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24-06-2020
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Indisciplina Na Escola

Dorothy L. Espelage, João Lopes

Fundação Francisco Manuel dos Santos (2013)

Desde 2010 que a Fundação Francisco
Manuel dos Santos, a par das conferências “Questões-Chave da Educação”, nos
proporciona, na coleção com o mesmo nome, diversas publicações.

A mais recente intitula-se
“Indisciplina na Escola”, deste livro fazem parte doIs textos, um de Dorothy L.
Espelage (Professora da Universidade de Illinois e outro de João A. Lopes
(Professor de Psicologia da Universidade do Minho) ambos precedidos do prefácio
de Helena Damião.

O primeiro texto,  Prevenir
a violência juvenil e o Bullying através de programas e de modelos de prevenção
escolar sócio-emocionais), aborda tal como o título deixa prever, alguns
exemplos de programas/modelos de prevenção e intervenção, bem como a eficácia e
fragilidades dos mesmos.

Para a autora criminalizar comportamentos e
apostar nas suspensões não é o modo mais eficaz para acabar com a violência nas
escolas, bem como não funciona, se não existir paralelamente a ênfase na
aprendizagem das capacidades sociais  e
competências sócio-emocionais, para além de outros fatores.

 A autora
refere que tolerância zero não pode ser a única solução para a prevenção da
violência nas escolas mencionando a família como determinante para ajudar a criar um bom clima de trabalho na
escola.

O texto de João Lopes, A indisciplina em sala de aula,  apresenta uma síntese da investigação
relevante sobre a temática, bem como aborda questões pertinentes para a
compreensão do fenómeno, a par de estratégias para a sua contenção. “Continua a não ser fácil para os agentes
educativos acreditarem que uma causa tão próxima e até tão óbvia como o
insucesso académico possa ter alguma importância na configuração da
indisciplina".

Este autor foca dois aspetos que
considera fundamentais para a prevenção e que dependem da ação do professor,
nomeadamente: 1)construir a promoção das competências académicas focando a
importância da aquisição da leitura. 2) capacidade de organização e gestão de
sala de aula a par da promoção de leitores.

Refere que episódios de indisciplina em
Portugal são raros e em muitos casos empolgados pela comunicação social.
Contudo existem episódios de baixo impacto que causam desgaste em docentes.
Referido pelo autor que “é relativamente consensual que a disciplina na sala de
aula promove a aprendizagem e a responsabilidade dos alunos e que a disrupção,
pelo contrário, faz perder tempo e qualidade de instrução (pág. 44).
Parece claro e impreterível (em ambos os textos) que se desenvolvam
programas/planos/estratégias escolares que previnam e que reduzam a violência em
simultâneo com o desenvolvimento da motivação dos alunos, de modo a contribuir
para  um maior sucesso escolar.

Ambos os textos propagam a importância pedagógica
de estratégias de prevenção, onde obviamente é determinante o envolvimento da
família. João Lopes refere no seu texto “ A indisciplina constitui pois uma
quebra das ações de gestão que o professor implementou previamente e que tinham
como objetivo permitir a aprendizagem dos alunos. (pág 42)”. Refere o papel e o
valor da escola em diferentes culturas, relações entre adultos e  crianças, e como referido anteriormente
gestão e organização de sala de aula bem como rendimento académico, factores
que determinantemente influenciam todo o processo onde um currículo desejado ao
mesmo ritmo para todos numa crença de escolarização simultânea.

Em minha opinião, a escola, enquanto
instituição educativa,  ela própria tem
de mudar tornando-se mais apelativa para os seus intervenientes. A cultura
colaborativa entre docentes e escolas é premente. Tal como premente se torna
uma reorganização do papel dos docentes, da instituição de ensino e,
paralelamente e de não menos importância, uma mudança social que urge. O modo
como os intervenientes educativos interagem é talvez, um dos factores
fundamentais para a restruturação das relações na instituição escola.
Infelizmente a escola na sua concepção original não mudou e por muitas
investigações e estudos que se realizem é de pessoas que se trata..

Remetendo, desde já a uma piscadela de
olho para uma próxima sugestão de leitura (Livro de reclamações das Crianças de
Eduardo Sá, editado pela Oficina do Livro em 2007) não posso deixar de referir
algumas citações: “Acho que os adultos ouvem pouco as crianças”  (B  - 7
anos, pág 36) “ O que me aborrece nos adultos é quando eles falam muito alto,
como se eu estivesse lá ao longe....” (M - 10 anos, pág 19) “Eu acho que é
preciso sermos muito compreensivos com os adultos”  (B - 12 anos, pág 40).

Não sei se fui clara neste minha
piscadela de olho... considero mesmo que devemos estar mais atentos aos “agentes”
a quem se destina os préstimos de professor. Não digo que se resolva tudo, mas
considero importante escutar os que connosco diariamente se cruzam e revelam
talentos indescritíveis em poucas palavras.  

