca, Inês Palma
Teixeira e Melissa da Silva (para além de Ana Rita Bessa, Isabel Galriça
Neto e Isabel Menéres Campos, que não são cabeças de lista, mas
entraram na quota nacional), não estão lá pelo seu sexo, mas pelo seu
mérito. É verdade que são mulheres, mas não são apenas isso, são
sobretudo pessoas com currículo profissional e político, muitas com
provas dadas no Parlamento. E é por isso que são candidatas, não para
satisfazer a obsessão igualitária moderna.

A esquerda olha para a
sociedade e divide-a em classes. Operários vs patrões, povo vs
burguesia, mulheres vs homens, brancos vs minorias, heterossexuais vs
LGBTI, e por aí fora, num conjunto de classes e de conflitos que parece
não ter fim. Por isso para a esquerda não interessa a pessoa, mas a sua
“classe”. Por isso Beatriz e Joacine são apenas “mulheres
afrodescendentes”.

Isto faz com que a esquerda acabe a partilhar a
mentalidade dos movimentos racistas. A diferença é que os racistas
dividem o mundo em brancos e pretos e a esquerda entre brancos e
afrodescendentes. Mas quer para uns quer para outros a cor da pele
define o que a pessoa é.

Para a direita democrática a pessoa está
no centro da política, não a sua classe, a sua etnia, ou o seu sexo. Por
isso a preocupação da direita não é a falsa igualdade da esquerda, que
prefere os pobres mais pobres desde que os ricos também o fiquem, mas
sim criar condições para que todos tenham não apenas uma vida digna, mas
iguais condições para poder construir a sua vida.

As quotas
raciais com que a esquerda sonha não vão resolver qualquer problema. Não
resolvem o problema das centenas de milhares de negros que habitam
bairros sociais à volta das grandes cidades, onde abunda a
criminalidade, com escolas degradadas, com empregos mal pagos, com
horários de trabalho desumanos. Nem dos negros, nem dos brancos, nem dos
ciganos que lá moram. E achar que resolve é mais uma vez a manifestação
desta mentalidade racista da esquerda, que pensa que um negro
representa todos os outros, como se não estivéssemos a falar de pessoas
com histórias, culturas e circunstâncias diferentes. Como se um
cabo-verdiano católico, um guineense muçulmano, ou um português cujo os
avós vieram de Moçambique fossem uma só entidade representada por
qualquer pessoa que partilhe com eles a tonalidade.

Olhando para o
parlamento é evidente, comparado com a sociedade, que há lá poucos
negros. Como também se verá que há pouca gente do interior ou que há
pouca gente vinda de bairros pobres. Mas isto é verdade para o
parlamento, como é para as grandes empresas, como é para as carreiras
universitárias, como é para as carreiras da magistratura A verdade é que
os mais pobres em Portugal estão destinados a trabalhar nas obras ou,
numa versão mais moderna, em grandes cadeias comerciais.

Portugal
tem de facto um problema social grave: a incapacidade de tirar os pobres
da pobreza. Mas isso não se resolve com quotas, nem com medidas
artificias, mas com uma verdadeira política de educação centrada nos
alunos e não na lenga-lenga da Escola Pública. O Bloco e o Livre querem
mais negros no Parlamento? É simples: larguem o estatismo, larguem a sua
visão estratificada da sociedade e comecem a trabalhar para criar
escolas que estejam realmente ao serviço das comunidades e não ao
serviço do Estado. Até lá, por muitas quotas que inventem, por muito
afrodescendentes que coloquem nas suas listas, tudo continuará na mesma.

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