Sindicato dos Trabalhadores do Comércio: “mais do que encerrar lojas, é preciso dar condições aos trabalhadores”

29-03-2020
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A pressão de alguns trabalhadores de lojas em centros comerciais para que sejam fechadas as lojas onde trabalham por motivos de segurança perante a pandemia de coronavírus tem-se feito sentir nos últimos dias. Mas o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal – CESP diz que antes de se flexibilizar o encerramento das lojas, o que é preciso é assegurar que os trabalhadores têm as condições adequadas de higiene para poderem trabalhar em segurança.

“Deve ser estudado se as lojas de produtos não alimentares precisam ou não de estar abertas mas, no caso de fecharem temporariamente, têm de ser salvaguardados os direitos dos trabalhadores”, defende Célia Lopes, dirigente do CESP. O sindicato receia que, à boleia desses encerramentos, os trabalhadores fiquem desprotegidos, perdendo salário, ou que essas lojas fechem mesmo as portas, levando os trabalhadores para o desemprego e contribuindo para uma crise social que se quer evitar.

Os trabalhadores queixam-se da falta de condições, nomeadamente o facto de as lojas não estarem adaptadas a uma menor exposição face aos clientes ou ainda o facto de não terem equipamentos de desinfeção. “Há um conjunto de empresas que estão a ter sérias dificuldades pois estão com poucos trabalhadores já que outros tiveram de ficar em casa para apoiar os seus familiares”, afirma. “Mas para os que ficam a trabalhar têm de ser criadas condições. Há limitação de acessos às lojas mas tem de ser garantido o menor contacto possível com os clientes".

Esta tarde a Sonae Sierra, que detém e gere vários centros comerciais no país, autorizou os lojistas dos 13 centros comerciais que detém - nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, mas também em Viana do Castelo, Guimarães, Covilhã, Açores e Madeira – a reduzirem os horários como lhes for mais conveniente ou até mesmo a encerrarem os seus estabelecimentos se não tiverem alternativa.

O Expresso questionou também a Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC) – da qual a Sonae Sierra faz parte – que referiu estar "em contacto direto e permanente com o Governo e com as autoridades de saúde, o que nos tem permitido refletir em conjunto e monitorizar a evolução epidémica, promovendo, juntos dos nossos associados, a divulgação de boas práticas e das medidas mais adequadas a cada momento".

"Os associados da APCC estão a implementar as medidas que decorrem da publicação da portaria n.º 71/2020, referente a restrições no acesso e na afetação dos espaços nos estabelecimentos comerciais e nos de restauração ou de bebidas, de modo a cumprir as limitações à entrada em espaços comerciais, que estabelecem um limite máximo de ocupação de quatro pessoas por cada 100 metros quadrados de área destinada ao público", diz a associação.

"Compreendemos os pedidos que têm vindo a público e temos implementado todas as medidas decretadas pelas autoridades de saúde e governamentais. Mantemos a monitorização contínua da situação, aguardando novas indicações oficiais relativamente a medidas futuras de condicionamento da operação dos centros comerciais. É importante que todos consigamos manter a serenidade, perante um facto de relevância tão extraordinário", adianta. "Os associados adotaram todas as medidas decretadas pelas autoridades de saúde e governamentais, e em muitos casos foram mais além como por exemplo com a flexibilização da operação das lojas".

Algumas lojas já anunciaram que pura e simplesmente vão fechar. É o caso da marca de roupa Sacoor, ou da loja de acessórios Parfois. A Nespresso também fechou esta segunda-feira as suas lojas. E nas cadeias de distribuição alimentar tem havido redução de horários.

Célia Lopes alerta para o estado de exaustão de muitos trabalhadores dos super e hipermercados, na sequência da corrida às compras que se registou na semana passada. Além disso, lembra que perante a elevada afluência, os trabalhadores não estavam protegidos do risco de contágio. Além da necessidade de desinfeção, lembra outras proteções para os trabalhadores como as máscaras, mas também impedir o atendimento ao balcão e aumentar o distanciamento dos clientes nas caixas para, pelo menos, dois metros.

Governo diz que "o país não pode parar por completo"

Esta manhã, à Rádio Observador, o secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres, disse, quando questionado sobre o encerramento dos centros comerciais pedido pelos funcionários, que “é impossível que o país pare por completo e deixe de exercer toda a atividade”. O governante acrescentou que “o país nunca poderá, naturalmente, encerrar toda a sua atividade. Vamos precisar de continuar a abastecer-nos. Mesmo nos países onde foram tomadas um conjunto de medidas mais restritivas conseguimos perceber que há um conjunto mais alargado de atividades económicas que têm de continuar a funcionar”.

“Precisamos da confiança dos trabalhadores, que me cumpre valorizar e muito, precisamos da confiança, do empenho, da dedicação desses trabalhadores para que o país não interrompa as cadeias de abastecimento”, acrescentou.

João Torres reiterou, por outro lado, que “não há razões para alarmismo” no que diz respeito aos stocks nos supermercados. “Estamos a acompanhar a situação, naturalmente, neste momento não há nenhum problema no que diz respeito à rutura de stocks”, afirmou.

