Seixal e Moita vão falar com Governo, mas mantêm veto ao aeroporto no Montijo

10-03-2020
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O presidente da Câmara da Moita esteve quase 45 minutos à conversa com o primeiro-ministro mas, para já, fica tudo na mesma. "Se não mudarem as circunstâncias, não muda a posição". E as circunstâncias para o autarca são a localização do aeroporto no Montijo. Numa resposta política, para não fechar portas à conversa que vai continuar daqui por quinze dias, Rui Garcia disse à saída do encontro com António Costa que não ia recusar a oportunidade de pela primeira vez expor os motivos do seu parecer negativo ao aeroporto, mas lá foi dizendo que os problemas "inerentes à localização são inultrapassáveis". Ou seja, se se mantiver a localização no Montijo, Moita é contra.

Contudo, nos próximos tempos as conversas com o Governo vão continuar. Depois de uma primeira reunião "política", o autarca voltará a encontrar-se com membros do Governo para uma conversa "mais técnica" na segunda quinzena de Março. E daí podem sair várias soluções. Rui Garcia vai esperar para ver, mas ao mesmo tempo que no discurso abre a porta ao diálogo, fecha quase todas as oportunidades. É que já, disse, existem "largos problemas que são inultrapassáveis inerentes àquela posição". "Rejeitamos esta solução da forma como nos foi apresentada porque o impacto são muito graves para as nossas populações e para o nosso território", frisou o autarca.

"Não tínhamos tido oportunidade para dizer ao Governo o porquê da nossa posição. Vamos apresentar aquilo que são as nossas posições, tendo a convicção que há problemas que estão inultrapassáveis", reforçou.

Recusando usar adjetivos como "inflexível" ou que a câmara está a "vetar" o aeroporto, o autarca justificou-se: "Não está em causa a inversão daquelas que são as nossas posições", afirmou. "Não estão em causa contrapartidas". Ora, perante isto, para que servirá nova reunião, perguntam os jornalistas. Rui Garcia esclarece que não está em causa nenhuma negociação, mas que a Câmara da Moita precisa garantir que a sua posição é entendida: "São razões fundamentadas na análise concreta do que é o impacto no nosso território e no dever que temos de garantir esses interesses", defendeu.

Esta quarta-feira, antes do debate quinzenal, o primeiro-ministro vai ouvir seis presidentes das câmaras municipais afetadas pela construção do aeroporto do Montijo. O primeiro a ser ouvido é Rui Garcia, presidente da Câmara da Moita, o autarca que está de pedra e cal contra o aeroporto no concelho vizinho, e o último será Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa.

“Não ouvimos um único argumento que nos fizesse ver que Montijo era melhor que Alcochete”

Em vez de tentar convencer as autarquias a dar o ok ao aeroporto no Montijo, o presidente da Câmara do Seixal, Joaquim Santos, sugeriu ao primeiro-ministro que mude o contrato com a ANA, que, disse, segundo António Costa obriga o Governo a insistir naquela localização. O primeiro-ministro "devia exercer a sua função de governante de defensor das populações e renegociar as condições contratuais e fazer com que as mesmas obriguem a uma localização em Alcochete", defendeu Joaquim Santos à saída da conversa com António Costa.

António Costa não mostrou abertura para esta alteração contratual com a ANA, revelou o autarca seixalense, mas usou esse contrato que tem duração por mais cinco anos, como argumento para insistir no Montijo. "Se o contrato não é útil, temos de renegociar esses contratos", defendeu o autarca.

O presidente da Câmara do Seixal diz que por agora nada mudou para os seixalenses, "houve posições diferentes ao início e posições diferentes no fim". "Não ouvimos um único argumento que nos fizesse ver que Montijo era melhor que Alcochete", referiu. Joaquim Santos insiste que a solução que reúne consenso é Alcochete "coisa que no Montijo não acontece",

Tal como com a Moita, o autarca quis salientar o modo positivo que representam estas conversas com as autarquias que serão agora "parte da solução" desde que essa solução, frisaram, passe pela relocalização do aeroporto para Alcochete. "Se o Governo quiser fazer Portela + 1, esta pequena pista em vez de ser no Montijo pode ser feita em Alcochete", disse, até porque há Declaração de Impacte Ambiental para Alcochete válida até ao final do ano. "Se não houvesse um contrato a obrigar o Estado a esta decisão da ANA, penso que essa seria a decisão do Governo", reforçou.

Barreiro não levanta problemas ao aeroporto

Na ronda de negociações, o autarca do Barreiro, Frederico Rosa, que não levanta problemas à localização do Montijo diz que o faz porque este aeroporto criará emprego e desenvolvimento para a zona. O autarca recusa bloquear "soluções" que possam vir a ser colocadas como alternativas, mas recusou sempre cenarizar sobre a possibilidade de ser apresentada uma alternativa para Alcochete. "O projeto que temos é este", referiu.

"Não somos contra à partida de nada, não é essa a solução que temos à frente", insistiu. Contudo, o Barreiro, frisou "não será bloqueio a nenhuma solução" de interesse nacional. Frederico Rosa recusou que haja aqui "alinhamento partidário" das autarquias envolvidas, uma vez que as câmaras PS estão a favor e as câmaras PCP estão contra. No Barreiro, as moções contra o aeroporto do Montijo passaram sempre com o voto favorável do PSD.

