Câmara Corporativa: O Zé explica aritmética à Zita

22-12-2019
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“(…) Era como se uma empresa com 100 trabalhadores, despede 90, admite 10, e o Senhor Primeiro-ministro diz muito contente: — Criei 10 postos de trabalho. Isto é tentar enganar os portugueses (…).”Zita Seabra, comentando para a SIC a entrevista de Sócrates na segunda-feiraO Zé, esse mesmo, ficou conhecido por ser íntimo de Durão Barroso, e, por isso, ganhou uma certa afeição por Zita Seabra, uma indefectível apoiante de todos os líderes do PSD. Quando a viu a fazer aquela triste figura na televisão, o Zé enviou-lhe lá da aldeia uma carta para a ajudar a aplicar as operações básicas:“Companheira Zita,Vi-a na TV e folgo em saber que parece cada vez mais jovem. A fuga do cativeiro, como a daquela moça da Áustria e a da outra do Brasil, fez-lhe bem. Pareceu-me no entanto algo angustiada com a minha situação e a dos outros Zés. Agradeço-lhe que aí em Lisboa zele por nós, mas, embora a situação seja de facto difícil, não é caso para estar tão angustiada.Faça comigo as contas, Companheira Zita, e verá que há uns sinais de que a situação pode estar a melhorar. Olhe lá para isto devagarinho:Aqui a nossa aldeia tinha, em 2006, 100 pessoas em condições de trabalhar (acho que vocês aí lhes chamam activos). Desses, cinco (5) estavam desempregados.Façamos a primeira conta: a taxa de desemprego é de cinco por cento (5%). Companheira Zita, chega lá através de duas operações básicas: divide 5 por 100 e, depois, multiplica o resultado por 100. Está a acompanhar o raciocínio?No ano seguinte (2007, o saudoso ano do referendo), não morreu ninguém cá na terra, felizmente. Mas houve várias circunstâncias que contribuíram para alterar o número de pessoas dispostas a trabalhar:• Houve 10 jovens que acabaram o 12.º ano e começaram a procurar emprego;• Fechou uma empresa (que resolveu mudar-se para a Roménia, sem que a Companheira Zita tivesse procurado fechar as fronteiras para a impedir de zarpar), atirando para o desemprego seis (6) pessoas, que, por acaso, são família chegada cá do Zé;• Nem tudo é mau, porque outras 14 pessoas cá da terra conseguiram emprego numa fábrica que foi inaugurada em 2007.Está preparada, Companheira Zita, para fazer mais umas contas? Vamos a isso, então, passo a passo:Se se recorda, havia 5 desempregados em 2006. A estes, há que juntar os 10 jovens que concluíram os estudos e estão à procura de emprego, bem como as 6 pessoas que trabalhavam na empresa que foi “deslocalizada”. A fazer fé no Prof. Ambrósio, que me ensinou as quatro operações básicas, teremos 7 pessoas desempregadas.Já estou a ver a Companheira Zita a empertigar-se e, esticando o dedo, questionar: — Como assim, ó Zé?Ai Companheira Zita, e então os 14 trabalhadores, que, entretanto, arranjaram emprego na fábrica que abriu, não são gente? Veja lá a conta: 5+10+6-14 = 7.É claro que a taxa de desemprego aumentou para 6,4 por cento [Companheira Zita, já sabe: divide 7 por 110 e, depois, multiplica o resultado por 100].Mas a verdade é que foram criados 8 postos de trabalho, porque inicialmente estavam empregadas 95 pessoas (100-5) e agora têm trabalho 103 pessoas (110-7).Ou seja, foram criados 8 postos de trabalho em termos líquidos (perderam-se 6, mas ganharam-se 14). É este o fenómeno de que dá conta o INE. Não há contradição entre aumento de taxa de desemprego e aumento do emprego líquido.Companheira Zita, quando tiver dúvidas, se não quiser esclarecer-se com os companheiros Menezes, Santana ou Ribau, não hesite em emailar cá para o Zé. Agora já cá temos a banda larga, como sabe.Ao seu dispor,O Zé”PS — Sugere-se a leitura do post Coisas que convém saber de João Pinto e Castro, que sintetiza o que está em causa na questão do (des)emprego.


