A agenda do regresso, o apelo à vacinação e o impacto psicológico da pandemia: o retrato do dia em Portugal

04-05-2020
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Já há uma agenda para a retoma da economia e o primeiro-ministro recebeu esta quarta-feira os parceiros sociais e os partidos para a explicar, ou, pelo menos, para apresentar os detalhes conhecidos das três fases em que se divide o plano - há ainda espaços em branco e decisões por fechar.

A fase 1 arranca a 4 de maio: "Será a abertura do comércio local, aqueles estabelecimentos que têm porta aberta para a rua, espaços comerciais até 200 metros quadrados". Também reabrirão, entre outras atividades, "cabeleireiros e barbeiros", sendo que estes, só por marcação, e com regras definidas de lotação máxima do espaço.

Restaurantes, bares, alguns espaços culturais e espaços comerciais maiores só na fase 2 e ainda mais tarde, na fase 3, a 1 de junho, poderão reabrir os centros comerciais e arrancar os jogos de futebol (ver aqui). Se tudo correr pelo melhor, claro, porque a possibilidade de terem de ser dados passos atrás já foi sublinhada e permanece no horizonte.

Da parte da oposição, António Costa recebeu, sobretudo, luz verde, ainda que com diferentes avisos e alertas. Destoaram os comunistas: como já tinham afirmado na terça-feira: não apoiam a passagem à situação de estado de calamidade por entenderem que a lei já dá ao Governo margem de manobra para adotar as medidas que forem necessárias

Como anunciado, este foi o dia em que começou a ser feita a desinfeção de escolas encerradas devido à pandemia. Prepara-se o regresso às aulas - para os anos do secundário que o farão presencialmente, com a limpeza a decorrer de forma faseada.

O trabalho vai decorrer "em todo o país", considerando "algumas intervenções prioritárias em escolas que tenham tido utilização contínua", tal como revelou o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho.

O dia rompeu com a tendência a que nos vínhamos habituando há quase duas semanas. O número de internados subiu 4,7%, passando de 936 para 980, com outro dado negativo a assinalar: o crescimento da taxa de letalidade (relação entre o número de infetados e de óbitos), que atingiu 4%, um novo máximo.

As boas notícias inscritas no boletim da Direção-Geral da Saúde foi a de que a taxa de crescimento dos infetados ficou pelos 0,8%, a segunda mais baixa desde o início da pandemia em Portugal, sem que o grupo de infetados nos cuidados intensivos tenha acompanhado a subida do número de internamentos (são agora 169 pessoas, menos três do que no dia anterior). E a Norte, o total de novos casos sofreu uma queda abrupta: apenas 13, quando 24 horas antes se confirmaram 206 infetados.

Os números atualizados deixaram o país com 24.505 infetados, 973 mortos e 1.470 recuperados.

Na sua intervenção na habitual conferência de imprensa, a diretora-geral da Saúde aproveitou para fazer um pedido, voltando a um tema que tem merecido preocupação. Graça Freitas falou diretamente para os pais: “Vou ser muito, muito rápida mas é um apelo muito, muito sério. Não deixem de vacinar as crianças. Estamos numa epidemia e, se deixarmos de vacinar, podemos estar a criar outras epidemias. É seguro vacinar, é seguro ir ao centro de saúde vacinar”.

Depois, confrontada pelos jornalistas, Graça Freitas assegurou que todas as mortes estão a ser contabilizadas uma vez que em Portugal “não é possível enterrar ou cremar alguém” sem uma certidão de óbito electrónica. “Todos os óbitos que na certidão tenham a palavra covid-19 estão a ser contabilizados”, disse.

Se na terça-feira foram conhecidos os novos hábitos dos portugueses, transformando o confinamento em oportunidades para aprofundar o talento na cozinha ou para pôr em dia séries e filmes, o lado menos feliz destes dias difíceis que vivemos soube-se através do estudo que o Instituto de Psicologia Clínica e Forense realizou em colaboração com outras entidades. Praticamente metade dos portugueses (49,2%) classifica o impacto psicológico da pandemia de covid-19 como “moderado a severo”.

