Sondagem Observador/TVI/Pitagórica. Marcelo próximo do recorde de Soares, com uma votação de 68,9%

26-12-2020
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Uma eleição sem direito a segunda volta e com o adversário mais próximo a uma larguíssima distância de segurança. Se as eleições fossem hoje, Marcelo Rebelo de Sousa arrumaria o assunto numa ida única à urnas, com quase 70% dos votos — um resultado que o colocaria bem perto dos 70,35% que o recordista Mário Soares alcançou nas eleições de 1991. Mas a sondagem da Pitagórica para o Observador/TVI, para as presidenciais de janeiro do próximo ano, revela mais: além de PSD e CDS (que declararam o seu apoio à recandidatura do Presidente da República), Marcelo varre também o eleitorado do PS, com quase 70% dos inquiridos assumidamente socialistas a admitirem que pretendem confiar-lhe o seu voto. E isso explica muito daquilo que o Presidente da República pode ambicionar até ao cair do pano eleitoral.

Demorou a ir (ou a voltar) a jogo. Só a 7 de dezembro, quando já todos os adversários se tinham lançado para o terreno, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou oficialmente que o seu nome haveria de constar no boletim de voto da próxima corrida a Belém. E, embora a recandidatura fosse há muito encarada como certa, acabou por tornar-se o último dos candidatos a aparecer. Mas não há sinais evidentes de que o Presidente recandidato seja penalizado por essa demora, a avaliar pela forma como os eleitores se posicionam para as eleições de 24 de janeiro.

De acordo com a sondagem Observador/TVI, Marcelo vence no eleitorado feminino (59%) e no eleitorado masculino (53%). Arrebata a concorrência em todas as faixas etárias (com mais força nos inquiridos entre os 35 e os 44 anos e nos maiores de 54). Convence os eleitores de todas as classes sociais (nunca fica abaixo dos 52%, mas as classes mais baixas dão-lhe ainda mais força eleitoral). E ultrapassa a concorrência de norte a sul do país (as ilhas dão-lhe 73% dos votos).

A luta com Ana Gomes e o problema de Ventura

Chegou ao Parlamento há cerca de um ano, depois de liderar as listas do partido que ele próprio fundou. Agora, na primeira vez que se lança a Belém, André Ventura estabeleceu como objetivos pessoais para esta eleição forçar Marcelo a uma segunda volta e ficar em segundo lugar, à frente de Ana Gomes. Flop e, possivelmente, novo flop. Para Ventura, cumprir o primeiro objetivo parece, cada vez mais, uma miragem, já que 83% dos inquiridos estão convencidos de que a eleição fica resolvida logo a 24 de janeiro. O segundo objetivo está, ainda, à condição.

Na sondagem Observador/TVI, a ex-eurodeputada socialista surge com uma intenção de voto de 11% (num cenário que conta já com a distribuição dos indecisos). Um valor que, considerando a margem de erro de 3,99%, deixa antever uma disputa renhida com o líder do Chega. Ventura recolhe, por agora, 9% das intenções de voto dos inquiridos e continua dentro dessa corrida. Mas o cenário fica mais complicado para o deputado quando se pergunta quem deverá ficar em segundo lugar nas eleições. A resposta, para 53% dos inquiridos: Ana Gomes. Apenas 18% admitem que Ventura consiga alcançar esse patamar. Se isso acontecesse, e a cumprir-se a garantia que reiterou na entrevista que deu ao Observador, o passo seguinte do presidente do Chega seria apresentar a demissão — para depois, eventualmente, ser reeleito.

Antes de olharmos com mais cuidado para o universo Ventura, uma análise do cenário para os restantes candidatos. A começar por Marisa Matias. Há cinco anos, a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda fechou as contas da noite eleitoral com um feito histórico: com 10,12%, foi a mulher mais votada de sempre numas eleições presidenciais. O risco de ficar aquém dessa fasquia existia, sobretudo quando se sabe que a eurodeputada pode disputar algum eleitorado com uma antiga colega do Parlamento Europeu, Ana Gomes — e essa sobreposição fica bem patente nesta sondagem. Marisa recolhe 6,5% das intenções de voto, um resultado claramente distante do alcançado em 2016.

