Vale do Anzel

13-09-2020
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Actualidade e lugares

A minha nova morada

Mudei de morada. A partir de hoje vou estar aqui.

link do post | comentar | favorito publicado por Paulo Sousa às 17:42

Recortes da blogosfera

A auditoria ao modelo de gestão, financiamento e regulação do sector rodoviário, hoje publicada, apresenta conclusões que apontam, de forma inequívoca, para a existência de um comportamento deliberado do Governo liderado por José Sócrates (e em que era Secretário de Estado Paulo Campos) de sonegação de informação ao Tribunal de Contas e de violação de elementares interesses do Estado. Mais, e em concreto, tal Governo terá promovido a celebração, no âmbito das PPP, de contratos paralelos que importaram o agravamento das condições financeiras a suportar pelo Estado em 705 milhões de euros. A confirmar-se tal situação, todos devem assumir as suas responsabilidades. Desde logo, a Procuradoria-Geral da República, a quem se pede que, por uma vez, cumpra com diligência e competência as suas obrigações, promovendo a investigação que se impõe para determinar a viabilidade da responsabilização, em primeira linha, dos membros desse Governo envolvidos neste esquema predatório do erário público. Mas, também, das concessionárias e entidades bancárias envolvidas na assinatura dos contratos paralelos, cujas consequências e intuitos não podiam desconhecer. Por outro lado, o PS tem a estrita obrigação de tomar uma posição clara sobre este assunto, uma vez que é o partido que suportou politicamente esse Governo e tem como militantes e deputados da sua bancada parlamentar os autores de tais actos. A gravidade da matéria não permite que António José Seguro a ignore ou a desvalorize, sob pena de comprometer irremediavelmente qualquer réstia de credibilidade. Por último, o actual Governo deve ser consequente com os factos apurados, recusando-se a efectuar qualquer pagamento previsto nos ditos contratos paralelos e promovendo a desvinculação jurídica do Estado português de quaisquer obrigações ali previstas. Se isto não for assim, teremos de concluir que Ali Babá teve muita sorte pois só teve de enfrentar 40 enquanto os portugueses se debatem, a cada dia, com muitos mais. Rui Rocha, Delito de Opinião

link do post | comentar | favorito publicado por Paulo Sousa às 14:00

Recortes da Blogosfera

Trabalhadores em greve vs. indignados Os dirigentes das centrais sindicais demarcaram-se dos incidentes ocorridos junto ao Parlamento. Todavia, a divergência entre aqueles que se sentem representados pelo movimento sindical e os outros que também ontem se manifestaram (chamemos-lhes indignados) não fica por aqui. O pano de fundo da agitação social é a crise económica profunda. Perante isto, a luta do movimento sindical não é já a da conquista de direitos adicionais para os trabalhadores. O discurso dos direitos incrementais foi substituído pelo da preservação dos direitos adquiridos. Não há nas acções promovidas pelos sindicatos qualquer intuito revolucionário. Não está em causa uma réstia de utopia. Pelo contrário, aquilo que está presente é já uma profunda nostalgia. Num certo sentido, utopia e nostalgia são entidades de sentido equivalente, situadas em pontos opostos do fio do tempo. Na greve de ontem, o tempo perfeito, o momento idealizado, estava no passado. Esse onde o trabalho podia ser para toda a vida e era pago em 14 remunerações anuais e em que o Estado oferecia a miragem de uma ampla protecção social na doença e na tristeza. O cimento que uniu os trabalhadores não foi o desejo de revolução, com a consequente alteração das estruturas políticas e sociais, nem sequer o de revolta (entendida esta no sentido que lhe é dado por Paolo Virno, Alain Badiou ou Jacques Ranciére: momento análogo ao da catástrofe, do colapso, sem projecto de futuro). No fundo, os trabalhadores em greve são consumidores que vêem o poder de compra afectado e reclamam o seu lugar no sistema capitalista e na social-democracia. Por seu lado, o movimento dos indignados não apresenta este traço agregador. Sob a designação, permanece a amálgama. Estão por ali os que não sabem o que querem, os que estão profundamente ideologizados e sonham com a revolução omitindo a si próprios (ou ao mundo) que o lugar mais próximo da utopia é a distopia, os que querem a revolta (no sentido já referido de catarse instantânea, sempre que possível violenta, sem passado nem futuro) e os que queriam estar no lugar daqueles que fazem greve (jovens desempregados). Ora, já se vê que não há ponto de união possível entre aqueles para quem o futuro desejado está no regresso ao passado (representados pelos sindicatos) e os outros para quem só há presente (os da revolta ou os que não sabem o que querem) ou só há futuro (os da utopia revolucionária e os que querem emprego). Por isso, quando estas duas forças (que se projectam em momentos temporais diferentes e antagónicos) se aproximam no espaço, físico ou político, o resultado só pode ser uma grande tensão. Não há compatibilidade possível entre amanhãs que cantam e ontens sorridentes. Entretanto, o que se torna realmente difícil é encontrar, em qualquer dessas correntes, algum sentido da realidade. Rui Rocha, Delito de Opinião

