Covid-19. Hospitais privados e do SNS cedem 67 camas a doentes do Tâmega e Sousa

06-11-2020
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Tudo acalmou em Penafiel para receber a visita da Ministra da Saúde, Marta Temido, durante a manhã desta sexta-feira nas instalações do Hospital Padre Américo. Não há qualquer doente com covid-19 internado no serviço de urgência, onde há dias chegaram a estar 38 doentes, por falta de vaga nos restantes serviços, lotados. No total, esta sexta-feira estão 169 doentes internados - dez em cuidados intensivos - no hospital que há três dias anunciava ter atingido o pico de 235 infetados em internamento, para um total de cerca de 450 camas.

A ministra admitiu “algum alívio, fruto de um conjunto de transferências nos últimos dias”. Na verdade, mais de 40 doentes foram transferidos do hospital de Penafiel para outras unidades de saúde, como o Hospital Militar e hospital da Universidade Fernando Pessoa, mas também para hospitais do Serviço Nacional de Saúde, “desde o Centro Hospitalar de Trás os Montes e Alto Douro, até às unidades de Saúde do Nordeste e do Alto Minho, Hospital de Braga, Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Hospital de São João”, explicou a ministra aos jornalistas. Esta semana foi também transferido um doente para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Numa outra situação, foi preciso transferir para Viseu um paciente que necessitava de cuidados intensivos e que chegou a estar temporariamente internado na sala de emergência do serviço de urgência.

O Expresso sabe que esta semana Marta Temido entrou em contacto com os hospitais da região norte, procurando sensibilizá-los a cederem camas para transferência de doentes provenientes do CHTS. Garante agora que “todas as unidades de saúde da região colaboraram ativamente”. O Hospital de Gaia e Espinho e o Hospital de Braga, por exemplo, aumentaram a sua disponibilidade de dez para 20 camas cada um.

Ao Expresso, o Ministério da Saúde garante que “o CHTS vai poder contar com mais 47 camas do SNS, às quais ainda se vão adicionar mais dez do Hospital da Universidade Fernando Pessoa (passando assim a 30) e outras tantas dez do Hospital Militar (somando agora 20), perfazendo mais 67 camas”.

Situação da urgência era insustentável

Durante duas semanas, o hospital de Penafiel, quer serve alguns dos concelhos mais afetados pela pandemia em Portugal - como Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras - teve uma enorme pressão no serviço de urgência. Relatos de profissionais de saúde denunciam o caos na ala dos doentes com sintomas respiratórios, em que o enorme fluxo levou a que o tempo de espera aumentasse a ponto de, em alguns casos, “pessoas esperarem 12 horas pela primeira observação médica”, conta ao Expresso um enfermeiro que pediu para manter o anonimato. Rapidamente, os serviços de internamento ficaram lotados e os doentes, internados e covid positivos, mantinham-se na urgência à espera de vaga, muitas vezes ao lado de doentes que ainda aguardavam o resultado dos testes de diagnóstico para a doença.

“Se alguém nos pede um copo de água e entretanto aparece um caso mais grave, a pessoa acaba por ficar esquecida, é verdade. Não conseguimos mesmo dar resposta”, admitia o mesmo enfermeiro, numa conversa com o Expresso na tarde de quinta-feira, em que já admitiu sentir-se algum alívio nos doentes internados ali, “que já não deveriam ficar aos nossos cuidados, mas ficam, para além dos doentes com doença aguda”, acrescentava ainda, denunciando falta de profissionais para tanta solicitação, quando o número dos infetados não permite manter as horas de descanso entre turnos que seriam desejáveis.

Em declarações ao Expresso, António Araújo, da secção do norte da Ordem dos Médicos, sublinha o mesmo facto. “O serviço de medicina tinha, na semana passada, praticamente metade dos médicos ou infetados ou de quarentena. Têm metade do pessoal para quase o triplo de camas que o serviço deveria ter e estão muito desesperados”, conta, ao mesmo tempo que põe a tónica na classe dos enfermeiros: “o pessoal de enfermagem tem um acréscimo de trabalho imenso e também eles têm uma redução de profissionais grande”.

Mais médicos e 500 metros quadrados de alívio

Após um pedido de ajuda da administração do Hospital Padre Américo, dirigindo-se à ARS Norte e ao Ministério da Saúde, foi conhecido o esforço de recrutar médicos para reforçar o serviço de urgência daquele hospital com médicos especialistas em Medicina Geral e Familiar. “Aguardamos que estes possam responder ao solicitado pelo Presidente do Conselho Diretivo da ARSN no sentido de dedicarem algumas horas, em sistema rotativo e enquanto a procura o justificar”, esclarece o Ministério da Saúde ao Expresso, sem que sejam ainda conhecidos números de quantos profissionais serão para lá destacados.

Em comunicado, o hospital diz que, com a instalação, esta quinta-feira, de um hospital de campanha e de um sistema de drive-thru para a realização de testes covid, foi possível “agilizar melhor circuitos dentro da urgência numa fase crítica”. A partir deste fim de semana, ficará instalada uma estrutura exterior de apoio à urgência, com cerca de 500 metros quadrados, para apoio ao movimento sentido nesta que é a segunda maior urgência do Norte do país.