“(…) Era como se uma empresa com 100 trabalhadores, despede 90, admite 10, e o Senhor Primeiro-ministro diz muito contente: — Criei 10 postos de trabalho. Isto é tentar enganar os portugueses (…).”Zita Seabra, comentando para a SIC a entrevista de Sócrates na segunda-feiraO Zé, esse mesmo, ficou conhecido por ser íntimo de Durão Barroso, e, por isso, ganhou uma certa afeição por Zita Seabra, uma indefectível apoiante de todos os líderes do PSD. Quando a viu a fazer aquela triste figura na televisão, o Zé enviou-lhe lá da aldeia uma carta para a ajudar a aplicar as operações básicas:“Companheira Zita,Vi-a na TV e folgo em saber que parece cada vez mais jovem. A fuga do cativeiro, como a daquela moça da Áustria e a da outra do Brasil, fez-lhe bem. Pareceu-me no entanto algo angustiada com a minha situação e a dos outros Zés. Agradeço-lhe que aí em Lisboa zele por nós, mas, embora a situação seja de facto difícil, não é caso para estar tão angustiada.Faça comigo as contas, Companheira Zita, e verá que há uns sinais de que a situação pode estar a melhorar. Olhe lá para isto devagarinho:Aqui a nossa aldeia tinha, em 2006, 100 pessoas em condições de trabalhar (acho que vocês aí lhes chamam activos). Desses, cinco (5) estavam desempregados.Façamos a primeira conta: a taxa de desemprego é de cinco por cento (5%). Companheira Zita, chega lá através de duas operações básicas: divide 5 por 100 e, depois, multiplica o resultado por 100. Está a acompanhar o raciocínio?No ano seguinte (2007, o saudoso ano do referendo), não morreu ninguém cá na terra, felizmente. Mas houve várias circunstâncias que contribuíram para alterar o número de pessoas dispostas a trabalhar:• Houve 10 jovens que acabaram o 12.º ano e começaram a procurar emprego;• Fechou uma empresa (que resolveu mudar-se para a Roménia, sem que a Companheira Zita tivesse procurado fechar as fronteiras para a impedir de zarpar), atirando para o desemprego seis (6) pessoas, que, por acaso, são família chegada cá do Zé;• Nem tudo é mau, porque outras 14 pessoas cá da terra conseguiram emprego numa fábrica que foi inaugurada em 2007.Está preparada, Companheira Zita, para fazer mais umas contas? Vamos a isso, então, passo a passo:Se se recorda, havia 5 desempregados em 2006. A estes, há que juntar os 10 jovens que concluíram os estudos e estão à procura de emprego, bem como as 6 pessoas que trabalhavam na empresa que foi “deslocalizada”. A fazer fé no Prof. Ambrósio, que me ensinou as quatro operações básicas, teremos 7 pessoas desempregadas.Já estou a ver a Companheira Zita a empertigar-se e, esticando o dedo, questionar: — Como assim, ó Zé?Ai Companheira Zita, e então os 14 trabalhadores, que, entretanto, arranjaram emprego na fábrica que abriu, não são gente? Veja lá a conta: 5+10+6-14 = 7.É claro que a taxa de desemprego aumentou para 6,4 por cento [Companheira Zita, já sabe: divide 7 por 110 e, depois, multiplica o resultado por 100].Mas a verdade é que foram criados 8 postos de trabalho, porque inicialmente estavam empregadas 95 pessoas (100-5) e agora têm trabalho 103 pessoas (110-7).Ou seja, foram criados 8 postos de trabalho em termos líquidos (perderam-se 6, mas ganharam-se 14). É este o fenómeno de que dá conta o INE. Não há contradição entre aumento de taxa de desemprego e aumento do emprego líquido.Companheira Zita, quando tiver dúvidas, se não quiser esclarecer-se com os companheiros Menezes, Santana ou Ribau, não hesite em emailar cá para o Zé. Agora já cá temos a banda larga, como sabe.Ao seu dispor,O Zé”PS — Sugere-se a leitura do post Coisas que convém saber de João Pinto e Castro, que sintetiza o que está em causa na questão do (des)emprego.

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