Acervos e colecções de arte

29-06-2020
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Em Portugal, os coleccionadores de arte são pouco numerosos, não tendo esta actividade uma significante expressão pública, e talvez isso motive a que, geralmente, prefiram manter uma certa discrição. Entretanto, nos últimos anos têm vindo a público muitas notícias e opiniões sobre colecções privadas e públicas de obras de artes plásticas moderna e contemporânea e como essas obras devem ser disponibilizadas ao público, principalmente no caso das que estão sob a alçada do Estado.

A sua origem é variada. Vêm pela aquisição, prática que tem diminuído significativamente nos últimos vinte anos, vêm das colecções privadas, depósito ou doações contribuindo para a constituição e reforço de colecções públicas do Estado e de muitos municípios. Mais recentemente, como viemos a saber, também existem muitas obras provenientes de activos de bancos que foram nacionalizados, envolvidos em processos de dívidas ou com intervenção do Estado, como é o caso do Novo Banco, da Fundação Elipse (Ex-BPP), do BPN e da CGD-Culturgest e por arrestos, como no caso da Colecção Berardo, que ainda está fase de resolução. Como já tem sido alertado por alguns agentes do sector das artes visuais, a forma como se tem realizado a gestão e integração destas obras nas colecções públicas carece de análise especializada e de uma estratégia integrada, apenas se tendo encontrado soluções para alguns casos pontuais, entre alguma polémica e alertas sobre a importância da permanência em Portugal dessas obras, como foi o caso das 85 obras de Joan Miró e, mais recentemente, das 196 obras de artistas portugueses e estrangeiros, ambas provenientes do acervo do ex-BPN, ficando as primeiras no Porto e as últimas em Coimbra – ficando nós também a saber que ainda continuam desaparecidas obras que pertencem à Colecção de Arte Contemporânea do Ministério da Cultura, também conhecida por Colecção SEC, inicialmente 94 pinturas, gravuras ou escultura, às quais agora, afinal, devemos acrescentar mais 18 fotografias, que também se desconhece onde estão.

Como também já tem sido alertado publicamente, é urgente que se faça a classificação e inventariação, protecção, conservação e e criação de condições para que o público tenha acesso a estes bens culturais pertencentes ao património artístico de todos nós, o qual nem sempre tem sido garantido e valorizado nos acervos públicos existentes no nosso país, chegando mesmo, em muitos deles, a não existir registo ou inventário das obras que os constituem. Há, no entanto, alguns casos dignos de serem referidos como excelentes exemplos, alguns deles já foram referidos nestes artigos e assim se vai continuar a divulgar.

Quanto à divulgação das obras pertencentes ao património artístico, um dos projectos a referir é o «Ciclo de Apresentação do Acervo Artístico Municipal», que já vem desde há muitos anos a ser realizado pelo município do Seixal, integrando na sua programação a apresentação pública das obras que integram esta colecção, através de exposições pelos diversos espaços expositivos do concelho. O Acervo Artístico da Câmara Municipal do Seixal, tem sido consolidado de modo regular a partir de 1993 com a abertura da Galeria de Exposições Augusto Cabrita/Fórum Cultural do Seixal.

Actualmente está presente uma exposição com o título «Fotografias de Colecção» na Galeria Municipal de Corroios, que podemos ver até 14 de Março de 2020. Esta exposição reúne um conjunto de fotografias de: Augusto Cabrita, com duas obras sobre as Margens do Tejo, de 1988; Fernando Rocha, uma obra; Guta de Carvalho, duas do Festival SeixalJazz96 de 1996; Nelson Cruz, uma obra de 1994; Nuno Perestrelo, uma da série «Mundet», de 2016; Rosa Reis, com duas da série «Trabalho-Retratos e Memórias Futuras», de 2007; Teodoro Briz, uma da exposição «Ondulação ou o Horizonte como Desafio», de 2000; e Teresa Trindade com uma obra da exposição «Ondulação ou o Horizonte como Desafio», de 2000. Estes fotógrafos são de diferentes gerações, com diferentes olhares e opções estéticas e ao longo dos anos todos eles têm colaborado regularmente com a autarquia do Seixal.

Catherine Henke apresenta a exposição «Olhos fechados/Memórias diárias», na Galeria Municipal de Montemor-o-Novo até 6 de Março. Esta artista, de origem suíça, teve formação em Artes Plásticas na Escola de Belas Artes, Genève, Suiça (1968–1972), chegou a Portugal em 1976 e fez a sua primeira exposição, uma instalação, em Lisboa na galeria Cooperativa Diferença, em 1981. Desde 1990, Catherine Henke realizou e participou em diversos projectos e actividades artísticas e pedagógicas em Montemor-o-Novo, referindo nas Oficinas do Convento-Associação Cultural de Arte e Comunicação, fundada em 1996 em Montemor-o-Novo, um projecto que transformou o Convento de São Francisco em estúdios de trabalho e espaços de experimentação artística, com exposições, oficinas e residências. Catherine participou também em diversos projectos no Telheiro, projectos de criação em cerâmica, onde se ensina técnicas tradicionais de cerâmica e já sediou Simpósios Internacionais de Escultura em terracota.

