Câmara Corporativa: Como o martelo pilão

01-06-2020
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• José Pacheco Pereira, O artigo de regresso [hoje no Público]:‘Não tem de facto qualquer sentido achar que Portugal foi beneficiado por um plano de "ajustamento" (um eufemismo irónico) mais compatível com o crescimento económico do que o grego e depois destruir a vantagem comparativa numa passagem do oito para o oitenta. Cumprir com zelo o programa da troika é fundamental. Como ninguém controla com rigor a execução orçamental, admito que nesse zelo se inclua "ir mais longe do que a troika" para haver folga para os "buracos". Mas, atenção, duplicar as medidas da troika e aplicá-las no estilo martelo pilão numa espécie de volúpia de impostos, ou pior ainda, como se verá, através de cortes estatísticos, ou seja às cegas, tem um efeito destrutivo muito para além da recessão de dois anos prevista pelos optimistas.
(…)
E sem Estado, ou com ele a desmoronar-se, ninguém pense que a economia salta da letargia para o dinamismo. É que o martelo pilão da carga fiscal, em conjunto com os cortes cegos pela estatística, não tem como consequência "emagrecer" o Estado, tem como consequência "emagrecer" a sociedade e "emagrecê-la" onde ela era mais precisa. No final, não ficará um Estado mínimo, mas um Estado disforme, que desperdiça pela sua neoplasia mais do que o Estado "gordo" que havia antes.
Eu sou liberal e quero um Estado mínimo, defesa, segurança, negócios estrangeiros e pouco mais. Mas sei que esse Estado não resulta de uma acção de cortes cegos, nem da brutalidade fiscal que suga os recursos do trabalho e das empresas. E também sei que só pode existir quando for a economia e as empresas a gerarem a riqueza que permitam "emagrecer" o Estado de funções que a pobreza e o remedeio lhe exigiram. E sei, tão certo como dois e dois serem quatro, que isso exige, mais que tudo, conhecimento e inteligência, até porque as condições políticas existem. Destruir a pouca folga que a troika deixou não mostra nem uma coisa nem outra. Mostra que só se sabe fazer uma coisa. Como o martelo pilão. Força inteligente em vez de força bruta. Deixem o Hulk para a banda desenhada.’


• José Pacheco Pereira, O artigo de regresso [hoje no Público]:‘Não tem de facto qualquer sentido achar que Portugal foi beneficiado por um plano de "ajustamento" (um eufemismo irónico) mais compatível com o crescimento económico do que o grego e depois destruir a vantagem comparativa numa passagem do oito para o oitenta. Cumprir com zelo o programa da troika é fundamental. Como ninguém controla com rigor a execução orçamental, admito que nesse zelo se inclua "ir mais longe do que a troika" para haver folga para os "buracos". Mas, atenção, duplicar as medidas da troika e aplicá-las no estilo martelo pilão numa espécie de volúpia de impostos, ou pior ainda, como se verá, através de cortes estatísticos, ou seja às cegas, tem um efeito destrutivo muito para além da recessão de dois anos prevista pelos optimistas.
(…)
E sem Estado, ou com ele a desmoronar-se, ninguém pense que a economia salta da letargia para o dinamismo. É que o martelo pilão da carga fiscal, em conjunto com os cortes cegos pela estatística, não tem como consequência "emagrecer" o Estado, tem como consequência "emagrecer" a sociedade e "emagrecê-la" onde ela era mais precisa. No final, não ficará um Estado mínimo, mas um Estado disforme, que desperdiça pela sua neoplasia mais do que o Estado "gordo" que havia antes.
Eu sou liberal e quero um Estado mínimo, defesa, segurança, negócios estrangeiros e pouco mais. Mas sei que esse Estado não resulta de uma acção de cortes cegos, nem da brutalidade fiscal que suga os recursos do trabalho e das empresas. E também sei que só pode existir quando for a economia e as empresas a gerarem a riqueza que permitam "emagrecer" o Estado de funções que a pobreza e o remedeio lhe exigiram. E sei, tão certo como dois e dois serem quatro, que isso exige, mais que tudo, conhecimento e inteligência, até porque as condições políticas existem. Destruir a pouca folga que a troika deixou não mostra nem uma coisa nem outra. Mostra que só se sabe fazer uma coisa. Como o martelo pilão. Força inteligente em vez de força bruta. Deixem o Hulk para a banda desenhada.’

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