Toca o alarme na Europa. É a onda que chega

22-09-2020
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Bom dia.

Por estes dias, a Europa parece funcionar como um sistema de deteção de tsunamis, em que cada país é uma bóia oceânica a disparar alertas para mais uma onda de covid-19. A segunda vaga da epidemia está aí, já se vê crescente nos gráficos de infeções e mortes. E à falta da barreira protetora da vacina, cada nação tenta travar o vírus com o conhecimento científico e empírico construído nos últimos nove meses, num (des)equilíbrio tacteado entre saúde pública e economia.

Em Espanha, desde sexta-feira, foram notificados mais de 31 mil casos positivos e 168 mortes em três dias, e começa-se a notar a pressão nos hospitais. Na região de Madrid, onde se concentram quase 40% dos novos contágios, há desde ontem limitações de movimentos em 27 bairros da capital e dez municípios fronteiriços com 850 mil habitantes (um pouco menos que a soma de todos os moradores dos concelhos de Lisboa e Sintra), a maioria famílias numerosas e de situação social precária. Aqui, superam-se os mil contágios por cem mil habitantes - a UE dispara o alarme quando se ultrapassam os 150 casos – e a polícia controla entradas e saídas.

A gravidade da situação é percetível pelo acordo, inédito, alcançado entre o primeiro-ministro socialista espanhol, Pedro Sánchez, e a presidente de direita da região de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, de colaboração na "luta epidemiológica, não ideológica" contra a pandemia. “Porque vêm aí semanas muito duras”, justificam.

Em Inglaterra, o primeiro-ministro, Boris Johnson, vai hoje ao Parlamento anunciar novas medidas de luta contra a pandemia, após uma reunião do conselho de emergência, a primeira desde 10 de maio, que deve levar à subida do alerta para grau 4 de 5 e ao fecho antecipado de bares e restaurantes. As autoridades científicas britânicas preveem um cenário de 50 mil novos casos diários já no próximo mês de outubro, se não forem tomadas medidas adicionais.

Também em França, na Bélgica, Holanda, República Checa, Áustria, Dinamarca ou Roménia, tenta-se baixar a crista à segunda vaga com novas restrições, e todos comungam da mesma decisão: evitar a todo o custo o encerramento total.

Portugal não é exceção, nem nos números crescentes – 623 novos infetados, previsão de mil casos diários, a terceira pior semana da pandemia e o maior número de internados em quatro meses -, nem na firme recusa de voltar a fechar o país. Costa e Marcelo já o disseram, e ontem à noite, em entrevista à RTP, a ministra da Saúde juntou-se em trio à decisão, explicando que os portugueses não têm hoje a mesma capacidade, psicológica e social, para suportar um novo confinamento, a que, aliás, atribui agora uma “eficácia menos importante do que tinha no passado”.

O passado foi só há cinco meses, mas Marta Temido fala de um país diferente, mais bem preparado, com força para dar o peito às ondas: reforçou a capacidade laboral para 23 mil testes por dia (eram 3 mil em março), tem mais 700 ventiladores e 21 mil camas. O SNS, garante, está longe do colapso, e pronto para a chegada do frio e, com ele, do vírus da gripe que prova, ano após ano, ser só por si capaz de esgotar os hospitais nacionais.

A certeza da ministra vai buscar forças ao Plano da Saúde para o outono-inverno divulgado ontem pela DGS que prevê a criação de uma task-force para dar resposta aos doentes não-covid, a existência de unidades ‘covid free’, a intervenção estruturada em lares, a vacinação contra a gripe e contra o novo coronavírus, o reforço de stocks e da reserva estratégica de medicamentos, equipamentos de proteção e testes, entre outras medidas, como a indicação para o uso de máscara ao ar livre quando não for possível assegurar o distanciamento.

Nas últimas horas, foram ultrapassados os 30 milhões de infeções a nível mundial e nos próximos dias será atingido o mórbido marco de um milhão de mortes. Portugal aproxima-se também de um número negro e redondo: os 2 mil óbitos. Morreram já no país 1920 pessoas por covid-19.

