Ministro do Mar vai mergulhar nas pradarias marinhas do Sado

28-06-2020
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O convite partiu da organização não governamental Ocean Alive e o ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, aceitou sem reservas. Na manhã do próximo dia 15 de junho o ministro vai mergulhar de escafandro no estuário do Sado para observar as pradarias marinhas ali existentes.

Para a Ocean Alive esta é uma forma de chamar a atenção para a importância destes ecossistemas. “Tal como os sapais, as pradarias marinhas devem ser reconhecidas no combate às alterações climáticas já que são sumidouros naturais dos gases com efeito de estufa e complementam o sequestro que é feito em terra pelas florestas”, sublinha Raquel Gaspar, bióloga e dirigente desta organização.

A Ocean Alive vai entregar ao ministro do Mar e ao do Ambiente uma recomendação para que o Governo inclua as pradarias marinhas e os sapais no próximo Roteiro para a Neutralidade Carbónica. Este instrumento define a estratégia nacional para que em 2050 o balanço entre as emissões e as remoções dos gases de efeito de estufa seja nulo e Portugal cumpra o Acordo de Paris, de modo a impedir que as temperaturas médias globais subam mais de 1,5ºC até ao final do século. Aprovado em 2019, este roteiro deve ser revisto até 2024.

O ministro do Mar parece não ter dúvidas de que “o carbono azul tem de constar” de um próximo roteiro. “Temos de perceber que os ecossistemas costeiros, como as pradarias marinhas e os sapais, são muito importantes como sequestradores de carbono e, se os danificarmos, estamos a libertar carbono para a atmosfera”, disse Ricardo Serrão Santos em entrevista ao Expresso publicada no último sábado. “O chamado ‘carbono azul’ tem de ter a mesma relevância e atenção que o ‘carbono verde’, que são as florestas”, reforçou o ministro, também especialista em biologia ambiental e evolutiva.

Pradarias marinha sequestram 40 vezes mais CO2 do que as florestas

No Roteiro para a Neutralidade Carbónica, as florestas e espaços verdes em terra surgem como tendo a capacidade de absorver entre oito milhões a 12 milhões de toneladas de CO2 até 2050. Porém, “estima-se que os cerca de 14 mil hectares de pradarias marinhas e sapais existentes em Portugal conseguem sequestrar cerca de 3,5 milhões de toneladas de CO2 ou gases equivalentes por ano”, frisa Raquel Gaspar.

“As pradarias marinhas, os sapais e os mangais têm uma capacidade de sequestro 30 a 40 vezes superior à das florestas”, reforça o investigador Rui Santos, do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve (CCMAR), que tem estudado as pradarias da Ria Formosa, no Algarve. “Esta maior capacidade de armazenamento de gases de efeito de estufa deve-se ao facto do sedimento ser menos oxigenado e a decomposição mais lenta, conseguindo deste modo armazenar o carbono nos sedimentos durante mais tempo , por séculos a milhares de anos”, explica a investigadora Ana Sousa, do CESAM da Universidade de Aveiro, que tem estudado em particular a realidade da Ria de Aveiro.

Os dois investigadores lembram que Portugal tem perdido áreas de pradarias marinhas e de sapal devido às atividades humanas (urbanização, agricultura, índustria, sobrepesca ou dragagens, por exemplo) o que conduziu à libertação do carbono armazenado. E chamam a atenção para "a importância de preservar estes ecossistemas e reverter a sua destruição", com benefícios para a biodiversidade, a proteção costeira, a reciclagem de nutrientes (prevenindo a eutrofização das águas), e o combate às alterações climáticas.

Já se perderam 30% das pradaria marinhas

A própria Organização das Nações Unidas aproveitou o dia dos Oceanos, assinalado esta segunda-feira, para chamar a atenção para a importância das pradarias marinhas. O relatório “Out of the Blue: The Value of Seagrasses to the Environment and to People”, chama a atenção para o risco de destruição destes ecossistemas.

As pradarias marinhas cobrem mais de 300.000 km2 globalmente e servem de berçário para 20% das principais espécies de peixes que alimentam a pesca mundial, assim como de outras espécies carismáticas, como os cavalos marinhos ou as tartarugas. Contudo, o relatório alerta para o facto de se estimar que “se estejam a perder cerca de 7% destes habitat por ano e a levar ao declínio de 22 das 72 espécies que neles se abrigam”.

Os investigadores calculam que já terão desaparecido cerca de 30% destas áreas de ervas marinhas dos oceanos desde finais do século XIX, devido à atividade humana e às alterações climáticas.

Apesar de vítimas do aquecimento dos oceanos, estes ecossistemas também podem ajudar a combater as alterações climáticas, sublinha o relatório: “Cobrem apenas 0,1% do fundo do oceano, mas têm capacidade para absorver e armazenar cerca de 18% do carbono depositado nos oceanos”, e assim ajudar a reduzir o que se concentra na atmosfera.

