Presidente da CCDR-Centro absolvida em tribunal: “Foram quatro anos de grande sofrimento”

30-10-2019
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Chegou ao fim o julgamento da presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Ana Abrunhosa, e do seu ex-marido Luís Borrego. Os dois professores universitários tinham sido acusados, em 2016, pelo Ministério Público (MP) dos crimes de difamação e denúncia caluniosa do anterior presidente da CCDRC, Pedro Saraiva, e acabam de ser absolvidos pelo tribunal de Coimbra.

“Foram quatro anos de grande sofrimento, baseados numa convicção do ministério público que em tribunal não produziu qualquer prova porque ela não existia. Durante este tempo todo, mantive sempre reserva deste assunto, mas só posso ficar feliz porque se fez justiça”, declarou Ana Abrunhosa perante a sua absolvição em tribunal.

Ana Abrunhosa e Luís Borrego eram acusados de terem divulgado cartas anónimas, em 2013 e 2014, lançando suspeitas sobre o favorecimento de Pedro Saraiva a empresas com quem tinha trabalhado enquanto consultor. O objetivo dessas cartas difamatórias da honra e do bom nome de Pedro Saraiva era impedir que este concorresse a presidente da CCDRC, abrindo caminho à subida da então vogal Ana Abrunhosa a presidente daquela instituição.

Ana Abrunhosa acabou por chegar à presidência da CCDRC em 2014, por concurso público, sendo hoje conhecida como a gestora dos 2,2 mil milhões de euros dos fundos comunitários do Centro 2020 que, por exemplo, têm apoiado a região a se reerguer dos incêndios.

“Sempre acreditei na justiça, mas não posso deixar de sair deste processo com um sentimento de mágoa uma vez que se tratam de quatro anos da minha vida pessoal e familiar, durante as quais, nas redes sociais ou em qualquer sítio, qualquer pessoa se sentia no direito de caluniar e de produzir declarações infundadas, com base em notícias que eram produzidas sobre o processo, muitas vezes sem qualquer fundamento”, disse Ana Abrunhosa em declarações ao Expresso. “Ninguém está livre de processos como estes baseados numa acusação que era apenas fundada numa convicção que não produziu qualquer prova em tribunal. E estes anos ninguém mos recupera! Se consegui ultrapassá-los foi porque tinha a consciência tranquila e o apoio da família, dos amigos e de todos os que trabalham comigo”.

Ana Abrunhosa acrescenta que durante o processo foi alvo de buscas à sua pessoa, incluindo ao seu telemóvel, à sua casa, ao seu carro ou aos seus locais de trabalho, e que nada foi encontrado. Diz que ela e o seu ex-marido chegaram a ser objeto de uma avaliação de personalidade para deteção de traços de psicopata: “A conclusão foi a de que sou uma pessoa muito inteligente e que tenho níveis de sociopatia normais, como qualquer outra pessoa tem. Depois de tudo isto, como imaginam, foi um processo em que muitas vezes senti humilhação… Mas o que não nos mata fortalece”.

Ana Abrunhosa quer agora ler o processo para avaliar a atuação do MP: “Não deixa de ser estranho que para um caso de difamação agravada o MP tenha tantos recursos. No dia em que fui alvo de buscas tive quatro agentes da PJ o dia inteiro comigo. O meu ex-marido também teve. E para crimes de abuso sexual e violência doméstica faltam recursos. A minha mágoa também tem a ver com isto. Não estou contra o facto de o processo ter sido investigado, mas parece-me ter havido uma desproporcionalidade de meios face à gravidade do crime”.

Adulteração de PDF, roubo de passwords

Foi em 2016 que Ana Abrunhosa e o seu ex-marido Luís Borrego foram acusados pelo ministério público (MP) dos crimes de difamação e denúncia caluniosa do anterior presidente da CCDRC, Pedro Saraiva.

Ambos os professores eram acusados de terem divulgado cartas anónimas, em 2013 e 2014, lançando suspeitas sobre o favorecimento de Pedro Saraiva a empresas com quem tinha trabalhado enquanto consultor. O objetivo dessas cartas difamatórias da honra e do bom nome de Pedro Saraiva seria o de impedir que este concorresse a presidente da CCDRC.

