Morreu Gonçalo Ribeiro Telles

11-11-2020
marcar artigo

O arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, figura pioneira na arquitetura paisagista em Portugal, morreu esta quarta-feira , em Lisboa, aos 98 anos.

Antigo líder do Partido Popular Monárquico e dirigente da Aliança Democrática, o arquiteto, cuja carreira também se destacou na cidadania e na ecologia, faleceu em casa, rodeado da família.

Lusa

Nascido em Lisboa, a 25 de maio de 1922, Gonçalo Pereira Ribeiro Telles licenciou-se em Engenharia Agrónoma e formou-se em Arquitetura Paisagista, no Instituto Superior de Agronomia, na capital portuguesa, onde iniciou a vida profissional como assistente e discípulo de Francisco Caldeira Cabral, pioneiro da disciplina em Portugal, no século XX.

Foi dos primeiros, senão o primeiro político a chamar a atenção para a importância do ordenamento do território e da ecologia, muitos anos antes do verde ser componente obrigatória dos programas partidários.

O seu legado é bem visível em Lisboa. Com António Viana Barreto, assinou o projeto do jardim da Fundação Gulbenkian (prémio Valmor de 1975). É dele o projeto visionário do célebre corredor verde de Monsanto, uma pista para peões e ciclistas que liga os Restauradores ao parque florestal de Monsanto.

Gonçalo Ribeiro Telles foi também autor dos projetos do Vale de Alcântara, da Radial de Benfica, do Vale de Chelas e do Parque Periférico, entre outros.

Ativista contra o regime de Salazar desde a juventude, fundou e presidiu ao PPM logo após o 25 de Abril. Foi subsecretário de Estado do Ambiente nos I, II e III Governos Provisórios e Secretário de Estado da mesma pasta no I Governo Constitucional. Com Sá Carneiro e Amaro da Costa assinou a constituição da Aliança Democrática. Com Francisco Pinto Balsemão, entre 1981 e 1983, foi ministro de Estado e da Qualidade de Vida.

LUSA

Em 2013, foi distinguido com o "Nobel" da Arquitetura Paisagista, o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, atribuído em Auckland, na Nova Zelândia, pela federação internacional do setor.

No mesmo ano, em entrevista à agência Lusa, o arquiteto defendeu "uma paisagem coerente, cultural e social no território" do país e deixou um apelo tanto aos arquitetos paisagistas, que estão a iniciar a profissão, como aos decisores políticos, no sentido de permitirem a aplicação deste modelo na paisagem do país.

"É necessário que sejam ouvidos, compreendidos e que não sejam considerados como qualquer coisa que venha a mais", defendeu então Gonçalo Ribeiro Telles.

Governo decreta dia de luto nacional na quinta-feira

O Governo decidiu hoje decretar um dia de luto nacional, na quinta-feira, pela morte de Gonçalo Ribeiro Telles, disse à agência Lusa fonte oficial do Executivo.

Numa nota de pesar enviada às redações, o ministro do Ambiente da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, "(...) lamenta profundamente o falecimento do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles e apresenta aos seus familiares e amigos as suas sentidas condolências".

"Arquiteto paisagista, professor universitário, ativista da causa pública, Gonçalo Ribeiro Telles é justamente recordado como uma das figuras da sociedade portuguesa que mais se empenhou na defesa do ambiente e na valorização do mundo rural, tendo sido decisiva a sua ação na consagração da Reserva Ecológica Nacional e na Reserva Agrícola Nacional", pode ler-se na nota.

Gulbenkian recorda "figura ímpar" ligada à instituição desde o início

O Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian expressou "profundo pesar" pela morte do arquiteto, "figura ímpar" ligada àquela instituição "desde o primeiro momento".

Num comunicado divulgado pela fundação, a sua presidente, Isabel Mota, recorda "o amigo e visionário que inspirou gerações de arquitetos paisagistas, responsável, em conjunto com António Viana Barreto, pelo desenho do jardim da Fundação Gulbenkian [em Lisboa] ,um espaço que se tornou emblemático para todos os que diariamente aqui esquecem o bulício da cidade".

A presidente da Fundação Calouste Gulbenkian lembra que o arquiteto era um "incansável defensor das cidades ecológicas e humanizadas, das reservas e parques naturais, dos jardins e das hortas urbanas, perante a ameaça constante dos interesses privados e corporativos".

"Nunca é demais realçar o espírito de um homem à frente do seu tempo que viu, como poucos, o que reservava o futuro numa altura em que os alarmes das crise ecológica e climática ainda não soavam com a força de hoje. Um homem profundamente cansado de ter razão que tantas vezes viu a cidade tomar um rumo contrário à visão que, sabiamente, defendia, baseada num profundo conhecimento e num amplo bom-senso", refere Isabel Mota.

Gonçalo Ribeiro Telles, "que apreciava o caráter dinâmico dos jardins, tão ligado ao movimento da vida, como gostava de dizer, com elementos que nascem, crescem, reproduzem-se e morrem, ficará para sempre ligado" à Fundação Calouste Gulbenkian e ao "jardim admirável que ajudou a criar" na zona da Praça de Espanha.

O arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles, figura pioneira na arquitetura paisagista em Portugal, morreu esta quarta-feira , em Lisboa, aos 98 anos.

Antigo líder do Partido Popular Monárquico e dirigente da Aliança Democrática, o arquiteto, cuja carreira também se destacou na cidadania e na ecologia, faleceu em casa, rodeado da família.

Lusa

Nascido em Lisboa, a 25 de maio de 1922, Gonçalo Pereira Ribeiro Telles licenciou-se em Engenharia Agrónoma e formou-se em Arquitetura Paisagista, no Instituto Superior de Agronomia, na capital portuguesa, onde iniciou a vida profissional como assistente e discípulo de Francisco Caldeira Cabral, pioneiro da disciplina em Portugal, no século XX.

Foi dos primeiros, senão o primeiro político a chamar a atenção para a importância do ordenamento do território e da ecologia, muitos anos antes do verde ser componente obrigatória dos programas partidários.

O seu legado é bem visível em Lisboa. Com António Viana Barreto, assinou o projeto do jardim da Fundação Gulbenkian (prémio Valmor de 1975). É dele o projeto visionário do célebre corredor verde de Monsanto, uma pista para peões e ciclistas que liga os Restauradores ao parque florestal de Monsanto.

Gonçalo Ribeiro Telles foi também autor dos projetos do Vale de Alcântara, da Radial de Benfica, do Vale de Chelas e do Parque Periférico, entre outros.

Ativista contra o regime de Salazar desde a juventude, fundou e presidiu ao PPM logo após o 25 de Abril. Foi subsecretário de Estado do Ambiente nos I, II e III Governos Provisórios e Secretário de Estado da mesma pasta no I Governo Constitucional. Com Sá Carneiro e Amaro da Costa assinou a constituição da Aliança Democrática. Com Francisco Pinto Balsemão, entre 1981 e 1983, foi ministro de Estado e da Qualidade de Vida.

LUSA

Em 2013, foi distinguido com o "Nobel" da Arquitetura Paisagista, o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, atribuído em Auckland, na Nova Zelândia, pela federação internacional do setor.

No mesmo ano, em entrevista à agência Lusa, o arquiteto defendeu "uma paisagem coerente, cultural e social no território" do país e deixou um apelo tanto aos arquitetos paisagistas, que estão a iniciar a profissão, como aos decisores políticos, no sentido de permitirem a aplicação deste modelo na paisagem do país.

"É necessário que sejam ouvidos, compreendidos e que não sejam considerados como qualquer coisa que venha a mais", defendeu então Gonçalo Ribeiro Telles.

Governo decreta dia de luto nacional na quinta-feira

O Governo decidiu hoje decretar um dia de luto nacional, na quinta-feira, pela morte de Gonçalo Ribeiro Telles, disse à agência Lusa fonte oficial do Executivo.

Numa nota de pesar enviada às redações, o ministro do Ambiente da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, "(...) lamenta profundamente o falecimento do arquiteto Gonçalo Ribeiro Telles e apresenta aos seus familiares e amigos as suas sentidas condolências".

"Arquiteto paisagista, professor universitário, ativista da causa pública, Gonçalo Ribeiro Telles é justamente recordado como uma das figuras da sociedade portuguesa que mais se empenhou na defesa do ambiente e na valorização do mundo rural, tendo sido decisiva a sua ação na consagração da Reserva Ecológica Nacional e na Reserva Agrícola Nacional", pode ler-se na nota.

Gulbenkian recorda "figura ímpar" ligada à instituição desde o início

O Conselho de Administração da Fundação Calouste Gulbenkian expressou "profundo pesar" pela morte do arquiteto, "figura ímpar" ligada àquela instituição "desde o primeiro momento".

Num comunicado divulgado pela fundação, a sua presidente, Isabel Mota, recorda "o amigo e visionário que inspirou gerações de arquitetos paisagistas, responsável, em conjunto com António Viana Barreto, pelo desenho do jardim da Fundação Gulbenkian [em Lisboa] ,um espaço que se tornou emblemático para todos os que diariamente aqui esquecem o bulício da cidade".

A presidente da Fundação Calouste Gulbenkian lembra que o arquiteto era um "incansável defensor das cidades ecológicas e humanizadas, das reservas e parques naturais, dos jardins e das hortas urbanas, perante a ameaça constante dos interesses privados e corporativos".

"Nunca é demais realçar o espírito de um homem à frente do seu tempo que viu, como poucos, o que reservava o futuro numa altura em que os alarmes das crise ecológica e climática ainda não soavam com a força de hoje. Um homem profundamente cansado de ter razão que tantas vezes viu a cidade tomar um rumo contrário à visão que, sabiamente, defendia, baseada num profundo conhecimento e num amplo bom-senso", refere Isabel Mota.

Gonçalo Ribeiro Telles, "que apreciava o caráter dinâmico dos jardins, tão ligado ao movimento da vida, como gostava de dizer, com elementos que nascem, crescem, reproduzem-se e morrem, ficará para sempre ligado" à Fundação Calouste Gulbenkian e ao "jardim admirável que ajudou a criar" na zona da Praça de Espanha.

marcar artigo