link do post | comentar | favorito publicado por Paulo Sousa às 21:00

Recortes da blogosfera

Que sobreviva a República! No estado actual do país, existe uma única razão para assinalar o 5 de Outubro: o facto de não sermos uma monarquia. A república, esta que temos, exala um insuportável cheiro a bafio. Mas, não a trocava pelas lantejoulas e o néon de uma qualquer ideia de predestinação. Isto dito, neste preciso momento, não há nada mais a comemorar e há tudo para reflectir. O decoro imporia que o dia de amanhã se passasse em recolhimento e meditação. E, sobre o ruído obsceno das fanfarras e o semblante soerguido dos altos dignitários, melhor seria que se impusesse o silêncio da contrição e um piscar de olho honesto ao futuro. Há neste estertor que vivemos um contrato social em ruínas. Porque já não é deste tempo. E porque nunca foi cumprido. É urgente que nos aproximemos de um novo denominador mínimo e comum. Que reflicta exactamente o que somos, pobres e endividados como estamos. Mas, que não prescinda de uma dimensão aspiracional, que nos desafie a desbravar terreno. No momento actual, é óbvia a necessidade de temperar os direitos com obrigações. Devemos reconhecer que, no que diz respeito ao trabalho, à habitação, à educação, à assistência médica e à segurança social, cabe ao Estado assegurar o contexto. Mas, é a cada um dos cidadãos que cabe a responsabilidade pelo seu percurso. Não nos bastaria já um sistema de educação perfeito ainda que o tivéssemos. Numa sociedade avançada, o dia seguinte da educação é o mérito. Falta-nos fazer muito em matéria de educação. Falta-nos fazer tudo em matéria de mérito. Aos políticos não podemos aceitar que nos queiram fazer felizes. Porque o direito de o sermos ou não é nosso e inalienável. Deles apenas se pretende responsabilidade pelos seus actos Mas devemos exigir, por exemplo, que não sejam cúmplices de monopólios que repercutem nos preços cobrados aos consumidores as suas ineficiências. Precisamos muito de respeito pelos nossos impostos. E isso passa por uma criteriosa gestão de custos e benefícios. E também por não sermos taxados pelo sector privado, de forma explícita ou implícita, como tem acontecido no caso das parcerias impúdico-privadas. Não há nenhum rubor que se imponha por sermos pobres se, apesar de tudo, quisermos ainda ser justos e íntegros. A ética republicana,se existe, não é um ponto de partida e, por definição, nunca será um lugar de chegada. Mas, pode muito bem ser um caminho. Rui Rocha, Delito de Opinião

link do post | comentar | favorito publicado por Paulo Sousa às 00:00

Recortes da blogosfera

Foi Margaret Thatcher que disse que a sociedade não existe, só existem indivíduos e famílias. A frase, muito citada, reflecte um pensamento em que a direita se revê: culpar a sociedade é desculpabilizar os indivíduos, os únicos cuja existência pode ser comprovada pelas leis da física, logo os únicos que podem ser responsabilizados por tudo o que de bom ou mau acontece na praça pública. Negar à sociedade qualquer responsabilidade, ou até a própria existência não é, porém, uma tese menos absurda que a da esquerda idealista que a todos perdoa, imputando as culpas das falhas humanas ao sistema. As reflexões que os tumultos do Reino Unido suscitaram à direita e à esquerda confirmam que o mundo pode estar a mudar, mas o pensamento não. Enquanto os miúdos partiam montras na rua, os analistas vestiam as camisolas dos respectivos "clubes" e atiravam aviõezinhos de papel uns aos outros despejando as cartilhas da direita e da esquerda que já conhecemos de cor. Em tempo de crise, quando vemos o mundo que conhecemos a ameaçar ruir, estranho esta aparente falta de interesse em tentar perceber o que se passa. Deve ser reactivo este retorno ao discurso vincadamente ideológico que parece estar a voltar em força. O problema é que implica sempre alguma desonestidade intelectual, porque é, por natureza, redutor. Entretanto a História, que não é rapariga para se empatar com estas coisas, vai fazendo o seu caminho. E que depressa que ela vai. Receio que mais uma vez nos ultrapasse pela direita e fique a rir-se de nós. Teresa Ribeiro, Delito de Opinião

