Os Comediantes

13-09-2020
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Keynesianismo primitivo Mr. Brown

Mr. Brown 30.11.10 Pergunta: como se consegue contornar a austeridade nos gastos públicos portugueses com os problemas de financiamento existentes? Qual é a solução defendida pelo João? Resposta do deputado João Galamba: A minha solução é europeia. Outra pergunta: O João não votou favoravelmente as medidas de austeridade? Resposta do deputado João Galamba: Enquanto a UE não mudar a sua política, estamos condenados a OEs como aquele que acabamos de aprovar. Por isso, e só por isso, votei a favor. Não é um bom orçamento - muito longe disso - mas é o possível, dados os constrangimentos políticos e financeiros que o país enfrenta. É trágico, mas é o que temos. Nos comentários a este post. Nunca é demais insistir num erro, de facto. A solução europeia defendida por João Galamba não diferirá muito da solução europeia defendida por Castro Caldas ontem no Prós & Contras. Infelizmente, independentemente da bondade da solução proposta, esta não depende quase nada de nós. Por isso, a não ser que o senhor deputado Galamba ou o economista Castro Caldas pretendam propor que seja concedido aos portugueses o direito de voto nas eleições alemãs, com o benefício de eliminarmos de vez a Assembleia da República Portuguesa e deixarmos de contar com deputados que dizem votar num mau orçamento por força das políticas europeia, será bom que deixem-se de tretas e comecem a reflectir nas soluções que podemos adoptar no imediato e dependem exclusivamente de nós. O resto são desculpas e lamúrias de quem contínua a não querer enfrentar a realidade. E é muito curioso que os mesmos que bradam contra o recurso ao auxílio externo do FMI, confessem, afinal, que o sucesso das políticas que advogam está na completa dependência das opções tomadas por agentes externos. Tags:

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Notas blogosférias Mr. Brown

Mr. Brown 29.11.10 1. Hoje, inserido na festa preparatória de mais um aniversário daquele blogue, escrevo no 2711: É a economia, estúpido! Aproveito ainda para agradecer publicamente o convite inesperado do Daniel Santos. 2. O Sapo colocou este blogue em destaque. Agradeço a amabilidade que fez disparar os números do sitemeter durante o fim de semana. Tags:

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O jornalismo está cada vez pior neste país? Mr. Brown

Mr. Brown 29.11.10 O João Campos deixou nos comentários a este post uma questão interessante. Qual a causa do jornalismo, em geral, estar cada vez pior neste país? Do ponto de vista de um consumidor compulsivo por tudo quanto é informação, como é o meu caso, tentarei dar uma resposta: 1. Primeiro, levando em conta o assunto do post original, limitemos o sector em análise ao jornalismo praticado na imprensa escrita. Depois, analisemos a premissa em causa: o jornalismo está cada vez pior neste país? O meu primeiro instinto é para concordar incondicionalmente, mas convém estabelecer alguns limites. Por exemplo, está pior desde quando? Quando começou a degradação do jornalismo praticado nos jornais? Se me pedirem uma data específica, não saberei responder, mas posso afirmar que algures nos últimos 10 anos essa degradação tem vindo a ocorrer. O motivo estará certamente relacionado com o aumento das fontes de informação, com origem sobretudo na internet, e com o decréscimo das receitas, mas já lá irei. Por outro lado, quer-me parecer que aquilo que identificamos como uma diminuição da qualidade do jornalismo mais não é do que um aumento do nosso espírito critico para com o sector (alteração da perspectiva que temos sobre determinado objecto sem que o objecto propriamente dito tenha sofrido alterações). A fundamentar esta última observação realço dois aspectos: i) aumento da quantidade de informação disponível, com origem em fontes diversas, o que permite com maior facilidade a identificação de erros; e ii) de certa forma relacionado com o ponto anterior, a maior facilidade de acesso à imprensa escrita internacional e o contraste entre a qualidade de algumas das coisas que são feitas lá fora com o que é feito cá dentro. Nesse sentido, a degradação do jornalismo made in portugal talvez não seja tão forte quanto por vezes cremos, mas ainda assim também não é inexistente. Avancemos: 2. A dificuldade de encontrar um modelo económico viável para o jornalismo on-line é real, o que é preocupante num mundo onde os leitores terão tendência a afastar-se da imprensa tradicional e a refugiarem-se no ciberespaço. Não era difícil adivinhar que o dinheiro começaria a escassear e isso teria repercussão na qualidade do jornalismo praticado. Foi assim em Portugal, está a ser assim um pouco por todo o mundo. No plano internacional há, contudo, alguns factores positivos na popularidade do jornalismo on-line: surgiram sites especializados em notícias que vieram acrescentar valor ao que já existia anteriormente. Neste campo, o efeito benéfico da concorrência prevaleceu. O problema português é que esse fenómeno é muito menos acentuado: os jornais não viram aumentar a concorrência nacional no mundo virtual, apenas viram diminuir o número de leitores pagantes e muitos leitores fugiram para os concorrentes internacionais. Contudo, no universo nacional, basta ler os nossos blogues para perceber que estes continuam a depender (quase) exclusivamente da imprensa tradicional e, salvo casos pontuais, contínua a ser a imprensa tradicional a marcar a agenda mediática nacional. 3. A falta de dinheiro teve impacto nas condições remuneratórias dos jornalistas, bem como no número de jornalistas que compõem as redacções dos jornais. Isto criou maior dependência entre o jornalismo e certos sectores económicos/políticos que levaram a uma informação de menor qualidade; a uma multiplicação do recurso a estagiários mal pagos, sem experiência e facilmente manipuláveis; e a uma diminuição do jornalismo de investigação. 4. A escala e os nichos de mercado. A nossa imprensa não consegue, por força da baixa quantidade de leitores que disputa, produzir um jornalismo heterogéneo. Veja-se a coincidência de posições na maior parte dos jornais a propósito da União Europeia; das alterações climáticas; da defesa do Estado Social; da adoração ao Obama; etc.. Esta homogeneidade tem de ser encarada como um factor de baixa qualidade. E se em tempos idos os leitores representantes de certos nichos teriam dificuldade em encontrar alternativas à imprensa nacional, nos tempos que correm não faltam publicações internacionais que servem os seus gostos e interesses. A situação anterior era um incentivo para que o jornalismo nacional procurasse fugir ao consenso absoluto, agora, foi-se esse incentivo. E a procura por estes nichos é feita por pessoas com um nível de formação acima da média. Ao deixarem de cativar estes clientes, a imprensa escrita luta cada vez mais por um conjunto de leitores com nível de formação mais baixo. Ou seja, a própria imprensa para sobreviver vê-se obrigada a baixar o nível. 5. Para terminar, se a imprensa escrita já tinha problemas, acrescente-se o empobrecimento generalizado que afecta o país. Há os leitores que deixam de comprar jornais porque encontram alternativas e depois há os leitores que deixam de comprar jornais porque não podem gastar esse dinheiro. E há o mercado publicitário que mingua, etc.. E para já, fico por aqui. Tags:

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Keynesianismo primitivo Mr. Brown

Mr. Brown 30.11.10 Pergunta: como se consegue contornar a austeridade nos gastos públicos portugueses com os problemas de financiamento existentes? Qual é a solução defendida pelo João? Resposta do deputado João Galamba: A minha solução é europeia. Outra pergunta: O João não votou favoravelmente as medidas de austeridade? Resposta do deputado João Galamba: Enquanto a UE não mudar a sua política, estamos condenados a OEs como aquele que acabamos de aprovar. Por isso, e só por isso, votei a favor. Não é um bom orçamento - muito longe disso - mas é o possível, dados os constrangimentos políticos e financeiros que o país enfrenta. É trágico, mas é o que temos. Nos comentários a este post. Nunca é demais insistir num erro, de facto. A solução europeia defendida por João Galamba não diferirá muito da solução europeia defendida por Castro Caldas ontem no Prós & Contras. Infelizmente, independentemente da bondade da solução proposta, esta não depende quase nada de nós. Por isso, a não ser que o senhor deputado Galamba ou o economista Castro Caldas pretendam propor que seja concedido aos portugueses o direito de voto nas eleições alemãs, com o benefício de eliminarmos de vez a Assembleia da República Portuguesa e deixarmos de contar com deputados que dizem votar num mau orçamento por força das políticas europeia, será bom que deixem-se de tretas e comecem a reflectir nas soluções que podemos adoptar no imediato e dependem exclusivamente de nós. O resto são desculpas e lamúrias de quem contínua a não querer enfrentar a realidade. E é muito curioso que os mesmos que bradam contra o recurso ao auxílio externo do FMI, confessem, afinal, que o sucesso das políticas que advogam está na completa dependência das opções tomadas por agentes externos. Tags:

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Notas blogosférias Mr. Brown

Mr. Brown 29.11.10 1. Hoje, inserido na festa preparatória de mais um aniversário daquele blogue, escrevo no 2711: É a economia, estúpido! Aproveito ainda para agradecer publicamente o convite inesperado do Daniel Santos. 2. O Sapo colocou este blogue em destaque. Agradeço a amabilidade que fez disparar os números do sitemeter durante o fim de semana. Tags:

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O jornalismo está cada vez pior neste país? Mr. Brown