Outro candidato que também conhece bem os corredores de Bruxelas e Estrasburgo é João Ferreira. O eurodeputado comunista, e também vereador na Câmara Municipal de Lisboa, chega à corrida com o fantasma de Edgar Silva. É que, em 2016, o PCP teve, com o madeirense como candidato a Belém, o seu pior resultado numas presidenciais. Não foi além dos 3,95% dos votos. Alerta vermelho na Soeiro Pereira Gomes: se as eleições fossem hoje, o candidato comunista — e um dos nomes mais falados para a sucessão de Jerónimo de Sousa na liderança do partido — arriscava-se a bater, em baixa, o legado de Edgar Silva. Não vai além dos 3,5%.

Menos que isso, só o candidato apoiado pela Iniciativa Liberal, Tiago Mayan Gonçalves (com 0,9%, menos que o alcançado pelo seu partido nas últimas legislativas) e Vitorino Silva. Conhecido como Tino de Rans, fica-se pelos 0,2% (quando, há cinco anos, chegou aos 3,28% dos votos em urna).

De volta a Ventura, há outra nota que importa relevar: cruzando o partido em que os inquiridos dizem ter votado nas últimas legislativas com a intenção de voto para as presidenciais, percebe-se que a maior fatia dos votos em Ventura vem do eleitorado do CDS, que manifestou apoio a Marcelo. Um quarto dos eleitores centristas prefere ver André Ventura em Belém. Logo a seguir, está o PSD (com uma “perda” de 9,9% daquela que seria a sua principal base de apoio) e, em terceiro lugar, a coligação que junta o PCP ao PEV: 8% dos eleitores da CDU assumem o voto no líder do Chega.

PS nos braços de Marcelo

Uma coisa é a notoriedade. Coisa diferente é a competência. Ou, dito de outra forma, a incapacidade para assumir as funções de Presidente da República. A verdade é que a análise cruzada destes vários parâmetros da sondagem permite extrair um quadro bem mais complexo — e rico — da forma como os eleitores encaram as eleições do próximo dia 24.

Nesta análise mais fina, e olhando para aquilo que foi o voto nas legislativas de 2019 e o que são as perspetivas para as presidenciais de 2021, quase todos os partidos perdem a maioria dos seus eleitores para a recandidatura de Marcelo. Só o eleitorado do Bloco de Esquerda e o do PCP quebram este ciclo, com uma votação mais expressiva nos candidatos “da casa”. Mas, mesmo aí, Marcelo consegue ir buscar 23,5% dos votos de todos inquiridos que assumem ter votado pelos bloquistas e 20% dos que votaram no PCP nas últimas legislativas. E, aqui chegados, torna-se relevante particularizar o caso do caso do PS.

António Costa decidiu deixar o caminho aberto para que os socialistas optassem pelo seu candidato — oficialmente, o PS não ofereceu o seu apoio formal a ninguém, apesar de a militante socialista Ana Gomes estar na corrida. Mas os constantes sinais de apoio (e, até, de reconhecimento antecipado de uma vitória) que foi lançando na direção de Marcelo fizeram o seu caminho: de todos aqueles que dizem ter votado PS nas legislativas do ano passado, 67,3% vão colocar a cruz na caixa que garante a reeleição. Em contraponto, apenas 15,7% destes eleitores escolhem agora Ana Gomes (que também conquista 9,8% dos votos do Bloco de Esquerda e 4,6% do PSD).

Apenas num dos muitos parâmetros de análise da sondagem Marcelo tem concorrência apertada — e ela surge de quem já andou pela São Caetano à Lapa. Se o Presidente da República é “reconhecido” por 99,8% dos inquiridos, André Ventura aparece logo atrás, identificado por 97% dos que responderam ao inquérito. Marisa Matias, eurodeputada e repetente nestas andanças das presidenciais, fica-se pelos 90% e fecha a porta a esse patamar mais elevado de reconhecimento público. Apenas 52,1% dos inquiridos admitem saber quem é João Ferreira — menos, note-se, que os 72,5% que identificam facilmente Vitorino Silva (ou, como o próprio ex-autarca socialista se notabilizou, Tino de Rans).