A Paços - Galeria Municipal de Torres Vedras é constituída por três salas. As duas da Galeria Municipal foram inauguradas a 25 de Abril de 2003 e em 2006 foi acrescentada a Sala Dois Paços, permitindo receber exposições de artes visuais. Actualmente, nesta Galeria, decorre a exposição «Carne» de André Avelar até 15 de Março. Como se refere no texto da exposição com a curadoria de Rui Ibañez Matoso, «as obras são apresentadas, na sua maioria, em suporte de papel, onde as formas híbridas, resultantes de assemblages (aglomerações) de materialidade dialogantes, assumem o foco principal da nossa atenção, pelos contrastes com os fundos lisos e depurados. As técnicas utilizadas juntam o apelo da pintura e das artes gráficas [...] planos, os trabalhos parecem adquirir um peso escultórico; isentos de artifícios, parecem convocar o peso de toda a matéria do mundo».

A Galeria António Lino do Centro de Exposições de Odivelas é um espaço municipal onde decorre a exposição de pintura «RASGOS», de Teresa Ribeiro, até 15 de Março. Nos textos sobre esta exposição podemos ler que «em termos criativos a artista projecta a sua pintura segundo um sistema de múltiplas colagens, recorrendo a papéis transparentes, translúcidos e opacos, num jogo de luz/sombra, que aliada às manchas coloridas das pastas de óleo provoca a ilusória profundidade, que faz e se desfaz...» e ainda que «a paleta é aqui quase monocromática, terra-sena-queimada, sépia, sanguínea, laranja, vermelho, onde ressaltam manchas pretas e brancas. Traçados dum gestualismo sinuoso, por vezes conciso.».

No Fórum Cultural de Cerveira poderemos visitar até 7 de Março três exposições. Uma exposição colectiva com o título de «Confronto», organizada pela APPACDM (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental) de Ponte de Lima, com trabalhos de pintura, cerâmica e técnicas mistas. No mesmo espaço temos também a exposição «Ilha dos Imortais» de Tereza Trigalhos, segundo a artista, consiste num «apelo à liberdade, um apelo a que os seres se tornem livres...» e a exposição «Global Make-Up Program» de Zoran, como refere Álvaro Lobato de Faria, pretende apresentar «um entendimento globalmente vivido e vivenciado por cada um de nós quotidianamente, em que cada indivíduo é, talvez, o seu único passivo, acrítico e impudico espectador». Estas duas exposições são organizadas pela Fundação Bienal de Cerveira.

Em Portugal, os coleccionadores de arte são pouco numerosos, não tendo esta actividade uma significante expressão pública, e talvez isso motive a que, geralmente, prefiram manter uma certa discrição. Entretanto, nos últimos anos têm vindo a público muitas notícias e opiniões sobre colecções privadas e públicas de obras de artes plásticas moderna e contemporânea e como essas obras devem ser disponibilizadas ao público, principalmente no caso das que estão sob a alçada do Estado.

A sua origem é variada. Vêm pela aquisição, prática que tem diminuído significativamente nos últimos vinte anos, vêm das colecções privadas, depósito ou doações contribuindo para a constituição e reforço de colecções públicas do Estado e de muitos municípios. Mais recentemente, como viemos a saber, também existem muitas obras provenientes de activos de bancos que foram nacionalizados, envolvidos em processos de dívidas ou com intervenção do Estado, como é o caso do Novo Banco, da Fundação Elipse (Ex-BPP), do BPN e da CGD-Culturgest e por arrestos, como no caso da Colecção Berardo, que ainda está fase de resolução. Como já tem sido alertado por alguns agentes do sector das artes visuais, a forma como se tem realizado a gestão e integração destas obras nas colecções públicas carece de análise especializada e de uma estratégia integrada, apenas se tendo encontrado soluções para alguns casos pontuais, entre alguma polémica e alertas sobre a importância da permanência em Portugal dessas obras, como foi o caso das 85 obras de Joan Miró e, mais recentemente, das 196 obras de artistas portugueses e estrangeiros, ambas provenientes do acervo do ex-BPN, ficando as primeiras no Porto e as últimas em Coimbra – ficando nós também a saber que ainda continuam desaparecidas obras que pertencem à Colecção de Arte Contemporânea do Ministério da Cultura, também conhecida por Colecção SEC, inicialmente 94 pinturas, gravuras ou escultura, às quais agora, afinal, devemos acrescentar mais 18 fotografias, que também se desconhece onde estão.

Como também já tem sido alertado publicamente, é urgente que se faça a classificação e inventariação, protecção, conservação e e criação de condições para que o público tenha acesso a estes bens culturais pertencentes ao património artístico de todos nós, o qual nem sempre tem sido garantido e valorizado nos acervos públicos existentes no nosso país, chegando mesmo, em muitos deles, a não existir registo ou inventário das obras que os constituem. Há, no entanto, alguns casos dignos de serem referidos como excelentes exemplos, alguns deles já foram referidos nestes artigos e assim se vai continuar a divulgar.