Tudo acalmou em Penafiel para receber a visita da Ministra da Saúde, Marta Temido, durante a manhã desta sexta-feira nas instalações do Hospital Padre Américo. Não há qualquer doente com covid-19 internado no serviço de urgência, onde há dias chegaram a estar 38 doentes, por falta de vaga nos restantes serviços, lotados. No total, esta sexta-feira estão 169 doentes internados - dez em cuidados intensivos - no hospital que há três dias anunciava ter atingido o pico de 235 infetados em internamento, para um total de cerca de 450 camas.

A ministra admitiu “algum alívio, fruto de um conjunto de transferências nos últimos dias”. Na verdade, mais de 40 doentes foram transferidos do hospital de Penafiel para outras unidades de saúde, como o Hospital Militar e hospital da Universidade Fernando Pessoa, mas também para hospitais do Serviço Nacional de Saúde, “desde o Centro Hospitalar de Trás os Montes e Alto Douro, até às unidades de Saúde do Nordeste e do Alto Minho, Hospital de Braga, Centro Hospitalar e Universitário do Porto, Hospital de São João”, explicou a ministra aos jornalistas. Esta semana foi também transferido um doente para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Numa outra situação, foi preciso transferir para Viseu um paciente que necessitava de cuidados intensivos e que chegou a estar temporariamente internado na sala de emergência do serviço de urgência.

O Expresso sabe que esta semana Marta Temido entrou em contacto com os hospitais da região norte, procurando sensibilizá-los a cederem camas para transferência de doentes provenientes do CHTS. Garante agora que “todas as unidades de saúde da região colaboraram ativamente”. O Hospital de Gaia e Espinho e o Hospital de Braga, por exemplo, aumentaram a sua disponibilidade de dez para 20 camas cada um.

Ao Expresso, o Ministério da Saúde garante que “o CHTS vai poder contar com mais 47 camas do SNS, às quais ainda se vão adicionar mais dez do Hospital da Universidade Fernando Pessoa (passando assim a 30) e outras tantas dez do Hospital Militar (somando agora 20), perfazendo mais 67 camas”.

Situação da urgência era insustentável

Durante duas semanas, o hospital de Penafiel, quer serve alguns dos concelhos mais afetados pela pandemia em Portugal - como Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras - teve uma enorme pressão no serviço de urgência. Relatos de profissionais de saúde denunciam o caos na ala dos doentes com sintomas respiratórios, em que o enorme fluxo levou a que o tempo de espera aumentasse a ponto de, em alguns casos, “pessoas esperarem 12 horas pela primeira observação médica”, conta ao Expresso um enfermeiro que pediu para manter o anonimato. Rapidamente, os serviços de internamento ficaram lotados e os doentes, internados e covid positivos, mantinham-se na urgência à espera de vaga, muitas vezes ao lado de doentes que ainda aguardavam o resultado dos testes de diagnóstico para a doença.

“Se alguém nos pede um copo de água e entretanto aparece um caso mais grave, a pessoa acaba por ficar esquecida, é verdade. Não conseguimos mesmo dar resposta”, admitia o mesmo enfermeiro, numa conversa com o Expresso na tarde de quinta-feira, em que já admitiu sentir-se algum alívio nos doentes internados ali, “que já não deveriam ficar aos nossos cuidados, mas ficam, para além dos doentes com doença aguda”, acrescentava ainda, denunciando falta de profissionais para tanta solicitação, quando o número dos infetados não permite manter as horas de descanso entre turnos que seriam desejáveis.

Em declarações ao Expresso, António Araújo, da secção do norte da Ordem dos Médicos, sublinha o mesmo facto. “O serviço de medicina tinha, na semana passada, praticamente metade dos médicos ou infetados ou de quarentena. Têm metade do pessoal para quase o triplo de camas que o serviço deveria ter e estão muito desesperados”, conta, ao mesmo tempo que põe a tónica na classe dos enfermeiros: “o pessoal de enfermagem tem um acréscimo de trabalho imenso e também eles têm uma redução de profissionais grande”.

Mais médicos e 500 metros quadrados de alívio

Após um pedido de ajuda da administração do Hospital Padre Américo, dirigindo-se à ARS Norte e ao Ministério da Saúde, foi conhecido o esforço de recrutar médicos para reforçar o serviço de urgência daquele hospital com médicos especialistas em Medicina Geral e Familiar. “Aguardamos que estes possam responder ao solicitado pelo Presidente do Conselho Diretivo da ARSN no sentido de dedicarem algumas horas, em sistema rotativo e enquanto a procura o justificar”, esclarece o Ministério da Saúde ao Expresso, sem que sejam ainda conhecidos números de quantos profissionais serão para lá destacados.

Em comunicado, o hospital diz que, com a instalação, esta quinta-feira, de um hospital de campanha e de um sistema de drive-thru para a realização de testes covid, foi possível “agilizar melhor circuitos dentro da urgência numa fase crítica”. A partir deste fim de semana, ficará instalada uma estrutura exterior de apoio à urgência, com cerca de 500 metros quadrados, para apoio ao movimento sentido nesta que é a segunda maior urgência do Norte do país.

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