Mulheres, desempregados e pessoas com menos escolaridade são as mais afetados, esta é uma das conclusões retiradas a partir das respostas a um questionário online (foram obtidas 10.529 participações, com uma média de idades de 31,3 e na sua maioria mulheres). Dessa metade já referida, 11,7% relataram sintomas de depressão moderada a grave, 16,9% de ansiedade moderada a grave e 29,2% de stress moderado a grave.

A uma má articulação de serviços referiram-se a PSP e a GNR. Segundo o jornal "Público", estas forças de segurança não tiveram possibilidade de vigiar todos os infetados e contactos durante um mês. O problema está nas listas fornecidas pelas autoridades sanitárias, algo que terá sido resolvido entretanto.

Noutro domínio, a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, anunciou a criação de um grupo de trabalho operacional com a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e os parceiros sociais. O objetivo é o de acompanhar as várias situações e identificar "fenómenos específicos" que estão a ser detetados a nível nacional com vista a travar abusos laborais durante a pandemia.

Olhando para o futuro próximo, o Governo pretende encaminhar os imigrantes que estavam a trabalhar no turismo, área afetada com a pandemia que tem grande percentagem de trabalhadores estrangeiros, para a agricultura, em que “falta mão-de-obra”. Esta ideia foi avançada pela secretária de Estado para a Integração e as Migrações, Cláudia Pereira, mas a governante não esclareceu, por enquanto, como tal irá acontecer.

Melhorar o diagnóstico e tratamento da lesão do tecido cardíaco em doentes com covid-19 é o objetivo de um projeto da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), que espera conseguir esclarecer de que forma é que o novo coronavírus influencia a função cardíaca nos casos mais graves da doença.

Da Diocese do Porto chegou o anúncio de que "uma parte" dos seus colaboradores foi colocada em 'lay-off' devido à quebra de receitas motivada pela suspensão de atividades de culto. A situação inclui elementos do clero.

Finalmente, algo a ter em atenção. Desde que se tornou público que o uso de máscara, muito em breve, passará a ser obrigatório, a internet foi inundada de ofertas para venda. Todavia, muitas destas proteções individuais não cumprem os critérios de segurança estabelecidos, apurou o “Jornal de Notícias”, o que deve manter em alerta os consumidores.

Já há uma agenda para a retoma da economia e o primeiro-ministro recebeu esta quarta-feira os parceiros sociais e os partidos para a explicar, ou, pelo menos, para apresentar os detalhes conhecidos das três fases em que se divide o plano - há ainda espaços em branco e decisões por fechar.

A fase 1 arranca a 4 de maio: "Será a abertura do comércio local, aqueles estabelecimentos que têm porta aberta para a rua, espaços comerciais até 200 metros quadrados". Também reabrirão, entre outras atividades, "cabeleireiros e barbeiros", sendo que estes, só por marcação, e com regras definidas de lotação máxima do espaço.

Restaurantes, bares, alguns espaços culturais e espaços comerciais maiores só na fase 2 e ainda mais tarde, na fase 3, a 1 de junho, poderão reabrir os centros comerciais e arrancar os jogos de futebol (ver aqui). Se tudo correr pelo melhor, claro, porque a possibilidade de terem de ser dados passos atrás já foi sublinhada e permanece no horizonte.

Da parte da oposição, António Costa recebeu, sobretudo, luz verde, ainda que com diferentes avisos e alertas. Destoaram os comunistas: como já tinham afirmado na terça-feira: não apoiam a passagem à situação de estado de calamidade por entenderem que a lei já dá ao Governo margem de manobra para adotar as medidas que forem necessárias

Como anunciado, este foi o dia em que começou a ser feita a desinfeção de escolas encerradas devido à pandemia. Prepara-se o regresso às aulas - para os anos do secundário que o farão presencialmente, com a limpeza a decorrer de forma faseada.

O trabalho vai decorrer "em todo o país", considerando "algumas intervenções prioritárias em escolas que tenham tido utilização contínua", tal como revelou o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho.

O dia rompeu com a tendência a que nos vínhamos habituando há quase duas semanas. O número de internados subiu 4,7%, passando de 936 para 980, com outro dado negativo a assinalar: o crescimento da taxa de letalidade (relação entre o número de infetados e de óbitos), que atingiu 4%, um novo máximo.

