Barroso: Weber “devia ser indicado” para presidente da Comissão Europeia

12-01-2020
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Num painel que devia olhar para o passado e ali encontrar pistas para o presente, Durão Barroso recorreu à sua experiência para assinalar que ele próprio passou, por duas vezes, pelo “difícil” processo de escrutínio entre o Conselho e o Parlamento Europeus para assumir a presidência da Comissão Europeia. Agora, quando o alemão Manfred Weber se depara com resistências para suceder a Jean-Claude Juncker, Barroso alerta: “Seria um erro atirar para a oposição a maior força política europeia.”

A posição de Durão Barroso foi assumida logo à chegada ao campus da Nova Business School of Economics, onde o social-democrata seria recebido como uma das principais figuras do último dia de debates. “As principais forças políticas aceitaram o princípio do cabeça de lista” e, por isso, “esperar-se-ia que o cabeça de lista da força política mais votada fosse indicado pelo Conselho Europeu como candidato a presidente da Comissão Europeia”, defendeu Barroso.

Mas não é isso que acontece. Na terça-feira, os chefes de Estado e dos Governos da União Europeia reuniram-se para um Conselho Europeu informal para arrancar com as discussões (ou negociações) que levarão à escolha das próximas figuras de topo da União Europeia. É o caso do próximo presidente do Parlamento Europeu, do responsável europeu pela política externa da União e, claro, do presidente da Comissão Europeia. Era aí que Barroso esperava ver o caso mais claro.

Apesar de ser um processo “complicado”, pelos braços de ferro e jogos de influência que se travam neste processo, deveria valer o princípio de nomear o candidato do partido mais votado nas eleições europeias. Apesar da queda acentuada nos lugares alcançados, o Partido Popular Europeu continua a ser o grupo político mais numeroso em Bruxelas. Mas a dispersão de votos e o crescimento de outros grupos – como os Verdes e os Liberais – complica as contas. Poucos parecem dispostos a aceitar o nome de Manfred Weber para líder do Governo europeu. Com os resultados do último domingo, “deixa de haver essa maioria” dividia entre PPE e Socialistas e Democratas e, a partir dqaui, “vai ser mais complicado”. Mas, sublnha Barroso, “continua a haver uma maioria sólida pro-europeia”.

O principal obstáculo à nomeação de Manfred Weber – apesar de a discussão entre líderes europeus não se ter (ainda) baseado em nomes – é a sua falta de experiência executiva. O alemão “é uma pessoa muito encantadora, com experiência política no Parlamento Europeu, um europeista convicto, tem imensas qualidades”, garante Barroso, que conhece bem o candidato do PPE. Mas, é incontornável, nunca liderou um Governo. “Compreendo o argumento da experiência governativa, é um argumento importante, não está em nenhuma lei como condição [para excluir o nome], mas é um argumento importante”, acaba por reconhecer Barroso.

Perante a falta de entendimento, “deverá procurar-se consenso em torno da personalidade que tenha essa experiência, e o PPE tem outros candidatos com essa experiência”, destaca o ex-presidente da Comissão Europeia. Ou seja, apesar de sublinhar que o princípio do spitzenkandidat tenha sido validado pelos partidos no Parlamento Europeu, para Durão Barroso, é mais releante que seja o partido mais votado – o seu, neste caso – a apresentar alternativas, mesmo que essas alternativas nunca tenham feito campanha para a presidência da Comissão Europeia.

A “hegemonia” dos partidos do sistema

O tema haveria de ser ressuscitado já durante a intervenção na conferência, nessa mesma linha de que o PPE não pode ser ostracizado por Socialistas, Verdes e Liberais como sacríficio da nova “gerigonça” europeia a que António Costa, juntamente com outros líderes (de Espanha, Bélgica e outros), tem dedicado energias nos últimas dias. Barroso pediu “inteligência” aos líderes europeus “para não destruir o consenso” em torno do projeto comum.

O social-democrata dividiu o palco com o antigo primeiro-ministro José Luís Zapatero, um “europeista, ibérico, social-democrata e otimista”. Foi esse o cartão de visita com que o espanhol se apresentou, com tónica no último epiteto. É que, apesar da subida assinalável dos partidos eurocéticos e populistas nestas europeias, Zapatero garante que “os neo-nacionalistas não vão escrever uma única página da história europeia”.