Só Marcelo está pronto para Belém

Já aqui vimos que Marcelo, primeiro, Ventura, a seguir, e Marisa Matias, um pouco mais atrás, são os candidatos com maior nível de identificação entre os inquiridos desta sondagem. Mas isso não significa — algo que fica muito claro com os dados que apresentamos a seguir — que os eleitores lhes reconhecem a mesma capacidade para assumir as mais altas funções do Estado português.

Vamos a exemplos concretos. Desafiados a avaliar a “competência” dos candidatos para estarem no Palácio de Belém, o Presidente da República é o único candidato com uma avaliação final entre o “muito bom” e o “excelente”, com 80%. Os últimos cinco anos foram benéficos para Marcelo, que conclui o primeiro mandato com um nível de aprovação e de reconhecimento de capacidade elevadíssima. Para se ter uma ideia, só tendo recolhida uma avaliação muito positiva pela esmagadora maioria do inquiridos foi possível ao Presidente da República em funções obter os 80%.

O contraste com os adversários é significativo. Desde logo, porque nenhum outro candidato chega, sequer, àquilo que seria uma avaliação intermédia, os 50%. Marisa Matias, com 48%, é a segunda classificada, ficando à frente de Ana Gomes (46%), André Ventura (34%) e João Ferreira (23%).

Numa perspetiva diferente, e procurando avaliar a taxa de rejeição dos diferentes candidatos, Marcelo é o melhor classificado (ou seja, é aquele que menos inquiridos se recusariam claramente a escolher nas eleições). Neste ponto, André Ventura, apesar do elevado reconhecimento público, é dos que mais “negas” recolhe: 77,3% dos inquiridos não admitem a hipótese de lhe atribuir um voto em janeiro. Dado curioso: Ana Gomes e Marisa Matias ficam na metade positiva da tabela e são “aprovadas” pelo eleitorado que participou na sondagem. Um feito que mais nenhum candidato conseguiu alcançar.

Com todos estes dados reunidos, os resultados que se seguem não deverão surtir grande efeito de surpresa. Na avaliação do primeiro mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, 69% dos inquiridos dão nota “boa” (49%) ou “muito boa” (20%) ao Presidente da República. Se lhe juntarmos a avaliação “razoável”, então, o valor sobe para 93% dos inquiridos a aprovarem os cinco anos do inquilino em Belém. No extremo negativo, apenas 2% dão nota “muito má” e outros 5% nota “má”. Em plena pandemia, depois de longos anos de relacionamento com os governos da geringonça e pós-geringonça, com um dos mais graves períodos de incêndios no país, Marcelo Rebelo de Sousa sai confortavelmente validado pelos eleitores.

Ficha técnica

Durante 6 semanas (10 Dezembro 2020 a 21 de Janeiro 2020 ) vão ser publicadas pela TVI e pelo Observador uma sondagem em cada semana com uma amostra mínima de 626 entrevistas. Em cada semana a amostra corresponderá a 2 sub-amostras de 313 entrevistas. Uma das sub-amostras será recolhida na semana da publicação e a outra na semana anterior à da publicação. Cada sub-amostra será representativa do universo eleitoral português (não probabilístico) tendo por base os critérios de género, idade e região.

Semana 1 Publicação: O trabalho de campo decorreu entre os dias 10 e 13 de Dezembro. Foi recolhida uma amostra total de 629 entrevistas que para um grau de confiança de 95,5% corresponde a uma margem de erro máxima de ±4,0%. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos 3 principais operadores identificados pelo relatório da ANACOM, sempre que necessário são selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI – Computer Assisted Telephone Interviewing).

O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores Portugueses, sobre temas relacionados com as eleições , nomeadamente os principais protagonistas, os momentos da campanha bem como a intenção de voto nos vários partidos. A taxa de resposta foi de 55,32% . A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva.

A taxa de abstenção na sondagem é de 56,6% a que correspondem os entrevistados que aquando do momento inicial se recusaram a responder à entrevista por não pretenderem votar nesta eleição.

A Ficha técnica completa bem como todos os resultados foram disponibilizados junto da Entidade Reguladora da Comunicação Social

que os disponibilizara oportunamente para consulta online.