(Atualizado às 12h de 17 de março com a posição da APCC)

A pressão de alguns trabalhadores de lojas em centros comerciais para que sejam fechadas as lojas onde trabalham por motivos de segurança perante a pandemia de coronavírus tem-se feito sentir nos últimos dias. Mas o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal – CESP diz que antes de se flexibilizar o encerramento das lojas, o que é preciso é assegurar que os trabalhadores têm as condições adequadas de higiene para poderem trabalhar em segurança.

“Deve ser estudado se as lojas de produtos não alimentares precisam ou não de estar abertas mas, no caso de fecharem temporariamente, têm de ser salvaguardados os direitos dos trabalhadores”, defende Célia Lopes, dirigente do CESP. O sindicato receia que, à boleia desses encerramentos, os trabalhadores fiquem desprotegidos, perdendo salário, ou que essas lojas fechem mesmo as portas, levando os trabalhadores para o desemprego e contribuindo para uma crise social que se quer evitar.

Os trabalhadores queixam-se da falta de condições, nomeadamente o facto de as lojas não estarem adaptadas a uma menor exposição face aos clientes ou ainda o facto de não terem equipamentos de desinfeção. “Há um conjunto de empresas que estão a ter sérias dificuldades pois estão com poucos trabalhadores já que outros tiveram de ficar em casa para apoiar os seus familiares”, afirma. “Mas para os que ficam a trabalhar têm de ser criadas condições. Há limitação de acessos às lojas mas tem de ser garantido o menor contacto possível com os clientes".

Esta tarde a Sonae Sierra, que detém e gere vários centros comerciais no país, autorizou os lojistas dos 13 centros comerciais que detém - nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, mas também em Viana do Castelo, Guimarães, Covilhã, Açores e Madeira – a reduzirem os horários como lhes for mais conveniente ou até mesmo a encerrarem os seus estabelecimentos se não tiverem alternativa.

O Expresso questionou também a Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC) – da qual a Sonae Sierra faz parte – que referiu estar "em contacto direto e permanente com o Governo e com as autoridades de saúde, o que nos tem permitido refletir em conjunto e monitorizar a evolução epidémica, promovendo, juntos dos nossos associados, a divulgação de boas práticas e das medidas mais adequadas a cada momento".

"Os associados da APCC estão a implementar as medidas que decorrem da publicação da portaria n.º 71/2020, referente a restrições no acesso e na afetação dos espaços nos estabelecimentos comerciais e nos de restauração ou de bebidas, de modo a cumprir as limitações à entrada em espaços comerciais, que estabelecem um limite máximo de ocupação de quatro pessoas por cada 100 metros quadrados de área destinada ao público", diz a associação.

"Compreendemos os pedidos que têm vindo a público e temos implementado todas as medidas decretadas pelas autoridades de saúde e governamentais. Mantemos a monitorização contínua da situação, aguardando novas indicações oficiais relativamente a medidas futuras de condicionamento da operação dos centros comerciais. É importante que todos consigamos manter a serenidade, perante um facto de relevância tão extraordinário", adianta. "Os associados adotaram todas as medidas decretadas pelas autoridades de saúde e governamentais, e em muitos casos foram mais além como por exemplo com a flexibilização da operação das lojas".

Algumas lojas já anunciaram que pura e simplesmente vão fechar. É o caso da marca de roupa Sacoor, ou da loja de acessórios Parfois. A Nespresso também fechou esta segunda-feira as suas lojas. E nas cadeias de distribuição alimentar tem havido redução de horários.

Célia Lopes alerta para o estado de exaustão de muitos trabalhadores dos super e hipermercados, na sequência da corrida às compras que se registou na semana passada. Além disso, lembra que perante a elevada afluência, os trabalhadores não estavam protegidos do risco de contágio. Além da necessidade de desinfeção, lembra outras proteções para os trabalhadores como as máscaras, mas também impedir o atendimento ao balcão e aumentar o distanciamento dos clientes nas caixas para, pelo menos, dois metros.

Governo diz que "o país não pode parar por completo"

Esta manhã, à Rádio Observador, o secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres, disse, quando questionado sobre o encerramento dos centros comerciais pedido pelos funcionários, que “é impossível que o país pare por completo e deixe de exercer toda a atividade”. O governante acrescentou que “o país nunca poderá, naturalmente, encerrar toda a sua atividade. Vamos precisar de continuar a abastecer-nos. Mesmo nos países onde foram tomadas um conjunto de medidas mais restritivas conseguimos perceber que há um conjunto mais alargado de atividades económicas que têm de continuar a funcionar”.

“Precisamos da confiança dos trabalhadores, que me cumpre valorizar e muito, precisamos da confiança, do empenho, da dedicação desses trabalhadores para que o país não interrompa as cadeias de abastecimento”, acrescentou.

João Torres reiterou, por outro lado, que “não há razões para alarmismo” no que diz respeito aos stocks nos supermercados. “Estamos a acompanhar a situação, naturalmente, neste momento não há nenhum problema no que diz respeito à rutura de stocks”, afirmou.

(Atualizado às 12h de 17 de março com a posição da APCC)

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