Elvira Cristina Silva

in: newsletter 66 novembro 2013 (2.ªquinzena) pág- 5 e 6 (Pin-ANDEE

Indisciplina Na Escola

Dorothy L. Espelage, João Lopes

Fundação Francisco Manuel dos Santos (2013)

Desde 2010 que a Fundação Francisco
Manuel dos Santos, a par das conferências “Questões-Chave da Educação”, nos
proporciona, na coleção com o mesmo nome, diversas publicações.

A mais recente intitula-se
“Indisciplina na Escola”, deste livro fazem parte doIs textos, um de Dorothy L.
Espelage (Professora da Universidade de Illinois e outro de João A. Lopes
(Professor de Psicologia da Universidade do Minho) ambos precedidos do prefácio
de Helena Damião.

O primeiro texto,  Prevenir
a violência juvenil e o Bullying através de programas e de modelos de prevenção
escolar sócio-emocionais), aborda tal como o título deixa prever, alguns
exemplos de programas/modelos de prevenção e intervenção, bem como a eficácia e
fragilidades dos mesmos.

Para a autora criminalizar comportamentos e
apostar nas suspensões não é o modo mais eficaz para acabar com a violência nas
escolas, bem como não funciona, se não existir paralelamente a ênfase na
aprendizagem das capacidades sociais  e
competências sócio-emocionais, para além de outros fatores.

 A autora
refere que tolerância zero não pode ser a única solução para a prevenção da
violência nas escolas mencionando a família como determinante para ajudar a criar um bom clima de trabalho na
escola.

O texto de João Lopes, A indisciplina em sala de aula,  apresenta uma síntese da investigação
relevante sobre a temática, bem como aborda questões pertinentes para a
compreensão do fenómeno, a par de estratégias para a sua contenção. “Continua a não ser fácil para os agentes
educativos acreditarem que uma causa tão próxima e até tão óbvia como o
insucesso académico possa ter alguma importância na configuração da
indisciplina".

Este autor foca dois aspetos que
considera fundamentais para a prevenção e que dependem da ação do professor,
nomeadamente: 1)construir a promoção das competências académicas focando a
importância da aquisição da leitura. 2) capacidade de organização e gestão de
sala de aula a par da promoção de leitores.

Refere que episódios de indisciplina em
Portugal são raros e em muitos casos empolgados pela comunicação social.
Contudo existem episódios de baixo impacto que causam desgaste em docentes.
Referido pelo autor que “é relativamente consensual que a disciplina na sala de
aula promove a aprendizagem e a responsabilidade dos alunos e que a disrupção,
pelo contrário, faz perder tempo e qualidade de instrução (pág. 44).
Parece claro e impreterível (em ambos os textos) que se desenvolvam
programas/planos/estratégias escolares que previnam e que reduzam a violência em
simultâneo com o desenvolvimento da motivação dos alunos, de modo a contribuir
para  um maior sucesso escolar.

Ambos os textos propagam a importância pedagógica
de estratégias de prevenção, onde obviamente é determinante o envolvimento da
família. João Lopes refere no seu texto “ A indisciplina constitui pois uma
quebra das ações de gestão que o professor implementou previamente e que tinham
como objetivo permitir a aprendizagem dos alunos. (pág 42)”. Refere o papel e o
valor da escola em diferentes culturas, relações entre adultos e  crianças, e como referido anteriormente
gestão e organização de sala de aula bem como rendimento académico, factores
que determinantemente influenciam todo o processo onde um currículo desejado ao
mesmo ritmo para todos numa crença de escolarização simultânea.

Em minha opinião, a escola, enquanto
instituição educativa,  ela própria tem
de mudar tornando-se mais apelativa para os seus intervenientes. A cultura
colaborativa entre docentes e escolas é premente. Tal como premente se torna
uma reorganização do papel dos docentes, da instituição de ensino e,
paralelamente e de não menos importância, uma mudança social que urge. O modo
como os intervenientes educativos interagem é talvez, um dos factores
fundamentais para a restruturação das relações na instituição escola.
Infelizmente a escola na sua concepção original não mudou e por muitas
investigações e estudos que se realizem é de pessoas que se trata..

Remetendo, desde já a uma piscadela de
olho para uma próxima sugestão de leitura (Livro de reclamações das Crianças de
Eduardo Sá, editado pela Oficina do Livro em 2007) não posso deixar de referir
algumas citações: “Acho que os adultos ouvem pouco as crianças”  (B  - 7
anos, pág 36) “ O que me aborrece nos adultos é quando eles falam muito alto,
como se eu estivesse lá ao longe....” (M - 10 anos, pág 19) “Eu acho que é
preciso sermos muito compreensivos com os adultos”  (B - 12 anos, pág 40).

Não sei se fui clara neste minha
piscadela de olho... considero mesmo que devemos estar mais atentos aos “agentes”
a quem se destina os préstimos de professor. Não digo que se resolva tudo, mas
considero importante escutar os que connosco diariamente se cruzam e revelam
talentos indescritíveis em poucas palavras.  

Elvira Cristina Silva

in: newsletter 66 novembro 2013 (2.ªquinzena) pág- 5 e 6 (Pin-ANDEE

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