Oito prémios para o melhor do turismo português

08-09-2020
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Já são conhecidos os grandes vencedores da primeira edição do Prémio Nacional do Turismo, uma iniciativa Expresso/BPI, que decorreu ao longo do ano, com o objetivo de destacar “casos portugueses de sucesso”, nas áreas de Alojamento, Restauração e Serviços Turísticos, a partir de mais de 450 candidaturas. Ao júri do Prémio Nacional de Turismo coube, adicionalmente, atribuir cinco prémios especiais: Turismo Responsável, Projeto Inovador, Projeto Público, Hotelaria e Carreira. O anúncio dos vencedores foi feito esta quinta-feira, na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril.

“Este caminho tem sido marcado por dois princípios: a paixão e a obsessão pela solidez.” As palavras são de Dionísio Pestana, fundador e presidente do Grupo Pestana, distinguido com o Prémio Carreira 2019, reconhecimento que considerou “uma surpresa e um incentivo para fazer melhor”. Com 47 anos de história, o maior grupo hoteleiro nacional, que em 2018 teve um volume de negócios consolidado de €434,2 milhões, prepara-se para atingir a meta de 100 hotéis, com a abertura, em janeiro, da primeira unidade em Nova Iorque. “É um marco que me deixa muito feliz e um novo passo de crescimento que resultará em mais 20 hotéis nos próximos três anos”, anuncia Dionísio Pestana.

Crescimento que é a marca de água recente do turismo em Portugal, com os “números de 2019 a surpreenderem pela positiva”, confessou o administrador do BPI, Pedro Barreto, na atribuição das distinções. O que não invalida que, numa altura em que se prevê algum abrandamento após anos de forte trajetória ascendente, seja necessário “aumentar a qualidade de oferta”, através, por exemplo, do “reforço do turismo sustentável”, apontou Francisco Pedro Balsemão, CEO do Grupo Impresa. Igualmente com os olhos no futuro está o vencedor do Prémio Nacional de Turismo para a área de Hotelaria, atribuído ao São Lourenço do Barrocal, em Monsaraz. “No Alentejo diz-se que se devem fazer olivais para os filhos e sobreirais para os netos. Por isso, a meu ver, os projetos turísticos devem seguir este princípio de continuidade e perseverança”, refere José António Uva, responsável pelo desenvolvimento deste projeto, que é muito mais do que uma unidade hoteleira: “A agricultura, o turismo e a preservação do valor ecológico da herdade funcionam em simbiose, há uma visão de longo prazo que parte da perspetiva ancestral da ocupação da herdade há 7000 anos com o menir do Barrocal, que nos guia, de ano a ano, na partilha de conhecimento.” Em jeito conclusão, afirma que “o turismo deve procurar a raiz do lugar que habita como base da sua cultura”.

Esse foi também o caminho trilhado pela Aldeia da Cuada, projeto vencedor do Prémio Alojamento Local. Liderado por Teotónia e Carlos Silva, o projeto açoriano conseguiu, não só contrariar a insularidade como a desertificação populacional. Abandonadas, as tradicionais casas rurais de pedra foram recuperadas e transformadas em unidades de alojamento, onde não falta um restaurante recheado de produtos de origem local. “A Aldeia da Cuada é um lugar à medida do isolamento da ilha das Flores”, afirmam os mentores do projeto.

Um outro cenário natural único, este com uns habitantes muito especiais, fez nascer a Vertigem Azul, empresa pioneira na observação da população de golfinhos do estuário do Sado. Criado em 1998 por Maria João Fonseca e Pedro Narra, o projeto vencedor do Prémio Serviços Turísticos mantém o objetivo de “contribuir para o desenvolvimento de atividades turísticas de qualidade, integradas em plena harmonia e contacto com a natureza”.

Na mesma linha de pensamento, o “Desperdício Zero”, é um dos pilares do vencedor do Prémio Restauração 2019, o restaurante A Cozinha, por António Loureiro, instalado no centro histórico de Guimarães. “Desde a origem ensaiamos uma horta para ervas, flores e alguns legumes, e o próprio desenho da cozinha foi no sentido de ser mais sustentável de origem, pensando no produto que vamos utilizar e como o podemos rentabilizar ao máximo. Conseguimos ter o desperdício controlado — praticamente zero —, o que ajuda a atingir também equilíbrio financeiro”. Desta forma, António Loureiro pode orgulhar-se de uma outra vitória, traduzida pela possibilidade de poder servir “alta cozinha a preços acessíveis”, tendo em conta o valor dos menus de degustação servidos na quase totalidade de restaurantes com estrela Michelin. E os resultados já aí estão, com os portugueses a representarem 60% dos clientes, numa cidade que recebe quase dois milhões de turistas estrangeiros, com destaque para os vizinhos galegos.