Sim, houve uma crise financeira. Sim, o euro é um projeto incompleto e com falhas. Sim, as mudanças na União Europeia tardam a concretizar-se. E, sim, há ameaças ao papel da União que chegam do Ocidente e do Oriente, com as batalhas de tarifas entre EUA e a China. O fortalecimento da influência de Pequim é, aliás, “imparável”, acrescentou o socialista. Mas – ou talvez por isso – o caminho terá sempre de ser no sentido de mais Europa. “Bruxelas é a nossa única espreança”, assinalou Zapatero, num debate entre dois euro-apaixonados que acabou por passar por poucas zonas de discordância.

O único momento em que Barroso e Zapatero pareceram divergir (ainda que de forma muito ligeira) foi quando o espanhol partilhou a ideia de que os grandes partidos se manterão como principais forças de referência na escolha dos eleitores, em Espanha e “noutros países” europeus. “O Partido Popular vai voltar a ter a hegemonia na direita e no centro direita, porque tem mais raízes”, tal como o seu PSOE acabará por esmagar o Podemos e garantir essa hegemonia à esquerda e ao centro esquerda, vaticinou Zapatero. “Atravessámos uma crise, perdemos muitos votos, mas os partidos históricos, grandes, quando estão em forma ganham”, defendeu.

Barroso foi mais contido. Portugal, anotou, terá sido “o único pais onde, em todas as eleições locais, nacionais, e para o Parlamento Europeu, os dois partidos que estiveram à frente foram sempre os mesmos”. É uma “continiuidade” de mais de quatro décadas” e que “não há em praticamente nenhum país europeu”.

Mas o cenário poderá ser diferente no campo europeu. “Vai haver mudanças partidárias mais profundas”, e o salto do grupo dos Verdes nas últimas europeias tem uma causa: “Os partidos tradicionais nem sempre foram capazes de introduzir questões muito importante entre os jovens, como as das alterações climáticas”, defendeu Barroso. Também por isso – e apesar de uma capacidade dos partidos do sistema para “absoerver” as causas que vão dando força a novos partidos, os grandes grupos em Bruxelas “vão passar por mudanças”.

Num painel que devia olhar para o passado e ali encontrar pistas para o presente, Durão Barroso recorreu à sua experiência para assinalar que ele próprio passou, por duas vezes, pelo “difícil” processo de escrutínio entre o Conselho e o Parlamento Europeus para assumir a presidência da Comissão Europeia. Agora, quando o alemão Manfred Weber se depara com resistências para suceder a Jean-Claude Juncker, Barroso alerta: “Seria um erro atirar para a oposição a maior força política europeia.”

A posição de Durão Barroso foi assumida logo à chegada ao campus da Nova Business School of Economics, onde o social-democrata seria recebido como uma das principais figuras do último dia de debates. “As principais forças políticas aceitaram o princípio do cabeça de lista” e, por isso, “esperar-se-ia que o cabeça de lista da força política mais votada fosse indicado pelo Conselho Europeu como candidato a presidente da Comissão Europeia”, defendeu Barroso.

Mas não é isso que acontece. Na terça-feira, os chefes de Estado e dos Governos da União Europeia reuniram-se para um Conselho Europeu informal para arrancar com as discussões (ou negociações) que levarão à escolha das próximas figuras de topo da União Europeia. É o caso do próximo presidente do Parlamento Europeu, do responsável europeu pela política externa da União e, claro, do presidente da Comissão Europeia. Era aí que Barroso esperava ver o caso mais claro.

Apesar de ser um processo “complicado”, pelos braços de ferro e jogos de influência que se travam neste processo, deveria valer o princípio de nomear o candidato do partido mais votado nas eleições europeias. Apesar da queda acentuada nos lugares alcançados, o Partido Popular Europeu continua a ser o grupo político mais numeroso em Bruxelas. Mas a dispersão de votos e o crescimento de outros grupos – como os Verdes e os Liberais – complica as contas. Poucos parecem dispostos a aceitar o nome de Manfred Weber para líder do Governo europeu. Com os resultados do último domingo, “deixa de haver essa maioria” dividia entre PPE e Socialistas e Democratas e, a partir dqaui, “vai ser mais complicado”. Mas, sublnha Barroso, “continua a haver uma maioria sólida pro-europeia”.

