Correio da Manhã

11-05-2020
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Portugal afasta linhas de crédito europeias por ter financiamento "favorável"

Por Lusa | 8 de Maio de 2020 às 21:19

Financiamento poderá ser utilizado em caso de necessidade, "o que não é a situação atual", garantiu o secretário de Estado Adjunto e das Finanças.

O Governo português afastou esta sexta-feira a possibilidade de o país recorrer às linhas de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) para apoiar os Estados-membros no quadro da covid-19, devido às condições "bastante favoráveis" de acesso aos mercados.

"As linhas cautelares destinam-se a situações em que os países enfrentam nos mercados dificuldades de financiamento e, Portugal, em virtude daquele que foi o ajustamento que fez nos últimos anos [...] tem, neste momento, condições de acesso ao mercado regulares e até bastante favoráveis e portanto, neste momento, não se afigura que o recurso a uma linha de crédito faça sentido", afirmou o secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix.

Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas por videoconferência, após uma reunião do Eurogrupo na qual foram aprovadas estas linhas de crédito do MEE, o governante observou que "as linhas cautelares são linhas que existem precisamente com o objetivo de servirem como um seguro e, servindo como um seguro, elas existem para que, em caso de necessidade, os países possam recorrer a essas linhas".

"A linha cautelar que agora foi criada difere das outras na medida em que está feita à medida daquilo que é a utilização dos fundos e àquilo que são todos os mecanismos associados e também às condições financeiras", acrescentou Ricardo Mourinho Félix.

Porém, para Portugal, trata-se apenas de um "financiamento que poderá ser utilizado em caso de necessidade, o que não é a situação atual".

Ainda assim, o governante destacou que, "como qualquer instrumento de seguro, a sua existência é praticamente também uma forma de evitar a sua utilização, na medida em que dá confiança aos mercados de que os países têm acesso a financiamento".

O Eurogrupo acordou hoje os termos precisos da nova linha de crédito do MEE para apoiar os Estados-membros no quadro da covid-19, sublinhando a ausência de condicionalidades e monitorização 'pesadas' de anteriores empréstimos.

Depois do acordo alcançado em 09 de abril passado sobre um pacote de três "redes de segurança" para Estados, empresas e trabalhadores, num montante global de 540 mil milhões de euros, os ministros das Finanças concentraram-se hoje na definição das características exatas do primeiro, o chamado "Apoio à Crise Pandémica" através das quais os países da zona euro podem requerer até 2% do respetivo PIB para despesas direta ou indiretamente relacionadas com cuidados de saúde, tratamentos e prevenção da covid-19, sendo esta a única condição para recorrer a estes empréstimos, em condições mais favoráveis.

"Os Estados-membros que pedirem apoio comprometer-se-ão a usar este instrumento para financiar despesas internas direta ou indiretamente relacionadas com cuidados de saúde, tratamento e prevenção da covid-19. Não há outras condições associadas. Deixem-me sublinhar isto: não há outros requerimentos associados ao uso do instrumento", afirmou o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, na conferência de imprensa após a reunião.

Além da questão da condicionalidade, Centeno sublinhou que, a nível de elegibilidade, também foi confirmado que "todos os membros do MEE preenchem os critérios de acessibilidade" face à natureza da atual crise e o seu impacto nos Estados-membros, confirmado esta semana pelas previsões económicas da primavera da Comissão Europeia - que antecipam uma contração recorde de 7,7% do PIB na zona euro este ano -, e destacou igualmente que a monitorização e vigilância serão "proporcionais" ao "desafio particular" da atual crise.

"Estamos por isso longe do estilo de monitorização da crise da dívida soberana", enfatizou Mário Centeno.

Portugal afasta linhas de crédito europeias por ter financiamento "favorável"

Por Lusa | 8 de Maio de 2020 às 21:19

Financiamento poderá ser utilizado em caso de necessidade, "o que não é a situação atual", garantiu o secretário de Estado Adjunto e das Finanças.

O Governo português afastou esta sexta-feira a possibilidade de o país recorrer às linhas de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) para apoiar os Estados-membros no quadro da covid-19, devido às condições "bastante favoráveis" de acesso aos mercados.

"As linhas cautelares destinam-se a situações em que os países enfrentam nos mercados dificuldades de financiamento e, Portugal, em virtude daquele que foi o ajustamento que fez nos últimos anos [...] tem, neste momento, condições de acesso ao mercado regulares e até bastante favoráveis e portanto, neste momento, não se afigura que o recurso a uma linha de crédito faça sentido", afirmou o secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix.

Falando aos jornalistas portugueses em Bruxelas por videoconferência, após uma reunião do Eurogrupo na qual foram aprovadas estas linhas de crédito do MEE, o governante observou que "as linhas cautelares são linhas que existem precisamente com o objetivo de servirem como um seguro e, servindo como um seguro, elas existem para que, em caso de necessidade, os países possam recorrer a essas linhas".

"A linha cautelar que agora foi criada difere das outras na medida em que está feita à medida daquilo que é a utilização dos fundos e àquilo que são todos os mecanismos associados e também às condições financeiras", acrescentou Ricardo Mourinho Félix.

Porém, para Portugal, trata-se apenas de um "financiamento que poderá ser utilizado em caso de necessidade, o que não é a situação atual".

Ainda assim, o governante destacou que, "como qualquer instrumento de seguro, a sua existência é praticamente também uma forma de evitar a sua utilização, na medida em que dá confiança aos mercados de que os países têm acesso a financiamento".

O Eurogrupo acordou hoje os termos precisos da nova linha de crédito do MEE para apoiar os Estados-membros no quadro da covid-19, sublinhando a ausência de condicionalidades e monitorização 'pesadas' de anteriores empréstimos.

Depois do acordo alcançado em 09 de abril passado sobre um pacote de três "redes de segurança" para Estados, empresas e trabalhadores, num montante global de 540 mil milhões de euros, os ministros das Finanças concentraram-se hoje na definição das características exatas do primeiro, o chamado "Apoio à Crise Pandémica" através das quais os países da zona euro podem requerer até 2% do respetivo PIB para despesas direta ou indiretamente relacionadas com cuidados de saúde, tratamentos e prevenção da covid-19, sendo esta a única condição para recorrer a estes empréstimos, em condições mais favoráveis.

"Os Estados-membros que pedirem apoio comprometer-se-ão a usar este instrumento para financiar despesas internas direta ou indiretamente relacionadas com cuidados de saúde, tratamento e prevenção da covid-19. Não há outras condições associadas. Deixem-me sublinhar isto: não há outros requerimentos associados ao uso do instrumento", afirmou o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, na conferência de imprensa após a reunião.

Além da questão da condicionalidade, Centeno sublinhou que, a nível de elegibilidade, também foi confirmado que "todos os membros do MEE preenchem os critérios de acessibilidade" face à natureza da atual crise e o seu impacto nos Estados-membros, confirmado esta semana pelas previsões económicas da primavera da Comissão Europeia - que antecipam uma contração recorde de 7,7% do PIB na zona euro este ano -, e destacou igualmente que a monitorização e vigilância serão "proporcionais" ao "desafio particular" da atual crise.

"Estamos por isso longe do estilo de monitorização da crise da dívida soberana", enfatizou Mário Centeno.

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