link do post | comentar | favorito publicado por Paulo Sousa às 23:00

Recortes da blogosfera

Dois meses depois, não há reformas, dizem eles - os que nunca reformaram nada ou estiveram sempre na primeira linha do combate a todas as reformas no aparelho de estado. Dois meses depois, não há cortes na despesa, dizem eles - os que sempre contribuiram para avolumar a despesa. Eis que surge o primeiro corte substancial na despesa, com a fusão de dois institutos públicos que permite poupar 14 milhões de euros, e os mesmos recomendam agora que se trave a fundo. "Estas fusões não se anunciam sem estar bem estudadas e sem haver um cronograma", brada um. "Não há razões para queimar etapas. As questões devem ser profundamente debatidas", proclama outro. Os mesmos de antes, os mesmos de sempre. Por isso é que o País está como está. Pedro Correia, Delito de Opinião

link do post | comentar | favorito publicado por Paulo Sousa às 21:30

Recortes da blogosfera

Um grupo de manifestantes que protestasse nas ruas de Madrid ou de qualquer outra capital europeia contra a visita de um dirigente espiritual islâmico seria logo rotulado de "antimuçulmano". Os participantes nessa manifestação ganhariam de imediato o epíteto de "islamófobos" e não faltaria quem sublinhasse a necessidade de combater ódios religiosos em nome da liberdade de crença e do respeito pela fé alheia. Tudo muda quando esse dirigente espiritual é o Papa. Os manifestantes passam a ser "laicos", nenhum deles é descrito como anticatólico e muito menos como vaticanófobo. Os gritos de "Papa nazi", "assassinos", "ignorantes", "pedófilos" e "filhos da puta" com que nestes dias alguns destes "laicos" têm brindado centenas de milhares de jovens católicos inserem-se na naturalíssima liberdade de manifestação que justifica aplauso dos mesmos que se indignariam com uma ruidosa reunião de "islamófobos". Isto deve fazer-nos reflectir sobre a importância das palavras no espaço comunicacional. Nenhuma delas é neutra, nenhuma delas é irrelevante: todas nos chegam carregadas de ideologia. Compete ao bom jornalismo evitar as armadilhas da linguagem que estabelecem dois pesos e duas medidas para situações similares. Porque o preconceito ataca quando menos se espera. Sobretudo o preconceito daqueles que se proclamam livres de preconceitos. Pedro Correia, Delito de Opinião

link do post | comentar | favorito publicado por Paulo Sousa às 11:00

O Parlamento cheira a novo

Foi preciso o país ter chegado ao abismo, para podermos ver o bom senso e a racionalidade a chegar ao Parlamento, aqui pelo deputado Adolfo Mesquina Nunes, ilustre bloguer do Delito de Opinião. Esperemos que não seja demasiado tarde.

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Recortes da blogosfera e da imprensa

Actualidade e lugares

A minha nova morada

Mudei de morada. A partir de hoje vou estar aqui.

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Recortes da blogosfera

A auditoria ao modelo de gestão, financiamento e regulação do sector rodoviário, hoje publicada, apresenta conclusões que apontam, de forma inequívoca, para a existência de um comportamento deliberado do Governo liderado por José Sócrates (e em que era Secretário de Estado Paulo Campos) de sonegação de informação ao Tribunal de Contas e de violação de elementares interesses do Estado. Mais, e em concreto, tal Governo terá promovido a celebração, no âmbito das PPP, de contratos paralelos que importaram o agravamento das condições financeiras a suportar pelo Estado em 705 milhões de euros. A confirmar-se tal situação, todos devem assumir as suas responsabilidades. Desde logo, a Procuradoria-Geral da República, a quem se pede que, por uma vez, cumpra com diligência e competência as suas obrigações, promovendo a investigação que se impõe para determinar a viabilidade da responsabilização, em primeira linha, dos membros desse Governo envolvidos neste esquema predatório do erário público. Mas, também, das concessionárias e entidades bancárias envolvidas na assinatura dos contratos paralelos, cujas consequências e intuitos não podiam desconhecer. Por outro lado, o PS tem a estrita obrigação de tomar uma posição clara sobre este assunto, uma vez que é o partido que suportou politicamente esse Governo e tem como militantes e deputados da sua bancada parlamentar os autores de tais actos. A gravidade da matéria não permite que António José Seguro a ignore ou a desvalorize, sob pena de comprometer irremediavelmente qualquer réstia de credibilidade. Por último, o actual Governo deve ser consequente com os factos apurados, recusando-se a efectuar qualquer pagamento previsto nos ditos contratos paralelos e promovendo a desvinculação jurídica do Estado português de quaisquer obrigações ali previstas. Se isto não for assim, teremos de concluir que Ali Babá teve muita sorte pois só teve de enfrentar 40 enquanto os portugueses se debatem, a cada dia, com muitos mais. Rui Rocha, Delito de Opinião

