Ventura: a fraqueza do forte chefe (o congresso do Chega visto por Luis Pedro Nunes)

08-11-2020
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Tinha tudo para ter sido um dia perfeito. Na grande tenda branca na quinta dos arredores de Évora, que na era pré-covid era usada para casamentos, os 500 delegados do Chega beberiam as palavras dos convidados europeus da família de extrema-direita que os tinham aceitado como “irmãos”. Estes falariam de “navegadores lusos” e do “povo valente” que somos e até da “batalha de Ourique” mas acima de tudo da necessidade de lutar contra os mundialistas de esquerda e da islamização da Europa. “Bem-vindos à resistência”, disse a Le Pen em vídeo. Mas, nessa altura, naquele que deveria ter sido o momento apoteótico do Chega, estava André Ventura — o líder eleito com mais de 99% do partido — a tentar passar a sua lista da direção que já tinha sido chumbada duas vezes por aquela multidão que deveria amá-lo de forma incondicional “até à morte” (sic). Ora, aparentemente nada disto faz sentido. Mas as pistas estavam todas lá.

O partido Chega, ou melhor, André Ventura, tem um problema grave para resolver com os pronomes pessoais. Das 14 horas que estive na Convenção no sábado (domingo acompanhei via Chega TV em melhores condições técnicas e com a vantagem de não me arriscar a ser contaminado pela covid) havia um constante ataque ao “eles” que podia deixar o neófito confuso. Quem eram “eles”? Ora, bastava ouvir Ventura, logo na abertura da Convenção pela manhãzinha, e isso era claro: “eles” eram os corruptos, os que viviam em conluio com negociatas com o Estado, era o Bloco de Esquerda, a Catarina Martins, a Mortágua, a comunicação social que silenciava o partido e por aí. Mas a tarde tinha sido centrada noutro tipo de “eles”. Uma gente sem escrúpulos, que difama nas redes sociais, que mente para atingir a dignidade e outras acusações do género. E quem eram esses outros “eles”? Eram militantes do partido. O “nós”.

Tinha tudo para ter sido um dia perfeito. Na grande tenda branca na quinta dos arredores de Évora, que na era pré-covid era usada para casamentos, os 500 delegados do Chega beberiam as palavras dos convidados europeus da família de extrema-direita que os tinham aceitado como “irmãos”. Estes falariam de “navegadores lusos” e do “povo valente” que somos e até da “batalha de Ourique” mas acima de tudo da necessidade de lutar contra os mundialistas de esquerda e da islamização da Europa. “Bem-vindos à resistência”, disse a Le Pen em vídeo. Mas, nessa altura, naquele que deveria ter sido o momento apoteótico do Chega, estava André Ventura — o líder eleito com mais de 99% do partido — a tentar passar a sua lista da direção que já tinha sido chumbada duas vezes por aquela multidão que deveria amá-lo de forma incondicional “até à morte” (sic). Ora, aparentemente nada disto faz sentido. Mas as pistas estavam todas lá.

O partido Chega, ou melhor, André Ventura, tem um problema grave para resolver com os pronomes pessoais. Das 14 horas que estive na Convenção no sábado (domingo acompanhei via Chega TV em melhores condições técnicas e com a vantagem de não me arriscar a ser contaminado pela covid) havia um constante ataque ao “eles” que podia deixar o neófito confuso. Quem eram “eles”? Ora, bastava ouvir Ventura, logo na abertura da Convenção pela manhãzinha, e isso era claro: “eles” eram os corruptos, os que viviam em conluio com negociatas com o Estado, era o Bloco de Esquerda, a Catarina Martins, a Mortágua, a comunicação social que silenciava o partido e por aí. Mas a tarde tinha sido centrada noutro tipo de “eles”. Uma gente sem escrúpulos, que difama nas redes sociais, que mente para atingir a dignidade e outras acusações do género. E quem eram esses outros “eles”? Eram militantes do partido. O “nós”.

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