Nós os Poucos...: As jaulas no Texas: deixemos a política de lado.

23-06-2020
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Nos
últimos dia fomos confrontados com imagens 
terríveis de um centro de detenção de emigrantes ilegais no México. As
imagens mostram crianças a serem separadas dos seus pais, e jaulas em pavilhões
com pessoas, incluindo crianças, em piores condições que os animais do Jardim
Zoológico.

As
imagens trouxeram indignação. A indignação deu direito a resposta. A confusão
instalou-se. Neste momento os apoiantes de Trump e os seus inimigos desfazem-se
em comentários, artigos, vídeos, posts, twiters, etc. Os factos cruzam-se e é difícil
perceber o que realmente se passa e se passou para chegar aqui.

Dito
isto, parece-me que é urgente separar dois pontos:

1.  Todos os anos milhares de pessoas, oriundas
da América Latina, atravessam ilegalmente a fronteira com os Estados Unidos.
Existem redes profissionais para fazer estas passagens. Redes que não  funcionam por caridade e que exploraram essas
pessoas, para além não se limitarem a traficar pessoas.

Quando
os emigrantes são apanhados a passar ilegalmente a fronteira as autoridades
americanas evidentemente detém essas pessoas. Depois existe um processo para
saber o que lhe vais acontecer.

O que
as imagens tem mostrado é precisamente as condições em que essas pessoas são
detidas. Os adultos são levados pelas autoridades policiais, as crianças pelos
serviços sociais, uma vez que não podem ser detidas com os adultos. Para além
disso existem muitas crianças que viajam sem família e que por isso são também
confiadas aos serviços sociais. Enquanto esperam estão nas tais jaulas que todo
o mundo viu.

Penso
que podemos concordar que aquelas condições não são uma forma digna de tratar
pessoas. Especialmente crianças. É perfeitamente compreensível a necessidade de
controlar a fronteira. Também é compreensível a necessidade salvaguardar a
segurança dos menores, o que requere que se investigue se estas estão
simplesmente a ser usadas para passar a fronteira ou se estão a ser usadas para
fins piores (escravidão, pedofilia, etc.). Mas isso não justifica aquilo que
vimos. Não justifica as jaulas, os colchões no chão, os bancos corridos.

É
evidente que os Estados Unidos não podem simplesmente abrir as fronteiras. E é
verdade que a culpa de aqueles adultos e crianças fugirem dos seus países de
origem não é dos Estados Unidos. Mas faz parte de uma sociedade civilizada
tratar as pessoas de acordo com a sua dignidade. Que depois sejam deportados,
pode ser justo. Mas enquanto esperam tem que ser tratados como pessoas, não
como animais.

2. O
segundo ponto é o da responsabilidade política. De quem é a culpa disto
acontecer? Evidentemente a esmagadora maioria da comunicação social, dos
comentadores e dos políticos culpam Trump. Os mesmo que durante anos ignoraram
que eram assim que eram tratados os emigrantes ilegais nas anteriores
administrações.

Por
outro lado, os apoiantes de Trump, ou pelo menos aqueles que estão fartos da
hegemonia do politicamente correcto e vêm em Trump uma rebelião conservadora
contra essa hegemonia, desculpabilizam o presidente e atiram todas as responsabilidades
para os democratas e a esquerda em geral, ignorando completamente as imagens.

Tudo
isto acompanhado de acusações de manipulações de imagens, de extremismo
político, das famosas fake news. A
certa altura o tema está tão politizado que já não se fala das pessoas
concretas (sobretudo das crianças concretas) que estão a ser tratadas de
maneira desumana, nem se discute como resolver o problema, mas apenas se
procura uma vitória política.

3. O
gravíssimo drama é que ao deixarmos a discussão ser sobre a política e não
sobre a emigração, perde-se o tempo a tentar derrubar adversários em vez de
resolver o problema daqueles que hoje estão a dormir em jaulas no Texas.

O
problema da emigração ilegal é complexo e não tem solução fácil. É preciso
garantir ao mesmo tempo a segurança do país, a dignidade dos emigrantes, o
combate às redes ilegais de tráfico humano, o acolhimento aos que preciso de
asilo político, a segurança dos menores que viajam sozinhos, etc. Tudo isto
exige não só muito dinheiro, mas também uma política capaz de responder nas
várias frentes do problema e uma enorme máquina humana que execute essa política.

É
normal que haja divergência sobre qual a resposta (ou as respostas) mais eficaz
ao problema da emigração ilegal. Um problema na América, mas também um problema
na Europa. A mesma Europa que condena Trump pelas jaulas do Texas enquanto o
Mediterrânio se transforma no maior cemitério do mundo. Por isso que se
discutam essas divergências, que se discutam as políticas e os caminhos a
seguir. Mas por favor, basta de discutir se a culpa é de Trump ou de Obama, dos
emigrantes ou dos americanos. Porque as crianças que hoje dormem em jaulas no
México dificilmente saberão quem são esses senhores e não tem culpa dos
pecados dos adultos. Foram ali postos sem saber porquê e isso não pode
continuar a acontecer.

