Intenção do PS é irreconhecível no Orçamento que veio de Bruxelas (que se lixem os pobres)

02-09-2020
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Intenção do PS é irreconhecível no Orçamento que veio de Bruxelas (que se lixem os pobres)

Jorge Costa

Há 5 anos

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Este quadro do parecer da UTAO ajuda a estabelecer o resultado exato da «negociação» com Bruxelas em torno do Esboço de Orçamento do Estado.

A leitura parece complicada, mas não é. Em ambos os casos, no esboço e na proposta, os diagramas mostram como se parte da situação financeira do estado em 2015 para chegar à grande meta de um défice -2,2% do PIB no caso da proposta, de -2,6%, no caso do esboço que foi a enterrar.
Ao défice herdado, deduz-se (mas se fossem mais, acrescentava-se) a variação no volume de medidas extraordinárias: não há Banif em 2016, 1,2 pp caem. Sobra pois um défice de 3,1% na casa de partida.
E é agora que tudo muda: no documento que foi para Bruxelas, havia um estímulo orçamental de 0,16% do PIB. O défice de 2015 era agravado nesse montante. No documento que saiu de Bruxelas – uma vitória do Governo português, segundo distintos comentadores – veio uma contração de 0,33% do PIB. Entre lá e cá, uma diferença de quase meio ponto percentual do PIB, isto é, mais medidas de consolidação no valor exato, calcula a UTAO, de 921 milhões de euros. Ou, ainda de outro modo, onde havia uma expansão orçamental de 300 milhões passou a haver uma contração orçamental de 621 milhões.
O deputado João Galamba, que muito provavelmente não tomou conhecimento destas coisas, e que parece viver momentos de verdadeiro delírio, dizia este fim-de-semana, na linguagem muito colorida que o caracteriza em fases de maior excitação, respondendo, em nome do PS, às supostas atoardas da «direita», que o orçamento não seria nada o «toma lá dá cá» que por aí andam a tentar fazer crer que ele é; ou por outra, lá toma lá dá cá é ele: «É de facto, toma lá 1.400 milhões de euros e dá cá apenas 290 milhões».
Talvez: no universo onírico em que ele vive; neste, do lado de cá da realidade, estimou a UTAO, é
toma lá 1.411 milhões de euros (aqui Galamba acerta) e,
dá cá 2.032 milhões de euros; é a tal contração de 621 milhões (alguém avise o deputado que é dá cá mais mais quase 10 vezes do que ele julga – a colunazinha do centro do diagrama, que mudou tudo, ao ponto de tornar a intenção orçamental do PS irreconhecível).
Não ficou, em suma, pedra sobre pedra do estímulo ao crescimento que eles tanto gostam de incensar. Foram-se os dedos? Ficaram os anéis. Foi necessário fazer escolhas? Entre reduzir o ritmo de reposição dos salários na função pública, beneficiando essencialmente segmentos de rendimentos relativamente elevados, ou deixar cair o IVA da restauração (sem comentários) e, por exemplo, reduzir a TSU, que beneficiaria sobretudo as pessoas de rendimentos mais baixos, a escolha do PS e da esquerda foi clara: deixar cair a TSU e carregar nos impostos indiretos, regressivos por natureza, para financiar desmandos orçamentais ao serviço das suas clientelas.
Os pobres que aguentem.

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Categorias: Diversos

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A leitura parece complicada, mas não é. Em ambos os casos, no esboço e na proposta, os diagramas mostram como se parte da situação financeira do estado em 2015 para chegar à grande meta de um défice -2,2% do PIB no caso da proposta, de -2,6%, no caso do esboço que foi a enterrar.
Ao défice herdado, deduz-se (mas se fossem mais, acrescentava-se) a variação no volume de medidas extraordinárias: não há Banif em 2016, 1,2 pp caem. Sobra pois um défice de 3,1% na casa de partida.
E é agora que tudo muda: no documento que foi para Bruxelas, havia um estímulo orçamental de 0,16% do PIB. O défice de 2015 era agravado nesse montante. No documento que saiu de Bruxelas – uma vitória do Governo português, segundo distintos comentadores – veio uma contração de 0,33% do PIB. Entre lá e cá, uma diferença de quase meio ponto percentual do PIB, isto é, mais medidas de consolidação no valor exato, calcula a UTAO, de 921 milhões de euros. Ou, ainda de outro modo, onde havia uma expansão orçamental de 300 milhões passou a haver uma contração orçamental de 621 milhões.
O deputado João Galamba, que muito provavelmente não tomou conhecimento destas coisas, e que parece viver momentos de verdadeiro delírio, dizia este fim-de-semana, na linguagem muito colorida que o caracteriza em fases de maior excitação, respondendo, em nome do PS, às supostas atoardas da «direita», que o orçamento não seria nada o «toma lá dá cá» que por aí andam a tentar fazer crer que ele é; ou por outra, lá toma lá dá cá é ele: «É de facto, toma lá 1.400 milhões de euros e dá cá apenas 290 milhões».
Talvez: no universo onírico em que ele vive; neste, do lado de cá da realidade, estimou a UTAO, é
toma lá 1.411 milhões de euros (aqui Galamba acerta) e,
dá cá 2.032 milhões de euros; é a tal contração de 621 milhões (alguém avise o deputado que é dá cá mais mais quase 10 vezes do que ele julga – a colunazinha do centro do diagrama, que mudou tudo, ao ponto de tornar a intenção orçamental do PS irreconhecível).
Não ficou, em suma, pedra sobre pedra do estímulo ao crescimento que eles tanto gostam de incensar. Foram-se os dedos? Ficaram os anéis. Foi necessário fazer escolhas? Entre reduzir o ritmo de reposição dos salários na função pública, beneficiando essencialmente segmentos de rendimentos relativamente elevados, ou deixar cair o IVA da restauração (sem comentários) e, por exemplo, reduzir a TSU, que beneficiaria sobretudo as pessoas de rendimentos mais baixos, a escolha do PS e da esquerda foi clara: deixar cair a TSU e carregar nos impostos indiretos, regressivos por natureza, para financiar desmandos orçamentais ao serviço das suas clientelas.
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