Público acusa publisher do Observador de “hipocrisia” e repudia “insinuação” de que faz fretes ao Governo

01-06-2020
marcar artigo

O programa de ajuda do Governo aos media já passou da troca de críticas entre os órgãos de comunicação social e o Ministério da Cultura para troca de acusações entre os próprios jornais. Depois de José Manuel Fernandes ter vindo defender que o Observador tinha sido penalizado por não receber recados do Governo, a direção do "Público" quis rejeitar qualquer “insinuação” de que tenha recebido mais dinheiro por fazer fretes, e defende mesmo que a posição do concorrente está a ser marcada por hipocrisia.

Num texto publicado na edição desta sexta-feira, a direção de Manuel Carvalho acusa a direção de José Manuel Fernandes de ter colocado a questão das ajudas de 15 milhões (através de compra antecipada de publicidade institucional) no campo da independência dos jornais face ao Governo, que distribui as verbas. As maiores empresas de media, como a Impresa (dona do Expresso), levam a maior fatia, sendo que o Observador e o Eco – com direito a 90,6 mil euros (valor revisto em alta face aos 19,9 mil inicialmente apontados) e de 18,9 mil respetivamente – decidiram rejeitar o dinheiro por discordarem do modelo de divisão do mesmo.

“José Manuel Fernandes, publisher do Observador, chega a explicar a penalização (sem aspas) do seu jornal com o facto de ‘não receber recados’ do Governo, o que por inerência coloca todos os outros jornais na situação oposta — pela insinuação de J.M.F., todos os outros órgãos de comunicação social tiveram direito a fatias maiores de publicidade por supostamente aceitarem esses ‘recados’”, escreve a direção editorial do "Público", sobre uma opinião de um ex-diretor da publicação (aliás, Manuel Carvalho integrava a direção de José Manuel Fernandes).

Na rádio Observador, José Manuel Fernandes disse que por não passar recados, por ser incómodo e por não alinhar com o Governo foi objeto de discriminação. “O dinheiro em Portugal compra quase tudo”, acrescentou, lembrando a “velha máxima: quem se mete com o PS, leva”.

“Merece total repúdio da nossa parte qualquer insinuação de que o 'Público' recebeu 2.1% das verbas do programa porque faz fretes ao Governo”, continua a liderança do jornal do Grupo Sonae. O "Público" terá direito a 314,9 mil euros ao abrigo deste programa de 15 milhões, criado para responder à perda de receitas por conta da covid-19. “Não seriam nunca 320 mil euros de publicidade do Governo a alterar o nosso posicionamento, como não seria qualquer pacote de compra de publicidade feita por um banco ou por um construtor automóvel”, acrescenta ainda o jornal.

O programa, anunciado há um mês, só esta semana deu um novo passo, com o anúncio da distribuição das verbas. Logo se gerou uma polémica, contra o modelo e contra os resultados. O Governo, neste dossiê representado pelo secretário de Estado Nuno Artur Silva, não compreende as críticas, por todos conhecerem o sistema definido para a divisão da publicidade.

“Público” preferia outro modelo

Na sua nota, o "Público" lembra que não defende ajudas públicas e que nunca as pediu. “Mas, atendendo à crise estrutural que o sector vive e que foi agravada pela covid-19, o 'Público' não recusou liminarmente a possibilidade de haver medidas excecionais para a comunicação social, à semelhança do que aconteceu em vários países da União Europeia. Por isso, participou na discussão do programa de publicidade do Governo, como todos os jornais fizeram. Por isso defendeu fórmulas e medidas que não tiveram cabimento na decisão final, como todos, incluindo o Observador, fizeram”, sublinha.

O Observador tem vindo a pedir para que sejam divulgados os números de receitas que estiveram na base de distribuição da compra de publicidade institucional e diz que sempre conheceu os critérios do Governo, mas que a eles se opôs sempre. Mesmo assim, esperou pelo resultado, como disse José Manuel Fernandes ao Expresso.

“É aqui que se torna indispensável sublinhar a hipocrisia do Observador, que só recusa a compra de publicidade, que sempre pôde denunciar como uma ajuda direta, depois de conhecer as quotas da sua distribuição”, aponta, mais uma vez, a direção editorial do "Público": “A partir do momento em que decidiu ir a jogo, o 'Público' dispôs-se a aceitar o resultado final”.

“Mesmo contestando os critérios, censurando benefícios imerecidos de alguns ou penalizações injustas a outros, não nos parece fazer sentido agora questionar a quota parte de publicidade que nos cabe, ou até recusá-la, simplesmente porque não se ajusta aos nossos desejos ou não cumpre as nossas expectativas”, aponta ainda o jornal.

Aliás, o "Público" lança imensas críticas ao programa, desde logo por “colocar em igualdade de circunstâncias jornalismo e entretenimento”, por se basear em critérios quantitativos que “são, para lá de confusos, opacos e exigem que toda a informação”, bem como por tanto premiar a “incompetência e a má gestão como penaliza(r) fórmulas mais inovadoras de jornalismo”.