Nos
últimos dia fomos confrontados com imagens 
terríveis de um centro de detenção de emigrantes ilegais no México. As
imagens mostram crianças a serem separadas dos seus pais, e jaulas em pavilhões
com pessoas, incluindo crianças, em piores condições que os animais do Jardim
Zoológico.

As
imagens trouxeram indignação. A indignação deu direito a resposta. A confusão
instalou-se. Neste momento os apoiantes de Trump e os seus inimigos desfazem-se
em comentários, artigos, vídeos, posts, twiters, etc. Os factos cruzam-se e é difícil
perceber o que realmente se passa e se passou para chegar aqui.

Dito
isto, parece-me que é urgente separar dois pontos:

1.  Todos os anos milhares de pessoas, oriundas
da América Latina, atravessam ilegalmente a fronteira com os Estados Unidos.
Existem redes profissionais para fazer estas passagens. Redes que não  funcionam por caridade e que exploraram essas
pessoas, para além não se limitarem a traficar pessoas.

Quando
os emigrantes são apanhados a passar ilegalmente a fronteira as autoridades
americanas evidentemente detém essas pessoas. Depois existe um processo para
saber o que lhe vais acontecer.

O que
as imagens tem mostrado é precisamente as condições em que essas pessoas são
detidas. Os adultos são levados pelas autoridades policiais, as crianças pelos
serviços sociais, uma vez que não podem ser detidas com os adultos. Para além
disso existem muitas crianças que viajam sem família e que por isso são também
confiadas aos serviços sociais. Enquanto esperam estão nas tais jaulas que todo
o mundo viu.

Penso
que podemos concordar que aquelas condições não são uma forma digna de tratar
pessoas. Especialmente crianças. É perfeitamente compreensível a necessidade de
controlar a fronteira. Também é compreensível a necessidade salvaguardar a
segurança dos menores, o que requere que se investigue se estas estão
simplesmente a ser usadas para passar a fronteira ou se estão a ser usadas para
fins piores (escravidão, pedofilia, etc.). Mas isso não justifica aquilo que
vimos. Não justifica as jaulas, os colchões no chão, os bancos corridos.

É
evidente que os Estados Unidos não podem simplesmente abrir as fronteiras. E é
verdade que a culpa de aqueles adultos e crianças fugirem dos seus países de
origem não é dos Estados Unidos. Mas faz parte de uma sociedade civilizada
tratar as pessoas de acordo com a sua dignidade. Que depois sejam deportados,
pode ser justo. Mas enquanto esperam tem que ser tratados como pessoas, não
como animais.

2. O
segundo ponto é o da responsabilidade política. De quem é a culpa disto
acontecer? Evidentemente a esmagadora maioria da comunicação social, dos
comentadores e dos políticos culpam Trump. Os mesmo que durante anos ignoraram
que eram assim que eram tratados os emigrantes ilegais nas anteriores
administrações.

Por
outro lado, os apoiantes de Trump, ou pelo menos aqueles que estão fartos da
hegemonia do politicamente correcto e vêm em Trump uma rebelião conservadora
contra essa hegemonia, desculpabilizam o presidente e atiram todas as responsabilidades
para os democratas e a esquerda em geral, ignorando completamente as imagens.

Tudo
isto acompanhado de acusações de manipulações de imagens, de extremismo
político, das famosas fake news. A
certa altura o tema está tão politizado que já não se fala das pessoas
concretas (sobretudo das crianças concretas) que estão a ser tratadas de
maneira desumana, nem se discute como resolver o problema, mas apenas se
procura uma vitória política.

3. O
gravíssimo drama é que ao deixarmos a discussão ser sobre a política e não
sobre a emigração, perde-se o tempo a tentar derrubar adversários em vez de
resolver o problema daqueles que hoje estão a dormir em jaulas no Texas.

O
problema da emigração ilegal é complexo e não tem solução fácil. É preciso
garantir ao mesmo tempo a segurança do país, a dignidade dos emigrantes, o
combate às redes ilegais de tráfico humano, o acolhimento aos que preciso de
asilo político, a segurança dos menores que viajam sozinhos, etc. Tudo isto
exige não só muito dinheiro, mas também uma política capaz de responder nas
várias frentes do problema e uma enorme máquina humana que execute essa política.

É
normal que haja divergência sobre qual a resposta (ou as respostas) mais eficaz
ao problema da emigração ilegal. Um problema na América, mas também um problema
na Europa. A mesma Europa que condena Trump pelas jaulas do Texas enquanto o
Mediterrânio se transforma no maior cemitério do mundo. Por isso que se
discutam essas divergências, que se discutam as políticas e os caminhos a
seguir. Mas por favor, basta de discutir se a culpa é de Trump ou de Obama, dos
emigrantes ou dos americanos. Porque as crianças que hoje dormem em jaulas no
México dificilmente saberão quem são esses senhores e não tem culpa dos
pecados dos adultos. Foram ali postos sem saber porquê e isso não pode
continuar a acontecer.

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