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24-07-2020
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Passou de rosto da Proteção Civil (onde era 2ª comandante) num período trágico para o país, nos incêndio de 2017, para um gabinete do Governo, como secretária de Estado da Administração Interna. Patrícia Gaspar esteve no programa “Vichyssoise”, na rádio Observador, para uma conversa numa semana em que as condições meteorológicas a preocupam especialmente. Diz que “nem que viva cem anos” se esquecerá do que aconteceu naquele ano em que garante que nenhum outro país conseguiria ter feito diferente para evitar a tragédia. E diz que evitar uma tragédia como aquela nada tem a ver com o país em que acontece, mas com a prevenção das ignições.

Na conversa, a governante garante que a questão dos meios está resolvida mas que se não forem diminuídas as ocorrências não será isso que evitará o pior. Isto embora reconheça que nem tudo está nas mãos dos portugueses, mas também do Estado. “Quando ponho um enfoque grande no cidadão, isso não retira responsabilidade ao Estado, muito pelo contrário”, defende na entrevista onde revela que gostou mais dos tempos em que passou pelas secretas do que pela marinha.

show more

Chegados a esta altura do ano e nestas circunstâncias meteorológicas, ainda revive o que se passou em 2017, ainda tem o trauma desse período ou já o conseguiu ultrapassar?

Não lhe chamaria trauma, mas foi um ano muito marcante para todos os portugueses, para quem esteve na linha da frente ainda mais. Para mim, obviamente que sim, porque foi um ano muito atípico, muito diferente de todos os outros, com grande impacto no país e na vida dos portugueses. Estaria tentada a dizer que nem que viva mais cem anos, jamais esquecerei o que foi o ano de 2017.

Recentemente alertou para “um cenário meteorológico muito complicado” ao longo desta semana com um potencial de ocorrências de incêndios florestais “difíceis de gerir” e que se podem tornar “quase catastróficos”. Isso significa que os meios ainda não são suficientes, tem essa preocupação?

Temos neste momento e sobretudo nas próximas 48 horas um cenário meteorológico que pode potenciar o desenvolvimento de ocorrências que podem ganhar dimensão quase catastrófica. Incêndio bom é aquele que não acontece e o grande desafio destas 48 horas, e do verão inteiro, é evitar qualquer tipo de ignição junto aos espaços florestais. Porque estas ignições a acontecerem com estas condições meteorológicas vão efetivamente poder potenciar desenvolvimentos muito complexos. Podemos ter ocorrências muito difíceis de combater por parte dos operacionais e isto não tem a ver com os meios.

Há uma parte aí que não é controlável que é a questão meteorológica, talvez só na parte da prevenção, mas disso também faz parte ter os meios suficientes. Ao carregar no tom deste fim de semana tem uma preocupação por trás? Se houver um problema grave não há meios?

O grande desafio não passa tanto pela gestão dos meios mas por evitar as ocorrências. Toda a estatística nos diz que mais de 90% dos incêndios tem a mão humana e podem ser evitados. E se evitarmos estas ocorrências, o dispositivo que está no seu expoente máximo (60 meios aéreos e mais de 11 mil operacionais no terreno) terá muito mais facilidade em responder. Num cenário em que as ocorrências ganhem dimensões muito complexas, se elas forem muitas, vão levar o dispositivo a um esforço completamente diferente. O dispositivo responderá tanto melhor quanto menor for o número de ocorrências. Se num cenário meteorológico de verão normal, já teremos sempre de evitar ocorrências de incêndios, num cenário como estes, isso é absolutamente imperativo.

Passou de rosto da Proteção Civil (onde era 2ª comandante) num período trágico para o país, nos incêndio de 2017, para um gabinete do Governo, como secretária de Estado da Administração Interna. Patrícia Gaspar esteve no programa “Vichyssoise”, na rádio Observador, para uma conversa numa semana em que as condições meteorológicas a preocupam especialmente. Diz que “nem que viva cem anos” se esquecerá do que aconteceu naquele ano em que garante que nenhum outro país conseguiria ter feito diferente para evitar a tragédia. E diz que evitar uma tragédia como aquela nada tem a ver com o país em que acontece, mas com a prevenção das ignições.

Na conversa, a governante garante que a questão dos meios está resolvida mas que se não forem diminuídas as ocorrências não será isso que evitará o pior. Isto embora reconheça que nem tudo está nas mãos dos portugueses, mas também do Estado. “Quando ponho um enfoque grande no cidadão, isso não retira responsabilidade ao Estado, muito pelo contrário”, defende na entrevista onde revela que gostou mais dos tempos em que passou pelas secretas do que pela marinha.

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Chegados a esta altura do ano e nestas circunstâncias meteorológicas, ainda revive o que se passou em 2017, ainda tem o trauma desse período ou já o conseguiu ultrapassar?

Não lhe chamaria trauma, mas foi um ano muito marcante para todos os portugueses, para quem esteve na linha da frente ainda mais. Para mim, obviamente que sim, porque foi um ano muito atípico, muito diferente de todos os outros, com grande impacto no país e na vida dos portugueses. Estaria tentada a dizer que nem que viva mais cem anos, jamais esquecerei o que foi o ano de 2017.

Recentemente alertou para “um cenário meteorológico muito complicado” ao longo desta semana com um potencial de ocorrências de incêndios florestais “difíceis de gerir” e que se podem tornar “quase catastróficos”. Isso significa que os meios ainda não são suficientes, tem essa preocupação?

Temos neste momento e sobretudo nas próximas 48 horas um cenário meteorológico que pode potenciar o desenvolvimento de ocorrências que podem ganhar dimensão quase catastrófica. Incêndio bom é aquele que não acontece e o grande desafio destas 48 horas, e do verão inteiro, é evitar qualquer tipo de ignição junto aos espaços florestais. Porque estas ignições a acontecerem com estas condições meteorológicas vão efetivamente poder potenciar desenvolvimentos muito complexos. Podemos ter ocorrências muito difíceis de combater por parte dos operacionais e isto não tem a ver com os meios.

Há uma parte aí que não é controlável que é a questão meteorológica, talvez só na parte da prevenção, mas disso também faz parte ter os meios suficientes. Ao carregar no tom deste fim de semana tem uma preocupação por trás? Se houver um problema grave não há meios?

O grande desafio não passa tanto pela gestão dos meios mas por evitar as ocorrências. Toda a estatística nos diz que mais de 90% dos incêndios tem a mão humana e podem ser evitados. E se evitarmos estas ocorrências, o dispositivo que está no seu expoente máximo (60 meios aéreos e mais de 11 mil operacionais no terreno) terá muito mais facilidade em responder. Num cenário em que as ocorrências ganhem dimensões muito complexas, se elas forem muitas, vão levar o dispositivo a um esforço completamente diferente. O dispositivo responderá tanto melhor quanto menor for o número de ocorrências. Se num cenário meteorológico de verão normal, já teremos sempre de evitar ocorrências de incêndios, num cenário como estes, isso é absolutamente imperativo.

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