portugal dos pequeninos: A QUALIDADE DA DEMOCRACIA

05-05-2020
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Numa semana em que tanto se falou de "serviço público" de televisão, tivemos ontem (e, presumo, que continue hoje) fartos exemplos do que ele, na vertente "informação", não deve ser. Por razões insondáveis da acção e da investigação criminais portuguesas, as televisões acompanharam, praticamente ao ritmo da "secret house", o trabalho da PJ, de um juiz de instrução criminal, de um procurador da República e de um delegado da Ordem dos Advogados que andaram a recolher indícios nas casas de um arguido, uma em Lisboa e a outra no Algarve. Não falharam nas horas, nos sítios, nos circuitos. Isto quer dizer que sabiam. E se sabiam, foi porque alguém os informou com pormenor. Fez-me lembrar os noticiários a que assisti diariamente, durante um mês, em dois países contíguos da América Latina, a Guatemala e o Salvador, há para aí uns dez anos. Mas esses países tinham saído de guerras civis, estavam desprovidos de uma sociedade civil minimamente estruturada e tinham instituições frágeis e corruptas. No meio disto tudo, não sei quem esteve pior no referido "momento secret house". Se a "vociferante matilha do espectáculo", se a "justiça". Esta promiscuidade doentia e tropical revela a qualidade de uma democracia. Ou a falta dela.


Numa semana em que tanto se falou de "serviço público" de televisão, tivemos ontem (e, presumo, que continue hoje) fartos exemplos do que ele, na vertente "informação", não deve ser. Por razões insondáveis da acção e da investigação criminais portuguesas, as televisões acompanharam, praticamente ao ritmo da "secret house", o trabalho da PJ, de um juiz de instrução criminal, de um procurador da República e de um delegado da Ordem dos Advogados que andaram a recolher indícios nas casas de um arguido, uma em Lisboa e a outra no Algarve. Não falharam nas horas, nos sítios, nos circuitos. Isto quer dizer que sabiam. E se sabiam, foi porque alguém os informou com pormenor. Fez-me lembrar os noticiários a que assisti diariamente, durante um mês, em dois países contíguos da América Latina, a Guatemala e o Salvador, há para aí uns dez anos. Mas esses países tinham saído de guerras civis, estavam desprovidos de uma sociedade civil minimamente estruturada e tinham instituições frágeis e corruptas. No meio disto tudo, não sei quem esteve pior no referido "momento secret house". Se a "vociferante matilha do espectáculo", se a "justiça". Esta promiscuidade doentia e tropical revela a qualidade de uma democracia. Ou a falta dela.

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