A primeira carta anónima circulou em 2013, após a saída intempestiva do professor de robótica Norberto Pires de presidente da CCDRC e a tomada de posse do seu sucessor, o então deputado do PSD, Pedro Saraiva.

A segunda carta circulou em 2014, quando já decorria o concurso público para o cargo de presidente da CCDRC. Pedro Saraiva decidiu não concorrer e Ana Abrunhosa acabou por ganhar o lugar face a Norberto Pires e António Queirós.

A acusação do MP chegaria em 2016. “Os indícios eram estes: um primeiro documento em PDF onde alguém tinha posto como autor “presidente DEM” e uma segunda carta que circulou a partir de um endereço de email ao qual houve um acesso através do IP da nossa casa e que não deu origem a qualquer envio”, explicou ao Expresso, a atual presidente da CCDRC.

Sobre o primeiro indício, Ana Abrunhosa diz: “Como o meu ex-marido foi presidente do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM), o MP inferiu que só podia ter sido ele. Mas devo dizer que em todos os documentos entregues pelo local de trabalho do meu ex-marido nunca tinha sido usado esse autor. Como disse o perito informático, também não foi possível determinar o computador a partir do qual o documento foi feito. Também se comprovou que o autor de um documento word ou PDF pode ser alterado e não deixar vestígios”.

Sobre o segundo indício, Ana Abrunhosa acrescenta: “O perito concluiu que não há nada no processo que comprove quem criou esse email ou que fomos nós que criámos esse email. E que é muito fácil obter a password a partir de uma rede wifi. Até há programas na internet que, a partir do parque de estacionamento da nossa casa, conseguem aceder à password do wifi da nossa casa, que ainda por cima era a original. Estamos a falar de um equipamento da MEO que, na altura, foi muito conhecido por dar problemas e, mais tarde, veio a ser substituído. O acesso ao tal email a partir do IP da nossa casa não deu origem ao envio do documento e o meu marido até estava fora numa conferência”.

“Digo a qualquer cidadão que não está livre de lhe acontecer o mesmo. Antes de as pessoas falarem da vida dos outros, deviam informar-se e pensar duas vezes”, conclui Ana Abrunhosa.

Chegou ao fim o julgamento da presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Ana Abrunhosa, e do seu ex-marido Luís Borrego. Os dois professores universitários tinham sido acusados, em 2016, pelo Ministério Público (MP) dos crimes de difamação e denúncia caluniosa do anterior presidente da CCDRC, Pedro Saraiva, e acabam de ser absolvidos pelo tribunal de Coimbra.

“Foram quatro anos de grande sofrimento, baseados numa convicção do ministério público que em tribunal não produziu qualquer prova porque ela não existia. Durante este tempo todo, mantive sempre reserva deste assunto, mas só posso ficar feliz porque se fez justiça”, declarou Ana Abrunhosa perante a sua absolvição em tribunal.

Ana Abrunhosa e Luís Borrego eram acusados de terem divulgado cartas anónimas, em 2013 e 2014, lançando suspeitas sobre o favorecimento de Pedro Saraiva a empresas com quem tinha trabalhado enquanto consultor. O objetivo dessas cartas difamatórias da honra e do bom nome de Pedro Saraiva era impedir que este concorresse a presidente da CCDRC, abrindo caminho à subida da então vogal Ana Abrunhosa a presidente daquela instituição.

Ana Abrunhosa acabou por chegar à presidência da CCDRC em 2014, por concurso público, sendo hoje conhecida como a gestora dos 2,2 mil milhões de euros dos fundos comunitários do Centro 2020 que, por exemplo, têm apoiado a região a se reerguer dos incêndios.

“Sempre acreditei na justiça, mas não posso deixar de sair deste processo com um sentimento de mágoa uma vez que se tratam de quatro anos da minha vida pessoal e familiar, durante as quais, nas redes sociais ou em qualquer sítio, qualquer pessoa se sentia no direito de caluniar e de produzir declarações infundadas, com base em notícias que eram produzidas sobre o processo, muitas vezes sem qualquer fundamento”, disse Ana Abrunhosa em declarações ao Expresso. “Ninguém está livre de processos como estes baseados numa acusação que era apenas fundada numa convicção que não produziu qualquer prova em tribunal. E estes anos ninguém mos recupera! Se consegui ultrapassá-los foi porque tinha a consciência tranquila e o apoio da família, dos amigos e de todos os que trabalham comigo”.

