O Catarro da Formiga: A polémica dos carros a diesel

14-12-2019
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in motor24.pt

A "bomba" ministerial que apanhou o meio automóvel de surpresa é mesmo para levar a sério?

Comprar carro a gasóleo "não faz sentido". A declaração do ministro do Ambiente caiu como uma "bomba" no setor automóvel. Os elétricos irão mesmo conquistar o mercado? E são assim tão limpos?

Para quem segue com atenção os temas da descarbonização, da transição energética e da evolução da indústria automóvel, a “morte anunciada” do mercado de automóveis a gasóleo não terá sido uma surpresa assim tão grande. Mas uma entrevista do ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, caiu como uma “bomba” no setor, esta segunda-feira. Fontes ligadas ao comércio automóvel insurgiram-se contra a mensagem do ministro e, também, com a forma: um comentário solto, no meio de uma entrevista. Várias concessionárias terão sido contactadas, com clientes preocupados, e alguns terão mesmo cancelado intenções de compra.

Em entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1, o ministro que ganhou a pasta da transição energética na remodelação governamental em outubro de 2018, afirmou que “quem comprar um carro a gasóleo é muito provável que daqui a quatro ou cinco anos não tenha um valor na sua troca”. Matos Fernandes defendeu, ainda, que na próxima década não fará sentido comprar um carro a gasóleo porque o preço (na compra) será já muito próximo dos veículos elétricos e porque, se os veículos forem carregados em casa o custo será de 15% por quilómetro (em relação ao gasóleo, nos dias de hoje). Os condomínios e as casas que se preparem, avisou o ministro, porque tal como tem de haver torneiras de água terá de haver postos de carregamento.

Ana Suspiro e Edgar Caetano in observador.pt MAGG 28.01.2019

No meio da polémica, chegou entretanto um documento assinado por mais de 100 médicos alemães de pneumologia que põe em causa os alegados malefícios do gasóleo. "O limite atual de NO2 e poeira de partículas não causa uma única morte", garantem estes especialistas.

Pneumologistas alemães garantem que o fumo do gasóleo não é nocivo para a saúde

Mais de 100 médicos alemães de pneumologia assinam um documento que põe em causa os alegados malefícios do gasóleo: "O limite atual de NO2 e poeira de partículas não causa uma única morte".

Mais de 100 pneumologistas alemães assinaram um documento que coloca em dúvida os riscos para a saúde causados ​​pelo fumo causado pelo gasóleo. O dióxido de nitrogénio (NO2) e as partículas de poeira existentes no fumo não “causaram uma única morte”, garantem os especialistas.

O ex-presidente da Sociedade de Pneumologia Alemã Dieter Köhler, por exemplo, contrariou a posição atual de sua antiga organização. O especialista defendeu que a maioria dos estudos existentes sobre os perigos causados ​​pelas emissões de gasóleo são questionáveis. Esta tomada de posição ganha uma relevância particular depois de se ter instalado um debate sobre o tema na Alemanha. A cidade de Hamburgo está no epicentro da discussão pois aprovou legislação que proíbe a circulação de veículos a gasóleo anteriores a 1998.

Por cá, a polémica também chegou mas pela voz do Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, que, na segunda-feira numa entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, disse que “é muito evidente que quem comprar um carro diesel muito provavelmente daqui a quatro ou cinco anos não vai ter grande valor na sua troca”. A frase não caiu bem no setor automóvel mas agradou aos ambientalistas. A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) falou de uma tirada “infeliz” do governante, ao passo que a associação ZERO apoiou a visão de Matos Fernandes.O documento destes especialistas alemães pode ser assim mais um argumento para um debate que acontece agora um pouco por toda a Europa. A Sociedade de Pneumologia Alemã tinha emitido um longo comunicado, no final de novembro, onde alertava para os riscos que as partículas de NO2 representam para a saúde. Os avisos tinham por base as pesquisas do conceituado Instituto Helmholtz de Medicina Ambiental, que assegura que o dióxido de carbono causa invariavelmente grandes riscos para a saúde, mesmo que concentrado em doses relativamente baixas.

Uma visão que Köhler e mais de cem especialistas alemães questionam agora, com esta tomada de posição. “O limite atual de NO2 e poeira de partículas é completamente inofensivo e não causa uma única morte“, afirmou numa entrevista recente a uma rádio alemã.

A tensão entre os dois lados tem crescido nos últimos dias, sobretudo depois de Estugarda ter seguido os passos de Hamburgo e ter adotado uma medida semelhante, promovendo a utilização de carros amigos do ambiente e penalizando aqueles que utilizem os carros a diesel, impedindo a circulação dos mais antigos. Mas é precisamente da mesma cidade que sai uma das mais fortes críticas: o médico-diretor da Cruz Vermelha de Estugarda, Martin Hetzel, soma a sua voz à de Köhler. “No hospital, nunca se veem doentes com problemas do pulmão ou do coração causadas por poeiras ou por NO2. Não é plausível que estejam a causar os danos para saúde que têm sido publicados ultimamente”, disse.

São cada vez mais as cidades que estão a adotar medidas de combate à poluição que passam por eliminar de vez a circulação de carros a diesel. Já em 2016, na sequência de um encontro  de autarcas de todo o mundo, os presidentes das câmaras de Paris, Madrid, Atenas e Cidade do México tinham assumido o compromisso de retirar de circulação todos os carros, camiões e outros veículos movidos a diesel até 2025.
in observador.pt 29.01.2019

in motor24.pt

A "bomba" ministerial que apanhou o meio automóvel de surpresa é mesmo para levar a sério?

