João Paulo Rebelo: situação do Aves “coloca em causa a própria verdade desportiva”

25-07-2020
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João Paulo Rebelo mostrou-se muito preocupado com as dificuldades financeiras do Desportivo das Aves e sublinhou que, estando em causa a presença de um clube em jogos do campeonato, é a “própria verdade desportiva” que fica comprometida. O governante falou com a EXAME para um trabalho sobre o impacto da Covid-19 no futebol, que será publicado na edição de agosto da revista.

“É uma matéria que, mais até do que à Federação, diz respeito à própria Liga e às regras e aos regulamentos da sua competição”, começa por dizer, reconhecendo, contudo, que não pode deixar de manifestar “muita apreensão”. “Quando um clube ameaça não cumprir os seus calendários desportivos e não comparecer, coloca em causa a própria verdade desportiva e implica com toda a competição.”

Perante este caso, o secretário de Estado diz ter solicitado ao Instituto Português do Desporto e Juventude uma análise ao regime jurídico que tutela as sociedades desportivas, de forma a perceber o que pode ser feito do ponto de vista legislativo.

O que pode essa mudança trazer? “Obviamente que passará sempre por sermos muito mais rigorosos na validação de condições financeiras, fair play financeiro e cumprimento de regras pelos clubes, que têm de dar mais garantias”, adianta à EXAME.

Embora lembre que cabe à Liga regulamentar a competição, “dada a importância do futebol – envolve um grande número de pessoas e tem grande impacto social e económico – o Governo não se pode alhear”, garante.

O desporto não é um sector pária e não foi deixado para trás João Paulo Rebelo

Para além de estudar este tipo de atuação preventiva, o Governo não planeia mais medidas de apoio ao setor. “As SAD usufruíram de todas as medidas de apoio à economia, como o lay-off simplificado e as moratórias. A determinada altura pedi essa informação e percebemos que havia dezenas, acho que passava a centena, de clubes no país que aderiram a essas medidas”, diz João Paulo Rebelo. “O desporto não é um sector pária e não foi deixado para trás.”

A entrevista ao secretário de Estado fará parte de um trabalho mais alargado sobre o impacto da Covid-19 na economia do futebol português e internacional, que poderá ser lido na edição de agosto da revista EXAME.

Recorde-se que o Desportivo das Aves disse não ter condições para participar nas últimas duas jornadas do campeonato, contra o Benfica e o Portimonense. Problemas financeiros antigos juntaram-se à crise provocada pela pandemia. Já com a despromoção garantida, o Aves tem salários em atraso há três meses, não pagou o seguro de acidentes de trabalho e tem acumulado rescisões por justa causa de vários jogadores. A SAD chegou mesmo a cancelar os treinos do clube e a suspender os testes obrigatórios à Covid-19.

O caso ganhou contornos mais bizarros, quando a poucas horas do início do jogo com o Benfica, desapareceram as chaves do autocarro do Aves e os jogadores tiveram de se deslocar em carros particulares. No início da partida, como protesto, os atletas não se mexeram durante o primeiro minuto do jogo.

Entretanto, a GNR rebocou ontem esse mesmo autocarro e arrestou outros bens do estádio do Aves, no seguimento de uma providência cautelar da construtora Engimov à SAD do clube. Segundo a Lusa, foram penhoradas, cadeiras, uma secretária e uma televisão.

Este é mais um de muitos casos que têm marcado o futebol português nos últimos anos de conflito entre as SAD e os clubes, normalmente após a entrada de investidores, através de operações frequentemente rodeadas de alguma opacidade. Alguns desses conflitos obrigaram clubes históricos – Beira-Mar, Leiria, Atlético e a cisão no Belenenses – a terem de se reconstruir nas distritais. No caso do Aves, a maioria de capital da SAD é, desde 2015, detida pela empresa de capitais chineses “Galaxy Believers”.

João Paulo Rebelo mostrou-se muito preocupado com as dificuldades financeiras do Desportivo das Aves e sublinhou que, estando em causa a presença de um clube em jogos do campeonato, é a “própria verdade desportiva” que fica comprometida. O governante falou com a EXAME para um trabalho sobre o impacto da Covid-19 no futebol, que será publicado na edição de agosto da revista.

“É uma matéria que, mais até do que à Federação, diz respeito à própria Liga e às regras e aos regulamentos da sua competição”, começa por dizer, reconhecendo, contudo, que não pode deixar de manifestar “muita apreensão”. “Quando um clube ameaça não cumprir os seus calendários desportivos e não comparecer, coloca em causa a própria verdade desportiva e implica com toda a competição.”

Perante este caso, o secretário de Estado diz ter solicitado ao Instituto Português do Desporto e Juventude uma análise ao regime jurídico que tutela as sociedades desportivas, de forma a perceber o que pode ser feito do ponto de vista legislativo.

O que pode essa mudança trazer? “Obviamente que passará sempre por sermos muito mais rigorosos na validação de condições financeiras, fair play financeiro e cumprimento de regras pelos clubes, que têm de dar mais garantias”, adianta à EXAME.

Embora lembre que cabe à Liga regulamentar a competição, “dada a importância do futebol – envolve um grande número de pessoas e tem grande impacto social e económico – o Governo não se pode alhear”, garante.

O desporto não é um sector pária e não foi deixado para trás João Paulo Rebelo

Para além de estudar este tipo de atuação preventiva, o Governo não planeia mais medidas de apoio ao setor. “As SAD usufruíram de todas as medidas de apoio à economia, como o lay-off simplificado e as moratórias. A determinada altura pedi essa informação e percebemos que havia dezenas, acho que passava a centena, de clubes no país que aderiram a essas medidas”, diz João Paulo Rebelo. “O desporto não é um sector pária e não foi deixado para trás.”

A entrevista ao secretário de Estado fará parte de um trabalho mais alargado sobre o impacto da Covid-19 na economia do futebol português e internacional, que poderá ser lido na edição de agosto da revista EXAME.

Recorde-se que o Desportivo das Aves disse não ter condições para participar nas últimas duas jornadas do campeonato, contra o Benfica e o Portimonense. Problemas financeiros antigos juntaram-se à crise provocada pela pandemia. Já com a despromoção garantida, o Aves tem salários em atraso há três meses, não pagou o seguro de acidentes de trabalho e tem acumulado rescisões por justa causa de vários jogadores. A SAD chegou mesmo a cancelar os treinos do clube e a suspender os testes obrigatórios à Covid-19.

O caso ganhou contornos mais bizarros, quando a poucas horas do início do jogo com o Benfica, desapareceram as chaves do autocarro do Aves e os jogadores tiveram de se deslocar em carros particulares. No início da partida, como protesto, os atletas não se mexeram durante o primeiro minuto do jogo.

Entretanto, a GNR rebocou ontem esse mesmo autocarro e arrestou outros bens do estádio do Aves, no seguimento de uma providência cautelar da construtora Engimov à SAD do clube. Segundo a Lusa, foram penhoradas, cadeiras, uma secretária e uma televisão.

Este é mais um de muitos casos que têm marcado o futebol português nos últimos anos de conflito entre as SAD e os clubes, normalmente após a entrada de investidores, através de operações frequentemente rodeadas de alguma opacidade. Alguns desses conflitos obrigaram clubes históricos – Beira-Mar, Leiria, Atlético e a cisão no Belenenses – a terem de se reconstruir nas distritais. No caso do Aves, a maioria de capital da SAD é, desde 2015, detida pela empresa de capitais chineses “Galaxy Believers”.

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