Verdades, mentiras e enganos no frente-a-frente de António Costa e Rui Rio

30-10-2019
marcar artigo

Não existem dados oficiais de emigração de 2018?

António Costa: “Esses são os números oficiais que existem, até 2017. Não há ainda números [da emigração] de 2018”

Resultado: Errado

António Costa contrariou Rui Rio quando este disse que estimava que, até ao final de 2019, tivessem emigrado 330 mil portugueses. O primeiro-ministro respondeu com outro dado: que “Portugal teve um saldo migratório positivo em 2017”, o que significa que entraram mais pessoas do que saíram. O que é absolutamente verdade. Mas Costa utilizou outro argumento para rebater os dados de Rio e disse que “os números oficiais que existem” são “até 2017” e que “não há ainda números de 2018”. É falso que não existem dados oficiais da emigração após 2017, como disse Costa.

O próprio Instituto Nacional de Estatística tem dados que demonstram que não só há dados oficiais para 2018, como houve um crescimento relativamente a 2017. Ou seja: Costa parou no ano que lhe era favorável (2017), porque houve uma redução relativamente ao ano anterior (2016).

É o próprio Instituto Nacional de Estatística que contabiliza um total de 81.754 pessoas em 2018, como provam tabelas de emigrantes permanentes e de emigrantes temporárias disponibilizados no site do INE. De acordo com esses dados, a emigração em 2018 dividiu-se em 31.600 emigrantes permanentes e 50.154 emigrantes temporários.

Já Rui Rio também não foi buscar dados oficiais quando disse que 330 mil portugueses saíram. Questionado durante o debate, o líder do PSD disse que se centrou no Observatório da Migração. O líder da oposição disse que era um número “seguro de 2018” e uma estimativa até ao final de 2019. Desde logo, a estimativa não é um número certo, porque estamos em setembro e o ano só acaba em dezembro. O líder do PSD optou então — segundo explicou ao Observador um membro da direção de Rui Rio após o debate — por seguir uma estimativa do Observatório da Migração de 85 mil emigrantes por ano, que é baseada na inscrição dos países de destino e não na saída de Portugal. A equipa de Rio multiplicou os 85 mil por quatro anos o que dá 340 mil emigrantes. Rui Rio optou por dar um número por baixo, uma vez que o ano ainda não acabou.

Embora os números do Observatório não sejam oficiais, a equipa de Rui Rio considera-os isentos, uma vez que o Observatório é coordenado por um membro da direção de António Costa no PS, Rui Pena Pires.

As listas de espera aumentaram para consultas e cirurgias?

Rui Rio: “Basta olhar para as listas de espera para consultas e para cirurgias, que aumentaram.”

Resultado: Enganador

É tudo uma questão de números. Para António Costa, o Serviço Nacional de Saúde não piorou desde que chegou ao Governo. Pelo contrário, segundo a sua análise dos números, até melhorou, apesar dos constrangimentos financeiros. Mas, para o social democrata Rui Rio, é uma questão de ter números para jogar. “O Serviço Nacional de Saúde? Em 2015, como estava? E em 2019, como está? Está pior, também tenho números para jogar: o total de consultas do SNS, médicas e de enfermagem, são menos 48 mil”, disse, para depois acrescentar: “Basta olhar para as listas de espera para consultas e cirurgias, que aumentaram”.

De facto, os números disponíveis no portal do Serviço Nacional de Saúde dão conta de que, em 2015, os inscritos em listas de espera do SNS eram 191.874, em 2016 eram 210.515 e em 2018 aumentaram para 234.726. De 2019 não há, ainda, números. Ou seja, em 2018 havia mais 42.852 utentes à espera de uma operação, como aliás concluiu Mário Amorim Lopes num ensaio para o Observador.

E o relatório de 2018 do Acesso aos Cuidados de Saúde, elaborado anualmente pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), também mostra que entraram mais utentes para as listas de espera de cirurgia. Em 2015, tinham entrado 662.642 utentes. Dois anos depois (2017), entraram 699.132 e, em 2018, 706.103 — ou seja, “mais 6.971 do que em 2017, mais 43.461 do que em 2015”.