(Notícia corrigida para alterar percentagem das verbas atribuídas ao "Público" no âmbito do programa)

O programa de ajuda do Governo aos media já passou da troca de críticas entre os órgãos de comunicação social e o Ministério da Cultura para troca de acusações entre os próprios jornais. Depois de José Manuel Fernandes ter vindo defender que o Observador tinha sido penalizado por não receber recados do Governo, a direção do "Público" quis rejeitar qualquer “insinuação” de que tenha recebido mais dinheiro por fazer fretes, e defende mesmo que a posição do concorrente está a ser marcada por hipocrisia.

Num texto publicado na edição desta sexta-feira, a direção de Manuel Carvalho acusa a direção de José Manuel Fernandes de ter colocado a questão das ajudas de 15 milhões (através de compra antecipada de publicidade institucional) no campo da independência dos jornais face ao Governo, que distribui as verbas. As maiores empresas de media, como a Impresa (dona do Expresso), levam a maior fatia, sendo que o Observador e o Eco – com direito a 90,6 mil euros (valor revisto em alta face aos 19,9 mil inicialmente apontados) e de 18,9 mil respetivamente – decidiram rejeitar o dinheiro por discordarem do modelo de divisão do mesmo.

“José Manuel Fernandes, publisher do Observador, chega a explicar a penalização (sem aspas) do seu jornal com o facto de ‘não receber recados’ do Governo, o que por inerência coloca todos os outros jornais na situação oposta — pela insinuação de J.M.F., todos os outros órgãos de comunicação social tiveram direito a fatias maiores de publicidade por supostamente aceitarem esses ‘recados’”, escreve a direção editorial do "Público", sobre uma opinião de um ex-diretor da publicação (aliás, Manuel Carvalho integrava a direção de José Manuel Fernandes).

Na rádio Observador, José Manuel Fernandes disse que por não passar recados, por ser incómodo e por não alinhar com o Governo foi objeto de discriminação. “O dinheiro em Portugal compra quase tudo”, acrescentou, lembrando a “velha máxima: quem se mete com o PS, leva”.

“Merece total repúdio da nossa parte qualquer insinuação de que o 'Público' recebeu 2.1% das verbas do programa porque faz fretes ao Governo”, continua a liderança do jornal do Grupo Sonae. O "Público" terá direito a 314,9 mil euros ao abrigo deste programa de 15 milhões, criado para responder à perda de receitas por conta da covid-19. “Não seriam nunca 320 mil euros de publicidade do Governo a alterar o nosso posicionamento, como não seria qualquer pacote de compra de publicidade feita por um banco ou por um construtor automóvel”, acrescenta ainda o jornal.

O programa, anunciado há um mês, só esta semana deu um novo passo, com o anúncio da distribuição das verbas. Logo se gerou uma polémica, contra o modelo e contra os resultados. O Governo, neste dossiê representado pelo secretário de Estado Nuno Artur Silva, não compreende as críticas, por todos conhecerem o sistema definido para a divisão da publicidade.

“Público” preferia outro modelo

Na sua nota, o "Público" lembra que não defende ajudas públicas e que nunca as pediu. “Mas, atendendo à crise estrutural que o sector vive e que foi agravada pela covid-19, o 'Público' não recusou liminarmente a possibilidade de haver medidas excecionais para a comunicação social, à semelhança do que aconteceu em vários países da União Europeia. Por isso, participou na discussão do programa de publicidade do Governo, como todos os jornais fizeram. Por isso defendeu fórmulas e medidas que não tiveram cabimento na decisão final, como todos, incluindo o Observador, fizeram”, sublinha.

O Observador tem vindo a pedir para que sejam divulgados os números de receitas que estiveram na base de distribuição da compra de publicidade institucional e diz que sempre conheceu os critérios do Governo, mas que a eles se opôs sempre. Mesmo assim, esperou pelo resultado, como disse José Manuel Fernandes ao Expresso.

“É aqui que se torna indispensável sublinhar a hipocrisia do Observador, que só recusa a compra de publicidade, que sempre pôde denunciar como uma ajuda direta, depois de conhecer as quotas da sua distribuição”, aponta, mais uma vez, a direção editorial do "Público": “A partir do momento em que decidiu ir a jogo, o 'Público' dispôs-se a aceitar o resultado final”.

“Mesmo contestando os critérios, censurando benefícios imerecidos de alguns ou penalizações injustas a outros, não nos parece fazer sentido agora questionar a quota parte de publicidade que nos cabe, ou até recusá-la, simplesmente porque não se ajusta aos nossos desejos ou não cumpre as nossas expectativas”, aponta ainda o jornal.

Aliás, o "Público" lança imensas críticas ao programa, desde logo por “colocar em igualdade de circunstâncias jornalismo e entretenimento”, por se basear em critérios quantitativos que “são, para lá de confusos, opacos e exigem que toda a informação”, bem como por tanto premiar a “incompetência e a má gestão como penaliza(r) fórmulas mais inovadoras de jornalismo”.

(Notícia corrigida para alterar percentagem das verbas atribuídas ao "Público" no âmbito do programa)

marcar artigo