Uma eleição sem direito a segunda volta e com o adversário mais próximo a uma larguíssima distância de segurança. Se as eleições fossem hoje, Marcelo Rebelo de Sousa arrumaria o assunto numa ida única à urnas, com quase 70% dos votos — um resultado que o colocaria bem perto dos 70,35% que o recordista Mário Soares alcançou nas eleições de 1991. Mas a sondagem da Pitagórica para o Observador/TVI, para as presidenciais de janeiro do próximo ano, revela mais: além de PSD e CDS (que declararam o seu apoio à recandidatura do Presidente da República), Marcelo varre também o eleitorado do PS, com quase 70% dos inquiridos assumidamente socialistas a admitirem que pretendem confiar-lhe o seu voto. E isso explica muito daquilo que o Presidente da República pode ambicionar até ao cair do pano eleitoral.

Demorou a ir (ou a voltar) a jogo. Só a 7 de dezembro, quando já todos os adversários se tinham lançado para o terreno, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou oficialmente que o seu nome haveria de constar no boletim de voto da próxima corrida a Belém. E, embora a recandidatura fosse há muito encarada como certa, acabou por tornar-se o último dos candidatos a aparecer. Mas não há sinais evidentes de que o Presidente recandidato seja penalizado por essa demora, a avaliar pela forma como os eleitores se posicionam para as eleições de 24 de janeiro.

De acordo com a sondagem Observador/TVI, Marcelo vence no eleitorado feminino (59%) e no eleitorado masculino (53%). Arrebata a concorrência em todas as faixas etárias (com mais força nos inquiridos entre os 35 e os 44 anos e nos maiores de 54). Convence os eleitores de todas as classes sociais (nunca fica abaixo dos 52%, mas as classes mais baixas dão-lhe ainda mais força eleitoral). E ultrapassa a concorrência de norte a sul do país (as ilhas dão-lhe 73% dos votos).

A luta com Ana Gomes e o problema de Ventura

Chegou ao Parlamento há cerca de um ano, depois de liderar as listas do partido que ele próprio fundou. Agora, na primeira vez que se lança a Belém, André Ventura estabeleceu como objetivos pessoais para esta eleição forçar Marcelo a uma segunda volta e ficar em segundo lugar, à frente de Ana Gomes. Flop e, possivelmente, novo flop. Para Ventura, cumprir o primeiro objetivo parece, cada vez mais, uma miragem, já que 83% dos inquiridos estão convencidos de que a eleição fica resolvida logo a 24 de janeiro. O segundo objetivo está, ainda, à condição.

Na sondagem Observador/TVI, a ex-eurodeputada socialista surge com uma intenção de voto de 11% (num cenário que conta já com a distribuição dos indecisos). Um valor que, considerando a margem de erro de 3,99%, deixa antever uma disputa renhida com o líder do Chega. Ventura recolhe, por agora, 9% das intenções de voto dos inquiridos e continua dentro dessa corrida. Mas o cenário fica mais complicado para o deputado quando se pergunta quem deverá ficar em segundo lugar nas eleições. A resposta, para 53% dos inquiridos: Ana Gomes. Apenas 18% admitem que Ventura consiga alcançar esse patamar. Se isso acontecesse, e a cumprir-se a garantia que reiterou na entrevista que deu ao Observador, o passo seguinte do presidente do Chega seria apresentar a demissão — para depois, eventualmente, ser reeleito.

Antes de olharmos com mais cuidado para o universo Ventura, uma análise do cenário para os restantes candidatos. A começar por Marisa Matias. Há cinco anos, a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda fechou as contas da noite eleitoral com um feito histórico: com 10,12%, foi a mulher mais votada de sempre numas eleições presidenciais. O risco de ficar aquém dessa fasquia existia, sobretudo quando se sabe que a eurodeputada pode disputar algum eleitorado com uma antiga colega do Parlamento Europeu, Ana Gomes — e essa sobreposição fica bem patente nesta sondagem. Marisa recolhe 6,5% das intenções de voto, um resultado claramente distante do alcançado em 2016.