Comprar carro a gasóleo "não faz sentido". A declaração do ministro do Ambiente caiu como uma "bomba" no setor automóvel. Os elétricos irão mesmo conquistar o mercado? E são assim tão limpos?

Para quem segue com atenção os temas da descarbonização, da transição energética e da evolução da indústria automóvel, a “morte anunciada” do mercado de automóveis a gasóleo não terá sido uma surpresa assim tão grande. Mas uma entrevista do ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, caiu como uma “bomba” no setor, esta segunda-feira. Fontes ligadas ao comércio automóvel insurgiram-se contra a mensagem do ministro e, também, com a forma: um comentário solto, no meio de uma entrevista. Várias concessionárias terão sido contactadas, com clientes preocupados, e alguns terão mesmo cancelado intenções de compra.

Em entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1, o ministro que ganhou a pasta da transição energética na remodelação governamental em outubro de 2018, afirmou que “quem comprar um carro a gasóleo é muito provável que daqui a quatro ou cinco anos não tenha um valor na sua troca”. Matos Fernandes defendeu, ainda, que na próxima década não fará sentido comprar um carro a gasóleo porque o preço (na compra) será já muito próximo dos veículos elétricos e porque, se os veículos forem carregados em casa o custo será de 15% por quilómetro (em relação ao gasóleo, nos dias de hoje). Os condomínios e as casas que se preparem, avisou o ministro, porque tal como tem de haver torneiras de água terá de haver postos de carregamento.

Ana Suspiro e Edgar Caetano in observador.pt MAGG 28.01.2019

No meio da polémica, chegou entretanto um documento assinado por mais de 100 médicos alemães de pneumologia que põe em causa os alegados malefícios do gasóleo. "O limite atual de NO2 e poeira de partículas não causa uma única morte", garantem estes especialistas.

Pneumologistas alemães garantem que o fumo do gasóleo não é nocivo para a saúde

Mais de 100 médicos alemães de pneumologia assinam um documento que põe em causa os alegados malefícios do gasóleo: "O limite atual de NO2 e poeira de partículas não causa uma única morte".

Mais de 100 pneumologistas alemães assinaram um documento que coloca em dúvida os riscos para a saúde causados ​​pelo fumo causado pelo gasóleo. O dióxido de nitrogénio (NO2) e as partículas de poeira existentes no fumo não “causaram uma única morte”, garantem os especialistas.

O ex-presidente da Sociedade de Pneumologia Alemã Dieter Köhler, por exemplo, contrariou a posição atual de sua antiga organização. O especialista defendeu que a maioria dos estudos existentes sobre os perigos causados ​​pelas emissões de gasóleo são questionáveis. Esta tomada de posição ganha uma relevância particular depois de se ter instalado um debate sobre o tema na Alemanha. A cidade de Hamburgo está no epicentro da discussão pois aprovou legislação que proíbe a circulação de veículos a gasóleo anteriores a 1998.

Por cá, a polémica também chegou mas pela voz do Ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, que, na segunda-feira numa entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, disse que “é muito evidente que quem comprar um carro diesel muito provavelmente daqui a quatro ou cinco anos não vai ter grande valor na sua troca”. A frase não caiu bem no setor automóvel mas agradou aos ambientalistas. A Associação Automóvel de Portugal (ACAP) falou de uma tirada “infeliz” do governante, ao passo que a associação ZERO apoiou a visão de Matos Fernandes.O documento destes especialistas alemães pode ser assim mais um argumento para um debate que acontece agora um pouco por toda a Europa. A Sociedade de Pneumologia Alemã tinha emitido um longo comunicado, no final de novembro, onde alertava para os riscos que as partículas de NO2 representam para a saúde. Os avisos tinham por base as pesquisas do conceituado Instituto Helmholtz de Medicina Ambiental, que assegura que o dióxido de carbono causa invariavelmente grandes riscos para a saúde, mesmo que concentrado em doses relativamente baixas.

Uma visão que Köhler e mais de cem especialistas alemães questionam agora, com esta tomada de posição. “O limite atual de NO2 e poeira de partículas é completamente inofensivo e não causa uma única morte“, afirmou numa entrevista recente a uma rádio alemã.

A tensão entre os dois lados tem crescido nos últimos dias, sobretudo depois de Estugarda ter seguido os passos de Hamburgo e ter adotado uma medida semelhante, promovendo a utilização de carros amigos do ambiente e penalizando aqueles que utilizem os carros a diesel, impedindo a circulação dos mais antigos. Mas é precisamente da mesma cidade que sai uma das mais fortes críticas: o médico-diretor da Cruz Vermelha de Estugarda, Martin Hetzel, soma a sua voz à de Köhler. “No hospital, nunca se veem doentes com problemas do pulmão ou do coração causadas por poeiras ou por NO2. Não é plausível que estejam a causar os danos para saúde que têm sido publicados ultimamente”, disse.

São cada vez mais as cidades que estão a adotar medidas de combate à poluição que passam por eliminar de vez a circulação de carros a diesel. Já em 2016, na sequência de um encontro  de autarcas de todo o mundo, os presidentes das câmaras de Paris, Madrid, Atenas e Cidade do México tinham assumido o compromisso de retirar de circulação todos os carros, camiões e outros veículos movidos a diesel até 2025.
in observador.pt 29.01.2019

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