Ventos Semeados: POLÍTICA:O dia em que houve quem achasse justificável o absurdo

08-01-2020
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Este é o dia em que passos coelho cometeu o atrevimento de considerar justificável diminuir o valor do salário mínimo enquanto forma de resolver o problema do desemprego. Muito oportunamente houve quem, nas redes sociais, previsse para breve o apanágio da escravatura.

O absurdo é a melhor demonstração como  este governo está acossado perante a avalanche de repúdio social, que o condena a mais ou menos curto prazo. E pondo assim um termo a uma tentativa de retrocesso civilizacional à escala europeia de uma cultura de bem estar e de uma distribuição relativamente equitativa da riqueza de cada país.

O que a manifestação de 2 de março anuncia é a vontade coletiva de infletir um presente em que a maioria empobrece e os soares dos santos, os belmiros ou os amorins vão enriquecendo.

Como escreveu João Pinto e Castro no «Jornal de Negócios» tornou-se (…) que, na crise das dívidas soberanas desencadeada em 2010, o pretexto foi económico-financeiro, mas o intuito é político. O que a justifica é o desejo de aproveitar um momento de fragilidade dos povos e dos estados nacionais para desencadear um muito ansiado ajuste de contas, pondo em causa tanto o contrato social laboriosamente edificado ao longo de décadas como os delicados equilíbrios sobre os quais ele assenta. A austeridade fiscal foi imposta a coberto de um pânico irracional fabricado pelo BCE com pretextos espúrios. Apesar do evidente descalabro, tanto a UE como o BCE insistem em políticas de extorsão fiscal que prolongam indefinidamente a estagnação e o desemprego de longa duração, assim condenando, nas palavras de Martin Wolf, "dezenas de milhões a um sofrimento desnecessário".

É evidente que os cidadãos podem iludir-se com palhaços, que lhes prometem mundos e fundos, mas só querem acautelar os seus negócios (Berlusconi) ou reciclarem-se da atividade burlesca aonde a  graça há muito se perdeu (Grillo). Como  escreve Miguel Cabrita no «Diário Económico» há quem pense que o impasse italiano é bom porque aumenta, de novo, a pressão para mudanças na Europa, aliás reforçadas pela instabilidade financeira que imediatamente se sucedeu aos resultados eleitorais. Provavelmente, não; é só mais uma face de uma Europa que, a pouco e pouco, é cada vez mais um espectro do que foi e do que ambicionou ser.

E que por isso tem de ser reorientada para as melhores expetativas, que gerou nos habitantes da enorme extensão entre o Atlântico e os Urais.

Este é o dia em que passos coelho cometeu o atrevimento de considerar justificável diminuir o valor do salário mínimo enquanto forma de resolver o problema do desemprego. Muito oportunamente houve quem, nas redes sociais, previsse para breve o apanágio da escravatura.

O absurdo é a melhor demonstração como  este governo está acossado perante a avalanche de repúdio social, que o condena a mais ou menos curto prazo. E pondo assim um termo a uma tentativa de retrocesso civilizacional à escala europeia de uma cultura de bem estar e de uma distribuição relativamente equitativa da riqueza de cada país.

O que a manifestação de 2 de março anuncia é a vontade coletiva de infletir um presente em que a maioria empobrece e os soares dos santos, os belmiros ou os amorins vão enriquecendo.

Como escreveu João Pinto e Castro no «Jornal de Negócios» tornou-se (…) que, na crise das dívidas soberanas desencadeada em 2010, o pretexto foi económico-financeiro, mas o intuito é político. O que a justifica é o desejo de aproveitar um momento de fragilidade dos povos e dos estados nacionais para desencadear um muito ansiado ajuste de contas, pondo em causa tanto o contrato social laboriosamente edificado ao longo de décadas como os delicados equilíbrios sobre os quais ele assenta. A austeridade fiscal foi imposta a coberto de um pânico irracional fabricado pelo BCE com pretextos espúrios. Apesar do evidente descalabro, tanto a UE como o BCE insistem em políticas de extorsão fiscal que prolongam indefinidamente a estagnação e o desemprego de longa duração, assim condenando, nas palavras de Martin Wolf, "dezenas de milhões a um sofrimento desnecessário".

É evidente que os cidadãos podem iludir-se com palhaços, que lhes prometem mundos e fundos, mas só querem acautelar os seus negócios (Berlusconi) ou reciclarem-se da atividade burlesca aonde a  graça há muito se perdeu (Grillo). Como  escreve Miguel Cabrita no «Diário Económico» há quem pense que o impasse italiano é bom porque aumenta, de novo, a pressão para mudanças na Europa, aliás reforçadas pela instabilidade financeira que imediatamente se sucedeu aos resultados eleitorais. Provavelmente, não; é só mais uma face de uma Europa que, a pouco e pouco, é cada vez mais um espectro do que foi e do que ambicionou ser.

E que por isso tem de ser reorientada para as melhores expetativas, que gerou nos habitantes da enorme extensão entre o Atlântico e os Urais.

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