Mr. Brown 29.11.10 O João Campos deixou nos comentários a este post uma questão interessante. Qual a causa do jornalismo, em geral, estar cada vez pior neste país? Do ponto de vista de um consumidor compulsivo por tudo quanto é informação, como é o meu caso, tentarei dar uma resposta: 1. Primeiro, levando em conta o assunto do post original, limitemos o sector em análise ao jornalismo praticado na imprensa escrita. Depois, analisemos a premissa em causa: o jornalismo está cada vez pior neste país? O meu primeiro instinto é para concordar incondicionalmente, mas convém estabelecer alguns limites. Por exemplo, está pior desde quando? Quando começou a degradação do jornalismo praticado nos jornais? Se me pedirem uma data específica, não saberei responder, mas posso afirmar que algures nos últimos 10 anos essa degradação tem vindo a ocorrer. O motivo estará certamente relacionado com o aumento das fontes de informação, com origem sobretudo na internet, e com o decréscimo das receitas, mas já lá irei. Por outro lado, quer-me parecer que aquilo que identificamos como uma diminuição da qualidade do jornalismo mais não é do que um aumento do nosso espírito critico para com o sector (alteração da perspectiva que temos sobre determinado objecto sem que o objecto propriamente dito tenha sofrido alterações). A fundamentar esta última observação realço dois aspectos: i) aumento da quantidade de informação disponível, com origem em fontes diversas, o que permite com maior facilidade a identificação de erros; e ii) de certa forma relacionado com o ponto anterior, a maior facilidade de acesso à imprensa escrita internacional e o contraste entre a qualidade de algumas das coisas que são feitas lá fora com o que é feito cá dentro. Nesse sentido, a degradação do jornalismo made in portugal talvez não seja tão forte quanto por vezes cremos, mas ainda assim também não é inexistente. Avancemos: 2. A dificuldade de encontrar um modelo económico viável para o jornalismo on-line é real, o que é preocupante num mundo onde os leitores terão tendência a afastar-se da imprensa tradicional e a refugiarem-se no ciberespaço. Não era difícil adivinhar que o dinheiro começaria a escassear e isso teria repercussão na qualidade do jornalismo praticado. Foi assim em Portugal, está a ser assim um pouco por todo o mundo. No plano internacional há, contudo, alguns factores positivos na popularidade do jornalismo on-line: surgiram sites especializados em notícias que vieram acrescentar valor ao que já existia anteriormente. Neste campo, o efeito benéfico da concorrência prevaleceu. O problema português é que esse fenómeno é muito menos acentuado: os jornais não viram aumentar a concorrência nacional no mundo virtual, apenas viram diminuir o número de leitores pagantes e muitos leitores fugiram para os concorrentes internacionais. Contudo, no universo nacional, basta ler os nossos blogues para perceber que estes continuam a depender (quase) exclusivamente da imprensa tradicional e, salvo casos pontuais, contínua a ser a imprensa tradicional a marcar a agenda mediática nacional. 3. A falta de dinheiro teve impacto nas condições remuneratórias dos jornalistas, bem como no número de jornalistas que compõem as redacções dos jornais. Isto criou maior dependência entre o jornalismo e certos sectores económicos/políticos que levaram a uma informação de menor qualidade; a uma multiplicação do recurso a estagiários mal pagos, sem experiência e facilmente manipuláveis; e a uma diminuição do jornalismo de investigação. 4. A escala e os nichos de mercado. A nossa imprensa não consegue, por força da baixa quantidade de leitores que disputa, produzir um jornalismo heterogéneo. Veja-se a coincidência de posições na maior parte dos jornais a propósito da União Europeia; das alterações climáticas; da defesa do Estado Social; da adoração ao Obama; etc.. Esta homogeneidade tem de ser encarada como um factor de baixa qualidade. E se em tempos idos os leitores representantes de certos nichos teriam dificuldade em encontrar alternativas à imprensa nacional, nos tempos que correm não faltam publicações internacionais que servem os seus gostos e interesses. A situação anterior era um incentivo para que o jornalismo nacional procurasse fugir ao consenso absoluto, agora, foi-se esse incentivo. E a procura por estes nichos é feita por pessoas com um nível de formação acima da média. Ao deixarem de cativar estes clientes, a imprensa escrita luta cada vez mais por um conjunto de leitores com nível de formação mais baixo. Ou seja, a própria imprensa para sobreviver vê-se obrigada a baixar o nível. 5. Para terminar, se a imprensa escrita já tinha problemas, acrescente-se o empobrecimento generalizado que afecta o país. Há os leitores que deixam de comprar jornais porque encontram alternativas e depois há os leitores que deixam de comprar jornais porque não podem gastar esse dinheiro. E há o mercado publicitário que mingua, etc.. E para já, fico por aqui. Tags:

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