Marcelo anuncia recandidatura: “Não vou sair a meio de uma caminhada exigente e penosa”

09-12-2020
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Chegou a pé, vindo do palácio de Belém, com o cachecol pendurado no bolso e o discurso na mão. Discursou na velha Chic de Belém, a pastelaria Versailles que foi a sede da sua candidatura há cinco anos e onde, num discurso curto de oito minutos, anunciou recandidatar-se. A principal razão, afirmou, é a fase "exigente e penosa" que o país atravessa.

Como há cinco anos, quando pela primeira vez avançou para Belém, Marcelo Rebelo de Sousa emprestou espírito de missão à sua decisão, afirmando que agora como antes é o "dever de consciência" que o move.

"Não vou fugir às minhas responsabilidades" - afirmou - "não vou trocar o que todos sabemos irem ser as adversidades e impopularidades de amanhã pelo comodismo pessoal ou familiar de hoje". E as adversidades são as óbvias, algumas delas que já justificaram a candidatura de há cinco anos, agora agravadas pela conjuntura pandémica e a que se somaram os momentos mais sombrios do seu primeiro mandato e que Marcelo fez questão de recordar.

"Sou candidato à Presidência da República porque temos uma pandemia a enfrentar, uma crise económica a vencer e uma oportunidade única para mudar Portugal para melhor. Na economia mas sobretudo no nosso dia a dia, reforçando a nossa coesão social e territorial, combatendo a pobreza, promovendo o nosso crescimento e o emprego", justificou.

E esta foi a primeira das três palavras que Marcelo escolheu para dirigir aos portugueses, propondo-se a “continuar o diálogo e convergência, no essencial”, “com descrispação, com pluralismo democrático”. Isso só é possível, afirmou, com "um Presidente independente, que não instabilize, antes estabilize e que não divida, antes una". Foi a indireta mínima aos adversários.

A demora no anúncio da recandidatura Marcelo justificou-a com o facto de ter querido, primeiro e ainda como Presidente, "promulgar as novas regras eleitorais, convocar as eleições e, perante o agravamento da pandemia, tomar decisões essenciais" relacionadas com a renovação do estado de emergência e a definição de regras para o período de Natal e do Ano Novo.

Uma legislatura de apertos

A sua segunda palavra foi de agradecimento aos portugueses pelo apoio que lhe deram desde 2016. E aí Marcelo carregou nas tintas dos apertos que marcaram a primeira legislatura da geringonça, sem esquecer uma indireta politicamente violenta ao último ano da legislatura, que definiu como um "longuíssimo processo eleitoral".

Sem o apoio dos portugueses, afirmou, "teria sido mais difícil lidar com o esforço da saída do défice excessivo e a crise na banca de 2016, com os fogos em 2017, com a lentidão de tantos em entenderem os movimentos inorgânicos que irrompiam em 2018 [António Costa foi um deles, quando classificou um discurso do Presidente no 25 de Abril como "arte abstrata"] e com o longuíssimo processo eleitoral iniciado em 2018 e que se prolongou até 2019". Eis a referência ao eleitoralismo prolongado do costismo.

O 'obrigado' aos portugueses foi extensível ao apoio que lhe deram nos "momentos mais sensíveis" e que Marcelo fez questão de enumerar - a convocação, por sua "iniciativa", do primeiro estado de emergência, que dividiu opiniões, as vezes em que terá "agido de menos ou de mais, no propósito de evitar confrontos dispensáveis".

Em resposta aos que os que o criticaram nestes cinco anos, Marcelo Rebelo de Sousa disse ter "feito sempre sempre o melhor que sabia e podia" e sempre a "pensar no interesse público e não no interesse pessoal".

A terceira palavra que dirigiu aos portugueses foi para o Presidente/candidato dizer que não muda. Garantindo ser "exatamente o mesmo que avançou há cinco anos" - "sou exatamente o mesmo" - passou a explicar.

"A democracia iliberal não é democrática"

Eis Marcelo segundo Marcelo: "Orgulhosamente português e por isso universalista, convictamente católico e por isso dando primazia à dignidade da pessoa, assumidamente republicano e por isso avesso a nepotismos, clientelismos e corrupções, determinadamente social-democrata e por isso defensor da democracia e da liberdade".

Foi a oportunidade para se demarcar das democracias iliberais, numa clara indireta a novos partidos radicais e extremistas. A democracia que o candidato defende é, como disse, "toda ela, a pessoal, a política, a económica, a social, a cultural", não a da chamada democracia iliberal, que não é democrática", nem a liberdade "que o não é plenamente, por ser vivida na pobreza, ignorância ou dependência".

"A escolha é vossa", concluiu, e é entre "renovar a confiança em quem conheceis há cerca de 20 anos, semana após semana, e em especial neste cinco anos vividos em comum, feitos de palavras e de atos", ou escolher "alguém diferente com uma visão diversa daquela que vos propus e proponho".

"Humildemente aguardo o vosso veredicto", disse Marcelo, sem deixar de lembrar, no fim como no início, os tempos cinzentos que aí estão e que aí vêm, em que a empreitada é, nada mais nada menos, do que vencer a pandemia e "recuperar Portugal".

Colocando-se na grelha de partida como referencial de estabilidade, disposto a unir e a ser igual ao que foi, Marcelo Rebelo de Sousa começou a sua campanha eleitoral.