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Trabalhadores em greve vs. indignados Os dirigentes das centrais sindicais demarcaram-se dos incidentes ocorridos junto ao Parlamento. Todavia, a divergência entre aqueles que se sentem representados pelo movimento sindical e os outros que também ontem se manifestaram (chamemos-lhes indignados) não fica por aqui. O pano de fundo da agitação social é a crise económica profunda. Perante isto, a luta do movimento sindical não é já a da conquista de direitos adicionais para os trabalhadores. O discurso dos direitos incrementais foi substituído pelo da preservação dos direitos adquiridos. Não há nas acções promovidas pelos sindicatos qualquer intuito revolucionário. Não está em causa uma réstia de utopia. Pelo contrário, aquilo que está presente é já uma profunda nostalgia. Num certo sentido, utopia e nostalgia são entidades de sentido equivalente, situadas em pontos opostos do fio do tempo. Na greve de ontem, o tempo perfeito, o momento idealizado, estava no passado. Esse onde o trabalho podia ser para toda a vida e era pago em 14 remunerações anuais e em que o Estado oferecia a miragem de uma ampla protecção social na doença e na tristeza. O cimento que uniu os trabalhadores não foi o desejo de revolução, com a consequente alteração das estruturas políticas e sociais, nem sequer o de revolta (entendida esta no sentido que lhe é dado por Paolo Virno, Alain Badiou ou Jacques Ranciére: momento análogo ao da catástrofe, do colapso, sem projecto de futuro). No fundo, os trabalhadores em greve são consumidores que vêem o poder de compra afectado e reclamam o seu lugar no sistema capitalista e na social-democracia. Por seu lado, o movimento dos indignados não apresenta este traço agregador. Sob a designação, permanece a amálgama. Estão por ali os que não sabem o que querem, os que estão profundamente ideologizados e sonham com a revolução omitindo a si próprios (ou ao mundo) que o lugar mais próximo da utopia é a distopia, os que querem a revolta (no sentido já referido de catarse instantânea, sempre que possível violenta, sem passado nem futuro) e os que queriam estar no lugar daqueles que fazem greve (jovens desempregados). Ora, já se vê que não há ponto de união possível entre aqueles para quem o futuro desejado está no regresso ao passado (representados pelos sindicatos) e os outros para quem só há presente (os da revolta ou os que não sabem o que querem) ou só há futuro (os da utopia revolucionária e os que querem emprego). Por isso, quando estas duas forças (que se projectam em momentos temporais diferentes e antagónicos) se aproximam no espaço, físico ou político, o resultado só pode ser uma grande tensão. Não há compatibilidade possível entre amanhãs que cantam e ontens sorridentes. Entretanto, o que se torna realmente difícil é encontrar, em qualquer dessas correntes, algum sentido da realidade. Rui Rocha, Delito de Opinião