Quanto à divulgação das obras pertencentes ao património artístico, um dos projectos a referir é o «Ciclo de Apresentação do Acervo Artístico Municipal», que já vem desde há muitos anos a ser realizado pelo município do Seixal, integrando na sua programação a apresentação pública das obras que integram esta colecção, através de exposições pelos diversos espaços expositivos do concelho. O Acervo Artístico da Câmara Municipal do Seixal, tem sido consolidado de modo regular a partir de 1993 com a abertura da Galeria de Exposições Augusto Cabrita/Fórum Cultural do Seixal.

Actualmente está presente uma exposição com o título «Fotografias de Colecção» na Galeria Municipal de Corroios, que podemos ver até 14 de Março de 2020. Esta exposição reúne um conjunto de fotografias de: Augusto Cabrita, com duas obras sobre as Margens do Tejo, de 1988; Fernando Rocha, uma obra; Guta de Carvalho, duas do Festival SeixalJazz96 de 1996; Nelson Cruz, uma obra de 1994; Nuno Perestrelo, uma da série «Mundet», de 2016; Rosa Reis, com duas da série «Trabalho-Retratos e Memórias Futuras», de 2007; Teodoro Briz, uma da exposição «Ondulação ou o Horizonte como Desafio», de 2000; e Teresa Trindade com uma obra da exposição «Ondulação ou o Horizonte como Desafio», de 2000. Estes fotógrafos são de diferentes gerações, com diferentes olhares e opções estéticas e ao longo dos anos todos eles têm colaborado regularmente com a autarquia do Seixal.

Catherine Henke apresenta a exposição «Olhos fechados/Memórias diárias», na Galeria Municipal de Montemor-o-Novo até 6 de Março. Esta artista, de origem suíça, teve formação em Artes Plásticas na Escola de Belas Artes, Genève, Suiça (1968–1972), chegou a Portugal em 1976 e fez a sua primeira exposição, uma instalação, em Lisboa na galeria Cooperativa Diferença, em 1981. Desde 1990, Catherine Henke realizou e participou em diversos projectos e actividades artísticas e pedagógicas em Montemor-o-Novo, referindo nas Oficinas do Convento-Associação Cultural de Arte e Comunicação, fundada em 1996 em Montemor-o-Novo, um projecto que transformou o Convento de São Francisco em estúdios de trabalho e espaços de experimentação artística, com exposições, oficinas e residências. Catherine participou também em diversos projectos no Telheiro, projectos de criação em cerâmica, onde se ensina técnicas tradicionais de cerâmica e já sediou Simpósios Internacionais de Escultura em terracota.

A Paços - Galeria Municipal de Torres Vedras é constituída por três salas. As duas da Galeria Municipal foram inauguradas a 25 de Abril de 2003 e em 2006 foi acrescentada a Sala Dois Paços, permitindo receber exposições de artes visuais. Actualmente, nesta Galeria, decorre a exposição «Carne» de André Avelar até 15 de Março. Como se refere no texto da exposição com a curadoria de Rui Ibañez Matoso, «as obras são apresentadas, na sua maioria, em suporte de papel, onde as formas híbridas, resultantes de assemblages (aglomerações) de materialidade dialogantes, assumem o foco principal da nossa atenção, pelos contrastes com os fundos lisos e depurados. As técnicas utilizadas juntam o apelo da pintura e das artes gráficas [...] planos, os trabalhos parecem adquirir um peso escultórico; isentos de artifícios, parecem convocar o peso de toda a matéria do mundo».

A Galeria António Lino do Centro de Exposições de Odivelas é um espaço municipal onde decorre a exposição de pintura «RASGOS», de Teresa Ribeiro, até 15 de Março. Nos textos sobre esta exposição podemos ler que «em termos criativos a artista projecta a sua pintura segundo um sistema de múltiplas colagens, recorrendo a papéis transparentes, translúcidos e opacos, num jogo de luz/sombra, que aliada às manchas coloridas das pastas de óleo provoca a ilusória profundidade, que faz e se desfaz...» e ainda que «a paleta é aqui quase monocromática, terra-sena-queimada, sépia, sanguínea, laranja, vermelho, onde ressaltam manchas pretas e brancas. Traçados dum gestualismo sinuoso, por vezes conciso.».

No Fórum Cultural de Cerveira poderemos visitar até 7 de Março três exposições. Uma exposição colectiva com o título de «Confronto», organizada pela APPACDM (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental) de Ponte de Lima, com trabalhos de pintura, cerâmica e técnicas mistas. No mesmo espaço temos também a exposição «Ilha dos Imortais» de Tereza Trigalhos, segundo a artista, consiste num «apelo à liberdade, um apelo a que os seres se tornem livres...» e a exposição «Global Make-Up Program» de Zoran, como refere Álvaro Lobato de Faria, pretende apresentar «um entendimento globalmente vivido e vivenciado por cada um de nós quotidianamente, em que cada indivíduo é, talvez, o seu único passivo, acrítico e impudico espectador». Estas duas exposições são organizadas pela Fundação Bienal de Cerveira.

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