Outro candidato que também conhece bem os corredores de Bruxelas e Estrasburgo é João Ferreira. O eurodeputado comunista, e também vereador na Câmara Municipal de Lisboa, chega à corrida com o fantasma de Edgar Silva. É que, em 2016, o PCP teve, com o madeirense como candidato a Belém, o seu pior resultado numas presidenciais. Não foi além dos 3,95% dos votos. Alerta vermelho na Soeiro Pereira Gomes: se as eleições fossem hoje, o candidato comunista — e um dos nomes mais falados para a sucessão de Jerónimo de Sousa na liderança do partido — arriscava-se a bater, em baixa, o legado de Edgar Silva. Não vai além dos 3,5%.

Menos que isso, só o candidato apoiado pela Iniciativa Liberal, Tiago Mayan Gonçalves (com 0,9%, menos que o alcançado pelo seu partido nas últimas legislativas) e Vitorino Silva. Conhecido como Tino de Rans, fica-se pelos 0,2% (quando, há cinco anos, chegou aos 3,28% dos votos em urna).

De volta a Ventura, há outra nota que importa relevar: cruzando o partido em que os inquiridos dizem ter votado nas últimas legislativas com a intenção de voto para as presidenciais, percebe-se que a maior fatia dos votos em Ventura vem do eleitorado do CDS, que manifestou apoio a Marcelo. Um quarto dos eleitores centristas prefere ver André Ventura em Belém. Logo a seguir, está o PSD (com uma “perda” de 9,9% daquela que seria a sua principal base de apoio) e, em terceiro lugar, a coligação que junta o PCP ao PEV: 8% dos eleitores da CDU assumem o voto no líder do Chega.

PS nos braços de Marcelo

Uma coisa é a notoriedade. Coisa diferente é a competência. Ou, dito de outra forma, a incapacidade para assumir as funções de Presidente da República. A verdade é que a análise cruzada destes vários parâmetros da sondagem permite extrair um quadro bem mais complexo — e rico — da forma como os eleitores encaram as eleições do próximo dia 24.

Nesta análise mais fina, e olhando para aquilo que foi o voto nas legislativas de 2019 e o que são as perspetivas para as presidenciais de 2021, quase todos os partidos perdem a maioria dos seus eleitores para a recandidatura de Marcelo. Só o eleitorado do Bloco de Esquerda e o do PCP quebram este ciclo, com uma votação mais expressiva nos candidatos “da casa”. Mas, mesmo aí, Marcelo consegue ir buscar 23,5% dos votos de todos inquiridos que assumem ter votado pelos bloquistas e 20% dos que votaram no PCP nas últimas legislativas. E, aqui chegados, torna-se relevante particularizar o caso do caso do PS.

António Costa decidiu deixar o caminho aberto para que os socialistas optassem pelo seu candidato — oficialmente, o PS não ofereceu o seu apoio formal a ninguém, apesar de a militante socialista Ana Gomes estar na corrida. Mas os constantes sinais de apoio (e, até, de reconhecimento antecipado de uma vitória) que foi lançando na direção de Marcelo fizeram o seu caminho: de todos aqueles que dizem ter votado PS nas legislativas do ano passado, 67,3% vão colocar a cruz na caixa que garante a reeleição. Em contraponto, apenas 15,7% destes eleitores escolhem agora Ana Gomes (que também conquista 9,8% dos votos do Bloco de Esquerda e 4,6% do PSD).

Apenas num dos muitos parâmetros de análise da sondagem Marcelo tem concorrência apertada — e ela surge de quem já andou pela São Caetano à Lapa. Se o Presidente da República é “reconhecido” por 99,8% dos inquiridos, André Ventura aparece logo atrás, identificado por 97% dos que responderam ao inquérito. Marisa Matias, eurodeputada e repetente nestas andanças das presidenciais, fica-se pelos 90% e fecha a porta a esse patamar mais elevado de reconhecimento público. Apenas 52,1% dos inquiridos admitem saber quem é João Ferreira — menos, note-se, que os 72,5% que identificam facilmente Vitorino Silva (ou, como o próprio ex-autarca socialista se notabilizou, Tino de Rans).