Ana Abrunhosa acrescenta que durante o processo foi alvo de buscas à sua pessoa, incluindo ao seu telemóvel, à sua casa, ao seu carro ou aos seus locais de trabalho, e que nada foi encontrado. Diz que ela e o seu ex-marido chegaram a ser objeto de uma avaliação de personalidade para deteção de traços de psicopata: “A conclusão foi a de que sou uma pessoa muito inteligente e que tenho níveis de sociopatia normais, como qualquer outra pessoa tem. Depois de tudo isto, como imaginam, foi um processo em que muitas vezes senti humilhação… Mas o que não nos mata fortalece”.

Ana Abrunhosa quer agora ler o processo para avaliar a atuação do MP: “Não deixa de ser estranho que para um caso de difamação agravada o MP tenha tantos recursos. No dia em que fui alvo de buscas tive quatro agentes da PJ o dia inteiro comigo. O meu ex-marido também teve. E para crimes de abuso sexual e violência doméstica faltam recursos. A minha mágoa também tem a ver com isto. Não estou contra o facto de o processo ter sido investigado, mas parece-me ter havido uma desproporcionalidade de meios face à gravidade do crime”.

Adulteração de PDF, roubo de passwords

Foi em 2016 que Ana Abrunhosa e o seu ex-marido Luís Borrego foram acusados pelo ministério público (MP) dos crimes de difamação e denúncia caluniosa do anterior presidente da CCDRC, Pedro Saraiva.

Ambos os professores eram acusados de terem divulgado cartas anónimas, em 2013 e 2014, lançando suspeitas sobre o favorecimento de Pedro Saraiva a empresas com quem tinha trabalhado enquanto consultor. O objetivo dessas cartas difamatórias da honra e do bom nome de Pedro Saraiva seria o de impedir que este concorresse a presidente da CCDRC.

A primeira carta anónima circulou em 2013, após a saída intempestiva do professor de robótica Norberto Pires de presidente da CCDRC e a tomada de posse do seu sucessor, o então deputado do PSD, Pedro Saraiva.

A segunda carta circulou em 2014, quando já decorria o concurso público para o cargo de presidente da CCDRC. Pedro Saraiva decidiu não concorrer e Ana Abrunhosa acabou por ganhar o lugar face a Norberto Pires e António Queirós.

A acusação do MP chegaria em 2016. “Os indícios eram estes: um primeiro documento em PDF onde alguém tinha posto como autor “presidente DEM” e uma segunda carta que circulou a partir de um endereço de email ao qual houve um acesso através do IP da nossa casa e que não deu origem a qualquer envio”, explicou ao Expresso, a atual presidente da CCDRC.

Sobre o primeiro indício, Ana Abrunhosa diz: “Como o meu ex-marido foi presidente do Departamento de Engenharia Mecânica (DEM), o MP inferiu que só podia ter sido ele. Mas devo dizer que em todos os documentos entregues pelo local de trabalho do meu ex-marido nunca tinha sido usado esse autor. Como disse o perito informático, também não foi possível determinar o computador a partir do qual o documento foi feito. Também se comprovou que o autor de um documento word ou PDF pode ser alterado e não deixar vestígios”.

Sobre o segundo indício, Ana Abrunhosa acrescenta: “O perito concluiu que não há nada no processo que comprove quem criou esse email ou que fomos nós que criámos esse email. E que é muito fácil obter a password a partir de uma rede wifi. Até há programas na internet que, a partir do parque de estacionamento da nossa casa, conseguem aceder à password do wifi da nossa casa, que ainda por cima era a original. Estamos a falar de um equipamento da MEO que, na altura, foi muito conhecido por dar problemas e, mais tarde, veio a ser substituído. O acesso ao tal email a partir do IP da nossa casa não deu origem ao envio do documento e o meu marido até estava fora numa conferência”.

“Digo a qualquer cidadão que não está livre de lhe acontecer o mesmo. Antes de as pessoas falarem da vida dos outros, deviam informar-se e pensar duas vezes”, conclui Ana Abrunhosa.

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