Do Portugal Profundo: A queda dos irmãos siameses Salgado e Sócrates

01-09-2020
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«Seria um privilégio para o país poder ter o engenheiro António Guterres como Presidente da República».

António Costa em entrevista ao Público, em 20-7-2014

A queda de Ricardo Salgado arrastou a queda do seu irmão siamês José Sócrates, o «amigo» de Paris (CM, 21-10-2012). Não é uma simples coincidência, António Costa trocar Sócrates por Guterres enquando candidato presidencial, na exata altura em que Ricardo Salgado perde o controlo do poder financeiro do BES e o GES se aproxima da falência. E note-se que a ligação de António Costa à família Espírito Santo é tão estreita que tem, na câmara municipal de Lisboa, o primo direito de Ricardo, o arq.º Manuel Salgado, como o todo poderoso vereador do urbanismo. Agora, Ricardo Salgado também já não lhe serve.
Sem o músculo financeiro de Salgado, o beirão Sócrates resistirá a aplicar a sua fortuna no serviço da sua clientela. Além de que a tralha socratina sabe que é Costa, se ganhar, quem pode distribuir a quinquilharia.

O impulso da campanha de António Costa, fornecido pelos média de confiança socialista (como Eduardo Cintra Torres apontou, em 20-7-2014, no caso da SIC) deu-lhe maior confiança. Por outro lado, e ainda que, no confuso organograma das informações, se mantenha o dr. Júlio Pereira como secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), deve atender-se à substituição do juiz Antero Luís (conterrâneo de Armando Vara) como secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, cargo que coordena todas as forças de segurança, pela procuradora-geral adjunta Maria Helena Pereira Loureiro Correia Fazenda (prestigiada pela Operação Noite Branca no Porto, em 2007, e que não creio ser familiar do dirigente do Bloco de Esquerda, Luis Emídio Lopes Mateus Fazenda). E, bem ou mal, perpassa a expetativa de perda do controlo absoluto dos serviços de informação pelos responsáveis do socratismo.

A quebra desta laica aliança, assente no apoio de António Costa à candidatura de José Sócrates à eleição presidencial inevitavelmente vai abrir a guerra entre os dois clãs - a não ser que a declaração de Costa de apoio a Guterres seja uma farsa (Costa veio defender, em 22-7-2014, a antecipação do calendário das eleições legislativas para Abril de 2015). Porém, Sócrates não admite traições como esta, muito menos ser ostracizado da política durante dez anos. Mesmo que agora, preventivamente, ande desenfiado, quiçá por causa das sequelas, na região norte da América do Sul, da queda do GES...

* Imagem composta a partir daqui e dali.Limitação de responsabilidade (disclaimer): As entidades referidas nas notícias dos média, que comento, não são suspeitas ou arguidas do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade nestes casos.

«Seria um privilégio para o país poder ter o engenheiro António Guterres como Presidente da República».

António Costa em entrevista ao Público, em 20-7-2014

A queda de Ricardo Salgado arrastou a queda do seu irmão siamês José Sócrates, o «amigo» de Paris (CM, 21-10-2012). Não é uma simples coincidência, António Costa trocar Sócrates por Guterres enquando candidato presidencial, na exata altura em que Ricardo Salgado perde o controlo do poder financeiro do BES e o GES se aproxima da falência. E note-se que a ligação de António Costa à família Espírito Santo é tão estreita que tem, na câmara municipal de Lisboa, o primo direito de Ricardo, o arq.º Manuel Salgado, como o todo poderoso vereador do urbanismo. Agora, Ricardo Salgado também já não lhe serve.
Sem o músculo financeiro de Salgado, o beirão Sócrates resistirá a aplicar a sua fortuna no serviço da sua clientela. Além de que a tralha socratina sabe que é Costa, se ganhar, quem pode distribuir a quinquilharia.

O impulso da campanha de António Costa, fornecido pelos média de confiança socialista (como Eduardo Cintra Torres apontou, em 20-7-2014, no caso da SIC) deu-lhe maior confiança. Por outro lado, e ainda que, no confuso organograma das informações, se mantenha o dr. Júlio Pereira como secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), deve atender-se à substituição do juiz Antero Luís (conterrâneo de Armando Vara) como secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, cargo que coordena todas as forças de segurança, pela procuradora-geral adjunta Maria Helena Pereira Loureiro Correia Fazenda (prestigiada pela Operação Noite Branca no Porto, em 2007, e que não creio ser familiar do dirigente do Bloco de Esquerda, Luis Emídio Lopes Mateus Fazenda). E, bem ou mal, perpassa a expetativa de perda do controlo absoluto dos serviços de informação pelos responsáveis do socratismo.

A quebra desta laica aliança, assente no apoio de António Costa à candidatura de José Sócrates à eleição presidencial inevitavelmente vai abrir a guerra entre os dois clãs - a não ser que a declaração de Costa de apoio a Guterres seja uma farsa (Costa veio defender, em 22-7-2014, a antecipação do calendário das eleições legislativas para Abril de 2015). Porém, Sócrates não admite traições como esta, muito menos ser ostracizado da política durante dez anos. Mesmo que agora, preventivamente, ande desenfiado, quiçá por causa das sequelas, na região norte da América do Sul, da queda do GES...

* Imagem composta a partir daqui e dali.Limitação de responsabilidade (disclaimer): As entidades referidas nas notícias dos média, que comento, não são suspeitas ou arguidas do cometimento de qualquer ilegalidade ou irregularidade nestes casos.

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