Aqui vou eu para a Costa

01-11-2020
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“O calor abrasador e a pressa de chegar”, cantavam os Peste & Sida. Não tarda, verão adentro, as filas de trânsito na ponte 25 de Abril vão continuar ao fim de semana, quando os lisboetas procurarem os praias da Costa. Eis uma alternativa “É o melhor percurso para o jovens irem para a praia, a partir do momento em que estão de férias, e de forma autónoma, sem os pais: atravessarem o rio no ferry da Transtejo e irem para a Costa de bicicleta porque têm ciclovia mesmo até à costa”. O convite de Ana Santos, professora da Faculdade de Motricidade Humana, estende-se a toda da família. E a qualquer tipo de bicicleta, incluindo as elétricas. Pedalar é uma atividade física, faz bem à saúde, já se sabe, e pode ser uma alternativa para viagens diárias, complementada com o uso de transportes públicos, como o comboio ou o barco, no caso da travessia do Tejo. São estes os principais objetivos do projeto “Dar a Volta”, idealizado por Ana Santos, que vai pedalar por todo o país e que partiu para a estrada recentemente - aliás, neste fim de semana continua entre Setúbal, Sines e Odemira. O percurso de Lisboa à Costa da Caparica fez parte da primeira etapa, a 26 de abril, que a SIC também experimentou, de bicicleta, até Setúbal (nota: a segunda parte a viagem será aqui relatada amanhã).

As obras no Eixo Central são exemplo recente da expansão da rede de ciclovias na capital, cada vez mais focada no dia-a-dia, além do lazer. “Demorei menos de casa até aqui do que teria demorado se viesse de automóvel”: de Telheiras ao Marquês de Pombal, o secretário de Estado da Juventude e Desporto contou menos de 15 minutos, em hora de ponta - “e sem grande esforço”. “De carro nunca demoro menos de 22 ou 25 minutos, de casa à Secretaria de Estado (Av. 5 de Outubro)”. João Paulo Rebelo foi um dos decisores políticos que fez parte desta etapa inaugural. Partida simbólica do Marquês de Pombal (tal como a 1ª Volta de Portugal, há 90 anos), o pelotão desceu pela lateral da Avenida da Liberdade, que é marcada como via partilhada e com limite de velocidade a 30km/h. Dos Restauradores à Praça do Comércio não há ainda nenhuma delimitação exclusiva às bicicletas, que neste caso circulam a par do restante tráfego.

“Há uma ligeira incongruência”, aponta Ana Santos. Já da zona do Cais do Sodré até Belém, há uma ciclovia “bem marcada”, ainda que com algumas diferenças no piso e “interrompida” na Doca de Santo Amaro - aqui é obrigatório “desmontar” e levar a bicicleta à mão ao passar os restaurantes. Opção para se chegar ao Cais do Sodré e evitar pedalar entre os automóveis pode ser o Metro, que permite o transporte gratuito de bicicletas, com algumas condições - e levá-las de barco para a outra margem também não custa mais que um bilhete normal, ainda que a Transtejo também imponha algumas restrições na maior parte das ligações.

Do Cais do Sodré a Belém são cerca de 5,5km, planos, que não demorarão mais de meia hora a pedalar a uma velocidade de passeio. O ferry que parte da estação fluvial de Belém, junto ao novo MAAT, leva-nos à Trafaria noutros 25 minutos. E daí em diante há mais 4km até à Praia de Santo António, com pouca inclinação e sempre em ciclovia (que continua delineada à beira mar até à chamada Nova Praia).

“É uma via segura, apesar de já não ter manutenção há muito tempo”, diz a professora. Há alguns troços deste percurso com ar abandonado, buracos no pavimento ou demasiada areia. “Mas mesmo em estrada é um percurso seguro”, garante Ana Santos. A ciclovia vira para as praias junto ao Parque Urbano - “é um caso raro de boa sinalização vertical” -, mas é possível continuar em frente e em segurança pela estrada, que tem duas vias para cada sentido, até à saída da localidade. Daí em diante, rumo à Fonte da Telha, a estrada fica mais estreita e com bermas em mau estado - ou ocupadas por carros estacionados no verão. Em dias de maior afluência às praias, esta parte do percurso reserva-se assim aos mais experientes no uso da bicicleta em meio urbano. Para estes, os mais afoitos, há um brinde: um atalho por uma estrada florestal interdita ao trânsito, que atravessa a Mata Nacional dos Medos.

Bicicletas para todos, todos de bicicleta A Faculdade de Motricidade Humana aproveitou o pretexto da primeira etapa de “Dar a Volta” para mostrar dois modelos especiais de um projeto de ciclismo inclusivo. “O que nós queremos é um percurso seguro por Portugal fora, que dê para todos”, disse Ana Santos à SIC. Um desses modelos é adaptável a uma cadeira de rodas. Para paraplégicos, o movimento da pedalada é feito pelos braços, com assistência elétrica.

Numa bicicleta tandem (de dois lugares), andou a atleta paralímpica invisual Odete Fiúza, conduzida por uma segunda pessoa.

A atleta acabou por ser vítima de um dos “pontos negros” assinalados no percurso, caindo após passar um degrau no meio da ciclovia da frente ribeirinha de Lisboa. Apesar do aparato da queda, nada mais aconteceu:

Sem pudores, o grupo de seis investigadores que leva a cabo esta volta a Portugal usa bicicletas elétricas. O motor só funciona quando se está a pedalar, mas o esforço é menor. “Porque não se chega transpirado ao local de trabalho, porque resolve o problema de quem tem percursos com subidas”, uma opção a considerar em deslocações diárias para percursos maiores ou com maior declive. Vai uma volta?