“A maior vitória é todos os dias a mesma: conseguir atrair talentos enormes para a missão de criar uma carta de amor a Portugal a que nenhum cliente, venha de onde vier, fica indiferente.” Foi desta forma que Gonçalo Castel-Branco justificou a criação, há cinco anos, do The Presidential Train, que conquistou o Prémio Projeto Inovador 2019. Construído em 1890, serviu inicialmente a corte do rei D. Luís I. Mais tarde, passou a chamar-se “Comboio Presidencial”, e viajou até ser retirado de circulação em 1970. Há oito anos que estava em exposição no Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento, até se transformar na “melhor experiência de luxo do país”, com partida na Estação de São Bento, no Porto, e uma viagem pela Linha do Douro, com paragem na Quinta do Vesúvio, vinhos de referência e um almoço assinado por diversos chefes de cozinha com estrela Michelin. Um projeto vencedor, mas já condenado a terminar em 2020, “salvo uma alteração na posição do Governo e das empresas ferroviárias, no sentido da qual continuaremos a batalhar até ao último dia”, revela o empresário, que continua a acreditar que “o bom senso irá imperar” para que não se deixe “morrer” um projeto cujo “retorno público, para a ferrovia nacional, para o Douro e para o país, foi quantificado pela Cision em mais de oito milhões de euros”, revela Gonçalo Castel-Branco.

O Prémio Turismo Responsável foi atribuído diretamente pelo júri ao Programa de Responsabilidade Social e Sustentabilidade Ambiental (HOSPES), da Associação da Hotelaria de Portugal. A “Estrada Nacional 2” recebeu o Prémio Projeto Público, recordando que, em 2016, foi criada a Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2, com o objetivo de promover, de Trás-os-Montes ao Algarve, os territórios atravessados pela mais longa estrada da Europa e a terceira maior do mundo.

Os vencedores

Prémio Carreira Dionísio Pestana (Fundador e presidente do Pestana Hotel Group)

Prémio Hotelaria São Lourenço do Barrocal (Monsaraz)

Prémio Alojamento Local Aldeia da Cuada (ilha das Flores, Açores)

Prémio Restauração A Cozinha por António Loureiro (Guimarães)

Prémio Serviços Turísticos Vertigem Azul (Setúbal)

Prémio Projeto Inovador The Presidential Train (Porto, Douro)

Prémio Projeto Público Estrada Nacional 2 (Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2)

Prémio Turismo Responsável Programa HOSPES (Associação da Hotelaria de Portugal)

Estes artigos foram originalmente publicados na edição de 30 de novembro do semanário Expresso

Já são conhecidos os grandes vencedores da primeira edição do Prémio Nacional do Turismo, uma iniciativa Expresso/BPI, que decorreu ao longo do ano, com o objetivo de destacar “casos portugueses de sucesso”, nas áreas de Alojamento, Restauração e Serviços Turísticos, a partir de mais de 450 candidaturas. Ao júri do Prémio Nacional de Turismo coube, adicionalmente, atribuir cinco prémios especiais: Turismo Responsável, Projeto Inovador, Projeto Público, Hotelaria e Carreira. O anúncio dos vencedores foi feito esta quinta-feira, na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril.

“Este caminho tem sido marcado por dois princípios: a paixão e a obsessão pela solidez.” As palavras são de Dionísio Pestana, fundador e presidente do Grupo Pestana, distinguido com o Prémio Carreira 2019, reconhecimento que considerou “uma surpresa e um incentivo para fazer melhor”. Com 47 anos de história, o maior grupo hoteleiro nacional, que em 2018 teve um volume de negócios consolidado de €434,2 milhões, prepara-se para atingir a meta de 100 hotéis, com a abertura, em janeiro, da primeira unidade em Nova Iorque. “É um marco que me deixa muito feliz e um novo passo de crescimento que resultará em mais 20 hotéis nos próximos três anos”, anuncia Dionísio Pestana.

Crescimento que é a marca de água recente do turismo em Portugal, com os “números de 2019 a surpreenderem pela positiva”, confessou o administrador do BPI, Pedro Barreto, na atribuição das distinções. O que não invalida que, numa altura em que se prevê algum abrandamento após anos de forte trajetória ascendente, seja necessário “aumentar a qualidade de oferta”, através, por exemplo, do “reforço do turismo sustentável”, apontou Francisco Pedro Balsemão, CEO do Grupo Impresa. Igualmente com os olhos no futuro está o vencedor do Prémio Nacional de Turismo para a área de Hotelaria, atribuído ao São Lourenço do Barrocal, em Monsaraz. “No Alentejo diz-se que se devem fazer olivais para os filhos e sobreirais para os netos. Por isso, a meu ver, os projetos turísticos devem seguir este princípio de continuidade e perseverança”, refere José António Uva, responsável pelo desenvolvimento deste projeto, que é muito mais do que uma unidade hoteleira: “A agricultura, o turismo e a preservação do valor ecológico da herdade funcionam em simbiose, há uma visão de longo prazo que parte da perspetiva ancestral da ocupação da herdade há 7000 anos com o menir do Barrocal, que nos guia, de ano a ano, na partilha de conhecimento.” Em jeito conclusão, afirma que “o turismo deve procurar a raiz do lugar que habita como base da sua cultura”.

