Dar mérito a quem o merece

20-09-2020
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João Galamba, da direcção do PS, fala hoje no seu artigo no Expresso do recuo de Portugal nos últimos anos. Diz ele:
“Com as políticas da actual maioria, Portugal regrediu uma década nos níveis de pobreza, regrediu duas décadas no emprego, regrediu três décadas no investimento e voltou a ter níveis de emigração só comparáveis com a década de 60.”
João Galamba tem razão, mas é demasido humilde na atribuição do mérito por este recuo. Vamos por partes:
Pobreza
Em 2013, Portugal apresentava uma taxa de risco de pobreza semelhante à de 2004 (19,5 vs 19,4). Se em 2014 tiver mantido o mesmo valor, então João Galamba terá razão em relação ao recuo de uma década: Portugal terá em 2014 o mesmo valor que em 2004. No entanto, esquece-se João Galamba de referir o contributo do seu próprio governo para esse recuo. Em 2011, já o risco de pobreza tinha recuado para os níveis de 2006.
Emprego
Também em relação ao emprego, João Galamba tem razão. Em 2014, existiam tantos empregos como em 1997 (4,5 milhões) o que perfaz quase duas décadas. Mas mais uma vez, João Galamba esquece-se dos méritos do seu próprio governo neste recuo. Quando deixaram o poder 2011, o emprego já tinha recuado para os níveis de…1998 (de facto, um pouco abaixo, com 4,7 milhões em 2011 vs 4,8 em 1998).
Investimento
Com o investimento, acontece o mesmo. Em 2013 tivemos o mesmo nível de investimento que em 1989. São apenas 24 anos, mas, com alguma boa vontade, até dou de barato que isto é um recuo de 3 décadas. No entanto, mais uma vez João Galamba esquece-se de referir os méritos do seu próprio governo. Se em 2013, o investimento estava ao nível de 1989, em 2011 já tinha recuado para pouco mais que os níveis de 1992.
Emigração
No que toca à emigração, 2012 e 2013 foram anos record que levaram o número de emigrantes aos níveis de 1966, um recuo de 5 décadas. Mas para a maioria PSD/CDS deixar o país aos níveis de 1966 não teve muito caminho para percorrer porque o governo PS já tinha deixado a emigração aos níveis de… 1967.
Fica aqui então uma tabela resumo dos recuos temporais:

João Galamba podia até falar noutros recuos, por exemplo nos encargos com a dívida pública, onde o governo PS deixou o país a níveis só vistos no século XIX (sim, um recuo de mais de um século).
Tem razão João Galamba quando diz que a pobreza regrediu 1 década, o emprego 2 décadas, o investimento 3 décadas e a emigração mais de 50 anos. Esquece-se é de atribuir o mérito a quem mais o merece: o governo PS, que foi o responsável directo por quase todo esse recuo temporal.
Nota: face a alguns comentários em relação ao ano escolhido para comparar os resultados do PS (2011), esclareço que os valores não seriam substancialmente diferentes se o ano usado tivesse sido 2010. Nada mudaria no caso dos níveis de pobreza e emprego em relação a 2011. No caso do investimento, o recuo teria sido até 1998 em vez de 1992 e no caso da emigração teria recuado até 1969 em vez de 1967. Nada de substancialmente diferente, portanto.

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Categorias: Política, Portugal

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João Galamba tem razão, mas é demasido humilde na atribuição do mérito por este recuo. Vamos por partes:
Pobreza
Em 2013, Portugal apresentava uma taxa de risco de pobreza semelhante à de 2004 (19,5 vs 19,4). Se em 2014 tiver mantido o mesmo valor, então João Galamba terá razão em relação ao recuo de uma década: Portugal terá em 2014 o mesmo valor que em 2004. No entanto, esquece-se João Galamba de referir o contributo do seu próprio governo para esse recuo. Em 2011, já o risco de pobreza tinha recuado para os níveis de 2006.
Emprego
Também em relação ao emprego, João Galamba tem razão. Em 2014, existiam tantos empregos como em 1997 (4,5 milhões) o que perfaz quase duas décadas. Mas mais uma vez, João Galamba esquece-se dos méritos do seu próprio governo neste recuo. Quando deixaram o poder 2011, o emprego já tinha recuado para os níveis de…1998 (de facto, um pouco abaixo, com 4,7 milhões em 2011 vs 4,8 em 1998).
Investimento
Com o investimento, acontece o mesmo. Em 2013 tivemos o mesmo nível de investimento que em 1989. São apenas 24 anos, mas, com alguma boa vontade, até dou de barato que isto é um recuo de 3 décadas. No entanto, mais uma vez João Galamba esquece-se de referir os méritos do seu próprio governo. Se em 2013, o investimento estava ao nível de 1989, em 2011 já tinha recuado para pouco mais que os níveis de 1992.
Emigração
No que toca à emigração, 2012 e 2013 foram anos record que levaram o número de emigrantes aos níveis de 1966, um recuo de 5 décadas. Mas para a maioria PSD/CDS deixar o país aos níveis de 1966 não teve muito caminho para percorrer porque o governo PS já tinha deixado a emigração aos níveis de… 1967.
Fica aqui então uma tabela resumo dos recuos temporais:

João Galamba podia até falar noutros recuos, por exemplo nos encargos com a dívida pública, onde o governo PS deixou o país a níveis só vistos no século XIX (sim, um recuo de mais de um século).
Tem razão João Galamba quando diz que a pobreza regrediu 1 década, o emprego 2 décadas, o investimento 3 décadas e a emigração mais de 50 anos. Esquece-se é de atribuir o mérito a quem mais o merece: o governo PS, que foi o responsável directo por quase todo esse recuo temporal.
Nota: face a alguns comentários em relação ao ano escolhido para comparar os resultados do PS (2011), esclareço que os valores não seriam substancialmente diferentes se o ano usado tivesse sido 2010. Nada mudaria no caso dos níveis de pobreza e emprego em relação a 2011. No caso do investimento, o recuo teria sido até 1998 em vez de 1992 e no caso da emigração teria recuado até 1969 em vez de 1967. Nada de substancialmente diferente, portanto.

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