As boas notícias inscritas no boletim da Direção-Geral da Saúde foi a de que a taxa de crescimento dos infetados ficou pelos 0,8%, a segunda mais baixa desde o início da pandemia em Portugal, sem que o grupo de infetados nos cuidados intensivos tenha acompanhado a subida do número de internamentos (são agora 169 pessoas, menos três do que no dia anterior). E a Norte, o total de novos casos sofreu uma queda abrupta: apenas 13, quando 24 horas antes se confirmaram 206 infetados.

Os números atualizados deixaram o país com 24.505 infetados, 973 mortos e 1.470 recuperados.

Na sua intervenção na habitual conferência de imprensa, a diretora-geral da Saúde aproveitou para fazer um pedido, voltando a um tema que tem merecido preocupação. Graça Freitas falou diretamente para os pais: “Vou ser muito, muito rápida mas é um apelo muito, muito sério. Não deixem de vacinar as crianças. Estamos numa epidemia e, se deixarmos de vacinar, podemos estar a criar outras epidemias. É seguro vacinar, é seguro ir ao centro de saúde vacinar”.

Depois, confrontada pelos jornalistas, Graça Freitas assegurou que todas as mortes estão a ser contabilizadas uma vez que em Portugal “não é possível enterrar ou cremar alguém” sem uma certidão de óbito electrónica. “Todos os óbitos que na certidão tenham a palavra covid-19 estão a ser contabilizados”, disse.

Se na terça-feira foram conhecidos os novos hábitos dos portugueses, transformando o confinamento em oportunidades para aprofundar o talento na cozinha ou para pôr em dia séries e filmes, o lado menos feliz destes dias difíceis que vivemos soube-se através do estudo que o Instituto de Psicologia Clínica e Forense realizou em colaboração com outras entidades. Praticamente metade dos portugueses (49,2%) classifica o impacto psicológico da pandemia de covid-19 como “moderado a severo”.

Mulheres, desempregados e pessoas com menos escolaridade são as mais afetados, esta é uma das conclusões retiradas a partir das respostas a um questionário online (foram obtidas 10.529 participações, com uma média de idades de 31,3 e na sua maioria mulheres). Dessa metade já referida, 11,7% relataram sintomas de depressão moderada a grave, 16,9% de ansiedade moderada a grave e 29,2% de stress moderado a grave.

A uma má articulação de serviços referiram-se a PSP e a GNR. Segundo o jornal "Público", estas forças de segurança não tiveram possibilidade de vigiar todos os infetados e contactos durante um mês. O problema está nas listas fornecidas pelas autoridades sanitárias, algo que terá sido resolvido entretanto.

Noutro domínio, a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, anunciou a criação de um grupo de trabalho operacional com a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e os parceiros sociais. O objetivo é o de acompanhar as várias situações e identificar "fenómenos específicos" que estão a ser detetados a nível nacional com vista a travar abusos laborais durante a pandemia.

Olhando para o futuro próximo, o Governo pretende encaminhar os imigrantes que estavam a trabalhar no turismo, área afetada com a pandemia que tem grande percentagem de trabalhadores estrangeiros, para a agricultura, em que “falta mão-de-obra”. Esta ideia foi avançada pela secretária de Estado para a Integração e as Migrações, Cláudia Pereira, mas a governante não esclareceu, por enquanto, como tal irá acontecer.

Melhorar o diagnóstico e tratamento da lesão do tecido cardíaco em doentes com covid-19 é o objetivo de um projeto da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), que espera conseguir esclarecer de que forma é que o novo coronavírus influencia a função cardíaca nos casos mais graves da doença.

Da Diocese do Porto chegou o anúncio de que "uma parte" dos seus colaboradores foi colocada em 'lay-off' devido à quebra de receitas motivada pela suspensão de atividades de culto. A situação inclui elementos do clero.

Finalmente, algo a ter em atenção. Desde que se tornou público que o uso de máscara, muito em breve, passará a ser obrigatório, a internet foi inundada de ofertas para venda. Todavia, muitas destas proteções individuais não cumprem os critérios de segurança estabelecidos, apurou o “Jornal de Notícias”, o que deve manter em alerta os consumidores.

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