Esse foi também o caminho trilhado pela Aldeia da Cuada, projeto vencedor do Prémio Alojamento Local. Liderado por Teotónia e Carlos Silva, o projeto açoriano conseguiu, não só contrariar a insularidade como a desertificação populacional. Abandonadas, as tradicionais casas rurais de pedra foram recuperadas e transformadas em unidades de alojamento, onde não falta um restaurante recheado de produtos de origem local. “A Aldeia da Cuada é um lugar à medida do isolamento da ilha das Flores”, afirmam os mentores do projeto.

Um outro cenário natural único, este com uns habitantes muito especiais, fez nascer a Vertigem Azul, empresa pioneira na observação da população de golfinhos do estuário do Sado. Criado em 1998 por Maria João Fonseca e Pedro Narra, o projeto vencedor do Prémio Serviços Turísticos mantém o objetivo de “contribuir para o desenvolvimento de atividades turísticas de qualidade, integradas em plena harmonia e contacto com a natureza”.

Na mesma linha de pensamento, o “Desperdício Zero”, é um dos pilares do vencedor do Prémio Restauração 2019, o restaurante A Cozinha, por António Loureiro, instalado no centro histórico de Guimarães. “Desde a origem ensaiamos uma horta para ervas, flores e alguns legumes, e o próprio desenho da cozinha foi no sentido de ser mais sustentável de origem, pensando no produto que vamos utilizar e como o podemos rentabilizar ao máximo. Conseguimos ter o desperdício controlado — praticamente zero —, o que ajuda a atingir também equilíbrio financeiro”. Desta forma, António Loureiro pode orgulhar-se de uma outra vitória, traduzida pela possibilidade de poder servir “alta cozinha a preços acessíveis”, tendo em conta o valor dos menus de degustação servidos na quase totalidade de restaurantes com estrela Michelin. E os resultados já aí estão, com os portugueses a representarem 60% dos clientes, numa cidade que recebe quase dois milhões de turistas estrangeiros, com destaque para os vizinhos galegos.

“A maior vitória é todos os dias a mesma: conseguir atrair talentos enormes para a missão de criar uma carta de amor a Portugal a que nenhum cliente, venha de onde vier, fica indiferente.” Foi desta forma que Gonçalo Castel-Branco justificou a criação, há cinco anos, do The Presidential Train, que conquistou o Prémio Projeto Inovador 2019. Construído em 1890, serviu inicialmente a corte do rei D. Luís I. Mais tarde, passou a chamar-se “Comboio Presidencial”, e viajou até ser retirado de circulação em 1970. Há oito anos que estava em exposição no Museu Nacional Ferroviário, no Entroncamento, até se transformar na “melhor experiência de luxo do país”, com partida na Estação de São Bento, no Porto, e uma viagem pela Linha do Douro, com paragem na Quinta do Vesúvio, vinhos de referência e um almoço assinado por diversos chefes de cozinha com estrela Michelin. Um projeto vencedor, mas já condenado a terminar em 2020, “salvo uma alteração na posição do Governo e das empresas ferroviárias, no sentido da qual continuaremos a batalhar até ao último dia”, revela o empresário, que continua a acreditar que “o bom senso irá imperar” para que não se deixe “morrer” um projeto cujo “retorno público, para a ferrovia nacional, para o Douro e para o país, foi quantificado pela Cision em mais de oito milhões de euros”, revela Gonçalo Castel-Branco.

O Prémio Turismo Responsável foi atribuído diretamente pelo júri ao Programa de Responsabilidade Social e Sustentabilidade Ambiental (HOSPES), da Associação da Hotelaria de Portugal. A “Estrada Nacional 2” recebeu o Prémio Projeto Público, recordando que, em 2016, foi criada a Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2, com o objetivo de promover, de Trás-os-Montes ao Algarve, os territórios atravessados pela mais longa estrada da Europa e a terceira maior do mundo.

Os vencedores

Prémio Carreira Dionísio Pestana (Fundador e presidente do Pestana Hotel Group)

Prémio Hotelaria São Lourenço do Barrocal (Monsaraz)

Prémio Alojamento Local Aldeia da Cuada (ilha das Flores, Açores)

Prémio Restauração A Cozinha por António Loureiro (Guimarães)

Prémio Serviços Turísticos Vertigem Azul (Setúbal)

Prémio Projeto Inovador The Presidential Train (Porto, Douro)

Prémio Projeto Público Estrada Nacional 2 (Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2)

Prémio Turismo Responsável Programa HOSPES (Associação da Hotelaria de Portugal)

Estes artigos foram originalmente publicados na edição de 30 de novembro do semanário Expresso

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