Montijo não será contra nenhuma solução na margem sul

O presidente da Câmara do Montijo diz que "seria mau" para o país se a conclusão das conversas com os autarcas que António Costa está a fazer esta quarta-feira de manhã forem no sentido de se perceber que não há solução para que o aeroporto seja no Montijo.

Nuno Canta defende que deve "imperar o interesse nacional" e que para desbloquear a situação "há várias soluções jurídicas" que podem ser postas em prática. Questionado se pode ser o Governo a invocar o interesse nacional, o autarca preferiu não se pronunciar.

Apesar de a discussão não estar em cima da mesa, o autarca diz que nunca será o Montijo a boicotar outra solução alternativa, desde que essa seja feita na margem sul. "Temos de ter investimento e ter emprego na região de Setúbal. Defendemos intrasigentemente um investimento a Sul e estamos em total desacordo com a margem norte", disse.

Alcochete diz que “é perda de tempo” pensar numa alternativa

Posição semelhante tem o autarca de Alcochete. O socialista Fernando Pinto diz que defendeu o aeroporto do Montijo e recusou manifestar-se sobre a possibilidade de ser colocada a hipótese de Alcochete em cima da mesa. "É uma perda de tempo, não é isso que está em causa", frisou.

Quando questionado se altera a posição da autarquia de Alcochete em relação à possibilidade de uma alternativa passar pela relocalização do aeroporto para o campo de tiro da Alcochete, defendeu: "Esse é um estudo que remonta a 2007, é natural que tenham existido alterações temos que analisar".

O autarca defende que não deve ser um presidente de câmara a boicotar um investimento desta natureza: "Não faz sentido que um presidente de câmara independentemente da localidade possa colocar em causa 99% da população. Julgo que este Governo em consciência e respeitando os elementares pressupostos tudo fará para que se chegue a um entendimento".

O último autarca a ser ouvido foi Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa que frisou a "urgência" de um novo aeroporto para servir a região de Lisboa. "Creio que ninguém pode querer aceitar ficar com o ónus dos empregos a menos, do investimento a menos, da qualidade de vida a menos. Prolongar de uma situação de adiamento é a todos os títulos prejudicial", disse no final da reunião aos jornalistas.

O autarca recusa "andar a jogar ao jogo da escolha do local do aeroporto" porque tem "impactos muito grandes na economia do país" e recusa uma "solução que seja o regresso à estaca zero".

O presidente da Câmara da Moita esteve quase 45 minutos à conversa com o primeiro-ministro mas, para já, fica tudo na mesma. "Se não mudarem as circunstâncias, não muda a posição". E as circunstâncias para o autarca são a localização do aeroporto no Montijo. Numa resposta política, para não fechar portas à conversa que vai continuar daqui por quinze dias, Rui Garcia disse à saída do encontro com António Costa que não ia recusar a oportunidade de pela primeira vez expor os motivos do seu parecer negativo ao aeroporto, mas lá foi dizendo que os problemas "inerentes à localização são inultrapassáveis". Ou seja, se se mantiver a localização no Montijo, Moita é contra.

Contudo, nos próximos tempos as conversas com o Governo vão continuar. Depois de uma primeira reunião "política", o autarca voltará a encontrar-se com membros do Governo para uma conversa "mais técnica" na segunda quinzena de Março. E daí podem sair várias soluções. Rui Garcia vai esperar para ver, mas ao mesmo tempo que no discurso abre a porta ao diálogo, fecha quase todas as oportunidades. É que já, disse, existem "largos problemas que são inultrapassáveis inerentes àquela posição". "Rejeitamos esta solução da forma como nos foi apresentada porque o impacto são muito graves para as nossas populações e para o nosso território", frisou o autarca.

"Não tínhamos tido oportunidade para dizer ao Governo o porquê da nossa posição. Vamos apresentar aquilo que são as nossas posições, tendo a convicção que há problemas que estão inultrapassáveis", reforçou.

Recusando usar adjetivos como "inflexível" ou que a câmara está a "vetar" o aeroporto, o autarca justificou-se: "Não está em causa a inversão daquelas que são as nossas posições", afirmou. "Não estão em causa contrapartidas". Ora, perante isto, para que servirá nova reunião, perguntam os jornalistas. Rui Garcia esclarece que não está em causa nenhuma negociação, mas que a Câmara da Moita precisa garantir que a sua posição é entendida: "São razões fundamentadas na análise concreta do que é o impacto no nosso território e no dever que temos de garantir esses interesses", defendeu.

Esta quarta-feira, antes do debate quinzenal, o primeiro-ministro vai ouvir seis presidentes das câmaras municipais afetadas pela construção do aeroporto do Montijo. O primeiro a ser ouvido é Rui Garcia, presidente da Câmara da Moita, o autarca que está de pedra e cal contra o aeroporto no concelho vizinho, e o último será Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa.