O convite partiu da organização não governamental Ocean Alive e o ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, aceitou sem reservas. Na manhã do próximo dia 15 de junho o ministro vai mergulhar de escafandro no estuário do Sado para observar as pradarias marinhas ali existentes.

Para a Ocean Alive esta é uma forma de chamar a atenção para a importância destes ecossistemas. “Tal como os sapais, as pradarias marinhas devem ser reconhecidas no combate às alterações climáticas já que são sumidouros naturais dos gases com efeito de estufa e complementam o sequestro que é feito em terra pelas florestas”, sublinha Raquel Gaspar, bióloga e dirigente desta organização.

A Ocean Alive vai entregar ao ministro do Mar e ao do Ambiente uma recomendação para que o Governo inclua as pradarias marinhas e os sapais no próximo Roteiro para a Neutralidade Carbónica. Este instrumento define a estratégia nacional para que em 2050 o balanço entre as emissões e as remoções dos gases de efeito de estufa seja nulo e Portugal cumpra o Acordo de Paris, de modo a impedir que as temperaturas médias globais subam mais de 1,5ºC até ao final do século. Aprovado em 2019, este roteiro deve ser revisto até 2024.

O ministro do Mar parece não ter dúvidas de que “o carbono azul tem de constar” de um próximo roteiro. “Temos de perceber que os ecossistemas costeiros, como as pradarias marinhas e os sapais, são muito importantes como sequestradores de carbono e, se os danificarmos, estamos a libertar carbono para a atmosfera”, disse Ricardo Serrão Santos em entrevista ao Expresso publicada no último sábado. “O chamado ‘carbono azul’ tem de ter a mesma relevância e atenção que o ‘carbono verde’, que são as florestas”, reforçou o ministro, também especialista em biologia ambiental e evolutiva.

Pradarias marinha sequestram 40 vezes mais CO2 do que as florestas

No Roteiro para a Neutralidade Carbónica, as florestas e espaços verdes em terra surgem como tendo a capacidade de absorver entre oito milhões a 12 milhões de toneladas de CO2 até 2050. Porém, “estima-se que os cerca de 14 mil hectares de pradarias marinhas e sapais existentes em Portugal conseguem sequestrar cerca de 3,5 milhões de toneladas de CO2 ou gases equivalentes por ano”, frisa Raquel Gaspar.

“As pradarias marinhas, os sapais e os mangais têm uma capacidade de sequestro 30 a 40 vezes superior à das florestas”, reforça o investigador Rui Santos, do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve (CCMAR), que tem estudado as pradarias da Ria Formosa, no Algarve. “Esta maior capacidade de armazenamento de gases de efeito de estufa deve-se ao facto do sedimento ser menos oxigenado e a decomposição mais lenta, conseguindo deste modo armazenar o carbono nos sedimentos durante mais tempo , por séculos a milhares de anos”, explica a investigadora Ana Sousa, do CESAM da Universidade de Aveiro, que tem estudado em particular a realidade da Ria de Aveiro.

Os dois investigadores lembram que Portugal tem perdido áreas de pradarias marinhas e de sapal devido às atividades humanas (urbanização, agricultura, índustria, sobrepesca ou dragagens, por exemplo) o que conduziu à libertação do carbono armazenado. E chamam a atenção para "a importância de preservar estes ecossistemas e reverter a sua destruição", com benefícios para a biodiversidade, a proteção costeira, a reciclagem de nutrientes (prevenindo a eutrofização das águas), e o combate às alterações climáticas.

Já se perderam 30% das pradaria marinhas

A própria Organização das Nações Unidas aproveitou o dia dos Oceanos, assinalado esta segunda-feira, para chamar a atenção para a importância das pradarias marinhas. O relatório “Out of the Blue: The Value of Seagrasses to the Environment and to People”, chama a atenção para o risco de destruição destes ecossistemas.

As pradarias marinhas cobrem mais de 300.000 km2 globalmente e servem de berçário para 20% das principais espécies de peixes que alimentam a pesca mundial, assim como de outras espécies carismáticas, como os cavalos marinhos ou as tartarugas. Contudo, o relatório alerta para o facto de se estimar que “se estejam a perder cerca de 7% destes habitat por ano e a levar ao declínio de 22 das 72 espécies que neles se abrigam”.

Os investigadores calculam que já terão desaparecido cerca de 30% destas áreas de ervas marinhas dos oceanos desde finais do século XIX, devido à atividade humana e às alterações climáticas.

Apesar de vítimas do aquecimento dos oceanos, estes ecossistemas também podem ajudar a combater as alterações climáticas, sublinha o relatório: “Cobrem apenas 0,1% do fundo do oceano, mas têm capacidade para absorver e armazenar cerca de 18% do carbono depositado nos oceanos”, e assim ajudar a reduzir o que se concentra na atmosfera.

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