O principal obstáculo à nomeação de Manfred Weber – apesar de a discussão entre líderes europeus não se ter (ainda) baseado em nomes – é a sua falta de experiência executiva. O alemão “é uma pessoa muito encantadora, com experiência política no Parlamento Europeu, um europeista convicto, tem imensas qualidades”, garante Barroso, que conhece bem o candidato do PPE. Mas, é incontornável, nunca liderou um Governo. “Compreendo o argumento da experiência governativa, é um argumento importante, não está em nenhuma lei como condição [para excluir o nome], mas é um argumento importante”, acaba por reconhecer Barroso.

Perante a falta de entendimento, “deverá procurar-se consenso em torno da personalidade que tenha essa experiência, e o PPE tem outros candidatos com essa experiência”, destaca o ex-presidente da Comissão Europeia. Ou seja, apesar de sublinhar que o princípio do spitzenkandidat tenha sido validado pelos partidos no Parlamento Europeu, para Durão Barroso, é mais releante que seja o partido mais votado – o seu, neste caso – a apresentar alternativas, mesmo que essas alternativas nunca tenham feito campanha para a presidência da Comissão Europeia.

A “hegemonia” dos partidos do sistema

O tema haveria de ser ressuscitado já durante a intervenção na conferência, nessa mesma linha de que o PPE não pode ser ostracizado por Socialistas, Verdes e Liberais como sacríficio da nova “gerigonça” europeia a que António Costa, juntamente com outros líderes (de Espanha, Bélgica e outros), tem dedicado energias nos últimas dias. Barroso pediu “inteligência” aos líderes europeus “para não destruir o consenso” em torno do projeto comum.

O social-democrata dividiu o palco com o antigo primeiro-ministro José Luís Zapatero, um “europeista, ibérico, social-democrata e otimista”. Foi esse o cartão de visita com que o espanhol se apresentou, com tónica no último epiteto. É que, apesar da subida assinalável dos partidos eurocéticos e populistas nestas europeias, Zapatero garante que “os neo-nacionalistas não vão escrever uma única página da história europeia”.

Sim, houve uma crise financeira. Sim, o euro é um projeto incompleto e com falhas. Sim, as mudanças na União Europeia tardam a concretizar-se. E, sim, há ameaças ao papel da União que chegam do Ocidente e do Oriente, com as batalhas de tarifas entre EUA e a China. O fortalecimento da influência de Pequim é, aliás, “imparável”, acrescentou o socialista. Mas – ou talvez por isso – o caminho terá sempre de ser no sentido de mais Europa. “Bruxelas é a nossa única espreança”, assinalou Zapatero, num debate entre dois euro-apaixonados que acabou por passar por poucas zonas de discordância.

O único momento em que Barroso e Zapatero pareceram divergir (ainda que de forma muito ligeira) foi quando o espanhol partilhou a ideia de que os grandes partidos se manterão como principais forças de referência na escolha dos eleitores, em Espanha e “noutros países” europeus. “O Partido Popular vai voltar a ter a hegemonia na direita e no centro direita, porque tem mais raízes”, tal como o seu PSOE acabará por esmagar o Podemos e garantir essa hegemonia à esquerda e ao centro esquerda, vaticinou Zapatero. “Atravessámos uma crise, perdemos muitos votos, mas os partidos históricos, grandes, quando estão em forma ganham”, defendeu.

Barroso foi mais contido. Portugal, anotou, terá sido “o único pais onde, em todas as eleições locais, nacionais, e para o Parlamento Europeu, os dois partidos que estiveram à frente foram sempre os mesmos”. É uma “continiuidade” de mais de quatro décadas” e que “não há em praticamente nenhum país europeu”.

Mas o cenário poderá ser diferente no campo europeu. “Vai haver mudanças partidárias mais profundas”, e o salto do grupo dos Verdes nas últimas europeias tem uma causa: “Os partidos tradicionais nem sempre foram capazes de introduzir questões muito importante entre os jovens, como as das alterações climáticas”, defendeu Barroso. Também por isso – e apesar de uma capacidade dos partidos do sistema para “absoerver” as causas que vão dando força a novos partidos, os grandes grupos em Bruxelas “vão passar por mudanças”.

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