“Não ouvimos um único argumento que nos fizesse ver que Montijo era melhor que Alcochete”

Em vez de tentar convencer as autarquias a dar o ok ao aeroporto no Montijo, o presidente da Câmara do Seixal, Joaquim Santos, sugeriu ao primeiro-ministro que mude o contrato com a ANA, que, disse, segundo António Costa obriga o Governo a insistir naquela localização. O primeiro-ministro "devia exercer a sua função de governante de defensor das populações e renegociar as condições contratuais e fazer com que as mesmas obriguem a uma localização em Alcochete", defendeu Joaquim Santos à saída da conversa com António Costa.

António Costa não mostrou abertura para esta alteração contratual com a ANA, revelou o autarca seixalense, mas usou esse contrato que tem duração por mais cinco anos, como argumento para insistir no Montijo. "Se o contrato não é útil, temos de renegociar esses contratos", defendeu o autarca.

O presidente da Câmara do Seixal diz que por agora nada mudou para os seixalenses, "houve posições diferentes ao início e posições diferentes no fim". "Não ouvimos um único argumento que nos fizesse ver que Montijo era melhor que Alcochete", referiu. Joaquim Santos insiste que a solução que reúne consenso é Alcochete "coisa que no Montijo não acontece",

Tal como com a Moita, o autarca quis salientar o modo positivo que representam estas conversas com as autarquias que serão agora "parte da solução" desde que essa solução, frisaram, passe pela relocalização do aeroporto para Alcochete. "Se o Governo quiser fazer Portela + 1, esta pequena pista em vez de ser no Montijo pode ser feita em Alcochete", disse, até porque há Declaração de Impacte Ambiental para Alcochete válida até ao final do ano. "Se não houvesse um contrato a obrigar o Estado a esta decisão da ANA, penso que essa seria a decisão do Governo", reforçou.

Barreiro não levanta problemas ao aeroporto

Na ronda de negociações, o autarca do Barreiro, Frederico Rosa, que não levanta problemas à localização do Montijo diz que o faz porque este aeroporto criará emprego e desenvolvimento para a zona. O autarca recusa bloquear "soluções" que possam vir a ser colocadas como alternativas, mas recusou sempre cenarizar sobre a possibilidade de ser apresentada uma alternativa para Alcochete. "O projeto que temos é este", referiu.

"Não somos contra à partida de nada, não é essa a solução que temos à frente", insistiu. Contudo, o Barreiro, frisou "não será bloqueio a nenhuma solução" de interesse nacional. Frederico Rosa recusou que haja aqui "alinhamento partidário" das autarquias envolvidas, uma vez que as câmaras PS estão a favor e as câmaras PCP estão contra. No Barreiro, as moções contra o aeroporto do Montijo passaram sempre com o voto favorável do PSD.

Montijo não será contra nenhuma solução na margem sul

O presidente da Câmara do Montijo diz que "seria mau" para o país se a conclusão das conversas com os autarcas que António Costa está a fazer esta quarta-feira de manhã forem no sentido de se perceber que não há solução para que o aeroporto seja no Montijo.

Nuno Canta defende que deve "imperar o interesse nacional" e que para desbloquear a situação "há várias soluções jurídicas" que podem ser postas em prática. Questionado se pode ser o Governo a invocar o interesse nacional, o autarca preferiu não se pronunciar.

Apesar de a discussão não estar em cima da mesa, o autarca diz que nunca será o Montijo a boicotar outra solução alternativa, desde que essa seja feita na margem sul. "Temos de ter investimento e ter emprego na região de Setúbal. Defendemos intrasigentemente um investimento a Sul e estamos em total desacordo com a margem norte", disse.

Alcochete diz que “é perda de tempo” pensar numa alternativa

Posição semelhante tem o autarca de Alcochete. O socialista Fernando Pinto diz que defendeu o aeroporto do Montijo e recusou manifestar-se sobre a possibilidade de ser colocada a hipótese de Alcochete em cima da mesa. "É uma perda de tempo, não é isso que está em causa", frisou.

Quando questionado se altera a posição da autarquia de Alcochete em relação à possibilidade de uma alternativa passar pela relocalização do aeroporto para o campo de tiro da Alcochete, defendeu: "Esse é um estudo que remonta a 2007, é natural que tenham existido alterações temos que analisar".

O autarca defende que não deve ser um presidente de câmara a boicotar um investimento desta natureza: "Não faz sentido que um presidente de câmara independentemente da localidade possa colocar em causa 99% da população. Julgo que este Governo em consciência e respeitando os elementares pressupostos tudo fará para que se chegue a um entendimento".

O último autarca a ser ouvido foi Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa que frisou a "urgência" de um novo aeroporto para servir a região de Lisboa. "Creio que ninguém pode querer aceitar ficar com o ónus dos empregos a menos, do investimento a menos, da qualidade de vida a menos. Prolongar de uma situação de adiamento é a todos os títulos prejudicial", disse no final da reunião aos jornalistas.

O autarca recusa "andar a jogar ao jogo da escolha do local do aeroporto" porque tem "impactos muito grandes na economia do país" e recusa uma "solução que seja o regresso à estaca zero".

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