Bom dia.

Por estes dias, a Europa parece funcionar como um sistema de deteção de tsunamis, em que cada país é uma bóia oceânica a disparar alertas para mais uma onda de covid-19. A segunda vaga da epidemia está aí, já se vê crescente nos gráficos de infeções e mortes. E à falta da barreira protetora da vacina, cada nação tenta travar o vírus com o conhecimento científico e empírico construído nos últimos nove meses, num (des)equilíbrio tacteado entre saúde pública e economia.

Em Espanha, desde sexta-feira, foram notificados mais de 31 mil casos positivos e 168 mortes em três dias, e começa-se a notar a pressão nos hospitais. Na região de Madrid, onde se concentram quase 40% dos novos contágios, há desde ontem limitações de movimentos em 27 bairros da capital e dez municípios fronteiriços com 850 mil habitantes (um pouco menos que a soma de todos os moradores dos concelhos de Lisboa e Sintra), a maioria famílias numerosas e de situação social precária. Aqui, superam-se os mil contágios por cem mil habitantes - a UE dispara o alarme quando se ultrapassam os 150 casos – e a polícia controla entradas e saídas.

A gravidade da situação é percetível pelo acordo, inédito, alcançado entre o primeiro-ministro socialista espanhol, Pedro Sánchez, e a presidente de direita da região de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, de colaboração na "luta epidemiológica, não ideológica" contra a pandemia. “Porque vêm aí semanas muito duras”, justificam.

Em Inglaterra, o primeiro-ministro, Boris Johnson, vai hoje ao Parlamento anunciar novas medidas de luta contra a pandemia, após uma reunião do conselho de emergência, a primeira desde 10 de maio, que deve levar à subida do alerta para grau 4 de 5 e ao fecho antecipado de bares e restaurantes. As autoridades científicas britânicas preveem um cenário de 50 mil novos casos diários já no próximo mês de outubro, se não forem tomadas medidas adicionais.

Também em França, na Bélgica, Holanda, República Checa, Áustria, Dinamarca ou Roménia, tenta-se baixar a crista à segunda vaga com novas restrições, e todos comungam da mesma decisão: evitar a todo o custo o encerramento total.

Portugal não é exceção, nem nos números crescentes – 623 novos infetados, previsão de mil casos diários, a terceira pior semana da pandemia e o maior número de internados em quatro meses -, nem na firme recusa de voltar a fechar o país. Costa e Marcelo já o disseram, e ontem à noite, em entrevista à RTP, a ministra da Saúde juntou-se em trio à decisão, explicando que os portugueses não têm hoje a mesma capacidade, psicológica e social, para suportar um novo confinamento, a que, aliás, atribui agora uma “eficácia menos importante do que tinha no passado”.

O passado foi só há cinco meses, mas Marta Temido fala de um país diferente, mais bem preparado, com força para dar o peito às ondas: reforçou a capacidade laboral para 23 mil testes por dia (eram 3 mil em março), tem mais 700 ventiladores e 21 mil camas. O SNS, garante, está longe do colapso, e pronto para a chegada do frio e, com ele, do vírus da gripe que prova, ano após ano, ser só por si capaz de esgotar os hospitais nacionais.

A certeza da ministra vai buscar forças ao Plano da Saúde para o outono-inverno divulgado ontem pela DGS que prevê a criação de uma task-force para dar resposta aos doentes não-covid, a existência de unidades ‘covid free’, a intervenção estruturada em lares, a vacinação contra a gripe e contra o novo coronavírus, o reforço de stocks e da reserva estratégica de medicamentos, equipamentos de proteção e testes, entre outras medidas, como a indicação para o uso de máscara ao ar livre quando não for possível assegurar o distanciamento.

Nas últimas horas, foram ultrapassados os 30 milhões de infeções a nível mundial e nos próximos dias será atingido o mórbido marco de um milhão de mortes. Portugal aproxima-se também de um número negro e redondo: os 2 mil óbitos. Morreram já no país 1920 pessoas por covid-19.

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