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Que sobreviva a República! No estado actual do país, existe uma única razão para assinalar o 5 de Outubro: o facto de não sermos uma monarquia. A república, esta que temos, exala um insuportável cheiro a bafio. Mas, não a trocava pelas lantejoulas e o néon de uma qualquer ideia de predestinação. Isto dito, neste preciso momento, não há nada mais a comemorar e há tudo para reflectir. O decoro imporia que o dia de amanhã se passasse em recolhimento e meditação. E, sobre o ruído obsceno das fanfarras e o semblante soerguido dos altos dignitários, melhor seria que se impusesse o silêncio da contrição e um piscar de olho honesto ao futuro. Há neste estertor que vivemos um contrato social em ruínas. Porque já não é deste tempo. E porque nunca foi cumprido. É urgente que nos aproximemos de um novo denominador mínimo e comum. Que reflicta exactamente o que somos, pobres e endividados como estamos. Mas, que não prescinda de uma dimensão aspiracional, que nos desafie a desbravar terreno. No momento actual, é óbvia a necessidade de temperar os direitos com obrigações. Devemos reconhecer que, no que diz respeito ao trabalho, à habitação, à educação, à assistência médica e à segurança social, cabe ao Estado assegurar o contexto. Mas, é a cada um dos cidadãos que cabe a responsabilidade pelo seu percurso. Não nos bastaria já um sistema de educação perfeito ainda que o tivéssemos. Numa sociedade avançada, o dia seguinte da educação é o mérito. Falta-nos fazer muito em matéria de educação. Falta-nos fazer tudo em matéria de mérito. Aos políticos não podemos aceitar que nos queiram fazer felizes. Porque o direito de o sermos ou não é nosso e inalienável. Deles apenas se pretende responsabilidade pelos seus actos Mas devemos exigir, por exemplo, que não sejam cúmplices de monopólios que repercutem nos preços cobrados aos consumidores as suas ineficiências. Precisamos muito de respeito pelos nossos impostos. E isso passa por uma criteriosa gestão de custos e benefícios. E também por não sermos taxados pelo sector privado, de forma explícita ou implícita, como tem acontecido no caso das parcerias impúdico-privadas. Não há nenhum rubor que se imponha por sermos pobres se, apesar de tudo, quisermos ainda ser justos e íntegros. A ética republicana,se existe, não é um ponto de partida e, por definição, nunca será um lugar de chegada. Mas, pode muito bem ser um caminho. Rui Rocha, Delito de Opinião

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Foi Margaret Thatcher que disse que a sociedade não existe, só existem indivíduos e famílias. A frase, muito citada, reflecte um pensamento em que a direita se revê: culpar a sociedade é desculpabilizar os indivíduos, os únicos cuja existência pode ser comprovada pelas leis da física, logo os únicos que podem ser responsabilizados por tudo o que de bom ou mau acontece na praça pública. Negar à sociedade qualquer responsabilidade, ou até a própria existência não é, porém, uma tese menos absurda que a da esquerda idealista que a todos perdoa, imputando as culpas das falhas humanas ao sistema. As reflexões que os tumultos do Reino Unido suscitaram à direita e à esquerda confirmam que o mundo pode estar a mudar, mas o pensamento não. Enquanto os miúdos partiam montras na rua, os analistas vestiam as camisolas dos respectivos "clubes" e atiravam aviõezinhos de papel uns aos outros despejando as cartilhas da direita e da esquerda que já conhecemos de cor. Em tempo de crise, quando vemos o mundo que conhecemos a ameaçar ruir, estranho esta aparente falta de interesse em tentar perceber o que se passa. Deve ser reactivo este retorno ao discurso vincadamente ideológico que parece estar a voltar em força. O problema é que implica sempre alguma desonestidade intelectual, porque é, por natureza, redutor. Entretanto a História, que não é rapariga para se empatar com estas coisas, vai fazendo o seu caminho. E que depressa que ela vai. Receio que mais uma vez nos ultrapasse pela direita e fique a rir-se de nós. Teresa Ribeiro, Delito de Opinião

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Um grupo de manifestantes que protestasse nas ruas de Madrid ou de qualquer outra capital europeia contra a visita de um dirigente espiritual islâmico seria logo rotulado de "antimuçulmano". Os participantes nessa manifestação ganhariam de imediato o epíteto de "islamófobos" e não faltaria quem sublinhasse a necessidade de combater ódios religiosos em nome da liberdade de crença e do respeito pela fé alheia. Tudo muda quando esse dirigente espiritual é o Papa. Os manifestantes passam a ser "laicos", nenhum deles é descrito como anticatólico e muito menos como vaticanófobo. Os gritos de "Papa nazi", "assassinos", "ignorantes", "pedófilos" e "filhos da puta" com que nestes dias alguns destes "laicos" têm brindado centenas de milhares de jovens católicos inserem-se na naturalíssima liberdade de manifestação que justifica aplauso dos mesmos que se indignariam com uma ruidosa reunião de "islamófobos". Isto deve fazer-nos reflectir sobre a importância das palavras no espaço comunicacional. Nenhuma delas é neutra, nenhuma delas é irrelevante: todas nos chegam carregadas de ideologia. Compete ao bom jornalismo evitar as armadilhas da linguagem que estabelecem dois pesos e duas medidas para situações similares. Porque o preconceito ataca quando menos se espera. Sobretudo o preconceito daqueles que se proclamam livres de preconceitos. Pedro Correia, Delito de Opinião

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Foi preciso o país ter chegado ao abismo, para podermos ver o bom senso e a racionalidade a chegar ao Parlamento, aqui pelo deputado Adolfo Mesquina Nunes, ilustre bloguer do Delito de Opinião. Esperemos que não seja demasiado tarde.

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