“O calor abrasador e a pressa de chegar”, cantavam os Peste & Sida. Não tarda, verão adentro, as filas de trânsito na ponte 25 de Abril vão continuar ao fim de semana, quando os lisboetas procurarem os praias da Costa. Eis uma alternativa “É o melhor percurso para o jovens irem para a praia, a partir do momento em que estão de férias, e de forma autónoma, sem os pais: atravessarem o rio no ferry da Transtejo e irem para a Costa de bicicleta porque têm ciclovia mesmo até à costa”. O convite de Ana Santos, professora da Faculdade de Motricidade Humana, estende-se a toda da família. E a qualquer tipo de bicicleta, incluindo as elétricas. Pedalar é uma atividade física, faz bem à saúde, já se sabe, e pode ser uma alternativa para viagens diárias, complementada com o uso de transportes públicos, como o comboio ou o barco, no caso da travessia do Tejo. São estes os principais objetivos do projeto “Dar a Volta”, idealizado por Ana Santos, que vai pedalar por todo o país e que partiu para a estrada recentemente - aliás, neste fim de semana continua entre Setúbal, Sines e Odemira. O percurso de Lisboa à Costa da Caparica fez parte da primeira etapa, a 26 de abril, que a SIC também experimentou, de bicicleta, até Setúbal (nota: a segunda parte a viagem será aqui relatada amanhã).

As obras no Eixo Central são exemplo recente da expansão da rede de ciclovias na capital, cada vez mais focada no dia-a-dia, além do lazer. “Demorei menos de casa até aqui do que teria demorado se viesse de automóvel”: de Telheiras ao Marquês de Pombal, o secretário de Estado da Juventude e Desporto contou menos de 15 minutos, em hora de ponta - “e sem grande esforço”. “De carro nunca demoro menos de 22 ou 25 minutos, de casa à Secretaria de Estado (Av. 5 de Outubro)”. João Paulo Rebelo foi um dos decisores políticos que fez parte desta etapa inaugural. Partida simbólica do Marquês de Pombal (tal como a 1ª Volta de Portugal, há 90 anos), o pelotão desceu pela lateral da Avenida da Liberdade, que é marcada como via partilhada e com limite de velocidade a 30km/h. Dos Restauradores à Praça do Comércio não há ainda nenhuma delimitação exclusiva às bicicletas, que neste caso circulam a par do restante tráfego.

“Há uma ligeira incongruência”, aponta Ana Santos. Já da zona do Cais do Sodré até Belém, há uma ciclovia “bem marcada”, ainda que com algumas diferenças no piso e “interrompida” na Doca de Santo Amaro - aqui é obrigatório “desmontar” e levar a bicicleta à mão ao passar os restaurantes. Opção para se chegar ao Cais do Sodré e evitar pedalar entre os automóveis pode ser o Metro, que permite o transporte gratuito de bicicletas, com algumas condições - e levá-las de barco para a outra margem também não custa mais que um bilhete normal, ainda que a Transtejo também imponha algumas restrições na maior parte das ligações.

Do Cais do Sodré a Belém são cerca de 5,5km, planos, que não demorarão mais de meia hora a pedalar a uma velocidade de passeio. O ferry que parte da estação fluvial de Belém, junto ao novo MAAT, leva-nos à Trafaria noutros 25 minutos. E daí em diante há mais 4km até à Praia de Santo António, com pouca inclinação e sempre em ciclovia (que continua delineada à beira mar até à chamada Nova Praia).

“É uma via segura, apesar de já não ter manutenção há muito tempo”, diz a professora. Há alguns troços deste percurso com ar abandonado, buracos no pavimento ou demasiada areia. “Mas mesmo em estrada é um percurso seguro”, garante Ana Santos. A ciclovia vira para as praias junto ao Parque Urbano - “é um caso raro de boa sinalização vertical” -, mas é possível continuar em frente e em segurança pela estrada, que tem duas vias para cada sentido, até à saída da localidade. Daí em diante, rumo à Fonte da Telha, a estrada fica mais estreita e com bermas em mau estado - ou ocupadas por carros estacionados no verão. Em dias de maior afluência às praias, esta parte do percurso reserva-se assim aos mais experientes no uso da bicicleta em meio urbano. Para estes, os mais afoitos, há um brinde: um atalho por uma estrada florestal interdita ao trânsito, que atravessa a Mata Nacional dos Medos.

Bicicletas para todos, todos de bicicleta A Faculdade de Motricidade Humana aproveitou o pretexto da primeira etapa de “Dar a Volta” para mostrar dois modelos especiais de um projeto de ciclismo inclusivo. “O que nós queremos é um percurso seguro por Portugal fora, que dê para todos”, disse Ana Santos à SIC. Um desses modelos é adaptável a uma cadeira de rodas. Para paraplégicos, o movimento da pedalada é feito pelos braços, com assistência elétrica.

Numa bicicleta tandem (de dois lugares), andou a atleta paralímpica invisual Odete Fiúza, conduzida por uma segunda pessoa.

A atleta acabou por ser vítima de um dos “pontos negros” assinalados no percurso, caindo após passar um degrau no meio da ciclovia da frente ribeirinha de Lisboa. Apesar do aparato da queda, nada mais aconteceu:

Sem pudores, o grupo de seis investigadores que leva a cabo esta volta a Portugal usa bicicletas elétricas. O motor só funciona quando se está a pedalar, mas o esforço é menor. “Porque não se chega transpirado ao local de trabalho, porque resolve o problema de quem tem percursos com subidas”, uma opção a considerar em deslocações diárias para percursos maiores ou com maior declive. Vai uma volta?

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