O PISA é fácil ou difícil? Pusemos à prova um humorista, uma deputada e um jornalista

07-12-2019
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Se a preparação para um teste se medir pelo nível de nervosismo à entrada para a sala, é justo dizer que dois terços da turma nem devem ter passado os olhos pelos livros. É certo que, neste caso, dois terços são apenas duas pessoas, que esta turma só se fez com três. Ainda assim, à chegada ao Observador, Ana Rita Bessa e Tiago Dores não têm como esconder que estão preocupados. “Não faço um teste há anos!”, repete o humorista, que preferia que as perguntas fossem mais sobre ciência e matemática e menos exercícios de leitura — como, lamentavelmente, são.

O mesmo diz a deputada, coordenadora do CDS na Comissão Parlamentar de Educação, para quem nem o facto de ter tido sempre “a sorte de ser boa aluna” chega para deixar de temer o embaraço, até porque — confirma-se — confessa que não estudou (e até repetiu um clássico desesperado de véspera de teste: “Eu só precisava de mais dois dias!”), além de saber que há alguém muito mais atento que nós: “Preciso de dar um bom exemplo aos meus filhos, por isso, isto tem de correr bem”.

Só José Manuel Fernandes parece nem estar a pensar no assunto. “Se estou nervoso? Nervoso, nervoso, não.”

Talvez faça sentido deixar já uma garantia: o facto de o jornalista ser também publisher do Observador não lhe deu direito a qualquer ajuda ou vantagem em relação aos colegas que também aceitaram responder ao teste preparado com algumas das perguntas do PISA 2018. Os três tiveram mesmo de responder a 14 questões de escolha múltipla (a que também pode responder aqui), retiradas de dois dos cenários do Programa Internacional de Avaliação de Alunos mais recente, cujos resultados foram conhecidos esta terça-feira, e sem qualquer limite de tempo — uma vantagem em relação aos 600 mil alunos portugueses de 15 anos que responderam ao teste integral. Em relação a estes, houve diferenças também na forma: enquanto que os estudantes responderam ao teste informatizado num computador, humorista, deputada e jornalista só encontraram na mesa quatro folhas de papel, impressas dos dois lados, e uma esferográfica azul.

As respostas também foram corrigidas sem automatismos, mas, para algumas, teria sido necessária uma caneta vermelha. É que, nervosismos à parte, o teste não correu muito bem a todos e houve quem não passasse de um ‘Bom menos’.

“Isto terá rasteiras?”

A primeira surpresa para quase todos foi a mancha de texto que ocupava a primeira página do teste, antes mesmo de qualquer pergunta. Ao longo de todo o exercício — com questões selecionadas do cenário “Rapa Nui”, que foi colocado aos alunos, e do cenário “Cow’s Milk” (“Leite de Vaca”), que foi usado antes apenas para validação dos vários países —, a lógica é sempre a mesma: a quem faz um teste é pedido que leia um texto — uma entrada de um blog, um comunicado, uma crítica de livro — e depois responda a perguntas sobre o que acabou de ler.

O que se esperava era que os alunos fossem capazes de ler e compreender o que leram, para poderem responder a perguntas sobre o conteúdo, mas também sobre a entrelinhas. Determinadas afirmações eram factos ou opiniões? Ana Rita Bessa destaca o facto de essa ser uma das tarefas colocadas aos alunos, por considerar muito relevante que isso seja treinado numa idade em que a exposição à informação, sobretudo online, pode tornar essas diferenças menos claras: “Depende sempre da fonte de onde vem”, lembra a deputada, “e, às vezes, não é evidente”.

Se a preparação para um teste se medir pelo nível de nervosismo à entrada para a sala, é justo dizer que dois terços da turma nem devem ter passado os olhos pelos livros. É certo que, neste caso, dois terços são apenas duas pessoas, que esta turma só se fez com três. Ainda assim, à chegada ao Observador, Ana Rita Bessa e Tiago Dores não têm como esconder que estão preocupados. “Não faço um teste há anos!”, repete o humorista, que preferia que as perguntas fossem mais sobre ciência e matemática e menos exercícios de leitura — como, lamentavelmente, são.

O mesmo diz a deputada, coordenadora do CDS na Comissão Parlamentar de Educação, para quem nem o facto de ter tido sempre “a sorte de ser boa aluna” chega para deixar de temer o embaraço, até porque — confirma-se — confessa que não estudou (e até repetiu um clássico desesperado de véspera de teste: “Eu só precisava de mais dois dias!”), além de saber que há alguém muito mais atento que nós: “Preciso de dar um bom exemplo aos meus filhos, por isso, isto tem de correr bem”.

Só José Manuel Fernandes parece nem estar a pensar no assunto. “Se estou nervoso? Nervoso, nervoso, não.”

Talvez faça sentido deixar já uma garantia: o facto de o jornalista ser também publisher do Observador não lhe deu direito a qualquer ajuda ou vantagem em relação aos colegas que também aceitaram responder ao teste preparado com algumas das perguntas do PISA 2018. Os três tiveram mesmo de responder a 14 questões de escolha múltipla (a que também pode responder aqui), retiradas de dois dos cenários do Programa Internacional de Avaliação de Alunos mais recente, cujos resultados foram conhecidos esta terça-feira, e sem qualquer limite de tempo — uma vantagem em relação aos 600 mil alunos portugueses de 15 anos que responderam ao teste integral. Em relação a estes, houve diferenças também na forma: enquanto que os estudantes responderam ao teste informatizado num computador, humorista, deputada e jornalista só encontraram na mesa quatro folhas de papel, impressas dos dois lados, e uma esferográfica azul.

As respostas também foram corrigidas sem automatismos, mas, para algumas, teria sido necessária uma caneta vermelha. É que, nervosismos à parte, o teste não correu muito bem a todos e houve quem não passasse de um ‘Bom menos’.

“Isto terá rasteiras?”

A primeira surpresa para quase todos foi a mancha de texto que ocupava a primeira página do teste, antes mesmo de qualquer pergunta. Ao longo de todo o exercício — com questões selecionadas do cenário “Rapa Nui”, que foi colocado aos alunos, e do cenário “Cow’s Milk” (“Leite de Vaca”), que foi usado antes apenas para validação dos vários países —, a lógica é sempre a mesma: a quem faz um teste é pedido que leia um texto — uma entrada de um blog, um comunicado, uma crítica de livro — e depois responda a perguntas sobre o que acabou de ler.

O que se esperava era que os alunos fossem capazes de ler e compreender o que leram, para poderem responder a perguntas sobre o conteúdo, mas também sobre a entrelinhas. Determinadas afirmações eram factos ou opiniões? Ana Rita Bessa destaca o facto de essa ser uma das tarefas colocadas aos alunos, por considerar muito relevante que isso seja treinado numa idade em que a exposição à informação, sobretudo online, pode tornar essas diferenças menos claras: “Depende sempre da fonte de onde vem”, lembra a deputada, “e, às vezes, não é evidente”.

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