Não existem dados oficiais de emigração de 2018?

António Costa: “Esses são os números oficiais que existem, até 2017. Não há ainda números [da emigração] de 2018”

Resultado: Errado

António Costa contrariou Rui Rio quando este disse que estimava que, até ao final de 2019, tivessem emigrado 330 mil portugueses. O primeiro-ministro respondeu com outro dado: que “Portugal teve um saldo migratório positivo em 2017”, o que significa que entraram mais pessoas do que saíram. O que é absolutamente verdade. Mas Costa utilizou outro argumento para rebater os dados de Rio e disse que “os números oficiais que existem” são “até 2017” e que “não há ainda números de 2018”. É falso que não existem dados oficiais da emigração após 2017, como disse Costa.

O próprio Instituto Nacional de Estatística tem dados que demonstram que não só há dados oficiais para 2018, como houve um crescimento relativamente a 2017. Ou seja: Costa parou no ano que lhe era favorável (2017), porque houve uma redução relativamente ao ano anterior (2016).

É o próprio Instituto Nacional de Estatística que contabiliza um total de 81.754 pessoas em 2018, como provam tabelas de emigrantes permanentes e de emigrantes temporárias disponibilizados no site do INE. De acordo com esses dados, a emigração em 2018 dividiu-se em 31.600 emigrantes permanentes e 50.154 emigrantes temporários.

Já Rui Rio também não foi buscar dados oficiais quando disse que 330 mil portugueses saíram. Questionado durante o debate, o líder do PSD disse que se centrou no Observatório da Migração. O líder da oposição disse que era um número “seguro de 2018” e uma estimativa até ao final de 2019. Desde logo, a estimativa não é um número certo, porque estamos em setembro e o ano só acaba em dezembro. O líder do PSD optou então — segundo explicou ao Observador um membro da direção de Rui Rio após o debate — por seguir uma estimativa do Observatório da Migração de 85 mil emigrantes por ano, que é baseada na inscrição dos países de destino e não na saída de Portugal. A equipa de Rio multiplicou os 85 mil por quatro anos o que dá 340 mil emigrantes. Rui Rio optou por dar um número por baixo, uma vez que o ano ainda não acabou.

Embora os números do Observatório não sejam oficiais, a equipa de Rui Rio considera-os isentos, uma vez que o Observatório é coordenado por um membro da direção de António Costa no PS, Rui Pena Pires.

As listas de espera aumentaram para consultas e cirurgias?

Rui Rio: “Basta olhar para as listas de espera para consultas e para cirurgias, que aumentaram.”

Resultado: Enganador

É tudo uma questão de números. Para António Costa, o Serviço Nacional de Saúde não piorou desde que chegou ao Governo. Pelo contrário, segundo a sua análise dos números, até melhorou, apesar dos constrangimentos financeiros. Mas, para o social democrata Rui Rio, é uma questão de ter números para jogar. “O Serviço Nacional de Saúde? Em 2015, como estava? E em 2019, como está? Está pior, também tenho números para jogar: o total de consultas do SNS, médicas e de enfermagem, são menos 48 mil”, disse, para depois acrescentar: “Basta olhar para as listas de espera para consultas e cirurgias, que aumentaram”.

De facto, os números disponíveis no portal do Serviço Nacional de Saúde dão conta de que, em 2015, os inscritos em listas de espera do SNS eram 191.874, em 2016 eram 210.515 e em 2018 aumentaram para 234.726. De 2019 não há, ainda, números. Ou seja, em 2018 havia mais 42.852 utentes à espera de uma operação, como aliás concluiu Mário Amorim Lopes num ensaio para o Observador.

E o relatório de 2018 do Acesso aos Cuidados de Saúde, elaborado anualmente pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), também mostra que entraram mais utentes para as listas de espera de cirurgia. Em 2015, tinham entrado 662.642 utentes. Dois anos depois (2017), entraram 699.132 e, em 2018, 706.103 — ou seja, “mais 6.971 do que em 2017, mais 43.461 do que em 2015”.

marcar artigo