“Aos anos que aqui trabalho e nunca vi o cemitério assim tão vazio.” Reportagem no maior sepulcrário de Lisboa

08-11-2020
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À porta do cemitério as pessoas esperam. Faltam vinte minutos para as nove da manhã, a hora prevista para a entrada no Alto de São João, e eis que os portões se mexem. "Hoje abrimos um pouco antes para evitar ajuntamentos", informa o sr. Fernando, que já aqui trabalha há quatro anos. Até às nove da manhã só entram 30 pessoas. Aos pares ou em grupos pequenos, não mais de cinco são agora as regras, todos vão entrando. Na véspera, António Costa anunciara ao país o novo pacote de medidas de contenção para este mês de novembro, e por agora ninguém quer falar.

Mal entramos no recinto do cemitério, todos parecem acelerar o passo, na pressa de chegar juntos dos seus. Com uma braçada de margaridas amarelas e brancas aconchegadas nos braços, duas senhoras - cabelos brancos, blusas pretas - descem a alameda de jazigos e ciprestes enquanto vão contando uma à outra que trazem jarros novos para depositar as margaridas frescas. Um para a campa do pai, outro para a da mãe. Uma folha de carvalho cor de outono pousa delicadamente no chão e as duas amigas desaparecem numa curva e tudo fica em silêncio.

À porta do cemitério as pessoas esperam. Faltam vinte minutos para as nove da manhã, a hora prevista para a entrada no Alto de São João, e eis que os portões se mexem. "Hoje abrimos um pouco antes para evitar ajuntamentos", informa o sr. Fernando, que já aqui trabalha há quatro anos. Até às nove da manhã só entram 30 pessoas. Aos pares ou em grupos pequenos, não mais de cinco são agora as regras, todos vão entrando. Na véspera, António Costa anunciara ao país o novo pacote de medidas de contenção para este mês de novembro, e por agora ninguém quer falar.

Mal entramos no recinto do cemitério, todos parecem acelerar o passo, na pressa de chegar juntos dos seus. Com uma braçada de margaridas amarelas e brancas aconchegadas nos braços, duas senhoras - cabelos brancos, blusas pretas - descem a alameda de jazigos e ciprestes enquanto vão contando uma à outra que trazem jarros novos para depositar as margaridas frescas. Um para a campa do pai, outro para a da mãe. Uma folha de carvalho cor de outono pousa delicadamente no chão e as duas amigas desaparecem numa curva e tudo fica em silêncio.

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