Gremlin Literário

17-03-2020
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Ficamos a dever a infernal barulheira que se faz à volta dos vistos dourados à capacidade que têm os cro-magnon do PCP, devidamente acolitados pelos primos do BE (que vivem geralmente a ilusão, e a pretensão, de não pertencerem à família) de influenciar o debate público; à surpresa de uns fait-divers policiais, inusitados por terem como objecto figuras gradas; ao oportunismo do PS, que - naturalmente - explora as dificuldades da maioria (as oposições não existem para facilitar a vida à situação); e ao estado de histeria noticiosa em que os meios de comunicação vivem, aqui e em toda a parte, a ver se angariam leitores, ouvintes e publicidade.

Um ministro caiu, e bem - não é inédito que numa escaramuça morra um general, apanhado por acaso, e à mulher de César etc. etc.; e todos os dias vão surgindo farrapos de histórias de tráficos, influências e moscambilhas, sempre ao nível do diz-que-disse e da conversa de café.

Aguardemos serenamente, como diria o dr. Sampaio, se alguém tivesse a peregrina ideia de o inquirir. Mas, a ser verdade o que aqui se diz, pode bem ser que esta - mais esta - montanha vá parir o clássico rato da absolvição, cobrindo-se o ministério público do ridículo da inoperância insanável, e o juiz que decretou as medidas do manto de justiceiro de pacotilha. Não o desejo - um país que despreza com razão a sua Justiça é um país doente.

Resta que, quanto ao fundo da questão, compro o que o Ministro Portas disse aqui. Já o que expectorou o comunista Filipe, e que vale a pena ouvir foi, na minha tradução livre, que um rico que pode comprar um visto dourado tem lepra; e um pobre dos muitos que nos entrariam pela porta, se ela estivesse aberta - asas. E como defende a igualdade, é de parecer que os ricos deveriam deixar de o ser, para o efeito de todos passarem a ser anjos e não nos baterem à porta.

E isto, que deveria ser apenas a tese do PCP, é infelizmente o sentir de muita gente que, como uma empregada com a qual uma vez discuti aumentos de salários, me disse: até pode ser que tenha razão, mas preferia que todos ganhássemos menos se houvesse mais igualdade.

Foram, até agora, 1775 patifes. Poucos, muito poucos: se tivessem sido 172000 sempre era metade do PIB.

Ficamos a dever a infernal barulheira que se faz à volta dos vistos dourados à capacidade que têm os cro-magnon do PCP, devidamente acolitados pelos primos do BE (que vivem geralmente a ilusão, e a pretensão, de não pertencerem à família) de influenciar o debate público; à surpresa de uns fait-divers policiais, inusitados por terem como objecto figuras gradas; ao oportunismo do PS, que - naturalmente - explora as dificuldades da maioria (as oposições não existem para facilitar a vida à situação); e ao estado de histeria noticiosa em que os meios de comunicação vivem, aqui e em toda a parte, a ver se angariam leitores, ouvintes e publicidade.

Um ministro caiu, e bem - não é inédito que numa escaramuça morra um general, apanhado por acaso, e à mulher de César etc. etc.; e todos os dias vão surgindo farrapos de histórias de tráficos, influências e moscambilhas, sempre ao nível do diz-que-disse e da conversa de café.

Aguardemos serenamente, como diria o dr. Sampaio, se alguém tivesse a peregrina ideia de o inquirir. Mas, a ser verdade o que aqui se diz, pode bem ser que esta - mais esta - montanha vá parir o clássico rato da absolvição, cobrindo-se o ministério público do ridículo da inoperância insanável, e o juiz que decretou as medidas do manto de justiceiro de pacotilha. Não o desejo - um país que despreza com razão a sua Justiça é um país doente.

Resta que, quanto ao fundo da questão, compro o que o Ministro Portas disse aqui. Já o que expectorou o comunista Filipe, e que vale a pena ouvir foi, na minha tradução livre, que um rico que pode comprar um visto dourado tem lepra; e um pobre dos muitos que nos entrariam pela porta, se ela estivesse aberta - asas. E como defende a igualdade, é de parecer que os ricos deveriam deixar de o ser, para o efeito de todos passarem a ser anjos e não nos baterem à porta.

E isto, que deveria ser apenas a tese do PCP, é infelizmente o sentir de muita gente que, como uma empregada com a qual uma vez discuti aumentos de salários, me disse: até pode ser que tenha razão, mas preferia que todos ganhássemos menos se houvesse mais igualdade.

Foram, até agora, 1775 patifes. Poucos, muito poucos: se tivessem sido 172000 sempre era metade do PIB.

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