Chegou a pé, vindo do palácio de Belém, com o cachecol pendurado no bolso e o discurso na mão. Discursou na velha Chic de Belém, a pastelaria Versailles que foi a sede da sua candidatura há cinco anos e onde, num discurso curto de oito minutos, anunciou recandidatar-se. A principal razão, afirmou, é a fase "exigente e penosa" que o país atravessa.

Como há cinco anos, quando pela primeira vez avançou para Belém, Marcelo Rebelo de Sousa emprestou espírito de missão à sua decisão, afirmando que agora como antes é o "dever de consciência" que o move.

"Não vou fugir às minhas responsabilidades" - afirmou - "não vou trocar o que todos sabemos irem ser as adversidades e impopularidades de amanhã pelo comodismo pessoal ou familiar de hoje". E as adversidades são as óbvias, algumas delas que já justificaram a candidatura de há cinco anos, agora agravadas pela conjuntura pandémica e a que se somaram os momentos mais sombrios do seu primeiro mandato e que Marcelo fez questão de recordar.

"Sou candidato à Presidência da República porque temos uma pandemia a enfrentar, uma crise económica a vencer e uma oportunidade única para mudar Portugal para melhor. Na economia mas sobretudo no nosso dia a dia, reforçando a nossa coesão social e territorial, combatendo a pobreza, promovendo o nosso crescimento e o emprego", justificou.

E esta foi a primeira das três palavras que Marcelo escolheu para dirigir aos portugueses, propondo-se a “continuar o diálogo e convergência, no essencial”, “com descrispação, com pluralismo democrático”. Isso só é possível, afirmou, com "um Presidente independente, que não instabilize, antes estabilize e que não divida, antes una". Foi a indireta mínima aos adversários.

A demora no anúncio da recandidatura Marcelo justificou-a com o facto de ter querido, primeiro e ainda como Presidente, "promulgar as novas regras eleitorais, convocar as eleições e, perante o agravamento da pandemia, tomar decisões essenciais" relacionadas com a renovação do estado de emergência e a definição de regras para o período de Natal e do Ano Novo.

Uma legislatura de apertos

A sua segunda palavra foi de agradecimento aos portugueses pelo apoio que lhe deram desde 2016. E aí Marcelo carregou nas tintas dos apertos que marcaram a primeira legislatura da geringonça, sem esquecer uma indireta politicamente violenta ao último ano da legislatura, que definiu como um "longuíssimo processo eleitoral".

Sem o apoio dos portugueses, afirmou, "teria sido mais difícil lidar com o esforço da saída do défice excessivo e a crise na banca de 2016, com os fogos em 2017, com a lentidão de tantos em entenderem os movimentos inorgânicos que irrompiam em 2018 [António Costa foi um deles, quando classificou um discurso do Presidente no 25 de Abril como "arte abstrata"] e com o longuíssimo processo eleitoral iniciado em 2018 e que se prolongou até 2019". Eis a referência ao eleitoralismo prolongado do costismo.

O 'obrigado' aos portugueses foi extensível ao apoio que lhe deram nos "momentos mais sensíveis" e que Marcelo fez questão de enumerar - a convocação, por sua "iniciativa", do primeiro estado de emergência, que dividiu opiniões, as vezes em que terá "agido de menos ou de mais, no propósito de evitar confrontos dispensáveis".

Em resposta aos que os que o criticaram nestes cinco anos, Marcelo Rebelo de Sousa disse ter "feito sempre sempre o melhor que sabia e podia" e sempre a "pensar no interesse público e não no interesse pessoal".

A terceira palavra que dirigiu aos portugueses foi para o Presidente/candidato dizer que não muda. Garantindo ser "exatamente o mesmo que avançou há cinco anos" - "sou exatamente o mesmo" - passou a explicar.

"A democracia iliberal não é democrática"

Eis Marcelo segundo Marcelo: "Orgulhosamente português e por isso universalista, convictamente católico e por isso dando primazia à dignidade da pessoa, assumidamente republicano e por isso avesso a nepotismos, clientelismos e corrupções, determinadamente social-democrata e por isso defensor da democracia e da liberdade".

Foi a oportunidade para se demarcar das democracias iliberais, numa clara indireta a novos partidos radicais e extremistas. A democracia que o candidato defende é, como disse, "toda ela, a pessoal, a política, a económica, a social, a cultural", não a da chamada democracia iliberal, que não é democrática", nem a liberdade "que o não é plenamente, por ser vivida na pobreza, ignorância ou dependência".

"A escolha é vossa", concluiu, e é entre "renovar a confiança em quem conheceis há cerca de 20 anos, semana após semana, e em especial neste cinco anos vividos em comum, feitos de palavras e de atos", ou escolher "alguém diferente com uma visão diversa daquela que vos propus e proponho".

"Humildemente aguardo o vosso veredicto", disse Marcelo, sem deixar de lembrar, no fim como no início, os tempos cinzentos que aí estão e que aí vêm, em que a empreitada é, nada mais nada menos, do que vencer a pandemia e "recuperar Portugal".

Colocando-se na grelha de partida como referencial de estabilidade, disposto a unir e a ser igual ao que foi, Marcelo Rebelo de Sousa começou a sua campanha eleitoral.

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