Só Marcelo está pronto para Belém

Já aqui vimos que Marcelo, primeiro, Ventura, a seguir, e Marisa Matias, um pouco mais atrás, são os candidatos com maior nível de identificação entre os inquiridos desta sondagem. Mas isso não significa — algo que fica muito claro com os dados que apresentamos a seguir — que os eleitores lhes reconhecem a mesma capacidade para assumir as mais altas funções do Estado português.

Vamos a exemplos concretos. Desafiados a avaliar a “competência” dos candidatos para estarem no Palácio de Belém, o Presidente da República é o único candidato com uma avaliação final entre o “muito bom” e o “excelente”, com 80%. Os últimos cinco anos foram benéficos para Marcelo, que conclui o primeiro mandato com um nível de aprovação e de reconhecimento de capacidade elevadíssima. Para se ter uma ideia, só tendo recolhida uma avaliação muito positiva pela esmagadora maioria do inquiridos foi possível ao Presidente da República em funções obter os 80%.

O contraste com os adversários é significativo. Desde logo, porque nenhum outro candidato chega, sequer, àquilo que seria uma avaliação intermédia, os 50%. Marisa Matias, com 48%, é a segunda classificada, ficando à frente de Ana Gomes (46%), André Ventura (34%) e João Ferreira (23%).

Numa perspetiva diferente, e procurando avaliar a taxa de rejeição dos diferentes candidatos, Marcelo é o melhor classificado (ou seja, é aquele que menos inquiridos se recusariam claramente a escolher nas eleições). Neste ponto, André Ventura, apesar do elevado reconhecimento público, é dos que mais “negas” recolhe: 77,3% dos inquiridos não admitem a hipótese de lhe atribuir um voto em janeiro. Dado curioso: Ana Gomes e Marisa Matias ficam na metade positiva da tabela e são “aprovadas” pelo eleitorado que participou na sondagem. Um feito que mais nenhum candidato conseguiu alcançar.

Com todos estes dados reunidos, os resultados que se seguem não deverão surtir grande efeito de surpresa. Na avaliação do primeiro mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, 69% dos inquiridos dão nota “boa” (49%) ou “muito boa” (20%) ao Presidente da República. Se lhe juntarmos a avaliação “razoável”, então, o valor sobe para 93% dos inquiridos a aprovarem os cinco anos do inquilino em Belém. No extremo negativo, apenas 2% dão nota “muito má” e outros 5% nota “má”. Em plena pandemia, depois de longos anos de relacionamento com os governos da geringonça e pós-geringonça, com um dos mais graves períodos de incêndios no país, Marcelo Rebelo de Sousa sai confortavelmente validado pelos eleitores.

Ficha técnica

Durante 6 semanas (10 Dezembro 2020 a 21 de Janeiro 2020 ) vão ser publicadas pela TVI e pelo Observador uma sondagem em cada semana com uma amostra mínima de 626 entrevistas. Em cada semana a amostra corresponderá a 2 sub-amostras de 313 entrevistas. Uma das sub-amostras será recolhida na semana da publicação e a outra na semana anterior à da publicação. Cada sub-amostra será representativa do universo eleitoral português (não probabilístico) tendo por base os critérios de género, idade e região.

Semana 1 Publicação: O trabalho de campo decorreu entre os dias 10 e 13 de Dezembro. Foi recolhida uma amostra total de 629 entrevistas que para um grau de confiança de 95,5% corresponde a uma margem de erro máxima de ±4,0%. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos 3 principais operadores identificados pelo relatório da ANACOM, sempre que necessário são selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI – Computer Assisted Telephone Interviewing).

O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores Portugueses, sobre temas relacionados com as eleições , nomeadamente os principais protagonistas, os momentos da campanha bem como a intenção de voto nos vários partidos. A taxa de resposta foi de 55,32% . A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva.

A taxa de abstenção na sondagem é de 56,6% a que correspondem os entrevistados que aquando do momento inicial se recusaram a responder à entrevista por não pretenderem votar nesta eleição.

A Ficha técnica completa bem como todos os resultados foram disponibilizados junto da Entidade Reguladora da Comunicação Social

que os disponibilizara oportunamente para consulta online.

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