Palco do Andrew: Diogo Infante regressa aos palcos com "Rei Édipo"

06-01-2020
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A história de Édipo foi escrita por Sófocles quatro séculos antes da era de Cristo e fala-nos do homem que mata o pai e se casa com a própria mãe, dela gerando quatro filhos que a sorte – ou os deuses – amaldiçoarão durante gerações. E é esta história que sobe amanhã, às 21h30, ao palco do Teatro Nacional D. Maria II (TNDM II), em Lisboa, numa encenação de Jorge Silva Melo e com Diogo Infante no principal papel. O actor – e também director artístico do TNDM II – reservou para si o protagonismo de uma peça que considera ser um desafio para qualquer intérprete e uma personagem com a qual diz ter mais em comum do que Hamlet, que interpretou em 2007, quando era director do Maria Matos. "Tal como o Édipo, também procuro conhecer-me e perceber as circunstâncias que me rodeiam, quaisquer que elas sejam", explica, acrescentando que convidou Silva Melo para o dirigir, pela primeira vez na sua carreira, depois de ver "o magnífico Pirandello" que este fez no Nacional em 2008 (a peça "Esta Noite Improvisa-se"). Ao receber o convite para dirigir esta peça, Jorge Silva Melo diz que achou que o actor, chegado à maturidade, estava na idade certa para o fazer, e só colocou uma condição: a de poder reescrever o texto. "O meu problema com os clássicos é o verso muito longo – uma tradição que chega aos nossos dias desde o Romantismo, desde o Victor Hugo – e que procurei atenuar", conta Silva Melo. Com Lia Gama no papel de Jocasta e Virgílio Castelo como Creonte – qualquer deles com interpretações imaculadas – pode dizer-se que o coro – composto por 25 actores – é o segundo protagonista do espectáculo, um coro inteiramente masculino, andrajoso (figurinos de Rita Lopes Alves), que se movimenta livremente tanto pelo palco como pela plateia e parece envolver o público na acção e nos comentários que tece sobre o drama. O cenário, também de Rita Lopes Alves, em declive, sugere a existência de um palácio mas parece inacabado – uma estética rude tanto do agrado de Silva Melo e que no caso presente faz um contraste interessante com o brilho da Sala Garrett. No cômputo geral, este é um "Rei Édipo" musical e coreográfico, que Silva Melo dirigiu qual maestro de orquestra, num todo orgânico a que se assiste maravilhado e sem emoção excessiva. O patético do texto – o seu lado mais comovente, de sofrimento quase insuportável – foi inteligentemente atenuado pelo encenador, que imprimiu um ritmo acelerado à acção e às palavras, cuspidas pelos actores com virilidade. Para ver até 28 de Março.Fonte: CM


A história de Édipo foi escrita por Sófocles quatro séculos antes da era de Cristo e fala-nos do homem que mata o pai e se casa com a própria mãe, dela gerando quatro filhos que a sorte – ou os deuses – amaldiçoarão durante gerações. E é esta história que sobe amanhã, às 21h30, ao palco do Teatro Nacional D. Maria II (TNDM II), em Lisboa, numa encenação de Jorge Silva Melo e com Diogo Infante no principal papel. O actor – e também director artístico do TNDM II – reservou para si o protagonismo de uma peça que considera ser um desafio para qualquer intérprete e uma personagem com a qual diz ter mais em comum do que Hamlet, que interpretou em 2007, quando era director do Maria Matos. "Tal como o Édipo, também procuro conhecer-me e perceber as circunstâncias que me rodeiam, quaisquer que elas sejam", explica, acrescentando que convidou Silva Melo para o dirigir, pela primeira vez na sua carreira, depois de ver "o magnífico Pirandello" que este fez no Nacional em 2008 (a peça "Esta Noite Improvisa-se"). Ao receber o convite para dirigir esta peça, Jorge Silva Melo diz que achou que o actor, chegado à maturidade, estava na idade certa para o fazer, e só colocou uma condição: a de poder reescrever o texto. "O meu problema com os clássicos é o verso muito longo – uma tradição que chega aos nossos dias desde o Romantismo, desde o Victor Hugo – e que procurei atenuar", conta Silva Melo. Com Lia Gama no papel de Jocasta e Virgílio Castelo como Creonte – qualquer deles com interpretações imaculadas – pode dizer-se que o coro – composto por 25 actores – é o segundo protagonista do espectáculo, um coro inteiramente masculino, andrajoso (figurinos de Rita Lopes Alves), que se movimenta livremente tanto pelo palco como pela plateia e parece envolver o público na acção e nos comentários que tece sobre o drama. O cenário, também de Rita Lopes Alves, em declive, sugere a existência de um palácio mas parece inacabado – uma estética rude tanto do agrado de Silva Melo e que no caso presente faz um contraste interessante com o brilho da Sala Garrett. No cômputo geral, este é um "Rei Édipo" musical e coreográfico, que Silva Melo dirigiu qual maestro de orquestra, num todo orgânico a que se assiste maravilhado e sem emoção excessiva. O patético do texto – o seu lado mais comovente, de sofrimento quase insuportável – foi inteligentemente atenuado pelo encenador, que imprimiu um ritmo acelerado à acção e às palavras, cuspidas pelos actores com virilidade. Para ver até 28 de Março.Fonte: CM

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